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9- Classifique os elementos abaixo em (B) Baixo; (M) Médio; (A) Alto; ou (I) Indiferente, de acordo com o impacto sobre você em uma unidade marítima de extração de petróleo e gás.

M M M M A M A

CONFINAMENTO RUÍDO TURNO SONO CARGA HORÁRIA ROTINA PERICULOSIDADE 10 - De acordo com o que você assinalou acima, como isso se manifesta sobre você no seu cotidiano de trabalho e como reflete no seu reduto familiar?

R.: Já embarco contando os dias para desembarcar.

Entrevista – 9

Viriatto Lavira - 64 anos, 30 anos de trabalho offshore, técino de operações na unidade marítima PCV2, Suprod, Petrobras, aposentado em 2010.

Da sua percepção de bordo e de folga: 1-O que lhe agradava a bordo?

5 HORAS

X S N

R.: Dormir e desembarcar. Na minha época, não havia internet, quadra de esportes, telefone. Convivi muito tempo com essa realidade. Alguns anos antes da aposentadoria, essas facilidade ainda me alcançaram. Era trabalho, trabalho, trabalho. Era um prisioneiro temporário por dinheiro.

2-O que lhe desagrada a bordo?

R.: Pressão de não errar com risco ao descrédito profissional, com seus reflexos morais e emocionais.

3-Como lidava com a interface (transição) embarque x folga?

R.: Com dor, esforço e representação. Em casa, tenho que ser alegre, dissimular para não deixar meus familiares apreensivos ou com pavor em relação aos riscos a bordo.

4-Alguma dificuldade em administrar sua folga?

R.: Sensação de um pouco de sobrecarga face a necessidade de dedicação extra à família para compensar as ausências continuadas. Ser amigo da família demanda abdicar de algumas necessidades de refrigério. O meu trabalho se caracteriza pelo empenho intenso. Na folga, preciso compensar a família na mesma proporção para tentar evitar que eles tenham a sensação de algo incompleto ou algum débito em minha conduta.

5- Alguma quinzena, semana, ano ou momento mais difícil para você a bordo? Por quê?

R.: Quando meu pai adoeceu (isquemia cerebral) e ficou inapto para o trabalho. Assumi o sustento de meu pai, já falecido, e de minha mãe, que mora comigo, com saúde de ferro em seus 98 anos de idade, o que muito me alegra.

6- Já vivenciou alguma situação atípica a bordo em termos de emergência? Caso positivo, como foi e como isso lhe afetou emocionalmente no seu trabalho e na sua folga?

R.: Sou um sobrevivente. O que vou lhe dizer pode parecer história de pescador, mas foi real. Escapei sete vezes do óbito no curso do meu trabalho, na seguinte sequência: 1) Em 1981, prestes a desembarcar, minha gerência “solicitou” que descesse do helicóptero e ficasse mais um dia para resolver uma situação de complexidade inesperada. Essa aeronave caiu no mar causando a morte de todos. 2) Por falta de sinalização em um trabalho realizado por terceirizados, caí num tanque vazio em uma altura de 8 metros. Por sorte atingi um pilha de seis colchões que algumas pessoas esconderam s para dormir no caso de estarem muito cansadas. 3) Ao fazer manutenção em uma monobóia, alguém abriu indevidamente uma válvula que encheu aquele espaço de petróleo. Saí do local erguendo o corpo com auxílio de uma carretilha com petróleo acima da linha da cintura. 4) Na montagem do Módulo Antecipado de Ermitão, o piso do sanitário cedeu e caí no mar. Como tinha muita gente no local e o mar estava na condição de mirante, fui imediatamente resgatado. 5) Um choque térmico de elevada intensidade resultou em uma grave paralisia facial, que me afastou temporariamente do trabalho por recomendação médica. 6) Fiz um transbordo de PBR-2 para PCE com o intuito de passar informações de como operar uma planta de glicol. Fiquei lá por dois dias. Cinco horas após ter retornado, em outro transbordo à PBR-2, a PCE entrou em estado de emergência do tipo blowout, resultando em 37 vítimas fatais. 7) No meu último voo, já fora da orla marítima, inexplicavelmente o vidro de uma janela se soltou, atingindo o rotor de cauda da aeronave, que, com muita dificuldade, conseguiu pousar próximo a um canavial.

7-Já passou por algum constrangimento a bordo devido a um tratamento antiético ou alguma abordagem inconveniente? Caso positivo, como foi e como isso lhe afetou emocionalmente e no seu trabalho?

R.: Advertência por não aceitar violação de procedimento. Condições extremas de mar e vento acima do limite não permitiram transitar sobre a gonduay (ponte sobre o mar entre dois módulos) para efetivação da troca de turno. A gerência determinou que a equipe fizesse uso da ponte assim mesmo, o que foi recusado pelas duas equipes: a que ia deixar o turno e a que ia entrar no turno.

8- Já pensou em desistir do trabalho offshore e, posteriormente, renunciou à ideia? Poderia explicar?

R.: Não. O que aprendi como atividade laboral pró sustento, só tem lá.

9- O que você gostaria que mudasse para melhor no cotidiano das unidades marítimas de extração de óleo e gás?

R.: Facilitar, o mais breve possível, a troca de setor de quem não se adapta ao trabalho

offshore.

10- Diga algo que julga importante mencionar quanto ao cotidiano do trabalho offshore. Pode ser algo com que você concorde ou com o qual não concorde.

R.: Satisfação de ter trabalhado BR, fornecendo petróleo e gás para atender as necessidade energéticas do país.

11-Que conselho você daria a quem está disposto a ingressar no universo de trabalho offshore?

R.: Na conjuntura atual do país, não sei se poderia ser uma boa opção. QUESTIONÁRIO

1- Cidade em que reside e Unidade da Federação (Estado)

Campos dos Goytacazes RJ

2- Tempo de deslocamento de sua casa até o local de trabalho

3- Das coisas que mais sente falta a bordo, assinale com X e complemente com outras demandas, digitando-as em OUTROS, à direita do asterisco.

CERVEJA X SEXO X IGREJA OUTROS *VIDA SOCIAL (AMIGOS) CONVÍVIO FAMILIAR