• Nenhum resultado encontrado

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-AMBIENTAL E DE USO E OCUPAÇAO DO SOLO NA ÁREA ESTUDADA

Capítulo 4 – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-AMBIENTAL E DE USO E OCUPAÇAO

Figura 4.1 – Distribuição do substrato rochoso no trecho estudado.

Fonte: Adaptado de Arcanjo, 1977.

Figura 4.2 – Aspecto dos granulitos e metadioritos aflorantes e dos depósitos aluvionares aflorantes nas proximidades da Rua Beira Rio.

4.3 - Hipsometria

A análise do MDT permitiu a seleção de seis classes altimétricas, conforme apresentados na Tabela 4.1 e na Figura 4.3. De acordo com a Figura 4.3, a classe hipsométrica com valores de altitude entre 50 e 55m constitui 15,62% da área total, representando a faixa altimétrica compreendida entre a cota do rio Cachoeira (50m) e o desnível de entalhe de seu

Unidades Litoestratigraficas + Suíte Intrusiva Água Sumida x Suíte Intrusiva Itabuna

canal. A classe 55-60m, com 43,44% de representatividade, associa-se às cotas prováveis da antiga planície de inundação do rio, visto que estas cotas associam-se a áreas relativamente planas e inundáveis em cheias de tempo de recorrência históricas, conforme abordado no item 4.6 deste capítulo. As classes de cotas compreendidas entre 60 e 90m (37,99% da área total) associam-se a rampas no relevo e ao sistema de encostas. Por fim, as cotas dos topos dos morros e colinas apresentam-se na classe de 90-120m (2,95% da área total).

A expressividade da faixa de cota abaixo dos 60m, equivalente a cerca de 59% da área total estudada 1,72 km², e a sua associação a relevo plano (declividades menores que 10% - ver item 4.5) delineia um cenário favorável à ocorrência de inundações em diferentes regimes de cheias do rio (Figura 4.6).

Tabela 4.1 - Classes hipsométricas da área em estudo

Classes Hipsométricas (m) % Total

50-55 15,62

55-60 43,44

60-70 21,88

70 -80 9,76

80-90 6,35

90-120 2,95

Figura 4.3 - Distribuição das diferentes classes hipsométricas na área em estudo.

4.4 - Declividade

Para área estudada, e em função da escala de trabalho (1:2. 000), foram estabelecidas 5 classes de declividade, conforme apresentados na Tabela 4.2 e Figura 4.4.

Tabela 4.2 – Classes de declividade com seus respectivos limites de intervalo e inclinação

Classes Declividade % Total

(%) (°)

1 0 -10 0 – 5,7 60,03

2 10 – 20 5,7 – 11,3 16,38

3 20 – 40 11,3 – 21,8 19,17

4 40 -70 21,8 - 35 3,96

5 > 70 35 - 74 0,45

As declividades compreendidas entre 0 – 10% correspondem, em grande parte (60,03%), às áreas planas em zonas de baixadas e referentes aos topos de morros e colinas.

Enquanto que as declividades superiores a 10% estão associadas às áreas de encostas do relevo e ao corte do barranco do rio Cachoeira.

Figura 4.4 - Distribuição das diferentes classes de declividade na área em estudo.

4.5 – Formas de Relevo

Sintetizando as informações obtidas nas análises da hipsometria e declividades, foi possível mapear a distribuição das formas de relevo ao longo do trecho em estudo. Para tanto, foi utilizado o método de álgebra de mapas com a utilização do software “ArcGis 9.2” no sentido de delinear os atributos morfométricos como topos, encostas e vales, a saber:

a) A classe de “topos planos a levemente ondulados” será aquela de declividades menores ou iguais a 10% e de hipsometria maior que 70m;

b) A classe de encostas e taludes artificiais é aquela cujas declividades são superiores a 10% e encontra-se em cotas acima de 55m;

c) A classe de vales e baixadas será aquela que apresentará declividades menores ou iguais a 10% entre as cotas 55 e 70m;

d) A classe de entalhe do canal representa o desnível da margem do rio, ou seja, declividades maiores que 10% em cotas compreendidas entre 55 e 50m;

e) A classe de áreas planas (declividades menores que 10%), compreendidas abaixo da cota 55m, são representativas da atual planície de inundação do rio.

A distribuição das formas de relevo na área está apresentada na Tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Formas de relevo na área

Formas de Relevo % Total

Topos Planos a levemente Ondulados 4,0

Encostas e Taludes Artificiais 35,3

Vales, Baixadas e Antiga Planície de Inundação 45,5

Entalhe do Canal 4,7

Rio Cachoeira e Atual Planície de Inundação 10,5

Figura 4.5 - Distribuição das formas e relevo na área em estudo.

Com o objetivo de facilitar o entendimento das formas de relevo na área, optou-se por compartimentar a área em estudo em quatro seções representativas: A 1ª seção localiza-se a 450 metros a montante da ponte sobre a Br 101. A 2ª seção corresponde a 150m a jusante da ponte da Br 101; enquanto a 3ª seção localiza-se a cerca de 1100m a jusante da ponte da Br 101, selecionando o aglomerado Bananeira e a 4 ª seção é representativa do trecho mais a jusante da área de estudo, a cerca de 1700m. (Figura 4.6).

Perfil 450M

40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250

0 100 200 300 400 500

Distância (m)

Cota (m)

Perfil 150J

40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250

0 100 200 300 400 500

Distância (m)

Cota (m)

Perfil 1100J

40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250

0 100 200 300 400 500

Distância (m)

Cota (m)

Perfil 1700J

40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250

0 100 200 300 400 500

Distância (m)

Cota (m)

Figura 4.6 – Perfis topográficos transversais ao rio Cachoeira em diferentes setores: a) 450m a montante da Ponte da Br101; b) 150m a jusante da Ponte da Br101; c) 1100m a jusante da Ponte da Br101; d) 1700m a jusante da Ponte da Br101.

Rua Beira Rio

Bananeira Pista de

Pouso

Rua Jaçanã

Pista de Pouso

Área Relocada

Seção 1

Seção 2

Seção 3

Seção 4

4.6 – Aspectos sobre a Ocorrência de Cheias no rio Cachoeira

4.6.1 – As cheias do rio Cachoeira em Itabuna – Aspectos Históricos

A cidade de Itabuna possui um vasto histórico relacionado às inundações urbanas provocadas pelas cheias do rio Cachoeira (Quadro 4.1). De acordo com Andrade (1968), a primeira grande inundação registrada foi a de 1914 que levou, na época, à destruição de quase todas as casas situadas às margens do rio. Já a de 1920 foi considerada, até então, a mais famosa das inundações, momento em que a “Ilha do Capitão Aristeu” passou a ser chamada de “Ilha do Jegue”, em função de episódio popular envolvendo o aprisionamento do animal na ilha até o rebaixamento do nível d’água. Relatos de cheia em 1947 também são descritos, por Andrade (1968), que narra ocorrências de inundação em bairros como Mangabinha, Burundanga, Bananeira, Berilo, dentre outros. Em 27 de dezembro de 1967 ocorreu a mais destrutiva de todas as inundações em que, segundo registros históricos, todo o centro da cidade de Itabuna ficou alagado; o que ocasionou grandes prejuízos ao comércio local (Figura 4.7). Em dezembro de 2007, mais um episódio de inundação causou prejuízo e destruição em alguns bairros da cidade. Nessa oportunidade, de acordo com dados da Prefeitura Municipal de Itabuna, mais de cem famílias ficaram desabrigadas e outras cem se encontraram em situação de risco (Figura 4.9).

Quadro 4.1 – Histórico das principais cheias do rio Cachoeira registrados na impressa regional

Ano Fonte da Notícia Características Narradas

1914 Andrade (1968) “De princípio invadiu as ruas Sete de Setembro, Laranjeiras, Areia, Estrada de Ferro, Praça Adami, Miguel Calmon, J. J. Seabra (hoje Avenida do Cinqüentenário). Na Praça Adami as águas subiram a três metros de altura.”

1920 Andrade (1968) “A mais famosa das inundações devido a ilha do jegue”.

1947 Andrade (1968) “A recém-construída a ponte Lacerda, serviu de barragem para a grande quantidade de "baronesa", capim "amazonas" e outros vegetais que o rio transportava. Foi grande a destruição na Mangabinha, Burundanga, Bananeira, Berilo e outros bairros ribeirinhos”.

1964 Jornal A Região “Novamente as águas do Cachoeira estiveram em fase de enchente, voltando a causar prejuízos nos mesmos lugares anteriormente atingidos”.

1965 Jornal A Região “Mês de novembro, o Cachoeira pegava novamente Itabuna, chegando a alagar a Avenida do Cinqüentenário.”

1967 Andrade, Rocha, Gasparetto (2005)

“20.000 pessoas desabrigadas e 3.000 casas destruídas”.

1971 Andrade, Rocha, Gasparetto (2005).

“3.345 famílias desabrigadas e surgiram casos de febre tifóide”.

2002 PMI (2002) “... 25 famílias em um total de 459 pessoas, dos bairros de Fátima, Lomanto, Nova Itabuna, Ferrada, Bananeira foram desalojadas de suas residências...”.

2004 O Estado de S.Paulo (2004)

“... 5 metros acima do nível normal deixando moradores desabrigados...”.

2007 Correio da Bahia (2007)

“... Diversos bairros, como Nova Itabuna, Rua de Palha, Bananeira e Sinval Palmeira foram completamente alagados. O prefeito declarou situação de emergência no município de Itabuna, através do Decreto 7.916, de 19 de dezembro de 2007”.

Figura 4.7 – Mosaico de Fotografias da enchente de 1967.

Fonte: Cedoc, Uesc.

Figura 4.8 – Mosaico de Fotografias da enchente de 2002.

Fonte: Itabuna, 2002.

Figura 4.9 – Mosaico de Fotografias da enchente de 2007.

4.6.2 – Abordagem Hidrológica das Cheias do rio Cachoeira

A Bacia Hidrográfica do rio Cachoeira possui uma área de drenagem de 4.222 km2, que abrange 12 municípios, sendo estes: Ilhéus, Itabuna, Ibicaraí, Itapé, Jussari, Santa Cruz da Vitória, Itajú do Colônia, Floresta Azul, Itororó, Itapetinga, Firmino.Alves e Lomanto Júnior.

Suas nascentes encontram-se na Serra da Ouricaba, município de Itororó, a aproximadamente 800 metros de altitude vindo a desaguar no estuário de Ilhéus, após percorrer cerca de 180 km (Figura 4.10). A Tabela 4.4 apresenta os principais parâmetros fisiográficos da Bacia.

Figura 4.10 - Bacia Hidrográfica do rio Cachoeira, com seus principais rios e cidades.

Fonte: Nacif et al., 2000.

Tabela 4.4 - Índices Fisiográficos da Bacia do rio Cachoeira

Índices Valor

Área de Drenagem ( km² ) 4.222

Ext. do Rio Principal (km ) 181

Perímetro (km ) 370

Desnível (m) 720

Tempo de Concentração (hr) 30,6

Total dos Cursos d’Água (km) 1.931

Declividade do Rio Principal ( m/km ) 3,98

Fator de Forma (Kf) 0,129

Coef. de Compacidade (Kc) 1,594

Densidade de Drenagem ( km/km² ) 0,457

Fonte: Adaptado de Bahia, 2001.

A Bacia hidrográfica do rio Cachoeira possui baixa probabilidade de enchentes em função do alto coeficiente de compacidade (Kc) e baixo fator de forma (Kf) (Tabela 4.4).

Contudo, outros fatores podem influenciar no desenvolvimento de inundações em trechos do rio como, por exemplo, a utilização de práticas agrícolas que não empregam técnicas de conservação de solo e água, o desmatamento das nascentes, e o desenvolvimento urbano que, muitas vezes, leva à impermeabilização do solo, aumentando o escoamento superficial. De forma geral, esses fatores podem aumentar a freqüência e magnitude das inundações, pois há um aumento da vazão máxima (BAHIA, 2001). Do exposto, esses fatores, aliados à ocupação desordenada na planície de inundação, têm causado prejuízos à população de Itabuna com as cheias do rio Cachoeira.

Quanto ao perfil longitudinal do rio Cachoeira, este possui em média 2,9% de declividade da nascente até os primeiros 20 km. Após esse trecho, em função de se adaptar ao relevo associado à depressão sertaneja, o valor da declividade é reduzido para 0,125%

(BAHIA, 2001). No trecho do rio Cachoeira que corta a cidade de Itabuna, as cotas do eixo variam de 53m (Ferradas) a 41m (Vila da Paz) em trecho de 9.300m definindo, portanto, a declividade de 0,13% compatível com a análise global da Bacia.

4.6.3 Dados de Monitoramento Fluviométrico

A bacia hidrográfica do rio Cachoeira apresenta 14 postos fluviométricos sendo que destes, 11 são atualmente operados pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL e 3 pela ANA – Agência Nacional de Águas (Tabela 4.5).

Os dados do posto 53170000 foram utilizados por Bahia (2001) para a análise das vazões do rio Cachoeira e, no contexto deste estudo, torna-se relevante pela proximidade da área em estudo. Por outro lado, o trabalho desenvolvido por Itabuna (2005) destaca a avaliação do risco de cheias com a utilização de análises hidrológicas provenientes de dados dos postos 53181000, 1439017 e 1439019.

Analisando os dados contidos em Bahia (2001), com referência as vazões médias mensais ocorrentes no período de 1965 – 1997, tem-se um maior escoamento do rio entre os meses de novembro a abril, com o máximo da vazão média no mês de dezembro, podendo ocorrer um segundo acréscimo em fevereiro ou março (Figura 4.11). Estes dados estão em conformidade com o comportamento das vazões máximas mensais que alcançaram seu pico também em dezembro (Figura 4.12).

Tabela 4.5 - Dados Fluviométricos disponíveis

Código Nome da estação Nome do curso d’água Período de observação

Início Fim

53050000 Itajuípe Rio Almada 1935 1997

53070000 Uruçuca Rio Água Preta 1954 1970

53090000 Provisão Rio Almada 1944 1976

53091000 Provisão II Rio Almada 1976 1997

53125000 Fazenda Manaus Rio Colônia 1969 1997

53130000 Itajú do Colônia Rio Colônia 1963 1997

53140000 Estiva de Baixo Rio Colônia 1969 1997

53150000 Santa C. da Vitória Rio de Dentro 1969 1980

53160000 Cajueiro do Ibicaraí Rio Salgado 1965 1997

53170000 Ferradas Rio Cachoeira 1965 1997

53180000 Contorno BR 101 Rio Cachoeira 1970 1997

53181000 Itabuna-Vertedouro Rio Cachoeira 1973 1977

1439017 Itabuna Rio Cachoeira 1944 1960

1439019 Itabuna Rio Cachoeira 1964 1989

Fonte: Adaptado de Bahia, 2001; Itabuna, 2005.

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0

SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO Mês

Vazão [m3/s]

Figura 4.11-Fluviograma das vazões médias mensais para o posto 53170000.

Fonte: Adaptado de Bahia, 2001.

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

SET

OUT NOV DEZ JAN FEV MA

R ABR

MA I

JUN JUL AGO Mês

Vazão [m3/s]

Figura 4.12 - Fluviograma das vazões máximas mensais para o posto 53170000.

Fonte: Adaptado de Bahia, 2001.

As Figuras 4.13 e 4.14 apresentam o desempenho das vazões médias anuais e máximas anuais, se destacam os valores de vazão média anual em 1997 (84,5 m3/s), 1968 (65,2 m3/s) e 1967 (58,6 m3/s). Quanto aos valores máximos anuais destacam-se os anos de 1967 (1460 m3/s), 1997 (1073 m3/s) e 1970 (1035 m3/s).

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000

Ano

Vazão [m3/s]

Figura 4.13 - Fluviograma das vazões médias anuais para o posto 53170000.

Fonte: Adaptado de Bahia, 2001.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 Ano

Vazão [m3/s]

Figura 4.14 - Fluviograma das vazões máximas anuais para o posto 53170000.

Fonte: Adaptado de Bahia, 2001.

Vale destacar que o ano em que se registrou o maior valor de vazão anual do posto 53170000 ocorreu em 1967, exatamente o ano em que a cidade de Itabuna foi praticamente arrasada pela inundação mais destrutiva de que se tem conhecimento histórico até hoje.

4.6.4 Avaliação da Ocorrência de Cheias

Em trabalho anteriormente realizado pela Prefeitura Municipal de Itabuna a respeito da ocorrência de inundações na cidade (ITABUNA, 2005), os autores calcularam o tempo de recorrência das cheias a partir da série de vazões máximas anuais registradas no posto fluviométrico 53180000 (Tabela 4.6).

Tabela. 4.6 – Tempo de recorrência de cheias referente ao posto 53180000

Tempo de Recorrência (anos) Probabilidade de Excedência Q (m³/s)

2 0.5 822

5 0.2 1375

10 0.1 1741

20 0.05 2091

25 0.04 2203

50 0.02 2546

100 0.01 2886

Fonte: Adaptado de Itabuna, 2005.

Em seguida, os dados do tempo de recorrência foram associados às cotas atingidas pelas vazões de cheia em diversas seções do rio (Tabela 4.7). Do exposto, em função do trecho em estudo, foram considerados nesta pesquisa os dados de cotas associados à seção da Ponte da BR101, conforme será apresentado no Capítulo 5.

Tabela. 4.7 – Tempo de recorrência de cheias e cotas atingidas referentes aos dados fluviométricos do posto 53180000

Seção do Rio Tempo de Recorrência (anos)

Cotas (m)

Ponte Miguel Calmon

2 52

5 52,63

10 53

20 53,75

50 54,37

100 55

Ponte Góes Calmon

2 53

5 54

10 55

20 56

50 56,5

100 57

Ponte Lacerda

2 54

5 56

10 57

20 57,5

50 58

100 58, 75

Ponte Br 101 Itabuna

2 56

5 57

10 58,5

20 58

50 60

100 61,25

Fonte: Adaptado de Itabuna, 2005.

4.7 – Considerações sobre o Uso e Ocupação do Solo

Com o objetivo de caracterizar os diferentes tipos de uso e ocupação na área estudada adotou-se uma classificação de ocupação resultante de adaptações da proposta do Ministério das Cidades (Brasil, 2007), da utilizada por Silva et al. (1997), de Gonçalves (2006) e da empregada pelo IBGE no censo de 1991. A classificação utilizada baseia-se na definição de áreas consolidadas e áreas não consolidadas ou subnormais. As áreas consolidadas são aquelas densamente ocupadas e contendo infra-estrutura básica, enquanto que as não consolidadas ou subnormais se caracterizam por serem constituídas por unidades habitacionais ocupando ou tendo ocupado até período recente, terrenos ou propriedades alheias (pública ou particular) dispostos, em geral, de forma desordenada, densa e carente, de serviços públicos essenciais. O que caracteriza um aglomerado subnormal é a ocupação desordenada e que, quando da sua implementação, não houve posse da terra ou título de propriedade. Na área em estudo ocorrem também zonas não habitadas, ou seja, com predomínio de cobertura vegetal. Dessa forma, foram criadas 10 classes de usos e ocupação do solo na área em estudo, conforme apresentadas na Tabela 4.8. A Figura 4.15 apresenta a distribuição das tipologias de uso e ocupação na área.

Tabela. 4.8 - Resumo da classificação do uso e ocupação do solo na área em estudo

Categoria de Uso e Ocupação Área (m2) % da Área Total

Área consolidada 375251,26 22,03%

Vegetação Viária 19197,24 1,13%

Área Subnormal 86835,27 5,10%

Área descoberta/degradada 57247,58 3,36%

Área da antiga pista de pouso 235518,56 13,83%

Área consolidada em estagio inicial 106467,14 6,25%

Área subnormal em expansão 25076,64 1,47%

Área de cultivo/pastagens 682485,39 40,07%

Gramíneas 18663,98 1,10%

Mata/Vegetação Ciliar 96658,11 5,67%

Total 1703401,17 100%

Figura 4.15 - Distribuição das diferentes tipos de uso e ocupação do solo na área em estudo.

4.7.1 Áreas Consolidadas

Áreas consolidadas são espaços urbanos densamente ocupados caracterizados por um elevado nível de infra-estrutura já estabelecido em termos de edificação, pavimentação, faixas de rodagem, esgotamento sanitário, entre outros. A Resolução CONAMA nº 302/2002 em seu artigo 2º, inciso V traz uma definição para área urbana consolidada, considerada como:

Área urbana consolidada é aquela que atende aos seguintes critérios: a) definição legal pelo poder público; b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra- estrutura urbana: malha viária com canalização de águas pluviais, rede de abastecimento de água, rede de esgoto, distribuição de energia elétrica e iluminação pública, recolhimento de resíduos sólidos urbanos, tratamento de resíduos sólidos urbanos, e densidade demográfica superior a cinco mil habitantes por quilômetro quadrado.

Na área em estudo foram mapeados 0.3752km2 dessa tipologia, englobando os bairros de Lomanto e Jardim Primavera presentes ao longo das avenidas J.S. Pinheiro e da Avenida Presidente Kennedy.

As Tabelas 4.9 e 4.10 apresentam as informações de moradias e de infra-estrutura extraídas dos dados dos setores censitários do IBGE inclusos nas áreas consolidadas.

Tabela. 4.9 Domicílios localizados em áreas consideradas consolidadas Setores

do IBGE Descrição Pessoas

residentes Domicilio Casa Apto Cômodos Outras moradias 141 Lado esquerdo

da pista 1 1 279 310 276 23 11 0

147 Lado esquerdo

da pista 2 657 171 162 9 0 0

149 BR 101 773 203 173 5 21 4

156

Margem direita da Rua Beira

Rio

713 177 170 1 1 5

Fonte: IBGE, 2000.

Tabela. 4.10 Infra- estrutura dos domicílios localizados em áreas subnormais Setores

do IBGE Descrição Rede de Esgotos

Fossa

Séptica Outros Abastecimento de água

Coleta de lixo pública 141 Lado esquerdo

da pista 1 296 1 0 310

309 147 Lado esquerdo

da pista 2 170 0 0 169 171

149 BR 101 103 0 96 171 172

156 Margem direita

da Rua Beira Rio 10 38 76 142 103

Fonte: IBGE, 2000.

Cerca de 3.422 habitantes moram em áreas consolidadas presentes na área em estudo, sendo que 90% das habitações são casas, 5% apartamentos e 5% constitui-se de outros tipos de moradia. Quanto à infra-estrutura, depreende-se que 91% dos domicílios possuem abastecimento de água através de rede pública e mais de 60% das moradias são providas de saneamento básico adequado, com o despejo das águas residuais, preferencialmente, na rede de esgotos. Quanto à coleta de lixo, 82% das residências possuem coleta pública.

A Figura 4.16 ilustra as áreas consideradas consolidadas, caracterizando os seus tipos de habitação, referentes à Avenida J S Pinheiro, localizada próxima ao centro da cidade, e a área consolidada do bairro Jardim Primavera, localizada ao longo da Avenida Presidente Kennedy.

Figura 4.16 – Área Urbana Consolidada da J S Pinheiro e da Avenida Presidente Kennedy.

Fonte: Conder, 2002.

4.7.2 Áreas Consolidadas em Estágio Inicial

Corresponde a cerca de 7% da área em estudo (Figura 4.17). O que define essa classe é o menor grau de consolidação em relação ao da área consolidada, tanto em termos de estruturação viária quanto em número de edificações. As quadras e arruamentos possuem características específicas. Há presença de arborização urbana de médio a grande porte, com vegetação intralotes e predomínio de coberturas cerâmicas com taxa de ocupação entre baixa e média.

Figura 4.17 – Área Urbana Consolidada em estágio inicial da Avenida Kennedy.

Fonte: Conder, 2002.

4.7.3 Áreas Subnormais

Na área em estudo foram mapeados 0,0868km² conforme a tabela 4.9 dessa tipologia (5,10% da área total) mais precisamente, áreas associadas aos aglomerados subnormais da Rua Beira Rio, Bananeira e Rua Jaçanã (Figura 4.18).

a) b)

c) d)

Figura 4.18 – Mosaico de Fotografias das tipologias habitacionais encontrada nas áreas subnormais.

(a: Rua Beira Rio, b e c: Bananeira e d: Rua Jaçanã).

As Tabelas 4.11 e 4.12, extraídas dos dados dos setores censitários do IBGE, corroboram alguns dos fatores relevantes que definem o estado de subnormalidade das áreas em estudo. De acordo com as tabelas, habitam as áreas subnormais cerca de 3770 habitantes, em aproximadamente 932 moradias. Verifica-se, também, que apenas cerca de 5% das moradias possuem esgotamento sanitário adequado e que, em média, 41% das moradias são servidas por sistema de coleta de lixo pública, contudo em diversos pontos ocorrem o acúmulo de lixo (Figura 4.19). Com relação ao abastecimento de água, 83% dos domicílios possuem esse serviço. As Figuras 4.20 e 4.21 representam exemplos de áreas subnormais.

Tabela. 4.11 - Domicílios localizados em áreas consideradas subnormais Setores

do IBGE Descrição Pessoas

residentes Domicilio Casa Apto Cômodos Outras moradias

140 Bananeira 2258 565 552 1 0 0

142 Rua B. Rio 1 272 307 279 2 25 0

Dados da

EMASA Rua Jaçanã 240 60 60 0 0 0

Fonte: IBGE, 2000.

Tabela. 4.12 - Domicílios localizados em áreas consideradas subnormais Setores

do IBGE Descrição Rede de Esgotos

Fossa

Séptica Outros Abastecimento de água

Coleta de lixo pública

140 Bananeira 26 9 431 436 223

142 Rua B. Rio 7 0 172 283 135

Dados da

EMASA Rua Jaçanã 0 0 60 0 0

Fonte: IBGE, 2000.

Figura 4.19 – Mosaico de Fotografias da falta de coleta de lixo encontrada nas adjacências da Rua Beira Rio.

Figura 4.20 – Visão aérea das áreas subnormais do Bananeira e da Rua Jaçanã.

Fonte: Conder, 2002.

Nas áreas de ocupações subnormais, observa-se a falta de infra-estrutura básica, com a ausência de quadras e arruamentos bem definidos. De forma geral, apresentam alta taxa de ocupação, sendo que através da visita de campo foi possível observar que grande parte das tipologias habitacionais são caracterizadas pela presença de barracos com cobertura de telhas de “eternit” os quais são construídos às margens do rio Cachoeira, sem nenhum tipo de estrutura física e urbanística adequada. Outro ponto de destaque, observado em campo é o início da ocupação da margem direita, chamada de Novo Jaçanã a qual apresenta características bem parecidas com a ocupação da margem esquerda (Bananeira) (Figura 4.21).

a) b)

Figura 4.21 – Mosaico de fotografias dos aglomerados subnormais. (a; Bananeira e b; Rua Jaçanã).

A partir da análise dos dados contidos no PMI (2001), o aglomerado subnormal Bananeira apresentava, na época, características socioeconômicas e de uso e ocupação que reforçam a sua condição de subnormalidade habitacional. Com relação à tipologia habitacional dos imóveis, o estudo demonstrou que mais de 70% das habitações são construídas de madeira, o que confirma a predominância de barracos e com isso o aumento do processo de favelização (Tabela 4.13).

Tabela 4.13 - Qualidade dos imóveis cadastrados quanto ao tipo das paredes, Bairro Bananeira, Itabuna-BA, Dezembro de 2001

Tipo Quantidade %

Alvenaria 169 22,65

Adobe 16 2,14

Madeira 540 72,40

Taipa 01 0,13

Refugos 20 2,68

Total 746 100,00

Fonte: Itabuna, 2001.

Documentos relacionados