• Nenhum resultado encontrado

DESCRIÇÃO DE LIMITES - Inicia na confluência dos Rios Jordão e Pina, no inicio do Canal de Setúbal; segue pelo eixo do Rio Pina até encontrar o ponto G'95; deflete à direita seguindo por este até encontrar o ponto G'96; segue por este até encontrar os pontos G'97, G'98 e G'99; deflete à esquerda, seguindo por esta até encontrar o ponto G'100; deflete à direita seguindo por este até encontrar o ponto G'101; segue por este até encontrar o eixo do Rio Pina; segue por este eixo até encontrar o ponto G'102; deflete à esquerda seguindo por este até encontrar o ponto G'103; deflete à direita, seguindo por este até encontrar a linha limite da ZEIS - Ilha de Deus; deflete à esquerda seguindo por esta até atingir o eixo do Rio Jordão; deflete à esquerda e segue por este na direção sul até a confluência dos eixos dos Rios Jordão e Pina, completando assim a área em apreço. 25 LOMR – Lei Orgânica do Município de Recife; PDCR – Plano Diretor de Desenvolvimento da Cidade do Recife.

preservação permanente, as florestas e demais formas de vegetação natural, em conformidade com o Código Florestal, suas alterações e complementos, situadas:

(...)

III - nas áreas de manguezal; (...)

§ 2° O Poder Executivo delimitará e regulamentará, nos limites de sua competência, as Unidades de Conservação, situadas no território municipal.

Art. 76. Compete ao Município, criar e proteger hortos florestais, parques, reservas, estações ecológicas e outras Unidades de Conservação Municipais, inclusive em áreas remanescentes da Mata Atlântica e dos manguezais, junto a outros ecossistemas, especialmente sistemas aquáticos.

(...)

A discussão nos planos federal e estadual acerca das APP em área urbana resta definida pela caracterização em legislação municipal. Em Recife, pela aplicação do Código Municipal de Meio Ambiente, as áreas de Manguezal possuem natureza jurídica de APP.

Tratando da paisagem urbana do Recife, o artigo 8626 do Código e Meio Ambiente ainda determina a proteção imediata dos manguezais.

Por fim, o Decreto nº 25.565/2010 regulamenta a unidade protegida Parque dos Manguezais. Define em seu artigo 1º:

Artigo 1º - Fica regulamentada a Unidade Protegida Parque dos Manguezais, instituída pela Lei Municipal nº - 16.176/96, alterada pela Lei Municipal nº - 17.511/08 e declarada neste ato Unidade de Conservação da Natureza, na categoria de Parque Natural Municipal, do Grupo de Proteção Integral, de acordo com a Lei Federal nº - 9.985/2000.

§ 1º O Parque dos Manguezais Josué de Castro, assim denominado pela Lei Municipal nº - 17.542/09, fica declarado neste ato como Parque Natural Municipal dos Manguezais Josué de Castro.

§ 2º O Parque Natural Municipal dos Manguezais Josué de Castro possui área de 320,34 (trezentos e vinte vírgula trinta e quatro) hectares e está localizado no complexo estuarino dos rios Capibaribe, Jordão, Pina e Tejipió, na zona sul do Recife, entre os bairros da Imbiribeira, do Pina e de Boa Viagem, na Região Político-administrativa - RPA 6, conforme delimitado no Plano Diretor do Recife (Lei Municipal nº - 17.511/08).

§ 3º O Parque Natural Municipal dos Manguezais Josué de Castro possui aproximadamente 12,95 (doze vírgula noventa e cinco) hectares de terra firme na Ilha das Cabras, local da extinta Rádio Pina, e aproximadamente 0,85 (zero vírgula oitenta e cinco) hectares de terra firme na Ilha do Simão, de acordo com a Planta de Situação do ano de 1995 da Diretoria de Obras Civis da Marinha.

§ 4º De acordo com o § 4º do Artigo 11 do SNUC, o Parque Natural Municipal tem como objetivo a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de

26 Art. 86. Consideram-se objeto de proteção imediata os seguintes espaços, ambientes e recintos detentores de traços típicos da paisagem recifense:

(...)

II - os corpos de água, suas nascentes, margens e estuários, os pontos de recarga dos aqüíferos, a faixa litorânea além dos manguezais e as matas remanescentes;

turismo ecológico.

O § 7º do mesmo artigo define as funções do Parque:

§ 7º O Parque Natural Municipal dos Manguezais Josué de Castro insere- se no complexo hídrico do Manguezal do Pina, que desempenha funções de:

I - berçário de diversidade biológica; II - amortecedor das marés;

III - receptor da macro drenagem das zonas Sul, Oeste e Sudoeste da Cidade;

IV - produtor de nutrientes;

V - mantenedor da identidade anfíbia da paisagem do Recife.

Cabem algumas considerações sobre as Unidades de Conservação, com base na Lei Federal nº 9.985/2000.

As Unidades de Conservação, como já dito, são espécies do gênero espaços territoriais especialmente protegidos, com previsão em legislação própria que cria o SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação. São áreas destinadas a fins científicos, educacionais e/ou de lazer, devendo servir apenas para fins sustentáveis, garantindo sua manutenção às gerações futuras.

Antes de dissertar acerca das unidades de conservação, é de suma importância proceder a uma breve perspectiva histórica. Pode-se dizer que, desde os primórdios da civilização, os povos reconheceram a existência de sítios geográficos com características especiais e tomaram medidas para protegê-los. Esses sítios estavam associados a mitos, fatos históricos marcantes e à proteção de fontes de água, caça, plantas medicinais e outros recursos naturais. O acesso a essas áreas e seu uso eram controlados por tabus, normas legais e outros instrumentos de controle social. (COSTA, CÂMARA, ANDRADE E PEGADO, 2008)

O artigo 2º27 da Lei 9.985/2000 define importantes conceitos. Destaca-se a

27 Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;

II - conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral;

III - diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas;

IV - recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora;

V - preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais;

VI - proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais;

VII - conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características;

VIII - manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas;

IX - uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais; X - uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais;

XI - uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e

diferença técnica entre conservação e preservação. Estes termos que corriqueiramente são utilizados como sinônimos, a partir da definição legal possuem alcances técnicos diferenciados. Assim, de modo geral, preservar significa, como regra, manter intocado, aderindo a este o conceito de proteção integral e uso indireto. Conservar liga-se a ideia de uso sustentável.

A Lei absorve as unidades de conservação estaduais e municipais, de acordo com o artigo 3o que determina que “o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza - SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais, de acordo com o disposto nesta Lei”.

Assim, aplica-se ao Parque dos Manguezais todo o conteúdo da legislação ora em comento.

As Unidades de Conservação28 dividem-se em Unidades de Proteção Integral

economicamente viável;

XII - extrativismo: sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis;

XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original;

XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original;

XV - (VETADO)

XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz;

XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade;

XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade; e

XIX - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.

28 Art. 7o As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características específicas: I - Unidades de Proteção Integral;

II - Unidades de Uso Sustentável.

§ 1o O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei.

§ 2o O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

Art. 8o O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação: I - Estação Ecológica;

II - Reserva Biológica; III - Parque Nacional; IV - Monumento Natural; V - Refúgio de Vida Silvestre.

Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

§ 1o O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.

§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

§ 4o As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.

e Unidades de Uso Sustentável.

As Unidades de Proteção Integral objetivam a preservação da natureza, admitindo apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, basicamente relacionado com a pesquisa. A lei conceituou a Proteção Integral como a ‘manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais’.

Em princípio, nas Unidades de Proteção Integral, em níveis maiores ou menores, de acordo com a caracterização de cada subcategoria, é restrita a atividade humana, não se admitindo a presença nem das populações tradicionais. Trata-se da forma mais restritiva de proteção de áreas, o que indica maior fragilidade dos bens ambientais a serem protegidos. Aqui, repete-se o que já foi dito: se a população tradicional habita uma área muito preservada, é porque de alguma forma contribuiu para essa preservação. Expulsá-la não garante a continuidade de proteção dos bens ambientais, mas causa danos irreversíveis à organização cultural dessas pessoas, além de comprometer sua sobrevivência. As decisões sobre a instituição das Unidades de Conservação não podem desconsiderar esses fatos.

As Unidades de Uso Sustentável têm por objetivo básico a compatibilização da conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Conceitualmente, ‘uso sustentável é a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável’ (GRANZIERA, 2011).

Conforme se verifica pela leitura do Decreto, o Parque Natural Municipal dos Manguezais Josué de Castro é Unidade de Conservação, da espécie proteção integral, não se admitindo interferência do ecossistema pela atuação humana, que somente será permitida dentro dos restritos limites da lei.

Granziera (2011) explica a figura dos Parques Nacionais, lembrando que quando criados pelo município, chamam-se Parques Naturais Municipais.

Seu objetivo básico consiste na preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Sua posse e domínio são públicos, cabendo a desapropriação das áreas particulares.

A visitação pública não é proibida, mas sujeita-se às normas e restrições estabelecidas no plano de manejo, às estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas previstas em regulamento. A pesquisa científica também depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade, que impõe as condições e restrições cabíveis além daquelas previstas em regulamento.

Pelo exposto, crê-se que este é o regime que deve ser aplicado ao Manguezal ora em comento.

Há duplicidade de proteção para a área em análise. Tal área é tanto considerada APP como Unidade de Conservação do tipo proteção integral, cabendo a ela toda a proteção que se oferece em virtude destes instrumentos.

O novo Código Florestal traz posicionamento específico para estas áreas: Art. 61 A – (...)

§ 16. As Áreas de Preservação Permanente localizadas em imóveis inseridos nos limites de Unidades de Conservação de Proteção Integral criadas por ato do Poder Público até a data de publicação desta Lei não são passíveis de ter quaisquer atividades consideradas como consolidadas nos termos do caput e dos parágrafos anteriores, ressalvado o que dispuser o Plano de Manejo elaborado e aprovado de acordo com as orientações emitidas pelo órgão competente do SISNAMA, nos termos do que dispuser regulamento do Chefe do Poder Executivo, devendo o proprietário, possuidor ou ocupante a qualquer título, adotar todas as medidas indicadas.

Conforme se percebe este artigo atinge as situações passadas, visto que trata de Unidades de Conservação de proteção integral que tenham sido criadas até a publicação do Novo Código, de modo que este artigo se aplica a área do Parque dos Manguezais. O cumprimento concreto das normas referentes às áreas de APP e Unidades de Conservação de proteção integral será analisado quando da verificação do licenciamento da Via Mangue.

A percepção de que a coletividade possui o direito fundamental de proteger e de desfrutar das qualidades ambientais que este ecossistema, quando preservado, oferece a população depende da conscientização desta mesma coletividade. Da mesma forma, a proteção jurídica vista apresentará melhores resultados quanto maior for a percepção social e governamental da importância da manutenção da qualidade ambiental e de que esta manutenção se constitui em um direito fundamental. Este processo, de aquisição de consciência e de efetivação do direito, passa por políticas públicas, as quais detêm papel fundamental na evolução social e das instituições do país. Por esta razão, passa-se a analise das políticas públicas que ensejam direta ou indiretamente, a proteção do ecossistema manguezal.

Capítulo 2 – Políticas públicas ambientais destinadas à conservação do