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Parte III: Estudo de caso

5. A criação de vitelos

5.2. Vitelos dos 7 dias aos 30 dias

Assim que o vitelo atinge os 7 dias, caso tenha tamanho e esteja forte o suficiente, é transferido para o pavilhão dos vitelos.

O pavilhão tem 480 m2 e é dividido em 3 parques com 148 m2 cada, cada um com acesso ao exterior, onde se agrupam os vitelos consoante a idade e o tipo de alimentação.

Os vitelos desta faixa etária, ficam no primeiro parque até atingir os 30 dias ou ter tamanho e força suficiente para passar para o parque seguinte.

5.2.1. Tipo de alojamento

Este parque alberga cerca de 50 a 70 vitelos. É composto por um espaço amplo dividido em zona da cama, zona interior e zona exterior. A zona da cama está protegida através de uma segunda construção com duas janelas em cada parede lateral e com uma área de 42 m2. Esta zona é pouco ventilada (ventilação natural), sendo a renovação do ar bastante débil. Pela figura 21, é possível uma melhor perceção da construção deste parque.

Existe ligação e contacto entre os vitelos do primeiro parque e o parque seguinte uma vez que a divisória é composta por grades de ferro espaçadas ente si e a uma altura do chão de 70 cm.

A cama é composta por palha, a zona interior por chão de cimento e a zona exterior por terra batida. Existe uma vala de limpeza junto da máquina de alimentação automática, comum aos 2 primeiros parques.

O parque possui uma porta que dá para o parque exterior, comum apenas a esta faixa etária. Este parque tem ainda duas entradas para duas tetinas ligadas à máquina que fornece leite, bebedouro automático, comedouro com alimento concentrado e comedouro com feno.

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5.2.2. Maneio geral

A limpeza é feita uma vez por semana sendo recolhida toda a palha e sujidade da cama. O espaço é limpo e desinfetado e só ao fim do dia é que a palha é reposta e é feita a cama. É necessário que o operador visite regulamente o espaço, vigiando sinais de doença e mantendo-o asseado e limpo. A ração e o feno, são verificados uma vez por dia, sendo reposto quando necessário.

Este maneio é comum aos 3 parques do pavilhão, não sendo por isso referido na descrição dos parques seguintes.

FIGURA 35:PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA DAS CAMAS.FONTE:PRÓPRIA

FIGURA 34:ESBOÇO DO PAVILHÃO DOS VITELOS

Cama Zona interior Zona exterior

Zona exterior Cama Zona interior

Zona exterior Cama Zona interior

Parque 1

Parque 2

Parque 3

Zonas a picotado vermelho: Ventilação natural

Zonas a picotado cinzento: Portões, grades de separação

Zonas a preto e verde: Paredes

49 Uma das tarefas do operador nesta fase, prende-se com a descorna das fêmeas da exploração. A descorna é feita entre a segunda e terceira semana de vida, efetuada pelo operador responsável pelos vitelos, através de produtos cáusticos em forma de pasta. Segundo a opinião desta exploração, esta é a técnica mais simples e menos dolorosa e traumatizante para os vitelos e a única que reduz a mão-de-obra, sendo preciso apenas um operador para efetuar o procedimento.

5.2.2. Maneio alimentar

A alimentação dos vitelos desta faixa etária é composta por alimentos líquidos e alimentos sólidos.

No caso dos líquidos, utiliza-se o leite de vaca comercializável, consoante o excedente e o preço praticado mercado ou utiliza-se o leite de vaca não comercializável, sendo esta a prática mais comum. Quando ambos não são suficientes para satisfazer as necessidades de todos os vitelos, é utilizado o leite em pó.

A alimentação líquida é feita com recurso a uma máquina de alimentação automática. Na zona interior, existem 2 compartimentos com acesso a uma tetina cada, ligadas à máquina, simulando o úbere da vaca. O vitelo recorre à máquina sempre que quer. Durante a primeira semana dos vitelos recém-chegados, é necessário ensiná-los a entrar nos compartimentos e a beber o leite que a máquina fornece.

O leite está sempre disponível e é debitado consoante a medida selecionada pelo operador no programa da máquina. Ou seja, o vitelo dependendo da sua idade, tem um valor disponível de leite para beber ao longo do dia, nunca ultrapassando os 8 l diários. A máquina apenas deixa beber determinadas quantidades de cada vez, até fazer o total destinado ao vitelo. Os vitelos têm uma coleira com um chip que é lido na máquina, feita assim a seleção da quantidade de leite que o vitelo pode consumir. O leite sai à temperatura de 35 a 38 ºC tal como sairia do úbere da vaca.

50 Existem vários programas aplicados consoante o objetivo do produtor. Nesta exploração opta- se por alimentar vitelos até aos 30 dias com leite de vaca com as quantidades expressas na tabela 8. A única exceção está no facto desta faixa etária, só em casos raros de escassez do leite de vaca, ser alimentada com recurso ao leite em pó. O dono da exploração, afirma com base na sua experiência, que vitelos até aos 30 dias alimentados com leite de vaca, têm taxas de crescimento e desenvolvimento muito maiores do que vitelos da mesma idade alimentados com leite em pó.

Idade

(Semanas) 1* 2 3 4 5 6 7 8 9

Litros de

leite/dia 6 8 8 10 10 8 6 2 0

*A PARTIR DO 7 DIA, APÓS O COLOSTRO/LEITE DE TRANSIÇÃO

TABELA 8:ESQUEMA DE ALEITAMENTO L/DIA PARA DESMAME AOS 60 DIAS.FONTE:JARRIGE, R.(1988).

Em relação à alimentação sólida, esta é feita ad libitum através de feno e alimento concentrado composto de primeira idade, ambos de elevada qualidade. Ao fim de 5 dias, é comum ver o vitelo a procurar o alimento concentrado e feno, complementando assim a sua alimentação juntamente com o leite.

O parque tem ainda água fresca e limpa sempre disponível.

5.2.3. Maneio sanitário

O princípio básico que preside nesta exploração, relativamente à profilaxia, prende-se com a prevenção através de medidas que atenuem e erradiquem as doenças sentidas. É de máxima importância que se verifique todos os dias o estado dos vitelos, procurando por sinais de doença. Nesta exploração, esse procedimento é feito pelo engenheiro responsável e pelo operador.

Segundo o protocolo de vacinações praticado na exploração, nesta faixa etária aplica-se a segunda toma da vacinação para prevenir a clostridiose ao fim das 4 semanas de vida e uma toma para prevenir as infeções, doenças respiratórias e diarreias provocada pelos vírus da rinotraqueite infeciosa bovina, vírus respiratório sincicial bovino e vírus da diarreia vírica bovina. Leite de vaca % Leite vaca + % leite em pó Leite em pó

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5.2.3.1. Doenças mais comuns

Durante esta fase, existem várias doenças com bastante incidência. As que mais atacam os vitelos causando maiores prejuízos nesta exploração, prendem-se com diarreias e problemas respiratórios.

Em relação às diarreias, os sinais são fáceis de identificar. Perante diarreias mais fortes e constantes, com perda de algum apetite, substitui-se parte da sua alimentação láctea por eletrólitos, que são uma solução aquosa bastante apetecível que restabelece o equilíbrio electrolítico durante e após a diarreia. Caso o vitelo continue com diarreia e mantenha os sinais típicos, procede-se ao tratamento injetável.

As outras doenças mais comuns, estão relacionadas com problemas respiratórios. Vitelos que apresentem sinais evidentes são imediatamente tratados com antibiótico e anti-inflamatório.

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