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2. Os estudos dos Riscos e das Vulnerabilidades na perspectiva da Geografia

3.2 Espacialização do Índice de Vulnerabilidade Social de Natal

3.2.3 Zona Oeste

A Zona Oeste de Natal conta com dez bairros (mapa 07): Planalto, Guarapes, Cidade Nova, Felipe Camarão, Dix-Sept Rosado, Cidade da Esperança, Quintas, Bom Pastor, Nordeste e Nossa Senhora de Nazaré. Esta região apresenta problemas sociais profundos, perpassando pela falta de renda de muitas famílias, ausência de infraestrutura e serviços urbanos básicos, como também os altos índices de criminalidade.

Mapa 07: Bairros da Região Administrativa Oeste de Natal/ RN

Fonte: Elaborado por Marysol Medeiros a partir dos dados do PRODETUR (2006) e SEMURB (2008). O bairro Planalto apresenta boa parte dos seus setores com vulnerabilidade social alta ou muito alta. Trata-se de um bairro em crescente expansão e desenvolve-se em áreas adjacentes a regiões de ocupação consolidada com razoável infraestrutura, além de apresentar padrões econômicos cada vez mais heterogêneos, podendo-se encontrar casas em condomínios fechados e outras tantas construídas com restos de madeiras e tapumes. Está situado ao redor do antigo lixão da cidade; boa parte de seus logradouros não são pavimentados, exceto as vias principais; não possui qualquer obra de drenagem urbana e é muito comum observar acúmulo de lixo e entulhos, principalmente em terrenos baldios. As imagens a seguir ilustram tal situação mencionada (figura 14).

Figura 14: Imagens do bairro Planalto. Esquerda: barracos e casas modestas encontradas no bairro e ao fundo, condomínios evidenciando a diferenciação social existente no local. Direita: assinaladas com setas, entulhos e esgoto escoando a céu aberto causando erosão laminar na Rua Dom Antônio de Almeida Lustosa. Fonte: arquivo pessoal da autora, maio de 2013.

Em um setor de vulnerabilidade social muito alta, localizado no bairro Planalto, na divisa com o bairro Guarapes, encontra-se a comunidade Monte Celeste. Com casas de taipa ou erguidas com restos de madeiras e tapumes, sem pavimentação ou qualquer outra infraestrutura urbana, a comunidade existe há mais de 11 anos e encontra-se no entorno do antigo lixão da cidade. Próximo a este setor, localiza-se a comunidade do Leningrado, já no bairro Guarapes, que consta com altos índices de vulnerabilidade social.

Figura 15: Imagens da Comunidade Monte Celeste/ Planalto. Superior esquerdo: entrada da comunidade – cruzamento das ruas Monte Celeste e São Gregório. Superior direito: casas da comunidade em volta de uma enorme voçoroca com acúmulo de lixo. Inferior esquerdo: detalhe do material usado para erguer as casas. Inferior direito: baldes cheios com água de torneira na rua para abastecer as casas, uma vez que não há distribuição de água encanada. Fonte: arquivo pessoal da autora, setembro de 2013.

O bairro de Cidade Nova conta com um setor de alta vulnerabilidade social conhecido como Baixa do Cão. Este setor apresentou elevada vulnerabilidade, pois mostra-se carente em relação à infraestrutura urbana, com ruas sem pavimentação e drenagem, formando verdadeiras lagoas de esgoto no meio dos logradouros; más condições sociais dos moradores; precariedade das moradias e falta de iluminação pública.

Figura 16: Imagens da Comunidade Baixa do Cão/ Cidade Nova. Superior esquerdo: casas modestas da comunidade construídas na base da duna. Superior direito: rua com solo impermeabilizado e com esgoto (indicado por setas) correndo a céu aberto. Inferior esquerdo: Rua Cabugi ocupando vertentes de dunas, sem pavimentação e apresentando erosão devido o escoamento de esgoto superficialmente (indicado com seta). Inferior direito: Acúmulo de água servida na Rua Cabugi formando uma lagoa no meio do logradouro. Fonte: arquivo pessoal da autora, setembro de 2011.

O bairro Guarapes é considerado uma área de expansão periférica, distante do núcleo mais urbanizado, com baixa densidade de ocupação e desprovido de infraestrutura básica. Algumas vias contam com pavimentação e iluminação pública, mas a maioria das ruas não possuem estes equipamentos. Um setor em especial chama atenção, trata-se do maior setor censitário da cidade11 e, por sua vez, possui alta vulnerabilidade social. Apesar da grande extensão, o setor é pouco adensado, contando com 701 domicílios e cerca de 2016 habitantes segundo dados do último censo demográfico. Neste setor encontra-se o Assentamento Anatália de Souza, que existe há três

11 Com exceção do setor que contempla o Parque da Dunas, pois não há construções neste.

anos, com moradias extremamente precárias, feitas de taipa ou tapumes, como mostram as imagens a seguir:

Figura 17: Imagens do Assentamento Anatália de Souza/ Guarapes. Esquerda: casas modestas de taipa. Direita: rua sem pavimentação e casas feitas com restos de madeira e lona. Fonte: arquivo pessoal da autora, maio de 2013.

Setores com alta vulnerabilidade social podem ser encontrados no bairro de Felipe Camarão devido à carência econômica dos moradores e dos equipamentos urbanos, e também do gênero, (com a predominância de mulheres como chefes de família, e casas sem moradores do sexo masculino), além da falta de sistema de drenagem de águas pluviais. A proximidade dos domicílios destes setores com a área de mangue torna a situação ainda mais caótica, tendo em vista que o esgoto que escoa superficialmente nas ruas mais elevadas concentra-se nos logradouros localizados em topografia mais baixa e flui para o manguezal, os quais em muitos casos estão nos quintais de diversas casas.

Figura 18: Imagens do bairro Felipe Camarão. Esquerda: rua com esgoto escoando sentido ao estuário do rio Potengi. Direita: acúmulo de água servida em quintal de domicílio fluindo para o estuário. Fonte: arquivo pessoal da autora, setembro de 2011.

Entre os bairros Bom Pastor e Quintas encontra-se o Riacho das Lavadeiras ou Riacho das Quintas, com setores ao seu entorno com vulnerabilidade social média a alta, sendo os fatores mais preponderantes as características dos moradores e as características gerais do entorno, pois se tratam de áreas que abrigam uma população com renda baixa e residindo em áreas sem infraestrutura urbana adequada, apresentando ruas sem pavimentação, com acúmulo de lixo, com esgoto nas ruas e sem equipamentos de drenagem. Nesta mesma situação encontram-se a comunidade Parque 13 de Maio no bairro de Dix-Sept Rosado, alguns setores do bairro Felipe Camarão e a Comunidade Mosquito no bairro Nordeste.

Figura 19: Imagens da comunidade Parque 13 de Maio/ Dix-Sept Rosado. Esquerda: rua se pavimentação, com esgoto escoando a céu aberto, sendo fonte de contaminação e erosão, além de acúmulo de lixo. Direita: erosão laminar causada pelo escoamento de água servida em logradouro sem pavimentação. Fonte: arquivo pessoal da autora, setembro de 2011.

Figura 20: Imagens dos setores ao redor do Riacho das Lavadeiras/ entre os bairros das Quintas e Bom Pastor. Esquerda: um dos diversos becos encontrados perpendiculares ao Riacho das Lavadeiras, com esgoto escoando a céu aberto, sendo fonte de contaminação e exacerbada impermeabilização do solo. Direita: Acúmulo de lixo em logradouro sem pavimentação as margem do Riacho das Lavadeiras. Fonte: arquivo pessoal da autora, setembro de 2011.

Figura 21: Imagens da comunidade Mosquito/ Nordeste. Esquerda: rua pavimentada, com iluminação pública, porém sem drenagem de água pluvial. Direita: Acúmulo de lixo nos quintas das casas que ficam dentro no estuário do rio Potengi. Fonte: arquivo pessoal da autora, setembro de 2011.

Dos 244 setores inseridos na zona oeste, 02 (1%) possuem vulnerabilidade social muito alta e estão localizados nos bairros Guarapes e Cidade Nova. 19 setores (8%) possuem alta vulnerabilidade e estão nos bairros Planalto, Felipe Camarão, Bom Pastor, Guarapes, Quintas e Cidade Nova. 36 (15%) com vulnerabilidade média a alta, 91 (37%) média a baixa, 71 (29%) baixa e 25 setores (10%) com valor muito baixo. O próximo gráfico (gráfico 04) ilustra esta repartição dos setores conforme o grau de vulnerabilidade.

Gráfico 05: Distribuição dos setores censitários a partir do grau de vulnerabilidade social para zona oeste. Fonte: Elaborado por Marysol Medeiros a partir de dados da pesquisa.