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A violação dos direitos humanos daqueles que vivem no cárcere e o papel da

Em relação à precariedade em que o sistema carcerário brasileiro se encontra atualmente, são notórios quais os pontos mais graves, dentre eles: a falta do mínimo de dignidade para a vida no cárcere, marcada pelo abandono, pelo alto índice de doenças que são contraídas na prisão, os casos de maus tratos e de violência,além da falta de investimento e o descaso do poder público, são apenas algumas das mazelas.

E a audiência de custódia é o meio mais rápido de se constatar se houve tortura e maus tratos no momento da prisão para que, posteriormente, sejam apurados os responsáveis, e assim possam receber as devidas sanções. Ou seja, “Trata-se, pois, a audiência de custódia, de um importante mecanismo de combate a duas das principais mazelas do sistema penal brasileiro: a superlotação carcerária e a violência/arbitrariedade policial” (WERMUTH, 2017 p.23).

Nesse contexto, o Pacto de San José da Costa Rica (1992), em seu art.11, dispõe:

Proteção da honra e da dignidade: “1.Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade. 2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida privada, na de sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou reputação. 3.Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais ofensas.

Os direitos fundamentais são constantes e escancaradamente violados, o preso é privado de uma vida digna, não só de uma vida livre, e enfrenta diariamente problemas na prisão. Ainda, nesse sentido, colabora o pensamento de Rafael Formolo (2016):

O fato de um indivíduo estar preso não significa que seus direitos devem ser negligenciados. O Estado, que é responsável pela efetiva aplicação da pena com o cerceamento da liberdade, é o mesmo que deve ter a responsabilidade pelos que estão cumprindo pena, devendo ser tratados com a mesma dignidade e respeito que os demais seres humanos.

Como mencionado, nesse cenário de crise em que se encontra o sistema prisional brasileiro, em sessão plenária de 09 de setembro de 2015, o Supremo Tribunal Federal, deferiu parcialmente ADPF 347/DF (BRASIL, 2015). Somente os pedidos da realização da

audiência de custódia e liberação das verbas do FUNPEN21. E Reconheceu expressamente a existência do Estado de Coisas Inconstitucional do sistema penitenciário brasileiro, ante as graves, generalizadas e sistemáticas violações de direitos fundamentais da população carcerária, a exigir a adoção de providências estruturais em face de lesões a preceitos fundamentais dos presos, que alega decorrerem de ações e omissões dos Poderes Públicos da União, dos Estados e do Distrito Federal.

Dentre os fundamentos fáticos da ADPF 347/DF (BRASIL, 2015), foi alegado que:

A superlotação e as condições degradantes do sistema prisional configuram cenário fático incompatível com a Constituição Federal, presente a ofensa de diversos preceitos fundamentais consideradas a dignidade da pessoa humana, a vedação de tortura e de tratamento desumano, o direito de acesso à Justiça e os direitos sociais à saúde, educação, trabalho e segurança dos presos.

Como mencionado, o voto do Ministro Marco Aurélio (2015, p. 19) merece destaque ao descrever de forma clara e enfática a real situação em que se encontra o sistema prisional brasileiro:

[...] O sistema como um todo surge com número insuficiente de agentes penitenciários, que ainda são mal remunerados, não recebem treinamento adequado, nem contam com equipamentos necessários ao desempenho das próprias atribuições. O quadro não é exclusivo desse ou daquele presídio. A situação mostra-se similar em todas as unidades da Federação, devendo ser reconhecida a inequívoca falência do sistema prisional brasileiro. Diante de tais relatos, a conclusão deve ser única: no sistema prisional brasileiro, ocorre violação generalizada de direitos fundamentais dos presos no tocante à dignidade, higidez física e integridade psíquica. [...] As penas privativas de liberdade aplicadas em nossos presídios convertem-se em penas cruéis e desumanas. Os presos tornam-se “lixo digno do pior tratamento possível”, sendo-lhes negado todo e qualquer direito à existência minimamente segura e salubre [...].

É evidente que o Ministro (2015, p. 21-22) somente ressalta aquilo que realmente acontece há muitos anos nos estabelecimentos prisionais no Brasil, que parecem que são simplesmente ignorados, ao evidenciar casos de crueldade e total desinteresse pela vida humana:

21 O Fundo Penitenciário Nacional foi criado pela Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, com a

finalidade de proporcionar recursos e meios para financiar e apoiar as atividades de modernização e aprimoramento do Sistema Penitenciário Brasileiro.

[...] A responsabilidade pelo estágio ao qual chegamos, como aduziu o requerente, não pode ser atribuída a um único e exclusivo Poder, mas aos três – Legislativo, Executivo e Judiciário –, e não só os da União, como também os dos estados e do Distrito Federal. Há, na realidade, problemas tanto de formulação e implementação de políticas públicas, quanto de interpretação e aplicação da lei penal. Falta coordenação institucional. O quadro inconstitucional de violação generalizada e contínua dos direitos fundamentais dos presos é diariamente agravado em razão de ações e omissões, falhas estruturais, de todos os poderes públicos da União, dos estados e do Distrito Federal, sobressaindo a sistemática inércia e incapacidade das autoridades públicas em superá-lo. [...]. Verifica-se situação de fracasso das políticas legislativas, administrativas e orçamentárias. Há defeito generalizado e estrutural de políticas públicas e nada é feito pelos Poderes Executivo e Legislativo para transformar o quadro [...].

E, segue o Ministro Marco Aurélio (2016, p. 23), referindo que:

[...] Em síntese, assiste-se ao mau funcionamento estrutural e histórico do Estado – União, estados e Distrito Federal, considerados os três Poderes – como fator da violação de direitos fundamentais dos presos e da própria insegurança da sociedade. Ante tal quadro, a solução, ou conjunto de soluções, para ganhar efetividade, deve possuir alcance orgânico de mesma extensão, ou seja, deve envolver a atuação coordenada e mutuamente complementar do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, dos diferentes níveis federativos, e não apenas de um único órgão ou entidade. Trata-se do que a doutrina vem designando de “litígio estrutural”, no qual são necessárias outras políticas públicas ou correção daquelas que não alcançam os objetivos desejados, alocação de recursos orçamentários, ajustes nos arranjos institucionais e nas próprias instituições, novas interpretações e aplicações das leis penais, enfim, um amplo conjunto de mudanças estruturais, envolvida uma pluralidade de autoridades públicas [...].

Assim, ao julgar parcialmente a liminar, o STF (2015, p. 09) deferiu:

a) aos juízes e tribunais – que lancem, em casos de determinação ou manutenção de prisão provisória, a motivação expressa pela qual não aplicam medidas cautelares alternativas à privação de liberdade, estabelecidas no artigo 319 do Código de Processo Penal; b) aos juízes e tribunais – que, observados os artigos 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, realizem, em até noventa dias, audiências de custódia, viabilizando o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas, contados do momento da prisão; c) aos juízes e tribunais – que considerem, fundamentadamente, o quadro dramático do sistema penitenciário brasileiro no momento de concessão de cautelares penais, na aplicação da pena e durante o processo de execução penal; d) aos juízes – que estabeleçam, quando possível, penas alternativas à prisão, ante a circunstância de a reclusão ser sistematicamente cumprida em condições muito mais severas do que as admitidas pelo arcabouço normativo; e) à União – que libere o saldo acumulado do Fundo Penitenciário Nacional para utilização com a finalidade para a qual foi criado, abstendo-se de realizar novos contingenciamentos; f) ao juiz da execução penal – que abata, da pena, o tempo de prisão, se constatado que as condições de efetivo cumprimento foram significativamente mais severas do que as previstas na ordem jurídica, de forma a compensar o ilícito estatal; g) ao Conselho Nacional de Justiça – que coordene mutirão carcerário a fim de revisar todos os processos de execução penal, em curso no país, que envolvam a aplicação de pena privativa de liberdade, visando a adequá-los às medidas pleiteadas nas alíneas “e” e “f”; h) à União – que libere as verbas do Fundo Penitenciário Nacional, abstendo-se de realizar novos contingenciamentos [...].

É nesse cenário de extrema violação dos direitos humanos, que há cada vez mais a necessidade da implantação da audiência de custódia, para além de diminuir a superlotação no sistema prisional, é hábil a garantir o direito à liberdade de alguém que, apesar de preso em flagrante, ainda tem a proteção do estado de inocência. Nesse contexto, antes de ser direcionado ao sistema prisional pode ser encaminhado perante um juiz e, assim, ser ouvido e evitar que haja uma prisão injusta.

Também, como mencionado, devido à constante prática de tortura no momento ou após a realização da prisão, a audiência de custodia, garante pelo menos que o preso denuncie essa pratica, e que o juiz possa verificar se houve ou não a agressão ou tortura. A esse respeito, o Protocolo II, da Resolução 213 do CNJ que trata dos procedimentos para oitiva, registro e encaminhamento de denúncias de tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, deixam claro que:

Relato de maus tratos deve ser registrado em ata, deve haver o registro fotográfico das lesões evidentes, deve o custodiado ser encaminhado para exame de corpo de delito e que sejam enviados ofícios dos relatos para os órgãos responsáveis pela apuração de responsabilidades como o Ministério Público. Além disso, deve o juiz da instrução e julgamento ser notificado sobre os encaminhamentos e as informações advindas deste procedimento.

Também, não tem como deixar de falar das condições dos Estabelecimentos Prisionais, condições subumanas, em que os presos precisam permanecer ate o julgamento. A lei de Execuções Penais n

º

7.210/1984, tem um capítulo destinado aos Estabelecimentos Penais, e dispõe:

Art. 88: O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. § único: são requisitos básicos da unidade celular: a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana; b) área mínima de 6,00 m2 (seis metros quadrados).

As precárias condições dos estabelecimentos prisionais é outra preocupação constante, e que não pode se restringir aos operadores jurídicos que trabalham no sistema prisional, ou aos familiares das pessoas presas. A sociedade deve ter esse olhar! E sequer pode ignorar essas violações, pois não são raras às vezes em que a imprensa, ao realizar reportagens, capta cenas de horror, ao serem mostrados os alojamentos nos estabelecimentos prisionais. É possível visualizar muitas pessoas na mesma cela, sem o mínimo de higiene, cenas que não

são compatíveis com a letra da lei, inclusive parecem irônicas. Os estabelecimentos prisionais brasileiros claramente são inapropriados para seres humanos.

Importante ressaltar que as presas também são alvos mais vulneráveis dessa triste realidade. Chega a ser assustador verificar a real situação das presas no sistema prisional, a revelar o descaso do Estado para com as detentas. A esse respeito, em seu voto, o Ministro Marco Aurélio (2015, p. 19) menciona sobre o posicionamento da Clinica UERJ22, da cadeia

pública feminina do Estado de São Paulo:

[...] A Clínica UERJ Direitos informa que, em cadeia pública feminina em São Paulo, as detentas utilizam miolos de pão para a contenção do fluxo menstrual. Além da falta de acesso a trabalho, educação ou qualquer outra forma de ocupação do tempo, os presos convivem com as barbáries promovidas entre si [...].

Isso, apesar de a Lei de Execução Penal também assegurar, em seu capítulo II, sobre o dever estatal de assistência aos presos que:

Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade. Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso. Art. 11. A assistência será: I - material; II - à saúde; III - jurídica; IV - educacional; V - social; VI - religiosa.

Ainda, em seu capítulo II, intitulado “Da Assistência à Saúde”, prevê que:

Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico. § 1º (Vetado). § 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento. § 3o Será assegurado acompanhamento

médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém- nascido.

É perceptível que a intenção da lei realmente é de garantir que o preso tenha no mínimo dignidade enquanto aguarda seu julgamento. Contudo, na dura realidade de um sistema prisional falido, tal pretensão é sem dúvida uma utopia.

Não é comum que essas informações causem espanto e inclusive revolta, são pessoas que estão na prisão, vivendo em condições desumanas. Cometer delito e estar preso,

22 A Clínica UERJ Direitos é um núcleo universitário da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio

provisório ou definitivo, não significa que, além de já estar privado da liberdade, necessitam, ainda, sobreviver à situação precária que se encontram os presídios.

Além de desumano, é constrangedor saber a situação em que se encontra o sistema prisional brasileiro, uma vez que existe uma lei específica que regula sobre as condições das celas, e requisitos básicos, e se percebe que não é isso que acontece. Diante de tal fato, é quase que impossível, que não haja uma revolta contra o sistema.

Aury Lopes Jr. e Rosa (2015, [n.p.]) salientam em seu artigo:

O Poder Judiciário deveria conter a fúria punitiva não no sentido de impedir a punição, mas justamente de garantir o devido processo legal substancial. Ou seja, pode-se punir em Democracia desde que atendidos os preceitos legais e jogando limpo, sem doping processual. O uso ostensivo da mídia no Processo Penal, com a exposição da vida privada e da imagem dos acusados ou meros indiciados é algo que precisa ser marcado, afinal, depois de enxovalhado midiaticamente resta pouco ao sujeito inocentado.

O Estado é o encarregado de proporcionar a todas as pessoas o direito de ter a sua dignidade respeitada, inclusive a quem está privado de sua liberdade. A pena é privativa de liberdade, não está incluída a privação de outros direitos fundamentais.

Nesse contexto, Caio Paiva (2018, p.170) dispõe que:

O baixo impacto desse novo expediente processual na estatística de encarceramento provisório no Brasil, somado com os perigos da naturalização e da impunidade da violência policial, indica que ainda há um longo caminho pela frente para que o sistema criminal brasileiro atinja um padrão de excelência na administração da Justiça no que diz respeito aos direitos humanos das pessoas privadas de liberdade.

Por esses motivos, é certo que a audiência de custódia foi implantada, e mais ainda carece de implementação. Enfrenta algumas dificuldades, e precisa sim de mais comprometimento, principalmente do poder púbico, que não seja somente para apresentar estatísticas. Mas que realmente se proponha ao fim que é designada, ou seja, garantir que os tratados internacionais sejam cumpridos, preservando e garantindo os direitos fundamentais, além de coibir abusos e agressões no momento da prisão, e ainda evitar prisões ilegais.

[...] a atuação meramente protocolar das instituições contribui para a perpetuação da tortura e dos maus-tratos. Isso tem contribuído para a “blindagem” desses atos, a demonstrar o quanto o país está longe de alcançar os níveis de exigência convencional. Em verdade, o ranço autoritário que marca as instituições que integram o sistema penal brasileiro é o primeiro – e principal – obstáculo a ser enfrentado.

O grande questionamento que fica é: por que ainda não é tida como obrigatória sua realização? Para tanto, seria suficiente a regulamentação na lei processual penal? Em contrapartida, quais os esforços que as instituições, voltadas ao sistema de justiça, estão fazendo no sentido de sua integral implementação? Há necessidade de melhor equipar o Ministério Público, o Judiciário e a Defensoria Pública para sua realização? Há necessidade de investimento em recursos humanos? Pois, que assim se faça! É, sem dúvida, um passo importante na humanização do sistema penal e processual penal como um todo!

A audiência de custódia cumpre de certa forma o papel fundamental de resgatar a dignidade da vida no cárcere, no momento em que há a possibilidade de respeito aos direitos fundamentais da pessoa presa, ou seja, do direito do preso ser ouvido antes de ser inserida a vida cruel do cárcere.

CONCLUSÃO

O crescimento da população carcerária tem conexão direta com o desrespeito dos prazos nas fases do procedimento. Ademais, acrescido a esses elementos, está a falta de regulamentação judicial a respeito dos prazos máximos de validade da prisão provisória.

Ao falar sobre a pena privativa de liberdade, é quase que dizer se tratar de “sinônimo de crueldade”. Revela-se desumana, sem que sejam notados maiores esforços por parte do Estado em reverter às condições caóticas do sistema prisional. Diante da realidade das instituições prisionais apresentadas ao longo do estudo, pode-se perceber que o apenado deixa de ser considerada uma “pessoa” e passa a se tornar “coisa”, “um objeto”, a desmerecer um olhar mais cuidadoso por parte do Estado e da sociedade.

É assustador e grave o tamanho do desrespeito a que os encarcerados são submetidos no sistema prisional brasileiro. E acontecem de várias formas, desde a estrutura dos estabelecimentos até a morosidade no julgamento dos processos, afetando seriamente o direito a uma vida digna no cárcere.

É inevitável chegar à triste conclusão de que o sistema prisional brasileiro está em ruínas, falido, aos destroços, e precisa com a máxima urgência que sejam implantadas políticas criminais, com programas, diretrizes e métodos que possam reverter esse quadro. Nesse viés, a audiência de custódia parece ser um instrumento importante, e representa um avanço para o Sistema Prisional Brasileiro, mesmo ainda não tão eficaz.

Soma-se, ainda, o fato de que, quando um indivíduo é preso, sem sequer ter garantida a realização da audiência de custódia, é como se o Estado ignorasse absolutamente as condições desumanas e precárias a que este seria submetido, pois que passará a estar constantemente exposto a um ambiente marcado pela violência, física, sexual e psicológica, cometidas tanto pelos companheiros de cárcere, como por próprios agentes.

Se nada for mudado, com o passar dos anos, é provável que o sistema prisional brasileiro ultrapasse os milhões de prisioneiros, e continuará cada vez mais aumentando. Por isso, é tão necessário que seja implementada efetivamente a audiência de custódia. É preciso um engajamento mais firme por parte dos entes estatais, e, nesse sentido, apesar de não ser suficiente a resolver os problemas encontrados na vida no cárcere, por certo a audiência de custódia pode contribuir para ao menos resolver um de seus maiores problemas, qual seja a da superlotação carcerária, que leva a tantos outros. É um passo importante no sentido do respeito àqueles que vivem no cárcere.

Por fim, a reforma no sistema prisional necessita ser completa, desde o momento da prisão, até a chegada aos estabelecimentos, assistência mínima, realização das audiências de custódia, as quais garantidas em Tratados Internacionais, Leis e na Constituição Federal (BRASIL, 1988). É preciso desenvolver uma nova visão do sistema penal, esquecer os conceitos até então formados no decorrer da história da pena de prisão.

A audiência de custódia realmente está acontecendo, e sim é um instrumento importante a contribuir para a diminuição das mazelas da vida no cárcere. Entretanto, é um projeto que precisa de amparo legal para que continue sua caminhada no sentido de viabilizar a garantia e a manutenção dos direitos fundamentais do apenado.

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, Pedro. Banalidade do réu: um dia de observação das audiências de custódia. Disponível em: <http://jota.info/banalidade-reu-um-dia-de-observacao-das- audiencias-decustodia>. Acesso em: 28 abr. 2018.

ADPF 347 MC/DF. Medida cautelar na arguição de descumprimento de preceito

fundamental 347 distrito federal. Disponível em: < https://www.conjur.com.br/dl/adpf-

situacao-sistema-carcerario-voto.pdf>. Acesso em: 26 maio. 2018.

AUDIÊNCIA de custódia o conselho nacional de justiça e os pactos internacionais de direitos

humanos. Disponível em: <http://ampebteste.web2319.uni5.net/wp-

content/blogs.dir/2015/01/A-AUDIENCIA-DE-CUSTODIA-O-CNJ-E-OS-PACTOS- INTERNACIONAIS-DE-DIREITOS-HUMANOS.pdf.> Acesso em: 08 out. 2017.

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