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Capítulo 1: Por que falar de energia?

3.1 Rio do Fogo – Zumbi das praias ou Zumbi do Parque Eólico?

3.1.2 Rio do Fogo, Zumbi e o Parque Eólico

A área de 850 hectares localizada no distrito de Zumbi, município de Rio do Fogo, utilizada para a construção do parque eólico faz parte de uma área total de 1800 hectares de propriedade do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) (ver Figuras 13, 14 e 15). Esta instituição federal concedeu o uso das terras à Energias Elétricas do Brasil - Enerbrasil, subsidiária da empresa espanhola Iberdrola - uma das maiores empresas do mundo no ramo da energia eólica - para a exploração de energia eólica durante o período de 25 anos (CRESESB, 2006). Essa energia é vendida ao sistema elétrico brasileiro, assim como toda a energia produzida por outros projetos aprovados pelo PROINFA a serem implantados. Durante a primeira licitação do PROINFA para a construção de parques eólicos foram aprovados 92 projetos. Destes, o maior investimento financeiro se encontra na região nordeste do país, sendo que 24 projetos a serem implementados estão no estado do Rio Grande do Norte, e alguns destes pertencem à Energias Elétricas do Brasil, subsidiária da Iberdrola (ANEEL, 2003; Ministério de Minas e Energia, 2005a).

Figura 13. Mapa político do município de Rio do Fogo com destaque para a sede do município, o distrito de Zumbi e a localização aproximada do parque eólico (Fonte: IDEMA, s/d).

Figura 14. Imagem parcial do distrito de Zumbi com localização do Parque Eólico de Rio do Fogo [pontos vermelhos indicando a localização aproximada dos aerogeradores], da BR 101, da entrada para o PERF via BR 101, do Centro de Zumbi e do Conjunto Residencial Novo Horizonte (Fonte: Google Earth). Esse empreendimento ofereceu aproximadamente 400 empregos temporários durante a construção, muitos destes ocupados por moradores do município. Atualmente, apenas um morador é funcionário da Iberdrola e trabalha no empreendimento e três trabalham na empresa que faz a manutenção dos aerogeradores. Anteriormente à construção, no local onde hoje está o parque eólico não havia moradores, permanecendo desta forma até os dias atuais. Sendo assim, não foi necessária a desapropriação das terras.

Figura 15. Parque Eólico de Rio do Fogo (Fonte: arquivo pessoal).

A decisão da Iberdrola em desenvolver o projeto de Rio do Fogo se deu por estar no estado que apresenta as melhores condições para exploração de energia eólica e, dentro deste, na região mais apropriada, como pode ser observado na Figura 16. A sua construção teve início em abril de 2004 e sua conclusão se deu em 15 de março de 2007. Contou com investimento superior a R$ 209 milhões, parcialmente financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES, e outra parte proveniente da própria Iberdrola. Sua estrutura conta com 61 aerogeradores de 800kW e um de 500kW, com potência instalada de 49,3 MW (CRESESB, 2006).

Figura 16: Mapa do potencial eólico do Rio Grande do Norte com destaque para o município de Rio do Fogo e seu distrito, Zumbi (Fonte: COSERN, 2003).

Antes da construção do Parque Eólico de Rio do Fogo, a Iberdrola contratou a empresa Kohan Saagoyen para execução de um estudo ambiental. Este estudo foi realizado conjuntamente para mais quatro projetos de parques eólicos. O conteúdo do estudo consiste em descrição do empreendimento, diagnóstico ambiental (físico, biológico e sócio-econômico), identificação e avaliação dos impactos ambientais e plano ambiental. Dentre as medidas sociais estava o Projeto de Comunicação Social destinado a ser um canal de comunicação entre a Iberdrola e a comunidade local, oferecendo informações básicas e permanentes sobre os parques eólicos. Este projeto tinha o intuito de orientar sobre as questões ambientais envolvidas durante a fase de implementação e posterior à obra construída. Ele iniciaria antes do começo das obras e continuaria durante os seis primeiros meses de operação do parque. Outro projeto seria o Projeto de Educação Ambiental, voltado para promover a compreensão dos parques eólicos, sua natureza ecológica e sua forma de operação, de maneira que todos os seus vizinhos tivessem o entendimento de como essa tecnologia contribui efetivamente para um salto de qualidade de vida da sociedade potiguar (Kohan Saagoyen, 2002).

Para eles a relação entre o parque eólico e sua vizinhança vai “além da compreensão, informação e conscientização de seus valores produtivos”, preocupando-

se também com “as formas com que esses empreendimentos interagem com o homem e o ambiente” (p. 297). Além disso, em função da construção do parque eólico, havia previsão de aumento no turismo local e compensações para o assentamento do INCRA localizado entre os distritos de Zumbi e Rio do Fogo.

Para montagem e manutenção dos aerogeradores, a Iberdrola contratou a empresa Wobben Windpower, subsidiária da empresa alemã Enercon GmbH. Esta empresa é, até o momento, a única fabricante de aerogeradores de grande porte da América do Sul. Ela foi criada para produzir componentes e aerogeradores para exportação e para o mercado interno; e para projetar; instalar; operar e prestar serviços de assistência técnica para usinas eólicas. É também a primeira produtora independente de energia elétrica, oriunda de fonte eólica, autorizada pela ANEEL, com três parques eólicos de médio porte próprios, em operação no estado do Ceará (Wobben, s/d).

Esta empresa fixou seu escritório próximo ao parque eólico, no distrito de Zumbi, especificamente no Conjunto Residencial Novo Horizonte e permanecerá durante o período de cinco anos para a manutenção e assistência técnica dos aerogeradores. Ela está instalada em um prédio de três andares – o maior da região – no qual está a sede da empresa e onde ficam alojados por curtos períodos alguns dos técnico-estagiários oriundos de várias partes do país, responsáveis pela manutenção do parque. Os técnicos que necessitam permanecer por mais tempo alugam casas próximas ao prédio da empresa.