• Nenhum resultado encontrado

PADRE JOSÉ DE ANCHIETA

No documento José Pereira da Silva (páginas 178-183)

Patrono da Cadeira n.° 1 da Academia Brasileira de Filologia, por escolha do fundador da mesma, o filólogo e linguista Padre Augusto Magne S. J. Nascimento e morte: San Cristóbal de La Laguna, na ilha de Tenerife, do arquipélago das Canárias, Espanha, 19 de março de 1534; † Reritiba, atual cidade de Anchieta, ES, 9 de junho de 1597. Filho de Juan Lopes de Anchieta e de Mencia Díaz de Clavijo y Llarena, cidadãos espanhóis, passou os 14 anos iniciais de sua vida em La Laguna, onde adquiriu com a formação escolar básica um amplo domínio da língua materna, e se iniciou no estudo do latim, línguas de que mais tarde se valeria no exercício da sua vocação missionária e da sua vocação literária. Em 1548, foi mandado a Portugal, e em Coimbra logo foi admitido como aluno do Colégio das Artes, anexo à Universidade, criado naquele ano pelo Rei D. João III, onde pelo período de cerca de três anos aprimorou a sua formação moral e intelectual, em contato com mestres notáveis como o humanista Diogo de Teive. Sentindo forte vocação para a vida religiosa, ingressou a 1.° de maio de 1551 na Companhia de Jesus, fundada pelo seu parente Padre Inácio de Loiola, à qual dedicaria todos os anos restantes da sua vida. Nos quase quatro anos passados em Coimbra, completou o noviciado, e teve formação superior nos estudos, que lhe proporcionaram, além de formação filosófica e do conhecimento dos princípios básicos da doutrina católica, o domínio da língua portuguesa, a leitura de obras de autores das literaturas espanhola e portuguesa como Gil Vicente, e um conhecimento mais amplo e mais profundo do latim e de autores da literatura latina. Movido do ideal de se consagrar ao serviço das almas e em especial à catequese dos índios do Novo Mundo, conseguiu do Superior, apesar dos sérios problemas de saúde que o atormentavam, a necessária autorização para integrar o grupo de sete jesuítas dirigidos pelo Padre Luis da Grã que a 8 de maio de 1553 embarcou em Lisboa, na comitiva de Dom Duarte da Costa, que iria ocupar o cargo de segundo Governador Geral do Brasil. Chegado a 13 de julho de 1553 à cidade do Salvador, na Bahia, portanto com 19 anos de idade, lá iniciou o longo período de 44 anos de vida missionária, marcada por feitos extraordinários, pelos quais se tornou conhecido como o Apóstolo do Brasil, admirado até mesmo por agnósticos como os historiadores Capistrano de Abreu e João Ribeiro, e merecedor do título de Beato que em 1980 lhe conferiu em nome da Igreja Católica o Papa João Paulo II.

Realizou nessa derradeira etapa da existência a sua vocação missionária a serviço da qual subordinou, sob a

esclarecida direção do Provincial dos jesuítas, o extraordinário Padre Manuel da Nóbrega, a inteligência

rara, a memória privilegiada, a cultura invulgar, a aptidão para os estudos lingüísticos e a forte vocação

literária desde logo percebidas de toda a comunidade a que servia, como está ressaltado nos ensaios

biográficos a ele referentes. Em pouco, em 1556 (aos 22 anos de idade), tendo-se assenhoreado com o

auxilio de outros missionários dos mistérios das principais línguas indígenas faladas na costa do Brasil,

compôs a primeira versão da gramática da língua mais usada – o tupi (o chamado tupi antigo), logo

multiplicada em cópias para serem distribuídas entre as missões. Essa gramática, que só em 1597 teria uma

publicação impressa em Coimbra com o título Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do

Brasil, e mais os estudos que empreendeu para conhecer os elementos da tradição oral indispensáveis à

compreensão da cultura indígena, asseguram ao Padre José de Anchieta o lugar de pioneiro no campo da

pesquisa etnográfica, lingüística e filológica no Brasil. Foi ainda, na verdade, com o legado de escritos que

produziu ao longo desses anos, de alto valor documental, histórico e literário, e em quatro línguas que

dominava corno mestre (espanhol, português, latim e tupi), o fundador da literatura brasileira: em prosa –

cartas, sermões, ensaios históricos e religiosos; em verso – poemas líricos e épicos, peças de teatro. Pelo

conhecimento da sua biografia se sabe que percorreu uma grande faixa do litoral brasileiro que vai do atual

Estado de Pernambuco até São Paulo, usando muitas vezes como meio de transporte frágeis embarcações, e

que fez muitas incursões terra adentro, caminhando a pé e correndo sérios perigos de vida, corno as que

fazia entre as vilas de São Vicente e de São Paulo, sempre com grande interesse de entrar em contato com

grupos indígenas, a quem procurava oferecer a sua proteção e aos quais se sentia no dever de evangelizar e

medicina do século XVI aos que a ele recorriam (como na Santa Casa do Rio de Janeiro, de que foi fundador).

BIBLIOGRAFIA: Dos escritos do Padre José de Anchieta só um foi publicado em vida do autor: Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil (Coimbra, 1595). Editaram-se postumamente, no século XX, os seus numerosos escritos, cujos originais manuscritos se conservam em Roma. Entre essas edições destacam-se: Poesias, em 1954 (transcrição do manuscrito do século XVI, em português, castelhano, latim e tupi, com traduções e notas de M. de L. de Paula Martins); As Poesias de Anchieta em Português, em 1983 (organizada por Leodegário A. de Azevedo Filho e Sílvio Elia), as dos poemas De Beata Virgine em 1940 e De Gestis Mendi de Saa, em 1958 (com o texto latino acompanhado da tradução do Padre Armando Cardoso); Cartas dos Primeiros Jesuítas do Brasil, em três volumes, 1956-1958 (organizados e anotados pelo Padre Serafim Leite); teatro: Na Vila de Vitória e Na Visitação de Santa Isabel (peças em castelhano e português, transcritas e comentadas por M. de L. de Paula Martins. São Paulo, Museu Paulista, 1950) / Auto de Santa Úrsula e Auto da Crisma (leitura crítica de Joaquim Ribeiro, in Estética da língua Portuguesa, 2ª ed., Rio de Janeiro, J. Ozon, 1964). / O Auto de São Lourenço (peça teatral em tupi, castelhano e português, texto preparado e comentado pelo Padre A. Lemos Barbosa, Rio de Janeiro, Universidade Católica, 1950). / O Auto da Ingratidão (“Na Vila de Vitória”), (edição de Edith Pimentel Pinto, São Paulo, Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas, 1978. Graças aos ingentes esforços do Padre Armando Cardoso, com a colaboração do grande biógrafo de Anchieta o Padre Hélio Abranches Viotti, há uma coleção lançada pela editora Loyola que reúne a obra completa em onze volumes em edições comentadas e anotadas, com os textos originais em tupi, em espanhol e em latim acompanhados das tradições preparadas pelo Padre Armando Cardoso. Compõem a coleção: POEMAS EM PORTUGUÊS, EM TUPI E EM ESPANHOLLírica Portuguesa e Tupi (1984); Lírica Espanhola (1984); POEMAS EM LATIMDe Gestis Mendi de Saa (1970); Poemas Eucarísticos Outros – De Eucaristia et Aliis – Poemata Varia (1975); Poema da Bem-Aventurada Virgem, Mãe de Deus [De Beata Virgine Dei Matre Maria]

(1980) / TEATROTeatro de Anchieta (1977). / PROSA Cartas: Correspondência Ativa e Passiva (1984), Sermões. (1987) e Textos Históricos. (1989), pesquisa, introdução e notas do Padre Hélio Abranches Viotti; Diálogo da Fé (1988) e Doutrina Cristã (1992), com texto tupi e português, introdução e notas de Armando Cardoso. // Arte de Gramática do Língua Mais Usada na Costa do Brasil, reprodução fac-similar da edição de 1595, com apresentação do Professor Carlos Drumond e aditamentos de Armando Cardoso (1990). / REFERÊNCIAS – ESTUDOS BIOGRÁFICOS: Para o conhecimento dos principais dados da vida de Anchieta, há vasta bibliografia, que inclui desde as primeiras biografias escritas pelos padres Quirício Caxa (1598), Pero Rodrigues (1605- 1609) e Simão de Vasconcelos até as mais recentes e de dados mais apurados, como Anchieta, o Apóstolo do Brasil, do Padre Hélio Abranches Viotti (1966) e O Bem- Aventurado, Anchieta, do Padre Armando Cardoso (1980), e mais os inúmeros ensaios sobre os mais diversos aspectos da sua atuação e sobre a obra literária que nos legou. / ESTUDOS ETNOGRÁFICOS, LINGUÍSTICOS E FILOLÓGICOS DE ANCHIETA: Para a avaliação da importância dos estudos etnológicos, filológicos e linguísticos de Anchieta devem ser consultados: A. Lemos Barbosa, Curso de Tupi Antigo: Gramática – Exercícios – Textos. (Rio de Janeiro, Livraria São José, 1956); Frederico G. Edelweiss, Estudos Tupis e Tupi-GuaranisConfrontos e Revisões (Rio de Janeiro, Livraria Brasiliana, 1969); José Rogério Fontenele Bessa, “Os Jesuítas e Suas Atividades Linguísticas no Brasil” (in Revista de Letras, Fortaleza, UFC, vol. 16, n. 1-2, 1994, p. 5-22); Maximiano de Carvalho e Silva, “Padre Jose de Anchieta, o Apóstolo do Brasil – Patrono da Cadeira Número 1 da Academia Brasileira de Filologia” (in Confluência, Rio de Janeiro, Liceu Literário Português, n.º 14, 1977, p. 85-106).

M. C. S. [Maximiano de Carvalho e Silva]

JOSÉ DE SÁ NUNES

JOSÉ GERALDO PAREDES

JOSÉ JÚLIO DA SILVA RAMOS

SILVA RAMOS nasceu no Recife, Pernambuco, a 6 de março de 1853, e faleceu no Rio de Janeiro, a 16 de dezembro de 1930. Diplomou-se em Direito pela Universidade de Coimbra; nessa permanência em Portugal frequentou a roda literária em companhia dos mais brilhantes espíritos lusitanos, em que se destacavam as figuras de Guerra Junqueiro, Guilherme de Azevedo, Cesário Verde, Fernando Leal. Cedo se mostrou voltado à poesia e em Adejos; publicados em Coimbra, em 1871, reuniu, aos dezoito anos, versos esparsos desde os dezesseis. Além de traduções em prosa, como a comédia de Milland Péché véniel, colaborou em revistas e jornais, como em A Semana, com o pseudônimo de Julio Valmor, Renascença, Revista Brasileira, Revista da Academia Brasileira, Revista de Filologia Portuguesa (dirigida por Sílvio de Almeida e Mário Barreto), Revista de Língua Portuguesa (dirigida por Laudelino Freire), entre outros.

Desde cedo, retornando ao Brasil, se dedicou ao magistério particular e ao oficial, conquistado, por concurso, em 1907, a cátedra de Português do Internato do Colégio Pedro II, onde se firmou com fama de grande competência no conhecimento do idioma e exímio orador.

No magistério, despertou nos seus alunos o gosto do estudo da língua e o aperfeiçoamento expressivo do texto escrito, como o comprovam os testemunhos de Sousa da Silveira, Antenor Nascentes, Manuel Bandeira, Aloísio de Castro, Caio de Melo Franco, Castro Meneses, Paulo Araújo e tantos outros. Não sendo autor de muitos textos de natureza gramatical e filológico, Laudelino Freire reuniu-lhe esparsos numa coletânea a que deu o título Pela vida fora, em 1922. Foi um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras e escolheu para patrono da cadeira 37 o poeta português Tomás Antônio Gonzaga. Na Academia e fora dela, foi fervoroso defensor da reforma ortográfica portuguesa de 1911.

Obras: Adejos (poesia), Coimbra, 1871; Pela vida fora, Rio de Janeiro, 1922; Camilo Castelo Branco (anotações por S. Ramos) – Estante Clássica da Revista de Língua Portuguesa, vol. VIII, Rio de Janeiro, 1922; a Reforma Ortográfica e a Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, 1926.

Referência: Pereira de Carvalho, Os Membros da Academia Brasileira de Letras em 1915, Rio de Janeiro, 1916;

Clóvis Monteiro, Nova Antologia Brasileira, 19.ª ed., Rio de Janeiro, 1966.

Veja mais sobre José Júlio da Silva Ramos na Internet.

JOSÉ MARIO BOTELHO -

CADEIRA NÚMERO 15

Patrono: Júlio Ribeiro - Acadêmico fundador: Ismael de Lima Coutinho

2° Ocupante: Matilde Matarazzo Gargiulo;3° Ocupante: Raimundo Barbadinho Neto

Ocupante atual: José Mario Botelho

No documento José Pereira da Silva (páginas 178-183)

Documentos relacionados