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Se alguma pessoa conhecida de qualidade ou de boa opinião viesse à Congregação de Nossa Senhora da Conceição de Oliveira do Douro fazer a sua confissão geral o irmão Ministro dava-lhe uma casa separada com tudo o que fosse necessário, desde a cama ao

sustento durante cinco dias. Desta forma, a pessoa separada do trafego do mundo examinava melhor a sua consciência e instruída por um padre confessor faria com melhor disposição a sua confissão geral.

Capítulo XI - Dos irmãos Terceiros de fora

Este Capítulo dos estatutos é fundamental para se compreender qual o núcleo populacional da Congregação. A Congregação era formada não só pelos irmãos sacerdotes e leigos da Casa, mas também por todos aqueles irmãos ou irmãs de fora que uma légua em

redor quiserem ser filhos desta nossa Terceira Ordem13* Apesar, dos estatutos determinarem claramente que as mulheres podiam entrar na Congregação, não encontrámos nenhum registo sobre a sua entrada. Verificamos, contudo, que um dos indivíduos que entrou para a Congregação em 10 de Junho de 1796 - José Mendes de Oliveira - j á no ano de 1805 era presbítero, confessor e pregador de ambos os sexos. Foi eleito vigário em 14 de Abril de 1819 e em 6 Abril de 1825 foi eleito Ministro até 13 de Junho de 1821.139

Como já referimos competia ao irmão Ministro informar-se da limpeza do sangue, isto é, certificar-se que os irmãos não eram judeus, mouros ou de outra infecta nação,140 bem como dos seus costumes e se eram bem procedidos. Sendo as informações boas com os votos dos Deputados de Mesa poderiam ser aceites e recebidos pelo irmão Ministro, o qual lhes colocava os hábitos. No fim do ano os irmãos faziam as Profissões à semelhança dos terceiros seculares.

137 Id. Ibid., p. 38. 138 Id. Ibid., p. 38. 139 Id. Ibid., v. p. 191. 140 Id. Ibid., p. 38.

Relativamente ao falecimento, este Capítulo dos Estatutos transmite-nos que com a morte de um irmão de fora se faria logo três sinais com o sino da igreja pertencente à Congregação para que os irmãos rezassem pela sua alma.

De acordo com a reforma deste Capítulo, salientamos que os sacerdotes eram obrigados a ir a todos os ofícios, quer dos irmãos da Casa, como os de fora que se fizessem na capela da Congregação.141

(capítulo XII - De que não se poderão lançar fora os irmãos já professos

Este Capitulo não existia nos primeiros Estatutos. Provavelmente com as experiências menos boas em relação aos irmãos já professos tornou-se essencial a sua inserção nos Estatutos da Congregação de Nossa Senhora da Conceição de Oliveira do Douro. Sabemos que todos os irmãos, os sacerdotes e os leigos, não poderiam ser expulsos da Congregação senão por culpa tão grave, pela qual o deviam ser de qualquer religião, que tem poder para o fazer; ou por desobediência tão contumaz ao irmão ministro, que admoestados por três vezes

lhe não queiram obedecer.142 Outra situação grave seria perderem, de tal forma o respeito ao

irmão Ministro, através de um desacato, por uma palavra, ou por um acto, ainda que fosse somente uma vez, merecendo assim com os votos da maior parte dos irmãos serem lançados fora da Congregação. Quanto àqueles irmãos que voluntariamente saírem da Casa, lhes seria dada sentença de expulsão e se no termo dela se declarasse que tal irmão não seria mais admitido, em nenhum tempo poderia ser outra vez aceite na dita Congregação.

(capítulo XIII - Disposição sobre os móveis dos irmãos defuntos

Para evitar dúvidas e demandas que poderiam surgir entre os herdeiros de alguns irmãos que morrerem na Casa e os irmãos congregados nela sobre os móveis que se encontravam na Congregação, após a morte de tais defuntos, declara-se que todo o dinheiro e móveis que se acharem , por morte de qualquer irmão que falecer na dita Casa, ficariam para o hospital com o intuito de ajudar no sustento dos entrevados e outras despesas dele. Mesmo

Id. Ibid., v. p. 38.

que por testamento esses bens móveis sejam deixados a esta, ou aquela pessoa ficariam na Congregação, excepto aqueles móveis que o irmão declarar em sua vida , que não são seus, e mandar que por sua morte ao seu dono se restituam.

Capítulo XV -Do que os irmãos não poderão ter nos seus cubículos, nem fazer

nesta Congregação sem licença do Ministro

Este Capítulo é semelhante ao Capítulo XI dos primeiros Estatutos da Congregação de Nossa Senhora da Conceição de Oliveira do Douro. Portanto, para que os irmãos se exercitem melhor na mortificação dos apetites e negação da vontade nenhum irmão devia ter comida nos seus cubículos. Além disso, os irmãos não podiam dar; nem emprestar qualquer coisa da Casa; nem permitir que pessoa alguma de fora entre das portas para dentro dos corredores, enfermaria e cozinha sem licença do irmão Ministro. Quando fossem pedir a dita licença seria dizendo: Jube Dhe benediçere, fazendo humilhação curvando o joelho, mas que

não chegue ao chão144 Deviam fazer o mesmo quando regressassem à Congregação.

Capítulo XVI - Da obediência ao Ministro e do procedimento contra os

culpados

Este novo Capítulo trata fundamentalmente da obediência que se deve ter à vontade do superior. Relembra que todos os irmãos prometeram quando emitiram Profissão obedecer ao irmão Ministro. Todas as vezes que desobedecessem ao seu superior, significava que

venialmente pecamos, pois deliberadamente faltamos ao que voluntariamente prometemos, e

tal poderia mesmo passar de venial, devido às circunstâncias, fazendo-o por desprezo, ou por gravidade da matéria, prejudicando assim a conservação e o crédito da Congregação. Em ultima análise, esses irmãos poderiam ser expulsos da Congregação.

Id. Ibid., v. p. 39. Id. Ibid., v. p. 39 e p. 40.

Uapítulo XVU - Do exercício das virtudes

Os irmãos que pretendessem seguir o caminho da virtude, deveriam começar pelo

A,B,C da mortificação dos sentidos para irem gradualmente adestrando-se a se fazerem senhores de todos os seus desordenados apetites e voluntárias paixões.U5 Todos os Sábados,

depois de colação, destinaram-se virtudes, as quais na semana seguinte se deviam todos os dias exercitar. À noite, o irmão Ministro avaliava cada irmão, relativamente à forma como

exercitou a virtude desse dia. Caso achasse algum descuido, o supriria com uma leve penitência e uma ligeira repreensão.146