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4. ÁREA DE ESTUDO

6.1 Caracterização Geoambiental

6.1.5 Paisagem da Bacia Hidrográfica

O Geoprocessamento para representação do uso do solo da Bacia do Rio Cachoeira mapeados em imagem de satélite Landsat 8 apresentou 7 classes distintas, representadas na Figura 19.

Figura 19 – Classes da paisagem da Bacia Hidrográfica do rio Cachoeira

Considerando 100% como todas as classes, a área destinada a Agropecuária ocupa cerca de 63% de toda a paisagem, em seguida 17 % de área de Cabruca (Ecoprodução de Cacau), 12 % de Fragmentos Florestais da Mata Atlântica em Estágios de Primários e/ou de regeneração, 5% de zonas urbanas e 3 % de Áreas Alagadas (Brejos e Mangues).

O compartimento norte da área em estudo, inserido nos limites da Bacia do Rio Salgado, detém 40 % das áreas vegetadas mapeadas. São basicamente zonas de serras que abrigam diversos tributários do rio Salgado, nos municípios de Floresta Azul, Ibicaraí e Barro Preto. Do ponto de vista Hidrológico, é aceito que a presença de vegetação auxilia na retenção de água no sistema hidrológico no nível de fluxo de base. Possivelmente isso explica os valores de vazão (tópico 6.3) mais

elevados quando comparados com os dados hidrológicos do Rio Colônia, mesmo esse apresentando maior área de drenagem.

Em contrapartida, a zona de maior área desmatada que é destinada a Agropecuária apresentou 71% de sua área dentro dos domínios da Bacia do Rio Colônia. A ausência da vegetação possivelmente explica os valores de vazão menores quando comparados aos números da Bacia do rio Salgado no ponto de confluência (exutório de Ambas). Aqui, as áreas com vegetação se restringem fragmentos florestais (Ilhas) presentes geralmente nos topos de algumas serras, acentuando a homogeneização da paisagem.

Os municípios que compõe o alto (Itapetinga e Itororó) e médio curso (Itajú do Colônia e Firmino Alves) da Bacia do rio Colônia tem pautado seu escopo econômico em atividades pecuaristas na ultima década, o que geograficamente explica os índices de desmatamento elevados.

6.1.6 Hidrologia e índices Fisiográficos

O arranjo hidrográfico da bacia apresenta-se como de tipologia Dentrítica ou

“arborecente”. Esse padrão é caracterizado pelas confluências dos canais fluviais em ângulos agudos - iguais ou menores a 90º, com os rios principais simulando troncamento e os tributários, ramificações (CHRISTOFOLETTI, 1980). Como exposto anteriormente, a Litologia condiciona um entalhamento mais lento e uniforme devido à resistência erosiva do Embasamento Cristalino, e entre morros e serras, a densidade de drenagem da área apresenta-se como média (Quadro 4).

Em relação à Hidrogeologia, as falhas geológicas demonstram linearidades de cisalhamento nos sentidos N>S e SO>NE em praticamente toda a área da bacia.

Cabe frisar que, segundo (Mattos 2013), o deslocamento hídrico em subsuperfície não é condicionado à força gravitacional, denotando assim um fluxo heterogêneo mesmo no sentido de compartimentos de maior altitude.

Considerando essa noção, observa-se que o rio Colônia segue sobreposto a uma falha por cerca de 30 km (Figura 20) disponibilizando água de forma perene.

Esse lineamento segue até o rio Salgado, próximo ao ponto de confluência. Esse envolto sugere que, ainda que de forma reduzida, deva ocorrer uma influência sobre as características hidroquímicas entre ambos. Em diversos outros pontos podem ser observados a mesma dinâmica.

Figura 20 – Hidrografia e Hidrogeologia da Bacia hidrográfica do Rio Cachoeira No que se refere aos dados territoriais, a Quadro 4 apresenta os índices fisiográficos obtidos na da Bacia do Rio Cachoeira.

Quadro 4 - Índices Fisiográficos da Bacia do rio Cachoeira Perímetro - P (em km) 370 Desnível da bacia - DH (em m) 720

Tempo de Concentração – TC (em horas)

30.6 Extensão total dos cursos

d’água - LL (em km)

1.931

Declividade do Rio Principal (m/km)

3,98 Fator de Forma - KF 0,129 Coeficiente de Compacidade -

KC

1,594 Densidade de Drenagem – DD

(km/km²)

0,457

Conforme pode ser observado no quadro 4, a Bacia do Rio Cachoeira apresenta baixa possibilidade de ocorrência de enchentes devido ao alto coeficiente de compacidade (Kc) e baixo fator de forma (Kf), significando que o tempo de concentração é bastante heterogêneo, isto é, o escorrimento superficial apresenta

tempos diferenciados de chegada a área de deságüe além da forma mais alongada da Bacia.

Outros fatores, porém, influenciam a formação de enchentes, tanto que as cidades de Itabuna e Ilhéus sofrem com as cheias do Rio Cachoeira. Práticas agrícolas que não utilizam técnicas de conservação de água e solo, desmatamento das nascentes e desenvolvimento urbano levam à impermeabilização do solo, aumentando a quantidade de água que escoa superficialmente. Aliado a estes fatores, a ocupação desordenada da área de inundação natural do rio, durante os anos de seca, deixa a população dessas áreas expostas às enchentes.

Uma das características mais marcantes do Rio Colônia/Cachoeira é a diferença acentuada de declividade ao longo da bacia. Da nascente do Rio Colônia até os primeiros 20 km, a declividade é bastante acentuada apresentando um valor médio de aproximadamente de 2.9%. A partir deste ponto até a área de deságüe, a declividade é bastante baixa com um valor estimado de 0.125%.

Diante destas características, pode-se concluir que a velocidade da água nos primeiros 20 km do Rio Colônia é bastante elevada, com alto poder erosivo e de transporte de sedimentos. Da confluência com o Rio do Meio até a confluência com o Ribeirão Água Preta, a declividade do Rio Colônia é muito baixa (0.05%) propiciando a ocorrência de altas lâminas de água com baixa velocidade e grande potencial para deposição de sedimentos.

Entre as confluências com o Ribeirão Água Preta e o Rio Salgado a declividade aumenta (0.64%), voltando a decrescer acentuadamente até a foz (0.05%). A aceleração das águas no trecho entre o Ribeirão Água Preta e o Rio Salgado, aliada às águas do Rio Salgado, quando encontram a planície do trecho final, contribuem para formar uma zona de inundação maior capaz de acomodar as grandes vazões, mas provocando, esporadicamente enchentes em Itabuna e Ilhéus.

O tempo de concentração obtido (30.6 horas) indica que qualquer trabalho de prevenção e/ou previsão de enchentes terá um curto prazo para que se possa tomar algum tipo de providência, praticamente um dia de antecedência se forem utilizados dados de chuva. No caso de se utilizar os dados dos postos fluviométricos, esse intervalo deve ser menor, pois a onda de cheia já está em deslocamento.

6.2 Morfologia da Confluência

Conforme apresentado na Metodologia, os valores batimétricos da confluência foram submetidos a interpolação por Krigragem, sendo convertidos no ArcScenne para pontos xyz que permitem uma visualização tridimensional. As cotas estão expostas na Figura 21. Os efeitos lineares visualizados na imagem são tentativas de simular faixas rochosas.

Figura 21 – Batimetria da confluência dos Rios Salgado, Colônia e Cachoeira Considerando um centróide na confluência, as cotas mais profundas observadas estão imediatamente antes e depois da junção dos rios. O ponto mais profundo foi identificado no rio Salgado, com 3,39 m. O local de menor profundidade foi observado no rio Colônia, com 0,40 m.

De forma geral, no que concernem as definições geomorfológicas de amadurecimento do relevo, o padrão hidrográfico dentrítico revela que a área de estudo pode ser classificada como de relevo juvenil, pouco esculpida (erodida).

Nota-se claramente a presença de rochas nos leitos dos rios e a falta de seguimentos anastomosados (GUERRA e GUERRA, 2011). Isso explica a amplitude de aproximadamente 3 metros de profundidade das cotas batimétricas, observando,

por exemplo, os superlativos de valores em menos de 20 metros de distância no exutório do rio Colônia.

O valor mais profundo identificado no rio Salgado é explicado pelo canal que, naquela posição, apresenta menor largura e possivelmente o esculpimento no leito fluvial é realizado com maior energia e fluxo. Além disso, a ausência de rochas possibilita a formação de concavidade, bem como o acúmulo de sedimentos. Esse ponto foi observado in locus como a faixa mais cumprida de fundo arenoso, com cerca de 30 metros.

Por outro lado, o valor mais raso está relacionado com a presença das rochas nos rios, aflorando constantemente, mesmo em épocas de vazões maiores.

Esse arranjo é produtor de diversos seguimentos de escoamento na mesma seção molhada do rio. Geralmente os fundos de rio com essas características apresentaram ocorrências de seixos rolados.

O Modelo Digital de Terreno da Figura 22 revela a morfometria calculada para os valores de entrada batimétrica. Observa-se que a profundidade é elevada é mediana na porção de encontro dos rios. As partes mais rasas visualizadas no modelo são faixas de rochas, nos três rios.

Figura 22 – Modelo Tridimensional da confluência dos rios em estudo

6.3 Parâmetros Analisados

Visando o 3º objetivo específico, ao todo foram determinados 11 parâmetros químicos (Alcalinidade, Ca, Cl, NO2-, NO3-, NH4, SiO2, PO4, Na, K, OD) e 4 parâmetros físicos (Temperatura, CE, pH e vazão) nas águas dos rios Colônia, Salgado e Cachoeira. Os parâmetros químicos foram utilizados no intuito de validar a mistura proposta pela formulação matemática (modelo, Equação 3 ) para estimar o comportamento do balanço de massa em confluências, onde as colunas “Mistura Observada” corresponde aos valores estimados pelo modelo para o Rio Cachoeira.

6.3.1 Coleta 1

A coleta do mês de Agosto foi realizada em um anunciado período de início de estiagem, evento climatológico relacionado ao aquecimento das águas do oceano Pacífico (El nino). A produção hídrica do rio Colônia foi de cerca de 400 L/s e do rio Salgado foi cerca de 800 L/s, condicionando a vazão de 870 L/s no rio Cachoeira.

A bacia do rio Salgado mesmo detendo menor área geográfica, apresentou valores de vazão maiores quando comparados com a bacia do rio Colônia (Tabela 2). Esse comportamento foi identificado nas 3 campanhas de campo seguintes. Os parâmetros avaliados compõem os dados iniciais da discussão sobre a variação dos valores determinados, melhores discutidos quando comparados com os dados das campanhas seguintes.

Tabela 2 – Dados da 1ª coleta de amostras de água

Parâmetros Rio Colônia Rio Salgado Mistura estimada Mistura observada

Alcalinidade (mg/l) 54 51 52,02 37

Calcio-Ca (mg/l) 43 29 33,7 34

Cloretos (mg/l) 85 83 83,6 81

Nitrito-NO2 (mg/L) 0,0096 0,01 0,01 0,01

Nitrato-NO3(mg/L) 0,47 0,51 0,49 0,49

Amônia-NH4 (mg/L) 0,05 0,069 0,06 0,067

Sílica-SIO2 (mg/L) 2,25 2,93 2,69 2,83

Fosfato-PO43(mg/L) 0,14 0,12 0,12 0,15

Sódio-Na (mg/l) 171,5 191,3 184,6 253,4

Potássio-K (mg/L) 22,09 11,1 14,79 12,54

O.D. (mg/l) 6,5 2,8 4,04 4,2

pH 7,66 7,54 - 7,53

C.E.(µs/cm) 0,45 0,39 - 0,4

Temperatura (ºC) 27,9 27,7 - 27,8

Vazão (m³/s) 0,4 0,79 - 0,87

6.3.2 Coleta 2

A segunda campanha de campo ocorreu no mês de Setembro, ainda dentro do período inicial de estiagem ocorrido na região. Entretanto, os valores de vazão se mantiveram similares aos valores da 1ª campanha de campo, com um modesto crescimento (Tabela 3).

Tabela 3 – Dados da 2ª coleta de amostras de água

Parâmetros Rio Colônia Rio Salgado Mistura estimada Mistura observada

Alcalinidade (mg/l) 63 59 60,38 44,1

Calcio-Ca (mg/l) 40 26 30,85 32,1

Cloretos (mg/l) 94 88,4 90,34 88,1

Nitrito-NO2 (mg/L) 0,008 0,004 0,005 0,004

Nitrato-NO3(mg/L) 0,65 0,53 0,57 0,62

Amônia-NH4 (mg/L) 0,1 0,09 0,09 0,09

Sílica-SIO2 (mg/L) 2,49 2,18 2,28 2,13

Fosfato-PO4 (mg/L) 0,09 0,23 0,18 0,19

Sódio-Na (mg/L) 182,1 189,7 187,06 188,4

Potássio-K (mg/l) 18,5 13,4 15,16 13,9

O.D. (mg/l) 5 2,8 3,53 3,7

pH 6,5 7 - 6,9

C.E.(µs/cm) 0,6 1,1 - 1,3

Temperatura (ºC) 25,8 25,5 - 25,7

Vazão (m³/s) 0,43 0,81 - 0,88

No balanço de massa, em relação a 1 ª campanha, nos três rios houveram aumento nos valores de concentração da Alcalinidade (Carbonato de cálcio), Cloretos (composto de Cloro), Nitrato e Amônia. Com exceção da Amônia, são constituintes de presença controladas majoritariamente por características ambientais da Bacia (dissolução). Especificamente, os valores de carbonato de cálcio são regulados pela presença de uma bacia cárstica no alto curso das bacias.

Já a Amônia tem sua variação fortemente atrelada com a presença de áreas urbanas e pastagens (que predomina a paisagem da área em estudo), sendo a urina de mamíferos o principal agente disponibilizador desse composto químico.

O Sódio apresentou diminuição nos valores de concentração, mas ainda obtiveram-se valores elevados em decorrência da presença de rochas máficas (ortognaisses) que compõe a litologia e toda a Bacia. São valores muito próximos ao encontrados por Barbosa (2005) em um trabalho na Bacia do Rio Salgado.

6.3.3 Coleta 3

A 3ª campanha de campo foi realizada no mês de Novembro, em meados do período de estiagem anunciado. De forma geral, os valores de concentração dos parâmetros diminuíram de forma acentuada, seguindo a redução das vazões dos rios Salgado e Colônia (Tabela 4).

Tabela 4 – Dados da 3ª coleta de amostras de água

Parâmetros Rio Colônia Rio Salgado Mistura estimada Mistura observada

Alcalinidade (mg/l) 42 41 41,4 39

Calcio-Ca (mg/l) 37 30 32,9 31

Cloretos (mg/l) 54 46 49,2 51

Nitrito-NO2 (mg/L) 0,008 0,005 0,006 0,006

Nitrato-NO3(mg/L) 0,63 0,47 0,53 0,53

Amônia-NH4 (mg/L) 0,12 0,08 0,09 0,11

Sílica-SIO2 (mg/L) 3,2 2,18 2,59 2,56

Fosfato-PO4 (mg/L) 0,07 0,015 0,03 0,04

Sódio-Na (mg/L) 28,7 79,12 58,5 56

Potássio-K (mg/l) 2,12 3,4 2,87 3,24

O.D. (mg/l) 0,7 1,6 1,23 1,3

pH 7,78 7,49 7,45

C.E.(µs/cm) 0,28 0,25 0,27

Temperatura (ºC) 27,2 26,9 27,6

Vazão (m³/s) 0,29 0,42 0,46

Nesse momento, os únicos parâmetros que demonstraram um aumento em sua concentração foram a Sílica e o Nitrito. Hidrologicamente, se aceita que, quando um elemento ou composto é disponibilizado por processos de dissolução em leitos rochosos, sua concentração aumenta em vazões reduzidas. Entretanto, apenas a Sílica representou esse fenômeno.

No cenário em estudo, a fonte de Sílica são os quartzitos (representação amarela, Figura 13) que estão sobrepostos as Serras que ainda apresentam Fragmentos Florestais e são conectadas pelas falhas geológicas (Figura 17). Ou seja, arbitrariamente, se aceita que possivelmente essas concentrações são condicionadas por fluxos de dissoluções dessas áreas, mesmo com os números de vazão diminuídos no ponto de confluência.

Já o Nitrito indica que nesse cenário de vazão reduzida, houve um aumento nas oxidações e reduções químicas entre a Amônia e o Nitrato, denotando uma atividade biogeoquímica intensa possivelmente ligada a eutrofização dos rios.

6.3.4 Coleta 4

A 4ª campanha de campo foi realizada no mês de Dezembro, época ainda submetida à estiagem ocorrente no segundo semestre de 2015. As vazões apresentaram-se acentuadamente reduzidas considerando a dimensão regional dos rios. Nos rios Salgado, Colônia e Cachoeira, a produção de água foi de 280L/s, 340l/s e 400l/s, respectivamente (Tabela 5), fluxo reduzido pela metade comparado com os dados da 1ª coleta.

Tabela 5 – Dados da 4ª coleta de amostras de água

Parâmetros Rio Colônia Rio Salgado Mistura estimada Mistura observada

Alcalinidade (mg/l) 40 36 37,8 32,1

Calcio-Ca (mg/l) 37 28 30,1 30,1

Cloretos (mg/l) 47 43 44,8 44,2

Nitrito-NO2 (mg/L) 0,01 0,009 0,009 0,007

Nitrato-NO3(mg/L) 0,54 0,44 0,48 0,47

Amônia-NH4 (mg/L) 0,1 0,1 0,1 0,11

Sílica-SIO2 (mg/L) 2,8 2,04 2,38 2,43

Fosfato-PO4 (mg/L) 0,06 0,01 0,03 0,04

Sódio-Na (mg/L) 25,3 58,9 43,7 43,1

Potássio-K (mg/l) 2,11 2,9 2,54 2,54

O.D. (mg/l) 0,8 1,4 1,2 1,1

pH 7,3 7,4 7,1

C.E.(µs/cm) 0,43 0,35 0,57

Temperatura (ºC) 26,5 26,3 26,3

Vazão (m³/s) 0,28 0,34 0,4

No Balanço de massa, apenas o Nitrito e a Amônia não acompanharam o decréscimo de concentração juntamente com a vazão. Eu um estado de escoamento superficial lento e homogêneo, os valores de Nitrito indicam uma atividade biogeoquímica muito intensa.

O comportamento exposto indica que na água dos rios houve uma intensa decomposição dos dejetos depositados por peixes, plantas e outros organismos invertebrados; com um regime de vazão reduzida, os dejetos são transformados e

Amonia e rapidamente em Nitrito por bactérias conhecidas como Nitrosomonas, abundantes nesse ecossistema lótico.

Resultante desse processo conhecido como Ciclo do Nitrogênio na água, o Nitrato apresentou redução dos valores pelo fato de que o baixo oxigênio dissolvido auxilia a presença e ação das Bactérias denitrificantes, que reduz o NO3- para N.

6.3.5 Relação vazão/concentração

Um panorama geral das concentrações dos 11 parâmetros submetidos ao balanço de massa evidenciados de acordo com a vazão nos rios Salgado, Colônia e Cachoeira, é apresentado nas Figuras 23, 24 e 25. As concentrações seguiram tendências de valores estritamente relacionadas com as vazões nos rios Colônia e Salgado, ou seja: quanto maior a vazão observada, maior também foi a concentração geral das variáveis físico-químicas.

Figura 23 - Vazão e Concentração Total no rio Colônia

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Vazão 0,4 m³/s Vazão 0,43 m³/s Vazão 0,29 m³/s Vazão 0,28 m³/s

Concentrão total (mg/l)

Figura 24 - Vazão e Concentração Total no rio Salgado

Entretanto, no rio Cachoeira, especificamente na 2ª campanha realizada no mês de Setembro de 2015, observou-se uma diminuição da concentração total dos parâmetros quando o valor da vazão do rio apresentou-se como o maior observado (Figura 25).

Figura 25 - Vazão e Concentração Total no rio Cachoeira

Visualizando os valores de vazão da 1ª e 2ª campanha percebe-se que a variação hidrológica foi efetivamente baixa. Respectivamente, os valores de concentração total foram 422mg/l e 375mg/l. A diferença encontrada está ligada ao pico no valor de Sódio determinado na 1ª medida de campo (253 mg/l),

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Vazão 0,79 m³/s Vazão 0,81 m³/s Vazão 0,42 m³/s Vazão 0,34 m³/s

Concetrão total (mg/l)

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Vazão 0,87 m³/s Vazão 0,88 m³/s Vazão 0,46 m³/s Vazão 0,4 m³/s

Concentrão Total (mg/l)

possivelmente resultado da presença de efluentes de um laticínio a 90 m do ponto de confluência (Figura 12).

Concomitante a esse comportamento, os valores de Cálcio, Nitrito, Sílica e Oxigênio Dissolvido também apresentaram reduções. O Cálcio e a Sílica têm sua presença na coluna d’água ligada a processos de dissolução litológica, e a diminuição dos valores pode simplesmente ser resultado de variações temporais no fluxo desses elementos.

Já o Nitrito e o Oxigênio Dissolvido são considerados massas não conservativas: essa definição é utilizada quando os elementos são matrizes energéticas de processos naturais biogeoquímicos. Ou seja, mesmo numa vazão homogenia, a redução desses valores pode ser explicada pela mudança de cenário biológico entre a confluência e o ponto de coleta a jusante, no rio Cachoeira.

6.4 Validação do Modelo

Conforme postulado como plano de fundo da pesquisa, a sustentação científica efetuou-se com a validação da formulação matemática que visou estimar (modelar) os valores dos parâmetros submetidos ao balanço de massa a serem encontrados no rio Cachoeira.

De forma geral, os dados inseridos nas tabelas 2, 3, 4 e 5 apresentam uma visão de como se comportou os dados simulados pelo modelo quando comparados com os valores coletados no rio Cachoeira. Entretanto, submetê-los a uma regressão linear, além de atribuir uma confiabilidade ao modelo, evidencia de forma mais clara o quanto a equação de mistura conseguiu descrever o comportamento natural da confluência.

6.4.1 Alcalinidade

A Alcalinidade total foi dada pela presença de Carbonato de Cálcio (CaCO3).

O coeficiente de determinação (r²) apresentou valor de 0,667 (numa escala entre 0 e 1). Na Figura 26, apresentou-se como um modelo que se aproxima 66,7% das variáveis dependente (valores reais). É um valor positivo, mas indicou uma modelagem mediana, considerando com os valores acima de 7 são definidos como de correlação forte.

Figura 26 – Comparação entre os valores observados e reais para Alcalinidade Normalizando os valores de Alcalinidade das quatro coletas pela área das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram de 0,19 mg/l por km² e 0,18 mg/l por km².

6.4.2 Cálcio

Os dados modelados para o Cálcio apresentaram um coeficiente de determinação de 0, 651. Foi o valor mais baixo encontrado entre os atributos físico- químicos analisados. Mesmo com os valores de amplitude entre 30,1mg/l e 34/mg/l (que indicam um conservação dos valores na coluna d’água) o coeficiente observou uma variação entre os valores visivelmente dispersos no gráfico (Figura 27).

Figura 27 – Comparação entre os valores observados e reais para Cálcio

R² = 0,667

15 20 25 30 35 40 45 50

15 25 35 45 55 65

Valoresr reais (mg/l)

Valores estimados (mg/l)

R² = 0,651

26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

26 28 30 32 34 36

Valores reais

Valores estimados (mg/l)

Os “outputs” do gráfico que nitidamente influenciaram numa redução do coeficiente obtidos foram os dados da 2ª e 3ª campanha de campo, onde os valores reais foram diferentes em 1mg/l em relação aos valores estimados pelo modelo. Na 2ª campanha foi estimado um valore de 30,85 mg/l e o real foi de 32,1 mg/l; na 3ª coleta, o valor estimado foi de 32,9 mg/l e o rela foi de 31 mg/l.

Normalizando os valores de Cálcio das quatro coletas pela área das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram de 0,15mg/l por km² e 0,11 mg/l por km².

6.4.3 Cloretos

Os valores observados para os compostos químicos de Cloro indicaram um coeficiente de determinação de r² 0, 997 (Figura 28). Ou seja, isso indica que o modelo proposto conseguiu se aproximar 99,7% dos valores reais. É um valor de correlação considerado muito forte, ou seja, um ajuste de valores que validam a equação para determinar os valores de Cloretos à jusante da confluência.

Figura 28 – Comparação entre os valores observados e reais para Cloretos

No gráfico apresentado fica evidente a ocorrência das concentrações nos dois cenários de vazão apresentados. Os dois valores acentuados correspondem ao período de vazão próximo aos 800l/s, observados nas campanhas de Agosto e Setembro. Já os dois pontos no início do gráfico, representam as concentrações no períodos de estiagem, com vazões inferiores 470 l/s, observadas nos meses de Novembro e Dezembro.

R² = 0,997

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

0 20 40 60 80 100

Valores reais (mg/l)

Valores estimados (mg/l)

Normalizando os valores de Cloretos obtidos nas quatro campanhas pela área das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram de 0,27mg/l por km² e 0,25 mg/l por km².

6.4.4 Sílica

Os dados de Sílica estimados pelo balanço de massa apresentaram um coeficiente de determinação de r² 0, 917 quando comparados com os dados reais do rio Cachoeira. Ou seja, o modelo conseguiu estimar aproximadamente 92% dos valores coletados a jusante da confluência (Figura 29), considerado um valor de modelagem satisfatório.

Figura 29 – Comparação entre os valores observados e reais para Sílica

O comportamento dos valores de Sílica no gráfico acompanha sensivelmente as alterações da vazão no rio Cachoeira. Diferente dos agrupamentos dos pontos observados nos valores de Cloretos, por exemplo, os números apresentaram um comportamento progressivo, o que influenciou diretamente no valor de 0, 917 do coeficiente de determinação.

Normalizando os valores de Sílica obtidos nas quatro campanhas pela área das bacias dos rios Colônia e Salgado, que formam a confluência, os valores foram de 0,01 mg/l por km² e 0,009 mg/l por km², respectivamente. Os valores de Sílica, que tem sua origem estritamente de dissolução das rochas, indicaram uma leve similaridade de contribuição geoambiental.

R² = 0,917

1,5 1,7 1,9 2,1 2,3 2,5 2,7 2,9

2 2,25 2,5 2,75

Valores reais (mg/l)

Valores estimados (mg/l)

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