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Influência da Umidade relativa do ar

2.3 Necessidades ambientais das culturas

2.3.2 Influência da Umidade relativa do ar

A umidade relativa do ar no interior de uma estufa agrícola é afetada diretamente pela temperatura, numa relação inversamente proporcional. Ela varia ao longo do dia de acordo com a presença de radiação em amplitudes que podem oscilar entre 30 a 100%. Ela está vinculada ao equilíbrio hídrico das plantas, onde um déficit pode alterar a evapotranspiração, alterando assim a capacidade do sistema radicular de absorver o soluto nutricional. Dessa forma, o manejo da umidade do ar, também dependerá da cultura visando-se atender sua fisiologia de crescimento e desenvolvimento.

Cermeño (1990), destaca que cada cultura exige uma umidade do ar específica ideal para seu desenvolvimento, quando este valor de umidade aumenta ou decresce em valores relevantes, os vegetais sofrem sérios desequilíbrios fisiológicos, que afetam seu crescimento e produtividade.

Um efeito do excesso de umidade do ar no interior dos ambientes protegidos é a condensação na face interna do filme plástico de cobertura e consequente redução na transmitância da radiação solar. Para algumas culturas mais sensíveis, a queda dessas gotas promove o aparecimento de manchas nas plantas. Para melhor compreensão dos efeitos da umidade nas plantas e no ambiente protegido é necessário que alguns conceitos de climatologia sejam explicitados como:

umidade absoluta, umidade relativa, ponto de saturação e ponto de orvalho.

Sabe-se que a definição de umidade é a concentração de vapor de água na atmosfera num determinado momento, essa concentração se altera constantemente de acordo com a temperatura do ar. A umidade absoluta é a quantidade de vapor de água que existe em um volume de ar específico, e dentro da estufa varia muito pouco ao longo de um dia quando a atmosfera está estável.

A unidade de medida para essa umidade é gramas por centímetro cúbico (g/cm³), e essa quantidade máxima de umidade que o ar pode suportar, depende de sua temperatura, numa relação diretamente proporcional, ou seja, quanto maior for a temperatura, maior será a capacidade do ar conter água em um mesmo volume.

Isso ocorre até a umidade atingir um valor máximo, que é chamado de ponto de saturação (CERMEÑO, 1990).

O ponto de saturação varia de acordo com a temperatura ambiente como é mostrado na tabela 02:

Tabela 02 - Ponto de saturação em gramas de água por m³ de ar, relacionado com a temperatura ambiente.

Temperaturas -10°C -5°C 10°C 25°C 30°C

Gramas de água por m³

ar saturado

2,4 4,9 9,3 17,2 30

Fonte: - Adaptação de Cermeño 1990. Pg271.

A umidade relativa é a proporção entre a umidade absoluta e a umidade de saturação, ou seja, o quanto de vapor de água existe em um volume em relação ao valor máximo de água que este volume poderia conter a esta temperatura. Assim estabeleceu-se que a umidade de saturação seja correspondente a 100%, e a relativa o percentual de vapor absoluto relacionado ao valor de saturação. Assim para uma mesma quantidade de vapor de água num volume igual de ar, o ambiente estará mais ou menos úmido de acordo com a temperatura. De acordo com Cermeño (1990), para um mesmo valor de umidade absoluta, as oscilações de umidade são grandes dentro de um cultivo protegido ao longo de um dia, ficando diretamente relacionado com as oscilações de temperatura atmosférica.

Diversas funções vitais das plantas são afetadas pela umidade relativa, como: transpiração, fecundação, polinização, crescimento, susceptibilidade a doenças entre outros. Tanto o excesso como a baixa umidade possuem efeitos negativos. A alta umidade, diminui a transpiração e retarda o crescimento vegetativo, e também propicia a infecção por patógenos como fungos e bactérias.

Outro efeito desagradável da elevada umidade do ar, ocorre quando a umidade alcança o ponto de saturação, propiciando a condensação no interior do cultivo, fato este que dependendo do tipo de filme plástico em uso, pode afetar a radiação que penetra no ambiente interno da estufa. Atualmente existem no mercado filmes plásticos “anti-gotejo”, que auxiliam as gotas formadas a escorrer pelo lado interno do plástico para as laterais da estrutura, o tipo de cobertura influencia esse processo.

Para a ocorrência da maioria das doenças a umidade do ar é um fator essencial, sendo que, para possibilitar que estas apresentem um ótimo desenvolvimento, a umidade do ar deve estar acima de 80%, principalmente no caso de doenças fúngicas. Portanto, através do manejo correto da umidade também se pode diminuir a incidência de doenças e consequentemente gerar redução no uso de defensivos agrícolas, diminuindo o custo de produção.

(PURQUERIO & TIVELLI, 2009).

Cermeño (1990), afirma que no processo de transpiração a planta perde água em forma de vapor pelos estômatos e pelas cutículas celulares. A transpiração ajuda na ascensão da seiva bruta oriunda das raízes às partes aéreas das plantas, e permite também que o dióxido de carbono absorvido pela planta seja

convertido em energia. Ao aumentar a temperatura e a transpiração a planta necessita de maior quantidade de calorias e de água. Quando a umidade é muito alta a transpiração é dificultada, mas a captação de água continua normalmente, isso faz com que algumas espécies de plantas eliminem água pelos estômatos aquíferos sob a forma líquida.

No período noturno, a umidade não afeta tanto a fisiologia da planta, pois a fotossíntese cai a taxas praticamente nulas, cessando assim a transpiração, em temperaturas normais. Quando as temperaturas noturnas são elevadas a respiração continua ocorrendo, e assim a planta entra em déficit energético, já que gasta calorias que armazenou durante o dia, para manter a estabilidade térmica durante a noite, através da transpiração.

Um dos tratos culturais que influencia diretamente a umidade relativa do ar no cultivo protegido é a irrigação, sendo que esta deve ser realizada corretamente, através de monitoramento por tensiometria ou por sensores específicos. No manejo da umidade do ar, a ventilação do ambiente pode auxiliar tanto para aumentar como para diminuir a mesma. Outras medidas de manejo podem ser adotadas para se elevar a umidade, como a pulverização das plantas com água. Nesse caso a água pulverizada ao evaporar das plantas irá elevar a umidade e diminuir a temperatura.

(PURQUERIO & TIVELLI, 2009).

As plantas possuem uma fase de crescimento vegetativo e outra de crescimento reprodutivo. No crescimento vegetativo a planta investe carboidratos na formação da sua estrutura de sustentação e sistema de captação de energia, ou seja ramos, folhas e raízes. Após a formação inicial e construção de seu corpo, a planta inicia uma fase reprodutiva, onde forma estruturas especializadas para perpetuação da espécie. Na fecundação das flores, os grãos de pólen amadurecem nas anteras dos estames e em seguida dispersam-se de alguma forma, seja pelo vento ou carregado por insetos, até encontrar uma outra flor feminina e germinar.

Segundo Cermeño (1990), a umidade do ambiente afeta a fecundação das flores de duas formas principais, a primeira quando a umidade é alta, dificultando o desprendimento do grão de pólen da antera de sua flor de origem, e quando este se desprende leva junto consigo outros grãos de pólen, formando um conglomerado na entrada do estigma e impedindo a chegada até os óvulos. Quando a umidade é

baixa, o ambiente muito seco absorve umidade do pólen e do estigma, impedindo também a fecundação.