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Tratando das sanções às violações de direitos autorais, Rizzardo (2013, p. 730), informa que ‘’sempre que o direito de autor é desrespeitado, surge uma violação, que possibilitará a competente ação indenizatória, ou o processo criminal competente’’. A primeira violação tratada, será o plágio. Dessa maneira, Afonso (2009, p. 121), o caracteriza como sendo o ato de

‘’apresentar como própria a obra intelectual produzida por outra pessoa. O plágio pode ser total ou parcial, e a forma em que se apresenta coincide com a obra plagiada, sem qualquer referência à fonte de onde se reproduziu’’. Ainda, Costa Netto (2019, p. 678) aponta cinco aspectos objetivos básicos, para se apurar o plágio de uma obra intelectual, são eles:

(a) o grau de originalidade da obra supostamente plagiada; (b) a anterioridade de sua criação (e publicação) em relação à obra supostamente plagiária; (c) o conhecimento efetivo, ou, ao menos, o grau de possibilidade de o autor supostamente plagiário ter tido conhecimento da obra usurpada, anteriormente à criação da sua obra; (d) as vantagens – econômicas ou de prestígio intelectual ou artístico – que o plagiário estaria obtendo com a usurpação; e (e) o grau de identidade ou semelhança (em relação aos elementos criativos originais) entre as duas obras.

Além do plágio, tem-se a contrafação, que pode ser caracterizada como a reprodução da obra intelectual, sem a devida autorização, independente do meio utilizado (AFONSO, 2009, p. 122). Rizzardo (2013, p. 731) versa sobre as duas formas de uso indevido da obra intelectual, que resultam na reprodução ilícita – as diferenciando:

No entanto, nas duas formas estampa-se a utilização indevida de obra alheia, mais precisamente a reprodução ilícita: no plágio, pelo aproveitamento de ideias e texto, sem referir a origem ou a autoria; na contrafação, desprezando-se a autorização ou licença para publicar. [...] parece que em ambas as espécies há a usurpação de direitos e proveito moral ou econômico ilícito, embora mais presente a falsidade no plágio.

A Lei de Direitos Autorais (arts. 102 ao 110) trata das sanções de direitos autorais (BRASIL, 1998). Desse modo, prevê que ‘’o titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada, poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível’’

(BRASIL, 1998). Essa regra legislativa, se refere tanto ao plágio, quanto à contrafação (RIZZARDO, 2013). Outrossim, segundo Afonso (2009, p. 122), prevê o ‘’caso da reprodução da obra intelectual, sem a devida autorização do autor perderá para este - quem imprimiu - os exemplares que se apreenderem e, ainda, ficará obrigado a pagar o restante da edição ao preço que foi vendido ou avaliado’’. Também, preconiza que ‘’não se conhecendo o número de exemplares que constituem a edição fraudulenta, pagará o transgressor o valor de três mil exemplares, além dos apreendidos’’; e quem vender, expuser a venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no

exterior (BRASIL, 1998). Ademais, prevê a suspensão ou interrupção pela autoridade judicial competente, da transmissão e retransmissão – por qualquer meio ou processo – e a comunicação ao público de obras artísticas, literárias e científicas, de interpretações e de fonogramas, realizadas mediante violação aos direitos de seus titulares; como também poderá resultar, em multa diária – podendo ser aumentado até o dobro – pelo descumprimento e das demais indenizações cabíveis, independentemente das sanções penais aplicáveis – caso se comprove que o autor da infração é reincidente na violação aos direitos dos titulares de direitos de autor e conexos. (BRASIL, 1998). Por fim, referida legislação estabelece que a sentença condenatória, poderá determinar a destruição de todos os exemplares ilícitos, bem como as matrizes, moldes, negativos e demais elementos utilizados para praticar o ilícito civil, assim como a perda de máquinas, equipamentos e insumos destinados a tal fim ou, servindo, eles unicamente para o fim ilícito, sua destruição; determinando, outrossim, que independentemente da perda dos equipamentos utilizados, responderá por perdas e danos, nunca inferiores ao valor que resultaria da aplicação (BRASIL, 1998).

Destaca-se que citada legislação também estabelece que o agente – na utilização, por qualquer modalidade, da obra intelectual – que deixar de indicar ou de anunciar, como tal, o nome, pseudônimo ou sinal convencional do autor e do intérprete, responde por danos morais.

Além disso, está obrigado a divulgar a identidade do autor da obra da seguinte forma:

I - tratando-se de empresa de radiodifusão, no mesmo horário em que tiver ocorrido a infração, por três dias consecutivos;

II - tratando-se de publicação gráfica ou fonográfica, mediante inclusão de errata nos exemplares ainda não distribuídos, sem prejuízo de comunicação, com destaque, por três vezes consecutivas em jornal de grande circulação, dos domicílios do autor, do intérprete e do editor ou produtor;

III - tratando-se de outra forma de utilização, por intermédio da imprensa, na forma a que se refere o inciso anterior. (BRASIL, 1998).

Ademais, prevê aos responsáveis, multa de vinte vezes o valor que deveria ser originalmente pago, nos casos em que a execução pública for feita em desacordo com o: (1) artigo 68 – que versa sobre a necessidade da autorização prévia e expressa do titular de direito, (2) artigo 97 – que prevê a ação conjunta de titulares de direitos autorais, com o fim de defenderem os seus direitos, por meio de associações representativas, (3) artigo 98 – que prevê, que as associações são mandatárias dos associados (os titulares de direitos autorais), para a pratica de todos os atos necessárias à defesa judicial ou extrajudicial de seus direitos autorais, bem como para o exercício da cobrança desses direitos. E por último (4) artigo 99, que versa sobre o recolhimento dos valores referentes arrecadação e distribuição dos direitos relativos à execução pública de obras musicais e literomusicais e dos fonogramas, pelo ECAD, através das associações representativas. Outrossim, mencionada lei traz a regra de que a falta de prestação

ou a prestação de informações falsas no cumprimento do disposto no § 6º do art. 68 e no § 9º do art. 98 sujeitará os responsáveis, por determinação da autoridade competente e nos termos do regulamento desta Lei, a multa de 10 (dez) a 30% (trinta por cento) do valor que deveria ser originariamente pago, sem prejuízo das perdas e danos; ainda, determina a aplicação das regras da legislação civil, quanto ao inadimplemento das obrigações no caso de descumprimento pelos usuários, dos seus deveres legais e contratuais junto as associações (BRASIL, 1998). Por fim, prevê a responsabilidade solidaria dos diretores, gerentes, empresários e arrendatários com os organizadores dos espetáculos, em decorrência da violação de direitos autorais nos espetáculos e audições públicas (BRASIL, 1998).

Feitas essas considerações, passa-se ao capítulo 4.

4 POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROVEDOR DE INTERNET DE INTERNET POR DANOS DECORRENTES DE VIOLAÇÃO DE