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VIOLAÇÃO DAS REGRAS SOBRE O VALOR DA PROVA VINCULADA E SEUS PRESSUPOSTOS FATUAIS, com clara violação do disposto no artigo 163.º do CPP, e

consequente-ERRO NOTÓRIO NA APRECIAÇÃO DA PROVA, a conhecer, pelo menos, oficiosamente, pelo Supremo Tribunal de Justiça. Em consequência o Tribunal recorrido errou notoriamente ao dar como provados os factos relativos a estas questões nomeadamente os indicados no Acórdão da Relação de Lisboa e que infra se transcrevem:

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Ponto 20. - Combinando aqueles, ainda, que usariam uma arma de fogo e munições do arguido António Joaquim;

Ponto 34. - Aí chegados, o arguido António Joaquim aproximou-se de Luís Grilo e, apontando à cabeça deste a arma de fogo que levara consigo – a pistola de calibre 7,65 mm, da marca

"CZ", com o n.º de série 064623, que se encontrava devidamente municiada com, pelo menos, uma munição de calibre 7,65 mm Browning, da marca CBC, de origem brasileira, com projéctil do tipo "hollow point" -,efectuou um disparo, a uma distância não concretamente apurada, atingindo o crânio da vítima, no osso parietal direito, na região paramediana posterior, tendo a munição perfurado aquela região do crânio, cerca de quatro centímetros acima da sutura com o osso occipal, numa trajectória de trás para diante, com ligeira inclinação para baixo e para a direita;

Ponto 42. - Depois de concretizada a morte de Luís Grilo, a arma usada para esse efeito foi guardada dentro de um saco de plástico e colocada por baixo da última gaveta do roupeiro, no quarto de dormir do arguido António Joaquim, na residência deste, sita na Rua Jorge Maria Nascimento, 19, 3.º andar esquerdo, em Alverca do Ribatejo.

Ponto 72. - Para o efeito, aqueles arguidos elaboraram um plano com insensibilidade e indiferença pela vida de Luís Grilo, persistindo na resolução de lhe tirarem a vida, tendo acordado que a morte seria provocada por disparo de arma de fogo tipo pistola de calibre 7,65mm de que o arguido António Joaquim era possuidor, bem como a oportunidade que aproveitariam para realizar tal plano, nomeadamente numa ocasião que coincidisse com ausência do filho de Luís Grilo e Rosa Grilo da residência por todos habitada;

d) Da violação da cadeia de custódia de prova e da omissão de pronúncia

Do Acórdão recorrido: "(…) A utilização de presunções exige, todavia, por parte do tribunal, um particular esforço de fundamentação. Desde logo porque estas apresentam uma estrutura mais complexa do que os restantes meios de prova.

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Com efeito, não só há-de resultar prova o ou factos básicos, mas há-de determinar-se, ainda, a existência ou conexão racional entre esses factos e o facto consequência. Além de se permitir, em concreto, a análise de toda a prova produzida em sentido contrário com vista a desvirtuar quer os indícios quer a conexão racional entre esses indícios e o facto consequência (…)"

Ainda do Acórdão recorrido: "(…) Para que se atinja o necessário grau de certeza em que tem de assentar uma condenação criminal é, assim, pressuposto que haja uma pluralidade de indícios que indiquem no mesmo sentido – embora possa admitir-se um só indício desde que o respectivo significado seja determinante – que a força probatória daqueles indícios não seja posta em causa pela presença de possíveis contra-indícios que possam apontar em sentido diverso e ainda que, o raciocínio seguido ou a argumentação apresentada para justificar a conclusão a que se chegou seja inteiramente razoável e respeitadora dos critérios da lógica e do senso comum, tendo por padrão o discernimento e conhecimentos de um ser humano de cultura mediana (…)"

Transcreveram-se estas duas passagens do Acórdão recorrido porque não encerram em si qualquer brecha lógico-argumentativa que possa ser explorada por parte desta defesa.

Em termos de raciocínio lógico e construção do argumento é à prova de bala.

MAS, é a montante que se detecta e verifica uma deficiência insanável que compromete de forma irreversível todo o raciocínio do Acórdão recorrido.

Encontramos "ab ovo" a semente do erro que se traduz na insuficiência/inexistência de indícios para a decisão da matéria de facto provada, e, irremediavelmente na existência de capaz identificação, recolha, análise e sequente interpretação dos indícios/vestígios que pudessem supostamente existir.

A inspecção ao local do crime é um momento basilar e essencial para a cristalização de vestígios que se podem tornar indícios e que após tratamento técnico-científico, podem resultar em prova.

É consabido que a temporalidade do momento em que actua a investigação no local é fugaz.

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Logo, no acaso em apreço, contrariando as boas práticas exigidas numa matéria tão sensível como a presente, não se compreende, nem se pode admitir que tenham sido realizadas 4 inspecções judiciárias à habitação da arguida, espaço habitacional que ao longo do tempo esteve disponível para várias pessoas, inclusive os media nacionais, com a agravante de terem sido utilizadas as mesmas técnicas forenses, obtendo-se resultados díspares, sendo que os resultados obtidos nas últimas conduziram a investigação no sentido de imputar a autoria do crime em apreço à arguida Rosa Grilo.

Assim sendo, é notório que há uma quebra da cadeia da custódia da prova, sendo pertinente colocar a seguinte questão: quais os vestígios, quais as recolhas, e quais as interpretações dessas mesmas recolhas e vestígios se devem relevar para o apuramento cabal da verdade e a boa decisão da causa?

Quanto ao exposto, o Acórdão agora recorrido apresenta uma nulidade por omissão de pronúncia sobre questões que devia ter apreciado.

O tribunal a quo não podia deixar de se pronunciar sobre a questão de importância capital que é a gritante e notória violação da cadeia de custódia de prova.

Nulidade do acórdão "a quo" por omissão de pronúncia sobre questões que devia ter apreciado (art.º 379.º, n.º 1, al. c) aqui aplicável "ex vi" do n.º 4 in limine, do art.º 425.º ambos do CPP) a conhecer, pelo menos, oficiosamente, pelo Supremo Tribunal de Justiça. Em consequência o Tribunal recorrido errou notoriamente ao dar como provados os factos relativos a estas questões nomeadamente os indicados no Acórdão da Relação de Lisboa e que infra se transcrevem:

Ponto 21. - E que aguardariam que surgisse a melhor oportunidade para levar a cabo a