Segundo a DCA 351-2 correspondente a Concepção Operacional ATM Nacional do ano de 2011, o DECEA considerou o sistema SBAS desnecessário devido aos seguintes fatores: • Possuir elevados custos de implantação e ter os benefícios muito pequenos em relação
aos já providos pelo “GPS Only”;
• As interferências ionosféricas que afetam a confiabilidade dos sinais GNSS em grande parte da área de responsabilidade brasileira, fato que minimizaria os ganhos operacionais;
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• Cerca de 85% das operações aéreas brasileiras serem de aeronaves comerciais, que se concentram em aeroportos dotados de infraestrutura adequada de navegação aérea, o que não justifica um sistema de “aumentação” de grande área;
• A implementação da segunda frequência civil GPS e a possível entrada em operação de novas constelações básicas de navegação por satélite poderiam representar um aumento na integridade e disponibilidade do GNSS, que minimizaria os ganhos resultantes de uma possível implementação do SBAS.
Analisando o cenário atual, 7 anos após o lançamento deste documento, podemos observar que o cenário brasileiro mudou consideravelmente, com um aumento significativo da operação de aeronaves da aviação geral e a operação de aeronaves comerciais em aeródromos considerados mais remotos e deslocados, que não apresentam na maioria das vezes procedimentos eficientes para sua operação.
Levando em consideração os benefícios proporcionados por uma aproximação LPV, podemos ver claramente que a mesma pode proporcionar mínimos de até 200 pés, o que supera por vezes com folga os procedimentos “GPS Only” atuais.
Figura 20 - Mínimos para aproximação RNAV pista 24 Aeroporto de Belém
Fonte: Aisweb
Figura 21 - Mínimos para aproximação RNAV pista 11 Aeroporto de Chapecó
Com a instalação de um sistema SBAS em território brasileiro a necessidade de aeródromos com procedimentos de voo por instrumentos poderia ser sanada, devido a capacidade de proporcionar aproximações semelhantes ao ILS Categoria I para todas as cabeceiras disponíveis, sem a necessidade de auxílios à navegação em solo, economizando um grande montante comparado a instalação e manutenção de equipamentos pertinentes aos procedimentos ILS.
Com o desenvolvimento e sucesso dos estudos atuais voltados aos problemas ionosféricos, os mesmos seriam solucionados através do DFMC, superando assim os efeitos de interferência que comprometiam efetivamente o sinal GNSS e aumentando de maneira significativa a cobertura disponível para procedimentos LPV-20033.
Levando em consideração os fatores apresentados, uma nova análise por parte dos órgãos responsáveis seria pertinente, devido ao interesse e expansão do sistema SBAS em cenário mundial e sua evolução constante, trazendo inúmeros benefícios aos usuários, além da disponibilidade de equipamentos de fácil instalação e compreensão que comportam este tipo de procedimento já disponíveis no Brasil.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou um aprofundamento a respeito do sistema SBAS e sua funcionalidade, deixando claro sua capacidade, funcionamento e estrutura com foco voltado para o ramo da aviação geral.
Outro fator a ser exposto é sua expansão significativa perante o cenário mundial, isso devido a seu grande sucesso operacional e inúmeros benefícios trazidos aos usuários, como é o caso das aproximações LPV, que facilitaram muito as aproximações em condições de baixa visibilidade e teto, sendo sua operação semelhante ao ILS Categoria I.
Com a entrevista e orçamento disponibilizados, podemos ver que a opinião a respeito de procedimentos baseados somente em GNSS é positiva e que os mesmos são considerados seguros e eficientes, e a aceitação perante a apresentação das condições proporcionadas pelo LPV foram recebidas de maneira otimista. Quanto aos equipamentos, foram muito bem vistos, pois a marca Garmin é famosa em território nacional devido a ampla gama de funcionalidades e, como podemos verificar os mesmos já se encontram no Brasil, facilitando consideravelmente a aquisição e instalação.
Outro fator observado durante a pesquisa foi o número de pistas com procedimentos para apenas uma cabeceira, ou procedimentos RNAV/RNP com mínimos altos, o que foi confirmado pelo piloto entrevistado, que relatou a carência de mais aeródromos que atendam voos por instrumentos, o que poderia ser facilmente resolvido através do sistema SBAS.
Quanto a economia de custos, pôde ser verificado alguns dos valores pertinentes aos procedimentos ILS, os quais poderiam ser reduzidos com o SBAS, diante de que o mesmo não necessita de instalação de equipamentos em solo em cada aeródromo.
No quesito pertinente aos órgãos responsáveis pelos sistemas de navegação brasileiros, foram encontrados poucos documentos sobre o SBAS em seu sistema de dados. Observou-se também um aumento significativo nas operações aéreas em aeródromos diversificados em 7 anos, possibilitando assim uma nova análise a respeito deste sistema, visando melhores condições operacionais para a aviação geral e comercial.
Dos fatores mais agravantes que impossibilitam a instalação e correto funcionamento do sistema SBAS encontramos a cintilação ionosférica, que conforme apresentado em estudos e hipóteses desenvolvidos atualmente, há um aumento considerável das chances de sucesso do funcionamento deste sistema em países do hemisfério sul.
Contudo, cabe o acompanhamento do progresso referente as inovações apresentadas neste trabalho com o intuito de investigar novos estudos que possam levar a aplicabilidade do sistema SBAS no Brasil.
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Roteiro de Entrevista para Pilotos Nome:
CANAC: Data:
Modelo da aeronave operada atualmente:
1. Qual o equipamento Garmin utilizado em sua aeronave?
2. Após passar a operar com este equipamento como o mesmo impactou em sua operação? 3. Em que tipos de pista você costuma operar, remotas e afastadas ou mais urbanas e
movimentadas? Cite algumas.
4. Você considera que o Brasil carece de procedimentos para voo por instrumentos atualmente e que o cenário atual pode impactar a segurança na operação? Por quê? 5. Comparando o método RNAV/RNP e o método convencional (NDB/VOR/ILS) qual
deles você considera mais eficiente para sua operação? Explique. 6. Você considera procedimentos baseados em GNSS seguros? Por quê?
7. Caso fosse possível a instalação de um sistema que proporcionasse mínimos de até 200 pés e procedimentos realizados puramente através de GNSS (sem auxílios rádio- navegação) na maioria das pistas em território nacional, você concordaria e operaria com este tipo de procedimento? Como suas operações seriam impactadas?
8. Você considera que o SBAS resolveria grande parte dos problemas de aproximações por instrumentos devido ao seu potencial em proporcionar o LPV?