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wcfs versus coworking

No documento We Came From Space - Anuário (páginas 34-39)

comum que é a própria associação Os membros da WCFS têm objetivos comuns,

ENQUADRAMENTO E JUSTIFICAÇÃO DO PROJETO

1. COMO SURGIU A WE CAME FROM SPACE

1.2. WE CAME FROM SPACE

1.2.4. wcfs versus coworking

O coworking advém de um novo conceito de escritório, é fundado maio- ritariamente pelo modelo open space, espaços sem segmentação de áreas, ou seja, amplos. Muitas vezes, devido à própria morfologia do edifício, existem espaços de coworking subdivididos em várias áreas.

Esta tendência dos espaços de coworking advém do século XX, dos anos 70. Segundo Luís Mota (2015) as pessoas para contrariar as dificul- dades de terem os seus próprios espaços de trabalho, reuniam-se nas suas próprias casas, ou em cafés para trabalharem em conjunto.

No início dos anos 2000, diversas cafetarias norte americanas transformaram-se em “escritórios” de muitos trabalhadores. A flexibi- lidade em relação ao trabalho e a mobilidade comunicativa possibilita- ram a estas pessoas a facilidade de trabalharem juntas, mesmo estando em locais separados. A principal dificuldade destes trabalhadores foi encontrar um local ideal para desenvolver suas atividades, já que eles poderiam fazê-lo onde desejassem. Foi assim que surgiram os primei- ros Hubs e escritórios de coworking ainda no país norte-americano. Os Hubs, escritórios virtuais e escritórios de coworking, surgem nos últimos anos, com o objetivo de saciar esta crescente demanda. O modelo de negócio proposto por estes ambientes é baseado no compartilhamento de um mesmo espaço, por pessoas variadas entre si, que dividem a expe- riência de trabalharem juntas, mesmo que suas atividades não estejam relacionadas. (Heckler, 2012 in MOTA, pág.206)

Segundo Luís Mota (2015), Bad Neuberg foi o primeiro homem a im- plementar os princípios/conceito que hoje se conhece como coworking, atra- vés do espaço “Hat Factory”, em 2005, nos Estados Unidos, em São Francisco. O coworking torna financeiramente mais apetecível ter um espaço de trabalho próprio, uma vez que tem como princípio a partilha de es- paço e de todos os recursos, por todos os residentes. A nível de evolução pessoal e de trabalho, também é bastante apetecível, pois pode envolver

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a partilha de experiências, sinergias e conhecimentos que existem dentro de cada espaço.

O conceito de cowork é muito mais que uma aglutinação de dife- rentes áreas de atividade laboral, assumindo-se a uma escala económica, mas também com preocupações sociais que gravitam em redor do próprio conceito. (MOTA, 2015)

Este conceito é marcado pela partilha e pelo seu caracter liberal. Habitualmente são espaços habitados por profissionais liberais, insatis- feitos pelas condições comuns de um escritório, ou pelas condições do trabalhar em espaços de cafés, ou nos seus escritórios domésticos, e as- sim, perspetivam nestes espaços um local apropriado às suas exigências profissionais. Os coworking são habitados por áreas díspares, criando um ambiente de trabalho muito diversificado, quer pelas funções e atividades, quer pelas pessoas que coabitam esses mesmos espaços e que, por sua vez, os tornam em espaços bastante ricos. Este é um dos aspetos mais presen- tes no domínio do cowork, trazendo a partilha para o meio profissional, provocando trocas de sinergias entre diferentes atividades profissionais, que se encontram no mesmo espaço de trabalho. Estes espaços podem ser bons geradores de parcerias, as quais podem beneficiar os seus residentes, reforçando a pertinência deste conceito.

Nos espaços de cowork podemos verificar diferentes vivências e dinâmicas associadas a cada espaço. Apesar da variedade de coworking existentes, estes contêm pontos comuns, sem perder a sua individualida- de, reajustando o conceito a cada espaço. (MOTA, 2015)

Em Portugal, o fenómeno é recente, mas verifica-se um rápido crescimento. Contudo, a We Came From Space não se baseia apenas nes- tes princípios, pois é unida por um objetivo e por ideais comuns, onde a curadoria é um fator fundamental dentro da associação.

1.2.5 membros

A WCFS não é apenas um grupo de pessoas fixas; umas pessoas vão e outras vêm, todas as pessoas novas trazem novidades e essa rotatividade é muito positiva (MARTINO, Á. 2016). A associação é composta por membros internos e por externos. O que diferencia estas duas modalidades é que os internos coabitam o espaço diariamente, enquanto os externos o fazem de uma forma mais esporádica. A associação é um projeto sem fins lucrativos que cria condições para o contágio e a partilha entre todos estes atores.

Em todos os espaços e tempos históricos, para garantir sua sobrevi- vência enquanto espécie, os seres humanos trabalharam em cooperação.

(JESUS, T. in CATTANI, 2009, pág. 80)

As relações que existem dentro da WCFS são poderosíssimas. Par- tilham-se convicções, sinergias, pensamentos e trabalho. Existe uma gran- de vontade de fazer as coisas acontecerem. O processo nunca é sozinho

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ou solitário, acabam todos por consumir dos recursos uns dos outros, das ideias; quase que as ideias que saem do espaço são todas colaborativas.

(...) a forma de trabalho em que muitos trabalham juntos, de acordo com um plano, no mesmo processo de produção ou em processos de produção diferentes mas conexos. (MARX, 1980 in CATTANI, 2009,

pág.80)

Existe uma contaminação de pensamentos e de opiniões em simul- tâneo que faz com que todos sejam melhores e que a própria WCFS acabe por se tornar mais forte (ANA TYPES TYPE, 2016).

Estabelecendo uma plataforma de diálogo e de cruzamento entre áreas criativas, o que se pretende é que os indivíduos residentes tenham competências complementares, para assim dar resposta a projetos de diferentes escalas e naturezas. Recorre-se à investigação, à partilha de conhecimento e ao envolvimento das mais distintas competências para a criação de soluções inovadoras. Um dos princípios da associação é Somos

aprendizes e mestres uns dos outros (NON-VERBAL, 2016).

Constitui-se como uma plataforma de apoio a jovens talentos e de mediação com o meio empresarial, através da partilha de recursos mate- riais e imateriais, da formação, do trabalho colaborativo e da troca de ex- periência entre profissionais de diferentes áreas criativas. Esta foi uma das razões centrais do projeto: fazer amadurecer as pessoas e os profissionais, dar-lhes tempo, recursos com a capacidade e generosidade de conseguir dar, através do ensinar, da prática, da troca de ideias, através do coabitar o mesmo espaço. O facto de se ter só uma mesa foi pensado, desde o início, para qualquer interveniente perceber o que está a acontecer à sua volta.

A WCFS não depende de um local físico, não depende dos in- divíduos, a associação é um conjunto de pessoas que se revêm num conjunto de ideais e trabalham em função deles. A própria definição da associação é muito volátil no sentido em que com o tempo muda, até porque as pessoas também mudam na maneira como se revêm nos seus ideais. Hoje a WCFS é uma associação, mas daqui a 10 anos poderá não ser. (NON-VERBAL, 2016)

capítulo ii

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