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6.1 Programa de Necessidades

6.1.2 Zoneamento

A ocupação dos ambulatórios seguiu uma distribuição orientada basicamente pelo tamanho de cada um. Aqueles com maior número de ambientes, são instalados juntamente com os de programa de necessidades mais simplificado para não gerar um tumulto excessivo de pessoas circulando nos andares. Dessa forma, em cada pavimento tipo são setorizados dois ou três ambulatórios, que ficam voltados para as fachadas Sudeste, Nordeste e Noroeste do edifício respectivamente (Figura 6-1).

Figura 6-1: Setorização do pavimento Tipo: (a) Com três ambulatórios por pavimento (b) Dois ambulatórios por pavimento

Fonte: Elaboração do autor.

O primeiro pavimento é ocupado pelos ambulatórios de Oftalmologia e Cardiologia. Neste último, muitos exames cardiológicos de Hemodinâmica são realizados no Centro de Diagnóstico por Imagem (C.D.I.). Por este motivo, haverá uma

conexão via passarela metálica de um prédio a outro como forma de aumentar a proximidade de usos e funções. No segundo pavimento do edifício estão os ambulatórios de Clínicas Cirúrgicas e Dermatologia. Este último localiza-se exatamente na mesma prumada do de Oftalmologia para facilitar a conexão da rede de gases e demais instalação complementares, já que ambos possuem um centro cirúrgico.

No terceiro pavimento localizam-se os ambulatórios de Clínicas Médicas 01 ,02 e 03 e o Ambulatório de Psiquiatria. O quarto pavimento é ocupado apenas pelo Ambulatório de Pediatria devido ao seu grande número de ambientes.

No quinto piso encontram-se os ambulatórios de, Urologia, Otorrino e Oncologia. Este último localiza-se neste pavimento, pois assim permite-se que a sala de infusão de medicamentos tire partido do aspecto cênico paisagístico da praia do meio como meio de humanização do espaço, que é recomendável no tratamento de pacientes com câncer.

No último pavimento será localizado o ambulatório de fisioterapia. Nele a produção de calor é mais acentuada por causa dos exercícios físicos de reabilitação dos pacientes. Portanto, deve se situar no andar com maior velocidade dos ventos para renovação do ar.

6.1.3 Fluxos

O acesso a cada ambulatório se dá pelo Hall dos elevadores, localizado no centro do pavimento tipo. Deste espaço o fluxo pode se direcionar para uma das caixas de escadas, banheiros dos pacientes e acompanhantes ou salas de esperas que são em número de duas, uma para os ambulatórios 01 e 03 e outra estritamente para o ambulatório 02. Das salas de esperas adentram-se nos ambulatórios que possuem uma recepção cada e tem os ambulatórios 01 e 02 integrados por circulações. (Figura 6-2).

No caso de haver dois ambulatórios por pavimento, a segunda sala de esperas é transformada em uma circulação exclusiva de funcionários que também existe no ambulatório 03 e é diretamente ligada ao hall dos elevadores para que ocorra uma divisão entre o fluxo de médicos e pacientes. (Figura 6-3).

Figura 6-2: Fluxograma com três ambulatórios por pavimento tipo

Fonte: Elaboração do autor.

Figura 6-3: Fluxograma com dois ambulatórios por pavimento

6.2 ESTUDOS VOLUMÉTRICOS

Definido o local de implantação, o volume inicial se caracterizava por uma forma retangular de seis pavimentos sobrepostos e marquises em balanço sombreando as aberturas (Figura 6-4). Para atender ao vasto programa de necessidades e continuar implantado no mesmo local, o edifício deveria ser verticalizado a uma altura de 12 andares, pois o espaço disponível só permitiria a instalação de um (01) ambulatório por pavimento.

Apesar do Plano diretor Municipal permitir essa verticalização, tendo em vista o gabarito de 90 metros para o bairro de Petrópolis, nas instituições hospitalares, a verticalização excessiva onera os custos de manutenção predial e dificulta a evacuação dos pacientes em situações de sinistro de incêndio.

Partindo desta consideração, deveria ser pensada uma forma que ocupasse menos espaço vertical e mais espaço horizontal. Portanto, a solução encontrada foi conceber um edifício em forma de “L”, passando por cima da via interna que interliga as edificações da área 01 do Campus Biomédico (Figura 6-5).

Figura 6-4: Maquete física da concepção inicial.

Figura 6-5: Maquete física da modificação volumétrica

Fonte: Elaboração do autor.

Figura 6-6: Trechos do ínicio e meio da via interna

Fonte: Acervo do autor (2016).

Esta via inicia-se na Avenida General Cordeiro de Farias e finaliza-se na Nilo Peçanha (Figura 6-7), dando acesso a várias edificações existentes dentro da área 01 do Campus, entre elas, o Prédio da Administração, Faculdade de Farmácia, antigo prédio da Faculdade de Medicina e Centro de Diagnóstico por Imagem (Figura 6-6).

Portanto, é uma via que no contexto urbanístico dessa área, dificilmente poderia ser modificada em seu traçado atual tendo em vista o forte adensamento de construções.

Figura 6-7: Mapa da área 01 com o traçado da via interna (em vermelho)

Fonte: Elaboração do autor sobre imagem do Google Maps (2016)

Após a modificação, a massa construída do térreo, em um dos lados da via interna, foi subtraída para conceber um estacionamento sob pilotis, pois assim consegue-se suprir o número de vagas de automóveis necessárias ao projeto (Figura 6-8) e permitir a criação de um jardim para promover o resfriamento evaporativo do átrio interno localizado no centro da edificação, cuja função é extrair ar quente advindo dos ambientes por efeito chaminé (Figura 6-9).

Figura 6-8: Maquete volumétrica e eletrônica do pavimento terreo sob pilotis

Figura 6-9: Croqui do átrio interno no centro da edificação.

Fonte: Elaboração do autor.

Portanto, a volumetria final (Figura 6-10) permite que mais planos verticais se voltem para a Avenida Nilo Peçanha, que contém a testada de lote com maior potencial de ventilação natural, e viabiliza a aplicação das estratégias de ventilação natural que serão apresentadas adiante.

Figura 6-10: Volumetra final do ambulatório

6.3 SISTEMA CONSTRUTIVO

O sistema construtivo concebido para o piso dos pavimentos, será o de laje plana protendida, pois facilita o encaminhamento e distribuição das instalações complementares e a técnica da protensão permite vencer grandes vãos com o mínimo de vigamentos (Figura 6-11).

Figura 6-11: Edifício em laje protendida maciça.

Fonte: Disponível em: http://www.procalc.com.br/blog/lajes-protendidas/. Acesso em: 21 jun 2016.

Figura 6-12: Restaurante executado em laje plana protendida no palácio do Planalto em Brasilia/DF.

Fonte: Sayegh (2007).

No projeto, este sistema construtivo permite vencer vãos de até 7,50m sem nenhuma parede com função estrutural. Dessa forma, podem ser instaladas aberturas

de entrada e saída no ambiente para criar uma ventilação cruzada, a exemplo da sala de exercícios físicos (dança, aeróbica e ginástica) do ambulatório de fisioterapia (Figura 6-13). Neste mesmo ambulatório, os boxes dos módulos de mecanoterapia, eletroterapia e termoterapia podem assumir uma altura de até 2,10m que aumenta a permeabilidade da ventilação natural e flexibiliza dos leiautes (Figura 6-14).

Figura 6-13: Sala de exercícios físicos.

Fonte: Elaboração do autor.

Figura 6-14: Módulo de eletroterapia.

6.3.1 Modulação

Para este projeto, foi adotado o módulo de 1,25m que já foi empregado em alguns projetos de Lelé para os Hospitais da Rede Sarah por ser compatível com as dimensões de componentes tais como, laminados melamínicos de pisos (62,5cm x 62,5cm) e placas de argamassa armada das vedações (Figura 6-15). Essa modulação construtiva facilita a padronização das formas de pilares, lajes e fundações moldadas in loco que racionalizam os custos de produção e agiliza o processo construtivo.

Figura 6-15: Modulação construtiva dos hospitais da Rede Sarah.

Fonte: Carvalho (2016).

Outro motivo para a adoção de tal módulo, deve-se a necessidade de não haver perdas no número de vagas de estacionamento do projeto, pois ao utilizar o módulo de 1,20m, por exemplo, as vagas contíguas aos pilares apresentariam uma largura inferior a permitida pelo Código de Obras Municipal que é de 2,40m. Ao contrário deste módulo, o de 1,25m não apresenta este problema, pois mesmo descontando-se a largura dos pilares (0,25mx0,25m), a largura das vagas ainda são maiores que o mínimo permitido pela legislação.

6.3.2 Divisórias

Para as divisórias internas será adotado também o mesmo sistema construtivo dos hospitais da Rede Sarah que utilizam painéis em argamassa armada, formando uma parede dupla com camada de ar entre as peças (Figura 6-16). Esse sistema possui a vantagem das divisórias serem instaladas somente após o assentamento do piso, evitando cortes que provocam um maior consumo de material e produção de resíduos sólidos.

Figura 6-16: Sistema construtivo das divisórias utilizadas na Rede Sarah.

Fonte: MONTERO (2006, p.196)

Figura 6-17: Paineis em argamassa armada

Fonte: MONTERO (2006, p.196)

No entanto, para este projeto, o espaço interno entre as duas placas será preenchido com lã de rocha, considerado um material com boas propriedades termo acústicas para melhorar o isolamento acústico dos consultórios.

6.3.3 Esquadrias

Nas esquadrias externas, a folha utilizada é em vidro laminado com baixo fator solar que proporciona uma redução da carga térmica, apresenta boa vedação contra os ruídos externos e conferem uma estética contemporânea. Por estes motivos, estão cada vez mais sendo utilizadas em fachadas de novos projetos hospitalares e retrofit (Figura 6-18).

Figura 6-18: Exemplos de obras hospitalares com vidro laminado (à esquerda: Hospital da Bahia,Salvador/BA; à direita: Hospital da Beneficência Portuguesa, em

São José do Rio Preto/SP)

Fonte: Disponível em: http://www.sa.pt.sunguardglass.com. Acesso em: 21 jun 2016.

Sua forma de abertura é do tipo maximar (Figura 6-19) com dimensão de 62,5cm de largura, pois é múltipla da modulação de 1,25m do projeto. Dessa forma racionaliza o processo de fabricação das peças, agiliza suas montagens e reduz o seu tamanho que não deve ser muito grande, tendo em vista que podem causar problemas de durabilidade baixa devido ao manuseio.

Em todas elas são acopladas travas limitadoras de abertura para evitar os golpes causados pela ação do vento que podem danificá-las. Além disso, o dispositivo limita o padrão necessário para segurança de crianças e idosos (Figura 6-20). Seu tamanho varia conforme o ângulo de abertura, tamanho da folha e dimensionamento das cargas.

Figura 6-19: Janela em vidro laminado Maximar

Fonte: Disponível em:

https://www.companhiadasredes.com.br/produto s/travas-limitadoras-para-janelas/. Acesso em:

15 Out. 2017.

Figura 6-20: Janela Basculante com trava limitadora de segurança

Fonte: Disponível em:

https://www.companhiadasredes.com.br/produto s/travas-limitadoras-para-janelas/. Acesso em:

15 Out. 2017.

6.3.4 Cobertura e revestimentos

Para o sistema construtivo da cobertura e revestimentos externos é dado prioridade ao uso de materiais com baixa transmitância térmica, tendo em vista proporcionar uma redução na carga térmica absorvida pela envoltória. Logo, nas caixas das escadas, balcões, platibandas e demais alvenarias externas é utilizado o sistema de fachada ventilada, composto por blocos cerâmicos de concreto revestidos com argamassa onde são fixadas placas de alumínio composto (ACM), formando uma câmara de ar ventilada (Figura 6-21).

Figura 6-21:Sistema construtivo das alvenarias externas

O recurso propõe dotar o edifício de uma superfície externa envolvendo suas paredes e aberturas com intuito de criar um “colchão de ar” que aumenta a resistência térmica do sistema porque ocorre uma aceleração das trocas térmicas de calor por convecção. Quando se trata de edifícios com muitos pavimentos, a técnica para construção consiste em aparafusar cantoneiras na alvenaria e em seguida encaixar as placas de ACM de baixo para cima (Figura 6-22).

Figura 6-22: Detalhe do esquema de montagem de uma fachada ventilada.

Fonte: Disponível em: arcoweb.com.br/finestra/tecnologia/tecnologia. Acesso em: 21 jun 2016.

Na cobertura é adotado dois tipos de sistemas construtivos: O primeiro é formado por uma laje protendida maciça, câmaras de ar e telhas metálicas preenchidas internamente com poliestireno, popularmente chamadas de “telha sanduíche”. Essas mesmas telhas foram utilizadas na cobertura dos dutos de ventilação dos ambientes internos, porém sem a laje maciça e o madeiramento do exemplo (Figura 6-23).

Figura 6-23: Primeiro sistema construtivo da cobertura

O segundo sistema construtivo da cobertura é o do teto jardim no ultimo pavimento da edificação, projetado com a finalidade de promover momentos de contemplação, por parte dos funcionários, de uma das mais belas vistas do Hospital (Figura 6-25). Este, será formado por uma laje maciça de 10,0cm, terra argilosa seca (10cm) e Vegetação (Figura 6-24).

Figura 6-24:Sistema construtivo do teto jardim

Fonte: Brasil (2013)

Figura 6-25:Teto jardim na cobertura no Ambulatório de Fisioterapia

Fonte: Elaboração do autor.

Descrito os componentes construtivos da obra, serão apresentadas as estratégias de ventilação natural que objetivam promover a renovação do ar tirando partido da ventilação natural.

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