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“A grande verdade é que desejam nos lançar em um lodo que nós amaziados não nos sentimos lançados ou melhor não nos lançamos e nem nos deixamos lançar: estou falando da immoralidade, da desonra, do desprestigio familiar, da inferioridade moral do lar. Os nossos lares ao contrario do que querem alguns tem tudo isso invertido.

O lar do amasiado não deve nada ao do casado no papel. Nós nos unimos e nos separamos na mesma proporção dos consorciados no papel, isso prova que papel não elabora e nem consolida a união entre duas pessoas”.

(Estas análises foram realizadas em 1916 pela senhora Maria Jacyntha Felix e anexadas em 1921 ao processo de investigação de paternidade impetrado pela autora contra Vicente Pereira Leal, 1921).

Na cidade de Belém de 1916 a 1940, era comum encontrar discursos que generalizavam a vivência amásia. Narrativas que a taxavam como disseminadora da prostituição, dos maus costumes e de pouco durar, eram algumas delas. Mas o desejado aqui é que as observações acima demonstrem que houve desafios ao modelo familiar ideal, pois a senhora Maria Jacyntha deixou outras impressões acerca da união senão de seu grupo social, pelo menos sobre as proximidades que mantinha com o seu companheiro, porquanto procurava demonstrar que entre amasiados havia técnicas e táticas de convivência, além de funções, normas e valores a serem seguidos. Por isso, a autora das

reflexões considerava que um domínio era o que buscava atirar as convivências amásias na lama, e outro totalmente diferente era o dos amasiados se sentirem ou mesmo lançarem-se nela; contra esta forma de pensar dona Jacyntha argumentava que o lar de amantes continha tudo o que se exigia para o bom caminhar da honra e prestígio da família, em suma, como afirmava a própria “amásia”: “o lar do amasiado não deve nada ao do casado no papel” e a seguir, em relação às uniões e separações, afirmava: “nós nos unimos e nos separamos na mesma proporção dos consorciados no papel, isso prova que papel não elabora e nem consolida a união entre duas pessoas”.

Desafiava-se o modelo higiênico desejado de casamento. Em outros termos, equiparava-se o amasiamento ao matrimônio de papel passado; aliás criticava-se este ao se afirmar que a assinatura de um “papel” não tornava sólida a vivência entre duas pessoas. Nota-se que as palavras provinham de pessoa detentora de expressiva consciência do que era ser amasiada ou casada. Destarte, não se deve ter como único modelo a família oriunda do matrimônio civil ou religioso, uma vez que – pelo menos na vivência de Jacyntha – a relação equiparava-se àquele desejado paradigma. Afinal de contas, nem sempre o casamento era o fim social de um homem e de uma mulher que aspiravam viver sob o mesmo teto, porquanto se pode observar – por meio de variadas leituras documentais – que diversas convivências [amásias] duravam e se rompiam tanto quanto os matrimônios ditos à época legais.

Entretanto, uma observação é de suma importância para que se evitem generalizações: a vivência e a separação amásia era passiva de gradação, ou seja, seria

um erro infantil e grosseiro, além de se inverter o preconceito, se esta forma de constituição familiar fosse localizada em espaço cristalizado e imutável, tanto que a autora do documento que serve como epígrafe reconhecia nelas um constante movimentar ao afirmar que os casais amásios se deixavam e se uniam na mesma proporção daqueles que haviam optado pelo consórcio; desta forma, também não se pode tomar o vínculo de dona Maria Jacyntha com o senhor Raymundo como modelo dos casais que não consumavam relações pelo sacramento do matrimônio ou pelas núpcias civis. O que se quer afirmar é que ser amasiado é uma circunstância tanto social quanto cultural que exigia bom poder e conjunto de argüições para conseguir defender-se no interior de um mundo que não percebia aquele estado como legal. Em suma, os que desejassem viver juntos, porém sem a presença das alianças, teriam de estar adequadamente municiados para enfrentar uma sociedade exigente.

Na cidade de Belém, existiam discursos [como os da Igreja Católica] que buscavam mostrar que a vivência considerada ilegal formava-se e desestruturava-se sem inconvenientes, sem problemas ou qualquer tensão, isto é, que as uniões faziam-se e desfaziam-se conforme o sabor dos ventos, pois a inexistência do casamento facilitava tanto o início quanto o final destes laços afetivos. Por não formarem família legítima, os amantes eram secundarizados pelos discursos conservadores como os publicados no jornal “A Palavra”, onde se perguntava: “A uma amasia pode-se chamar esposa?” A resposta foi: “De modo nenhum. Assim como ninguém que tenha juizo chama oiro ao latão, apezar de se parecer com elle, assim só um desatinado é que dará o doce nome de esposa áquella que não passa de uma réles amasia. A esposa tem direitos sagrados, direitos que lhe são reconhecidos por todas as leis divinas e humanas. Agora a amasia que direitos possue?”.181 A Instituição deixava bastante claro que o ser amásia ou esposa distinguia-se profundamente e em todos os sentidos que se pudessem pensar. Pode-se considerar que o raciocínio da Igreja Católica mostrava-se coerente e expressivo no bojo da sociedade. Como analisado em páginas passadas, ela elaborava bem os jogos de mentalidade na ânsia de não deixar o princípio do sacramento marginalizado; no que diz respeito aos vínculos de amasiamento, valia-se do mesmo pensamento, isto é, ao afirmar que a esposa era detentora de “direitos sagrados”, a Igreja articulava-se com as táticas de mentalidade contra as amantes, pois colocava-as em posição secundária. Em outras palavras, a prática de amedrontar os indivíduos que não caminhassem conforme os seus princípios – como o do sacramento – mostrava-se recorrente, pois o principal objetivo da Igreja era o de fazer crer que o inimigo concentrava-se no “eu”, isto é, tratava-se de convencer a todos que as ações pessoais conspiravam de modo contrário às da sociedade; a estratégia passava pela argumentação de que nada havia de mais difícil de se conquistar do que o domínio sobre as vontades individuais tanto que, no seio desse mesmo espírito, a Igreja observava: “não sabemos porque pessoas insistem em amasiar-se se a egreja offerece a legalidade diante de Deus e da sociedade, já esclarecemos que estão caminhando para o inferno”.182 Enfim, as práticas da mentalidade expandiam-se em variados ângulos, por exemplo, as vivências balizadas fora dos princípios do sacramento católico – casamento civil e amasiamento – eram caracterizadas como ímpias e que se fragmentavam facilmente porque não tinham a “presença de Deus”.

181 “A Palavra”. Belém, 07 de janeiro de 1917, p. 03. 182 “A Palavra”. Belém, 20 de janeiro de 1917, p. 02.

Mais um caso, dentre diversos, que pode reforçar o posicionamento desejado pelo discurso do referido periódico foi publicado em 14 de maio de 1916, sob o título “Um amasiado poderá chamar-se bom homem?” O conteúdo discorria: “De modo nenhum. Se elle está continuamente em lucta com a norma de todo o bem que é a Lei Divina, como se pode chamar bom homem? Case-se segundo os preceitos da Religião, e só depois poderá ter direito a qualificativo tão honorifico”.183 Observa-se novamente a utilização da mentalidade, pois o amasiamento era interpretado pela Igreja Católica como uma luta da desordem contra a ordem do casamento, de tal sorte que as opiniões que recaíam sobre as práticas e as vivências das relações amásias mostram-se repletas de significados como o de que formavam família considerada espúria. Para esses recomendava-se o casamento religioso, visto que esta seria a única forma de celebração que legitimaria uma união que iniciou corrompendo valores e normas sociais. Veja-se que, se por um lado a Igreja a compreendia como enfrentamento às leis divinas, por outro o Estado afirmava que suas leis não incorporaram a família amásia como unidade moralmente correta o que tornava qualquer conjunto de pessoas formado sem a celebração do casamento civil um ato espúrio.184

Do analisado na sessão 3 do capítulo 1, o desquite significava apenas a separação de corpos e bens de um grupo: o dos casados legalmente. Se os matrimoniados possuíam meios legais para se separarem, como esta cartografia se organizaria entre os ditos amasiados? Não se podem perceber estas rupturas como mais fáceis ou menos dolorosas ou que os não casados formalmente não exigissem posturas similares às dos matrimoniados, como a da fidelidade recíproca, conforme será analisado a seguir. Se o fim da convivência sob o mesmo teto [entre os casados] gerava pressões inequívocas, estas também se faziam sentir entre os amasiados; nesse caso será ilusório lançar a convivência [amásia] nos recônditos da insignificância. Oficiais de justiça, jurisconsultos, advogados, testemunhas constituídas, enfim, o judiciário e o cotidiano conheciam muito bem as complexidades que envolviam as ações de pensão alimentícia e de investigação de paternidade onde mulheres reclamavam auxílios, alimentos e partilhas de bens; por outro lado, seus companheiros defendiam-se negando, mas também confirmando suas “relações maritais” e os direitos das companheiras a bens móveis e imóveis, como será analisado no capítulo seguinte.

183 “A Palavra”. Belém, 14 de maio de 1916, p. 03.

É absolutamente enganoso considerar que os amasiamentos possuíam menor complexidade ao tempo da vivência sob o mesmo teto ou que estas uniões e separações se organizavam de forma aleatória, enfim, não era em virtude da falta do casamento que as uniões se firmavam em simples, uma vez que problemas com filhos, parentes, amigos e divisão dos bens também existiam nas rupturas entre amásios. A este respeito processo que trouxe expressivas compreensões relativas à divisão de bens foi a investigação de paternidade impetrada por Maria Conceição Alves contra Gregorio Leocadio Gomes.185 Em 1920, a relação entre os amásios durava 10 anos, tempo que proporcionou, à custa de muito trabalho, a acumulação de bens e a formação de uma pequena família, isto é, além dos pais, dois filhos. O que chamou atenção neste auto foi o latente descontentamento da amásia diante aos bens acumulados no decorrer de uma década de união, pois afirmava em juízo não concordar com a divisão realizada por seu companheiro, porquanto havia “sido claramente lezada na partilha”, isto é, a impetrante argumentava que – se haviam conseguido por meio de trabalho conjunto duas “modestas barracas”, então porque uma delas não seria sua? – Nestes casos em particular é importante insistir que ações de investigação de paternidade não se concentravam na justeza da divisão de bens, mas sim no julgamento da naturalidade dos filhos, todavia era comum as mulheres que se sentiam prejudicadas na partilha mencionarem de alguma forma este descontentamento. Dessa forma Maria Conceição buscava conseguir algum ganho, mas não se deve desprezar a estratégia usada: a de mostrar ao judiciário que a relação havia sido duradoura e que por

isso os filhos eram certamente de Gregorio.

Diversos casais amásios altercaram-se em processos de pensão alimentícia em que as lutas se travavam sobre os bens constituídos: casas, mobílias, carros, dinheiro.186 A vida sob o mesmo teto mostrava-se complexa e nos documentos pesquisados187 não é raro encontrar ciúmes e vínculos paralelos com outros indivíduos, mas também casos de alcoolismo, acusações de os homens serem péssimos provedores, injúrias e sevícias foram alguns dos aspectos que permeavam o universo dos amasiados;188 de tal sorte, nada de

185 Auto civil de investigação de paternidade cumulada com prestação de alimentos impetrado por Maria

Conceição Alves contra Gregorio Leocadio Gomes, 1920.

186 Auto civil de prestação de alimentos impetrado por Joana Pinheiro do Vale contra Edgar dos Santos Vale,

1940.

187 Referem-se aos diversos processos de desquite, pensão alimentícia, investigação de paternidade e jornais.

188 Auto civil de investigação de paternidade cumulada com prestação de alimentos impetrado por Maria

diferente havia quando se comparava esta com as querelas que envolviam os legalmente casados. O que levava alguns a pensar em diferenças entre as duas formas de constituição e de fragmentação familiar? As influências da tradição, as da Igreja Católica, assim como determinações do direito devem ser levadas em conta, ou seja, a Igreja e alguns jurisconsultos julgavam que o casamento em si era suficientemente forte para conduzir e superar qualquer problema surgido na vida conjugal; de tal modo, reduziam o matrimônio a formas fixas não o percebendo como relação com determinações culturais e sociais móveis. Não obstante, os segmentos que pensavam desta maneira cometiam um erro básico: o de procurar circunscrever o sócio-cultural em espaços imutáveis. Ao se considerar que Joana, Edgar, Maria e Gregório fazem história, então é premente não perder o horizonte de que grupos dinamizavam linguagens diferenciadas diante da união, da família e do amasiamento.

Inúmeras vozes que negavam ser as alianças as norteadoras de durabilidade sob o mesmo teto são encontradas na cidade de Belém das primeiras décadas do século XX, assim como a concepção de que a ruptura entre amásios não deveria ser interpretada como singela ou que não vertesse intrigas, sofrimentos e ressentimentos. Dona Laura, em 1932, escrevia em seu diário que “se enganam os que pensam ser o casamento a segurança de uma vida estavel, o que torna uma vida “sem percalços” são as negociações e os compromissos que os pares firmam entre si. Esta qualidade é bastante presente na cidade de Belém, isto é, há casais de amásios que vivem 10, 15, 20 anos, este tempo não é duradoiro? Depois deste tempo se separam pela morte, ou por que naturalmente o compromisso tenha terminado, mas não pensem que as razões do termino não sejam dolorozos”.189 Seria pueril querer enumerar, em sua infinita variedade, os determinantes que levaram a senhora Laura Soares de Souza a realizar tais observações, mas pelo menos estas precisam ser consideradas: em primeiro lugar, a valorização de que a estabilidade

dependia de estratégias de negociações e de compromissos bem arranjados entre os casais e não da consumação de laços matrimoniais e em segundo lugar, a idéia de que o término da vida amásia era igualmente complexa e dolorosa. Para sustentar tais argumentos, Laura anotava ser comum “encontrar na cidade” pares amasiados por um longo período e quando a separação ocorria o motivo pautava-se na morte de um dos parceiros ou fim de compromissos firmados assim, nada de “diferente quando se compara com o limite das relações entre os matrimoniados”.

A observação do cotidiano e leituras dos diversos jornais que circulavam na cidade podem explicar como a senhora Laura conseguiu estas informações. Por exemplo, “O Estado do Pará”, em 1938, publicou tensões havidas entre João Baptista da Costa e Raymundo da Cunha pela posse de uma mulher, Carmelina de Oliveira Pantoja, amásia do primeiro, com o qual vivia há 13 anos.190 Nota-se que existiam relevantes proximidades entre as anotações de dona Laura e as notícias publicadas nos jornais da cidade; desta maneira não se pode generalizar que as vivências entre casais amásios fossem sempre passageiras ou que nelas não existissem códigos de conduta como a da fidelidade e as estratégias de negociação para se manter a vida a dois. Martha de Abreu Esteves, em sua pesquisa sobre o cotidiano do amor no Rio de Janeiro da Belle-Époque, percebeu que a justiça dispunha de somente três parâmetros de estado civil (solteiro, casado ou viúvo), desta maneira desprezava o estado de amasiado, postura que provocava um distanciamento entre a lei e a experiência dos indivíduos que formavam complexas dinâmicas sob o mesmo teto.191 Esta dimensão encontrava-se presente em Belém, embora, como no Rio de Janeiro, nada indique que a vivência e a separação entre casais maritais fosse prática passageira que não exigisse vultosos campos de negociação.

Uniões de vários anos e outras nem tanto, terminavam conforme as necessidades, interesses e desejos dos envolvidos. Tensões entre amásios formavam-se por razões diversas como a existência de amantes, partilha de bens, criação dos filhos; assim, logicamente, o sentir-se traído, ter a honra manchada ou qualquer dos outros problemas não estava contido somente entre os casados de forma legal, pois a fidelidade não se circunscrevia apenas aos unidos pelo matrimônio; dessa forma é coerente pensar que os amásios exigiam, entre si, o rigor da monogamia, não tolerando aventuras amorosas fora dos circuitos desejados. Rupturas sentimentais entre amásios constituíam-se não menos duras e complexas se comparadas às dos casados legalmente, porquanto as tensões, pressões e disputas eram igualmente intrigantes e, quando a separação entrava em funcionamento, fundamental seria vislumbrá-la no universo de cada um e não no que cada um poderia querer a partir do fim da relação.

Os dramas de Estella Pereira de Souza com Clodoaldo Vieira, publicizados pelo periódico “O Estado do Pará”, chamam atenção. Ela, descrita como de feições simpáticas, paraense, cor morena, com 20 anos, contraiu casamento com Edgar Pereira de Souza que a

190 “O Estado do Pará”. Belém, 05 de junho de 1938, pp. 01 e 04. 191 ESTEVES. Op, cit.

abandonou no segundo ano de casamento. Os “erros” observados em seu matrimônio não significaram o fim de experiências sentimentais, uma vez que se amasiou com Clodoaldo e passou a morar na casa 703, da travessa Caldeira Castelo Branco. Entretanto, referente à conduta da amásia produziu desconfianças. Anna Oliveira Tenório, uma amiga de Estella e que residia com o casal, passou a declarar para “Clodoaldo que não depositasse confiança em sua amante, porque esta não seria fiel para com elle, pois, a vira com outro rapaz, varias vezes”.192 Nota-se que comentários, intrigas, murmúrios, denúncias que desabonavam a honra de homens, de mulheres e da família eram colocados em xeque e tinham o poder de fragilizar a mais estável vivência amásia. O jornal os via como amásios. Após dois anos de vida em comum, sobre a cabeça de Clodoaldo, magarefe do mercado de São Brás, passaram a voejar sentimentos de ter sido traído, assim “enciumado não pôde se conter e, hontem ás 3 horas da tarde, quando chegou na residencia da mesma, onde ia almoçar, travou com Estella forte discussão, entrando a espancal-a brutalmente, produzindo-lhe varias ecchymoses”. Esta foi a versão dos fatos oferecida por Estella, porém considerando que o viver amásio trata de relações complexas, o senhor Clodoaldo procurou o mesmo periódico para retificar a maneira de como os fatos foram expostos pela amante, desejando apresentar a sua versão. Afirmava que Estella Pereira de Souza postava- se como autora de escândalos inclusive, no dia anterior, teria lançado mão de uma corda tentando o suicídio; informava também que a referida mulher não era tão firme nos seus amores como quis fazer crer à reportagem do jornal.

São versões diferentes da convivência sob o mesmo teto, convivência que se deteriorou com certa rapidez a partir de intrigas e murmúrios formulados e promovidos por Anna Oliveira Tenório; a partir das informações desta, Clodoaldo expunha à reportagem policial que nunca havia depositado confiança na mulher que dizia ser sua companheira. A afirmação sugere certa convivência com Estella, sendo que a seguir argumentava “apenas quando ella a procurava, dava-lhe o dinheiro para a despesa diaria, sem assumir, no entanto, compromisso em mantel-a” e que se dirigia “a residencia da mesma, como tem certeza que iam outros rapazes”.193 Por meio do ouvir dizer, o possível traído construía explicação absolutamente dessemelhante da oferecida pela possível amásia: negava, por

exemplo, a existência de dois anos de vida em comum, assegurando que a visitava de modo acidental e que suas companhias não se resumiam a ele. Entretanto observa-se que,

192 “O Estado do Pará”. Belém, 08 de janeiro de 1938, p. 02. 193 “O Estado do Pará”. Belém, 09 de janeiro de 1938, p. 03.

em suas refutações, confirma corroborar com as despesas diárias o que indica uma proximidade nem tão esporádica como queria fazer crer. O senhor Clodoaldo confirmava a

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