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DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS

3. METODOLOGIA

3.3 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS

Uma variável diz respeito à característica ou atributo que possa ser mensurada, variando de indivíduo para indivíduo ou organização para organização (CRESWELL, 2010). Cooper e Schindler (2016), afirmam ainda que variável pode ser interpretada como a propriedade em estudo que simboliza um ato, característica, traço ou atributos.

Com base na literatura explanada no capítulo anterior, pode-se então, escolher as variáveis a serem utilizadas nesta pesquisa.

3.3.1 Variáveis Dependentes

Como variável dependente, foi definida a participação do investidor estrangeiro por meio de seu total em ações ordinárias de cada empresa (CUNHA, 2012). Existem diversos trabalhos que analisam a identidade do acionista, buscando compreender a estrutura de propriedade (LA PORTA et. al., 1999; THOMSEN; PERDERSEN, 2000;

CARVALHAL-DA-SILVA, 2004; OKIMURA; SILVEIRA; ROCHA, 2007; SILVEIRA;

BARROS; FAMÁ, 2008), porém o foco, geralmente é relacionar como desempenho da firma, ou seja, a estrutura é tratada como variável independente, que poderá

impactar ou não no desempenho. Neste trabalho, porém, a intenção é preencher esta lacuna nas pesquisas, trabalhando com a estrutura como uma variável dependente.

Buscando verificar se há um efeito nos mecanismos na variável dependente.

A coleta dos dados referentes à participação do investidor estrangeiro, deu-se de abril de 2017 por meio de planilha obtida junto a CVM. Optou-se pela utilização desta, pois a quantidade de acionistas disponíveis é bem superior à disponibilizada pela B3 e pelo Software Economática. Estes últimos geralmente analisam apenas os acionistas maiores, já a planilha CVM trouxe todos os que estavam cadastrados pelas empresas. A planilha disponibilizava o nome de cada um dos acionistas de cada uma das empresas de capital aberto brasileiras até a presente data.

Após a obtenção dos dados, foi realizada a classificação das identidades dos acionistas, a fim de analisar separadamente o investidor estrangeiro. Vale ressaltar que a mensuração deste dar-se-á pela soma do percentual de todos os acionistas que se enquadravam nesta classificação – por empresa, por ano. (CARVALHAL-DA- SILVA, 2004; SILVEIRA; BARROS; FAMÁ, 2008).

3.3.2 Variáveis Independentes

Conforme abordado no tópico variável dependente, das possíveis identidades encontradas, com exceção da participação do estrangeiro, todas as demais identidades foram classificadas como independentes, desde que o acionista detivesse ações ordinárias. A classificação seguiu então com as possíveis identidades: Família, Propriedade Privada Nacional, Investidor Institucional, Investidor Estrangeiro, Governo A, Governo B, Governo C, conforme apresentado no quadro 4. É importante ressaltar que foram analisados acionistas que não se enquadravam nestas classificações, de forma que, para não haver exclusão desnecessária de dados incluiu-se mais duas classificações: Tesouraria e Outros, classificações estas que mantiveram a nomenclatura do acionista conforme base CVM. A primeira trata das ações adquiridas pela própria empresa e mantidas em tesouraria. Já a segunda não pode ser trabalhada de forma detalhada, pois, apesar de inúmeras tentativas de contato com a CVM, obteve-se a informação de que não há um detalhamento das

porcentagens com esta nomenclatura, totalizando 16 possibilidades. O quadro 9 apresenta de forma detalhada esta classificação.

Quadro 9 – Descrição e operacionalização das variáveis independentes

Classificação Descrição do Acionista Modelo Mensuração Autores

Família

Quando família ou único investidor detém o controle, ou quando holding ou fundações, representando dos fundadores ou herdeiros – ordinários e preferenciais.

ON1 Soma do percentual de todos os acionistas

que se enquadravam nesta classificação – por empresa, por ano.

La Porta et. al. (1999) Thomsen e Perdersen (2000) Carvalhal-da-Silva (2004) Okimura, Silveira e Rocha (2007) Silveira, Barros e Famá (2008) PN1

Propriedade Privada Nacional

Grupo de investidores de origem nacional que a empresa, não sendo os fundadores – ordinários e preferenciais.

ON2

Soma do percentual de todos os acionistas

que se enquadravam nesta classificação – por empresa, por ano.

La Porta et. al. (1999)**

Thomsen e Perdersen (2000) Okimura, Silveira e Rocha (2007)**

Silveira, Barros e Famá (2008) PN2

Investidor Institucional

Bancos, companhias de seguro, fundos de pensão e fundos de investimento – sem a participação do governo – ordinários e preferenciais.

ON3

Soma do percentual de todos os acionistas

que se enquadravam nesta classificação – por empresa, por ano.

La Porta et. al. (1999)**

Thomsen e Perdersen (2000) Carvalhal-da-Silva (2004) Okimura, Silveira e Rocha (2007) Silveira, Barros e Famá (2008) PN3

Governo A

Controladas pelo Estado – União, Estados e Municípios – ordinários e preferenciais.

ON5 Soma do percentual de todos os acionistas

que se enquadravam nesta classificação – por empresa, por ano.

La Porta et. al. (1999)*

Thomsen e Perdersen (2000)*

Carvalhal-da-Silva (2004)*

Okimura, Silveira e Rocha (2007)*

Silveira, Barros e Famá (2008) Brey et. al.. (2014); Arreola (2014) PN5

Governo B

Bancos de Desenvolvimento – ordinários e preferenciais.

Exemplos: BRDE, BNDES, dentre outros.

ON6 Soma do percentual de todos os acionistas

que se enquadravam nesta classificação – por empresa, por ano.

Brey et. al.. (2014) Arreola (2014) PN6

Governo C

Fundos de pensão de empresas estatais – ordinários e preferenciais.

Exemplos: Previ, FUNCEF, Petros, Postalis, Fapes, Prece, Real Grandeza, dentre outros.

ON7 Soma do percentual de todos os acionistas

que se enquadravam nesta classificação – por empresa, por ano.

Brey et. al.. (2014) Arreola (2014) PN7

Tesouraria

Ações em poder da Tesouraria – ordinários e preferenciais.

ON8 Soma do percentual de todos os acionistas

que se enquadravam nesta classificação – por empresa, por ano.

- - PN8

Outros

Acionistas não identificados junto à CVM – ordinários e preferenciais.

ON9 Soma do percentual de todos os acionistas

que se enquadravam nesta classificação – por empresa, por ano.

- - PN9

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Após a análise da estrutura de propriedade, foi realizada a análise dos conselhos de administração. A respeito deste, buscou-se coletar as seguintes características e informações: dualidade (CEO é igual ou diferente do Chairman);

externalidade do Chairman, independência do Chairman, quantidade de conselheiros;

porcentagem de independentes; porcentagem de internos; porcentagem de externos.

As escolhas destas variáveis justificam-se pelos trabalhos de Silveira, Barros e Famá

(2003) e Andrade et. al. (2009). Totalizando assim, 07 variáveis, que somadas às 17 anteriores, totalizam 24 variáveis independentes coletadas.

Existem vários trabalhos que consideram uma gama maior de características sobre o conselho de administração (KLAPPER; LOVE, 2004; SILVEIRA, BARROS E FAMÁ, 2008; CUNHA, 2012; CATAPLAN, COLAUTO E BARROS, 2012; PAIVA et. al.

2015, SILVA et. al. 2017), porém ao verificar as características que apresentam maior aceitação e utilização, pode-se fazer a seguinte síntese: dualidade, tamanho e independência. Isto respalda a escolha das variáveis deste trabalho, bem como a teoria apresentada no capítulo 2.

As informações referentes ao conselho de administração foram obtidas junto ao site da CVM e da B3. As composições e participações referentes ao intervalo 2007- 2009 foram obtidas na seção IAN e a respeito do intervalo 2010-2016 junto ao formulário de referência. Foram usadas dummys para classificar a dualidade, externalidade do Chairman e independência do Chairman. Ressaltando que, a base foi o código utilizado pela CVM: 30 (para CEO igual a Chairman), 20 (para CEO externo), 24 (para CEO externo e independente).

Na variável “a quantidade de conselheiros” trabalhou-se com o valor total e no que tange as porcentagens foi feito o cálculo simples do valor encontrado divido pelo total de conselheiros multiplicado por cem. Optou-se por trabalhar com a porcentagem, visto que não faria sentido realizar a comparação das empresas pelo valor total, pois as bases de análise seriam diferentes. O quadro 10 sintetiza a descrição destas variáveis e sua operacionalização.

Quadro 10 - Descrição e operacionalização das variáveis independentes - Conselho de Administração

Descrição Modelo Mensuração Autores

Dualidade Ceodif Dummy (D=1 se o CEO for diferente do Chairman; D=0 se for igual)

Silveira; Barros; Famá, (2003; 2004; 2008);

Andrade; Rossetti (2009);

Cunha (2012).

Externalidade

do Chairman chairext20 Dummy (D=1 se o Chairman for externo;

D=0 se não for) Independência

do Chairman chairind24 Dummy (D=1 se o Chairman for independente; D=0 se não for) Componentes

do Board (total) qtidade Soma do número de membros do Conselho de Administração.

Componentes

Independentes Independente Soma dos membros independentes do Conselho de Administração.

Componentes

Internos Interno Soma dos membros internos do Conselho de Administração.

Componentes

Externos Externo Soma dos membros externos do Conselho de Administração.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

3.3.3 VARIÁVEIS CONTROLE

A respeito das variáveis de controle, buscou-se coletar as que demonstrassem o ambiente macroeconômico: CDI, SELIC, dólar, EURO, IPCA e Ibovespa; e também, variáveis que indicassem características específicas da empresa: emissão de ADR, setor economática, patrimônio líquido, valor de mercado da empresa, ROA, receita, ebitda, ROE, e Q-Tobin. E que explicassem o comportamento da variável dependente, participação dos estrangeiros.

Foram coletadas as variáveis de controle listadas no quadro 9, porém, no momento de verificar o quão significativas elas eram, muitas apresentaram multicolinariedade e foram excluídas do modelo. Optou-se por apresentá-las aqui para deixar claro que foram levadas em consideração e testadas, porém ao longo da análise elas serão excluídas (ADR, CDI, IPCA, Euro e Setor). O quadro 9, busca sintetizar e demonstrar a operacionalização das variáveis de controle.

Quadro 11 - Descrição Operacional das Variáveis

Descrição Modelo Mensuração Autores

CDI CDI

Porcentagem da oscilação – últimos 12 meses de cada ano.

Gonçalves Júnior (2011)

SELIC SELIC Gonçalves Júnior (2011)

Dólar dolar Gonçalves Júnior (2011)

Euro Euro Gonçalves Júnior (2011)

IPCA IPCA Gonçalves Júnior (2011), Téllez

Vale e Martin Garcia (2014).

Ibovespa ibovespa Gonçalves Júnior (2011)

Emissão de

ADR ADR Dummy (D=1 se a empresa tiver ADR;

D=0 se não)

Silveira, Barros e Famá (2008);

Cunha (2012).

Setor

Economática SetorNum Classificação da empresa segundo o setor economática (21 possibilidades)

Silveira, Barros e Famá (2004);

Lana (2013).

Patrimônio

Líquido PL Valor em reais apresentado por empresa,

por ano analisado. Campos (2006).

Valor de Mercado da Empresa

ValordeMe r~o

Valor de mercado da empresa obtido pela multiplicação da cotação do último dia útil de cada ano pela quantidade de ações.

Nos casos em que haviam ordinárias e preferenciais, após a multiplicação individual, foi realizada a soma.

Silveira, Barros e Famá (2008).

ROA ROA Retorno sobre os ativos. Crisóstomo; Pinheiro (2016).

Receita

Líquida Receita Valor em reais apresentado por empresa, por ano analisado.

Campos (2006), Okimura, Silveira e Rocha (2007).

Ebitda Ebitda Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização.

Silveira, Barros e Famá (2008);

Cunha (2012).

ROE ROELLPL Retorno sobre o patrimônio líquido. Campos (2006), Silveira, Barros e Famá (2008); Cunha (2012).

Q-Tobin QTobinVM

AT Valor da empresa. Okimura, Silveira e Rocha (2007).

Fonte: elaborado pela autora (2017).

* Não faz detalhamento da esfera governamental.

** Nomenclatura diferente, porém mesma descrição.

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