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No Brasil o zoneamento foi usado durante muito tempo como um instrumento para o ordenamento territorial, tendo como resultado a setorização de certas atividades. Com essa conotação a Lei nº 6.803/80 dispõe sobre o zoneamento industrial tendo em vista a destinação de áreas propícias à instalação de indústrias (SILVA, 1997).

TABELA 04 – LISTA DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL FEDERAIS NOME ÁREA EM HA* UF CRIAÇÃO ANO DE SUDESTE

A.P.A. de Petrópolis 68.395,00 RJ 1992

A.P.A. de Cairuçu 32.688,00 RJ 1983

A.P.A. Morro da Pedreira 132.165,00 MG 1990 A.P.A. da Serra da Mantiqueira 422.873,00 MG, RJ e SP 1985

A.P.A. de Cananéia-Iguapé-Peruíbe 202.740,00 SP 1984 1985 A.P.A. Carste da Lagoa Santa 39.269,00 MG 1990 1996

A.P.A. Cavernas do Peruaçu 143.866,00 MG 1989

A.P.A. de Guapi-Mirim 13.961,00 RJ 1984

A.P.A. da Bacia dos rios São João/Mico- Leão-Dourado 150.748,00 RJ 2002 SUL A.P.A. Ibirapuitã 317.117,00 RS 1992 A.P.A. Anhatomirim 4.443,00 SC 1992 A.P.A. de Guaraqueçaba 283.014,00 PR e SP 1985 A.P.A. Ilhas e Várzeas do Rio Paraná 1.007.615,00 PR, SP e MS 1997 A.P.A. da Baleia Franca 155.091,00 SC 2000 CENTRO-OESTE

A.P.A. da Bacia do Rio Descoberto 41.207,00 DF e GO 1983 A.P.A. da Bacia do Rio São Bartolomeu 82.967,00 DF 1983 1996 A.P.A. Meandros do Araguaia 360.548,00 GO, TO e MT 1998 A.P.A. das Nascentes do rio Vermelho 176.964,00 GO e BA 2001 A.P.A. do Planalto Central 503.905,00 GO e DF 2002 NORDESTE

A.P.A. Barra do Rio Mamanguape 14.981,00 PB 1993 1998 A.P.A. Chapada do Araripe 976.730,00 CE, PI, e PE 1997 A.P.A. Costa dos Corais 405.948,00 AL e PE 1997 A.P.A. Delta do Parnaíba 308.957,00 PI, CE e MA 1996 A.P.A. de Fernando de Noronha 888,00 PE 1986 1987

A.P.A. Jericoacoara 91,00 CE 1984 2002

A.P.A. de Piaçabuçu 9.143,00 AL 1983

A.P.A. Serra da Ibiapaba 1.631.347,00 CE e PI 1996 A.P.A. Serra de Tabatinga 35.328,00 PI, MA, TO e BA 1990 2002 NORTE

A.P.A. do Igarapé Gelado 23.383,00 PA 1989 FONTE: www.ibama.gov.br - acessado em 2004

A influência dos Estados Unidos trouxe como prática os zoneamentos de uso do solo e a influência européia na concepção e estruturação da Política Nacional de Meio Ambiente – PNMA - deixou como testemunho o Zoneamento Ecológico-Econômico. Em 31 de agosto de 1981 o Zoneamento Ambiental –ZA é considerado um instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente pela Lei nº 6.938 que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação.

Algumas propostas de zoneamento com enfoque ambiental foram elaboradas pelo Poder Público ou por empresas/instituições contratadas para esse fim desde a promulgação da Lei nº 6.938/81. Embora, em alguns casos, tenha havido preocupação em padronizar o procedimento para execução do zoneamento, tais propostas apresentam significativas diferenças em termos de abordagem. Essas diferenças ocorreram desde a definição da unidade territorial básica de trabalho (bacia hidrográfica, regiões geo-econômicas, entre outras), passando pela metodologia empregada e chegando as legendas utilizadas nos mapas (OLIVEIRA, 2004).

Na segunda metade dos anos oitenta, o debate sobre o planejamento territorial da Amazônia incorporou elementos do discurso ambiental, fazendo com que ganhasse força a remissão a uma racionalidade ecológica, apresentada como necessária ao ordenamento territorial da região. Em 21 de setembro de 1990 o Governo Federal através do decreto nº 99.540 institui a Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico do Território Nacional, define suas atribuições e dá outras providências e em 1992 o programa de ZEE que abrangia somente a Amazônia se estende para todo o território nacional. Em 1995 a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República - SAE - publica “As fases e as etapas do Zoneamento Ecológico-Econômico do território nacional”, cujo conteúdo destina-se ao detalhamento da Metodologia6 e somente em 1997 é publicado o documento “Detalhamento

6 (SAE-PR, “As fases e as etapas do Zoneamento Ecológico-Econômico do território nacional”, Brasília-DF,

da metodologia para execução do Zoneamento Ecológico-Econômico pelos Estados da Amazônia Legal”, cujos técnicos responsáveis são a Bertha K. Becker e Cláudio A. G. Egler do Laboratório de Gestão do Território. Esse documento é considerado documento base do governo federal (ACSELRAD, 19--?).

A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 em seu Art. 2º, inciso XVI entende o zoneamento como a definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz.

Após 20 anos de sua criação o art. 9o, inciso II, da Lei nº 6.938/81 foi regulamentado pelo Decreto nº 4.297 de 10 de julho de 2002, sob o título de Zoneamento Ecológico- Econômico – ZEE, estabelecendo critérios e o conteúdo do ZEE do Brasil, e dá outras providências.

Com base no inciso I do artigo 12º e no inciso II e III do artigo 13º o ZEE é, portanto, um Diagnóstico Ambiental dos recursos naturais, da sócio-economia e do marco jurídico-institucional, identificando potencialidades e fragilidades. Assim, o diagnóstico ambiental “fornece os subsídios para a prognose dos usos adequados às especificidades de cada unidade identificada para o Zoneamento Ecológico-Econômico, completado com o diagnóstico da sustentabilidade Sócio-Econômica e consolidados no Plano de Ordenação” (SILVA, 1997).

Segundo o Relatório Brundtland (1990, p.19) “a humanidade tem a capacidade de atingir o desenvolvimento sustentável, ou seja, de atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender às próprias necessidades”. Para atingir esse desenvolvimento sustentável é preciso conhecer e entender como os ecossistemas naturais funcionam, a sustentabilidade ecológica das plantas, animais e microorganismos para

podermos interferir de maneira correta nesses ecossistemas, criando comunidades humanas sustentáveis. Segundo Capra (2003, p.20) “uma comunidade humana sustentável deve ser planejada de modo que os estilos de vida, negócios, atividades econômicas, estruturas físicas e tecnológicas não interfiram nessa capacidade da natureza de manter a vida”.

Com isso, foram definidas zonas ou setores de uso determinado, a definição dessas zonas é o resultado do ZEE que é “um instrumento para a racionalização da ocupação dos espaços e de redirecionamento de atividades, subsídios às estratégias e ações para elaboração e execução de planos regionais em busca do desenvolvimento sustentável”, tendo como objetivos “diagnosticar vulnerabilidades e potencialidades naturais e socioeconômicas, bem como o arranjo institucional e jurídico. Prognosticar o uso do território e tendências futuras e propor diretrizes de proteção, de recuperação e de desenvolvimento sustentável” (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE-MMA, 2001, p.16). Portanto o ZEE “é um instrumento político e técnico do planejamento cuja finalidade última é otimizar o uso do espaço e as políticas públicas” (BECKER e EGLER, 1996, p.7).

A proposta de zoneamento ecológico-econômico que está sendo apresentada neste trabalho, não possui um caráter normativo, como a maioria dos zoneamentos, seja ambiental ou não, mas pretende propor um zoneamento de caráter indicativo através de critérios técnicos e sociais. Foram determinadas as vulnerabilidades ambientais e potencialidades sociais do território e indicadas possibilidades de ocupação para todo o território da APA de Tambaba, sendo, portanto um importante instrumento de apoio à tomada de decisão por parte dos gestores desta unidade de conservação. O ZEE da APA Estadual de Tambaba tem como pressuposto, o equilíbrio possível entre o desenvolvimento sócio-econômico e a preservação ambiental.