• Nenhum resultado encontrado

O papel do professor na formação do aluno

No documento Educação Física (páginas 94-98)

Diante do considerável processo de transformação da escola, todos têm um papel fundamental a desempenhar: são eles: professores, equipe de coordenação e direção, alunos, pais, funcionários, supervisores, autoridades e comunidade local. Para por Demo (1995), o professor, no entanto, é um dos principais agentes de mudança do ensino, por estar sempre em contato direto com os alunos, em local privilegiado, onde se manifestam os problemas. A prática docente varia no tempo e de acordo com cada acontecimento, no decorrer da história. O professor geralmente é visto sob dois pontos extremos: ou é alguém que não pode falhar, que tem a responsabilidade de formar sozinho as crianças/alunos, ou é responsabilizado pelo fracasso da educação. Esta é uma visão totalmente errônea

95 do que deveria ser o arquétipo de professor. O educador tem que ser aberto a novos estudos, interessado e com competência para estar em uma sala de aula.

O cunho social que envolve o ensino é um fator importantíssimo para o desempenho do professor. Defende Imbernón (2000) que quanto mais ele tiver vivenciado fatos alheios ao seu trabalho, mais experiência de vida ele terá, e mais seus alunos sairão ganhando, pois o enriquecimento cultural pessoal do educador estende-se aos seus discípulos, que absorvem estes conhecimentos juntamente à disciplina.

O educador deverá se fazer presente nas mais diversas questões do dia-a- dia da vida do aluno. Esclarecê-lo sobre aspectos sociais, políticos, econômicos e, sobretudo, culturais. Essa interação com o aluno é parte da formação educacional por que ele passa. O professor deve ser essa presença reafirmando valores, apontando o caminho, incentivando descobertas e fazendo com que o aluno adquira o hábito de pensar, raciocinar e tomar decisões sempre movidas pelo bom senso.

Imbernón (2000), defende que o professor tem que acreditar naquilo que faz, é preciso que ele tenha convicta confiança em seus valores e aplique isso em suas aulas. O aluno precisa depreender da lição que o caráter do educador compatibiliza-se com o que está sendo falado e que não é mera falação ou venerável discurso realizado.

Conforme estudos realizados por Nóvoa (1996), pode-se dizer que o professor se caracteriza pelas seguintes atitudes:

a) Capacidade de criar um clima psicológico para a aprendizagem. Em

96

virtude de sua capacidade de ouvir e aceitar, ele envolve os alunos num relacionamento franco e confiante. Infelizmente, freqüentemente, o professor adota a audição seletiva, ouvindo apenas aquilo que ele quer ouvir.

b) Aptidão para identificar, planejar, assegurar e avaliar oportunidades de aprendizagem adequada. Ao afirmarmos que o professor deve estar apto a empregar diferentes processos de diagnósticos, coordenação auxílio e avaliação e que deve ter consciência de suas limitações, queremos dizer que deve ser flexível quanto a seleção e o emprego dos meios, ambientes, atividades e pessoas disponíveis;

c) Aptidão, vontade de experimentar e descobrir abordagens mais convenientes para o ensino e aprendizagem. Se o professor, de fato, pretende proporcionar condições de aprendizagem, não tem outra escolha senão experimentar. O professor que teme propor e tentar novas abordagens torna-se inútil;

d) Capacidade de entender e empregar de forma construtiva seu próprio comportamento. Para adquirir a percepção aprimorada com relação a um aluno, o professor deve saber mais a seu respeito. Esta afirmação encontra apoio na evidência de que podemos adquirir melhor idéia a respeito de um estudante quando as observações acerca de seu comportamento são discutidas com outros observadores e com os próprios estudantes.

Nóvoa (1996), também defende que o educador é o mediador do diálogo do educando com o conhecimento, e não o seu obstáculo. Ao professor cabe promover o ensino por meio de uma ação eminentemente crítica e criativa, questionando, levando a questionar, comparando, sugerindo alternativas, abrindo perspectivas. Assim, permitirá ao aluno aprimorar-se de novas formas de ação de comunicação, e ele possibilitará ainda atribuir significado ao saber que adquire.

Nóvoa (1996) aborda que o professor responsável deve conhecer com profundidade os conteúdos que trabalha e estar aberto às transformações social.

Enfatiza que o professor como ser histórico deve aliar a competência técnica à humana, compromissado com as ações que planeja durante o ato educativo, capaz de pensar e construir um processo pedagógico próprio, alguém com referencial teórico prático, com senso crítico desenvolvido, criativo, consciente de seu papel histórico no processo de transformação da sociedade.

97 É importante e inegável que o professor para compreender sua realidade precisa partir para uma reflexão e diálogo com outros professores, sobre este posto e, daí, partir para:

Ver e compreender a realidade;

Expressar a realidade, expressar-se;

Descobrir, assumir a responsabilidade de ser elemento de mudança na realidade.

É fundamental a todo professor reconhecer a transcendência da dimensão interativa do ensino, interpretando-a como uma relação pedagógica que depende de um diálogo contínuo entre professor e aluno comprometidos ao mesmo tempo com a busca do saber e com a construção de uma sociedade humana solidária.

Discorre Nóvoa (1996) que um ensino com tais características supõe naturalmente o desenvolvimento harmônico de componentes cognitivos, afetivos e sociais, sem privilegiar apenas, um desses aspectos. A qualidade da interação reflete sempre um desequilíbrio dinâmico resultante de históricas pessoas, interesses, expectativas e percepções recíprocas, mas indiscutivelmente o professor é o principal responsável pelo direcionamento da comunicação.

O educador é aquele que interage com os educandos que se constituem, frente a ele e em si mesmo, em diferença do coletivo. Nesta interação, confronto, o educador só pode mediar a aprendizagem dos educandos, se também ele aprende em processo de reciprocidade. E esta aprendizagem só pode ser significativa se resultar em novas buscas em termos de posturas com relação à escola, ao conhecimento, à pedagogia da sala de aula, o modo de ver os alunos e de tratar a cultura que os identifica. Este é o real conteúdo de formação, atestando

98 o que defende Nóvoa (1996).

No cotidiano das práticas escolares, os professores precisam sentir-se envolvidos e assessorados para que possam ter e criar as condições necessárias para o enfrentamento do desafio de propiciar aos seus alunos os melhores meios de aprendizagem. A aprendizagem é processo complexo que exige ação conjunta e integrada e uma permanente atualização do educador.

Nesse sentido é fundamental ter a escola como lugar da formação do educador, mas acima de tudo fazer-se ela, pela própria ação dos educadores e isto significa que não basta a existência desta dimensão formativa, é preciso à consciência produtora da identidade dessa dimensão. A escola deve ser o espaço de formação.

No documento Educação Física (páginas 94-98)