2.1. As pessoas idosas e o meio ambiente
2.1.6. A vida quotidiana nas Instituições
Os idosos adaptam-se mais facilmente a um “bom lar”, que é geralmente definido com base nos seguintes critérios:
• Possibilita saídas (passeios, acesso fácil às atividades de lazer da comunidade);
• Fornece boa alimentação;
• Tem pessoal simpático e competente e não está sempre a mudar; • Permite ter quarto individual;
• Promove o companheirismo entre os residentes; • Oferece conforto físico;
• Disponibiliza serviços de apoio (fisioterapia, enfermagem, educação física);
• É seguro;
• Não é demasiado grande.
O seu nível de satisfação aumenta quando os profissionais lhes fornecem informações sobre a sua doença, prognóstico e se preocupam com o seu estado de saúde geral em oposição àqueles que mostram sempre pressa não dão explicações e agem como se estivessem a fazer um favor.
O consentimento, a escolha, o envolvimento do sénior são determinantes para o sucesso de qualquer que seja a opção de cuidados.
A nível institucional, podem ser desenvolvidos manuais internos de boas práticas, a fim de prevenir este efeito (disponíveis inclusivamente na internet). Quanto ao apoio informal, tornam-se necessárias ações de sensibilização e formação comportamental.
Só com o respeito dos direitos fundamentais de todos os envolvidos (idoso, família, amigos, cuidadores formais e informais, dirigentes e pessoal técnico) se pode garantir uma boa prestação de cuidados.
Apresentam-se, de seguida, os valores fundamentais das relações entre cidadãos. Considerando essencial lembrar que o idoso, mesmo demenciado, continua a ser uma pessoa, é neles que se deve basear toda a relação de prestação de cuidados.
Acrescenta-se, para cada um, sugestões de situações muito comuns que ilustram o respeitado por esses valores.
Serve de base a todos os valores e princípios de que nascem os direitos que lhe são reconhecidos. São de evitar expressões que diminuam a pessoa como, por exemplo, falar dela na sua presença como se não estivesse ali. Respeito
Demonstrar que se respeita alguém é transmitir-lhe que é importante, que é tida em consideração por quem a rodeia. Na relação de apoio pode manifestar- se na contenção quanto a comentários menos agradáveis sobre a habitação da pessoa ou a sua apresentação.
Em caso de institucionalização, a valorização das tentativas de caracterizar o seu espaço, o cuidado com os objetos pessoais, com as suas histórias e experiências será a forma de demonstrar o apreço e valor que o utente merece.
Individualidade
Um aspeto particular do respeito, traduz-se no reconhecimento da diferença (de ideias, opiniões, aparência, religião, gostos, procedimentos, decisões) e na valorização desta.
Conhecer os idosos, a forma como gostam de ser tratados, as preferências a nível de atividades ou refeições, as histórias que contam, os seus contextos vivenciais, amigos ou familiares com que se relacionam é mais uma forma de lhes demonstrar a importância que têm para os outros, de os fazer sentir em casa (quando estão institucionalizados) e de os fazer sentir queridos. Autonomia
Como tem vindo a ser referido, um idoso que se conserve autónomo sente- se mais saudável e empenha-se mais na sua vida ativa.
Deste modo, ao invés de o substituir em tarefas que pretende desempenhar com o pretexto de que não deve cansar-se ou que é mais rápido se for outra pessoa a fazer, deve encorajar-se a sua participação, desde que segura, sempre que possível.
Numa instituição, o utente pode querer ajudar nas refeições, ou noutras pequenas tarefas, e esta deve estar fisicamente preparada em termos de mobilidade e segurança.
Deliberação
Um dos requisitos básicos da autonomia, é essencial que o utente continue a decidir os seus assuntos enquanto disso for capaz: o que veste, o que come, quando realizar as atividades e quais integrar.
Mais uma vez, para além de se promover o estilo de vida ativo, transmite-se ao idoso o valor que lhe é reconhecido enquanto pessoa.
Privacidade e intimidade
Em instituição ou apoio domiciliário, cuidador formal ou informal, familiar, amigo ou vizinho, deve respeitar a privacidade e intimidade do idoso.
O facto de ele estar mais limitado em termos de autonomia, não implica que se possa invadir a sua esfera íntima (cartas, telefonemas, cuidados de higiene) transformando-a em domínio público. Só se deve estar presente quando o idoso disso fizer questão.
Confidencialidade
Apenas a própria pessoa poderá revelar informações da sua vida pessoal, devendo as mesmas ser geridas de acordo com a forma como foram disponibilizadas: em confidência, em conversa casual, ou numa anedota. Igualdade
Evitar qualquer tipo de discriminação em função de sexo e orientação sexual, idade, raça, religião, convicções políticas, situação económica ou de saúde. Mitos e preconceitos devem ser esquecidos quando se presta cuidados, garantindo o respeito por todos.
Participação
O utente da rede de cuidados deverá ter uma opinião sobre a mesma, a nível da estrutura, organização, funcionamento, envolvimento de pessoas e em qualquer aspeto que considere pertinente.
Os cuidadores ou responsáveis pela organização de redes de cuidados deverão aceitar as suas sugestões, valorizando-as. A nível institucional, qualquer inovação deve envolver os utentes interessados no processo de análise e planeamento, sendo comunicada antes da sua implementação e podendo ser alterada mediante as suas sugestões.
Outro modo de promover a participação dos idosos é envolvê-los, por exemplo, na organização das atividades: jogos, ateliers, passeios, filmes ou outras.
Os direitos do idoso passam, portanto, pelo seguimento destes valores: poder expressar as suas opiniões, ser respeitado em todos os aspectos e diferenças, relacionar-se (a todos os níveis) com quem escolher, manter o controlo financeiro e efetivo dos seus bens enquanto o mesmo for possível e ser cuidado por alguém com formação e adequada, que lhe assegure os serviços contratados, com qualidade.
No fundo, o idoso tem direito a ver as suas necessidades (físicas, psíquicas e emocionais) corretamente detetadas e satisfeitas.