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PESQUISAS SOBRE A DISCALCULIA

No documento Um estudo sobre Discalculia (páginas 43-49)

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abordagens que possam favorecer o aprendizado e também recursos didáticos mais sofisticados que deem mais motivação e interesse para esses alunos.

De acordo com Bernardi e Stobäus (2011), a discalculia não é uma doença, e sim um transtorno de aprendizagem causado pela imaturidade das funções neurológicas responsáveis pelo aprendizado da Matemática, que evoluem durante o tempo, assim como os outros transtornos de aprendizagem, dislexia, disgrafia, entre outros, ela pode se manifestar em qualquer pessoa. Geralmente, os alunos discalcúlicos têm desenvolvimento normal nas demais disciplinas, por isso é importante que o professor perceba as dificuldades nas séries iniciais para poder adequar suas aulas de maneira que estimule esse aluno a se interessar pela disciplina e evitar que ele perca a autoestima em aprender.

Bernardi e Stobäus (2011) dizem que, as pesquisas de Shalev (1998; 2004) mostram que aproximadamente 5% a 15% dos alunos das escolas normais apresentam dificuldades no aprendizado da Matemática, caracterizando muita das vezes a discalculia. Isso acontece na mesma proporção entre meninos e meninas.

Um estudo de caso realizado por Bernardi e Stobäus (2011), analisou o rendimento de cinco alunos que apresentaram uma série de dificuldades em relação a conhecimentos básicos em Matemática. Foram aplicados alguns testes, dentre eles o Teste Neuropsicológico Infantil de Manga e Ramos (1991), o “Questionário de Autoestima e Autoimagem” adaptado de Stobäus (1983), entrevistas com pais e professores e intervenções psicopedagógicas.

Esses testes comprovaram que os cinco alunos estudados tinham realmente os níveis de desempenho matemático inferior ao esperado para sua idade e após a realização dos testes com atividades lúdicas, os alunos apresentaram pequenos avanços em relação ao conhecimento específico da Matemática, mas significativos para que eles se sentissem capazes em realizar atividades que antes não compreendiam.

De acordo com Rogoff (1993), o jogo pode ser considerado um fator de desenvolvimento cognitivo para as crianças posto que, enquanto joga, a criança experimenta novas situações, refletindo sobre o seu pensamento (metacognição), livre da pressão que normalmente o acompanharia em situações mais formais da aprendizagem de certas habilidades. (BERNARDI e STOBÄUS, 2011, p.57).

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Bernardi e Stobäus (2011) defendem a necessidade de um sistema educacional com um olhar mais inclusivo, que possa atender os diversos tipos de necessidades e dificuldades apresentadas pelos estudantes. Uma escola que ofereça um ambiente alternativo de aprendizagem aos alunos que estão no processo inicial do aprender, com a inserção de atividades lúdicas que ajudem na compreensão dos conteúdos matemáticos de forma mais interativa. Uma vez inseridas essas mudanças, a escola sai da normalidade imposta pelos padrões da sociedade vigente e passa a ser vista como um espaço preparado para atender às necessidades educativas específicas de cada estudante, e como consequência não haverá mais evasão, repetência, exclusão social entre outros fatores que afastam os alunos da escola.

Todos os alunos sejam suas dificuldades e incapacidades reais ou circunstanciais, físicas, intelectuais ou sociais, têm a mesma necessidade de serem aceitos, compreendidos e respeitados em seus diferentes estilos e maneiras de aprender, quanto ao tempo, interesse e possibilidades de ampliar e de aprofundar conhecimentos, em qualquer nível escolar.

(MANTOAN, 2004, p. 33 apud BERNARDI e STOBÄUS, 2011, p.57).

4.2. PESQUISA REALIZADA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA I

O pesquisador Jaime Jacinto em 2013 realizou a pesquisa “Discalculia: uma limitação na aprendizagem” que apresenta de que forma a discalculia interfere no processo de aprendizagem da criança na fase escolar, com isso, estabelece orientações aos professores e sugere ideias para facilitar o processo de ensino da Matemática tanto na escola quanto no cotidiano do aluno. Ele cita alguns pesquisadores que têm opiniões diferentes a respeito da definição e do diagnóstico da Discalculia:

Garcia (1998) diz que a discalculia é uma dificuldade de aprendizagem evolutiva, que não causa lesão, não é causada por nenhuma deficiência mental, déficits auditivos e nem pela má escolarização. As crianças que apresentam esse tipo de dificuldade não conseguem entender o que se pede em problemas propostos pelo professor.

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Bombonatto (2006) diz que a Discalculia apresenta-se como uma imaturidade das funções neurológicas ou uma disfunção sem lesão.

Ciasca (2003) diz que as dificuldades de aprendizagem são mais frequentes em meninos do que em meninas, na proporção 6 por 1, porque os meninos têm menos microgiros cerebrais do que as meninas detectados em provas neuropsicológicas relacionadas à coordenação motora, à ordem verbal e às características de aquisição da linguagem.

Novaes (2007) diz que a real etiologia dos transtornos de aprendizagem ainda não foi esclarecida pelos cientistas, embora existam algumas hipóteses sobre suas causas. Há uma suposição de precedência de fatores biológicos, os quais interagem com fatores não-biológicos.

Fragoso Neto (2007) diz que para ser considerado um transtorno, a dificuldade de aprendizagem deve estar presente desde o início da vida escolar, não sendo adquirida ao longo da escolarização e, em consequência de falta de oportunidades de aprender, interrupções na escolarização, traumatismo ou doença cerebral.

Acerca dessas opiniões Jacinto (2013) conclui que os indícios de Discalculia já podem ser notados desde a pré-escola, mas o diagnóstico só é preciso quando o aluno está na fase de alfabetização entre 6 e 7 anos, quando o aluno começa a aprender os símbolos específicos e as operações básicas da Matemática. O diagnóstico tem que ser rápido e preciso para que as intervenções necessárias sejam iniciadas o quanto antes para que o transtorno não progrida e para que isso aconteça perfeitamente, o diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar com Neurologista, Psicopedagogo, Fonoaudiólogo, Psicólogo, professor e deve contar essencialmente com a ajuda dos pais no dia a dia do aluno para observar o andamento do tratamento e também auxiliar com tarefas dentro de casa que envolva algum tipo de raciocínio matemático. Apesar do professor não poder diagnosticar o transtorno, ele é quem observa as dificuldades da aprendizagem diariamente com o aluno, o que auxilia o trabalho dos demais profissionais. Porém, Jacinto (2013) alerta que antes do aluno ser diagnosticado como discalcúlico devem ser eliminadas outras causas de dificuldade como: ensino inadequado ou incorreto, problemas de audição ou visão, danos ou doenças neurológicas e psiquiátricas.

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4.3. PESQUISA REALIZADA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA II

O pesquisador Willian Cardoso Silva em 2006 realizou a pesquisa como projeto de iniciação científica: “Discalculia: Uma abordagem à Luz da Educação Matemática” e define a Discalculia como um distúrbio neuropsicológico caracterizado pela dificuldade no processo de aprendizagem do cálculo e que é observado, geralmente, em indivíduos com Inteligência normal, que apresentam inabilidades para a realização das operações matemáticas e falhas no raciocínio lógico-matemático.

Segundo ele, não existe uma causa única e simples que justifique as dificuldades em Matemática, são diversos fatores como o domínio da leitura e/ou da escrita, a compreensão global proposta em um texto e também o processamento da linguagem.

Silva (2006) diz que alguns fatores responsáveis pelo indício de discalculia podem estar ligados à memória, atenção, atividade perceptivo-motora, organização espacial, habilidades verbais, falta de consciência e falhas estratégicas. Isso mostra que o professor precisa dar uma atenção maior aos alunos que apresentarem algum tipo de déficit de aprendizagem para poder observar se suas dificuldades caracterizam mesmo um déficit ou um transtorno.

Silva (2006) defende a importância da utilização de jogos e brincadeiras com conceitos matemáticos como forma de intervenção para alunos discalcúlicos, pois os jogos são recursos didáticos, pedagógicos e psicopedagógicos que desenvolvem tanto a parte mental quanto a parte oral do aluno. Além de despertar o interesse pela brincadeira, o aluno desenvolve mais atenção e pensamento estratégico para solucionar os problemas que o jogo apresenta.

4.4. PESQUISA REALIZADA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA III

As pesquisadoras Cláudia Rosana Kranz e Lulu Healy em 2013 escreveram o artigo:

“Pesquisas sobre discalculia no Brasil: Uma reflexão a partir da perspectiva histórico- cultural” que aborda a frequência com que os estudos sobre discalculia são realizados no Brasil e de que forma elas abordam essa temática. Para isso,

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realizaram um levantamento bibliográfico em bancos de dissertações, teses, artigos e periódicos nos anos de 2011 e 2013 com o objetivo de responder algumas questões como: “De que maneira as dificuldades específicas de aprendizagem matemática, mais especificamente acerca da discalculia, têm sido concebidas nas pesquisas acadêmicas no Brasil? Quais áreas do conhecimento têm desenvolvido estudos acerca dessas dificuldades? Que caminhos esses estudos indicam?”.

Kranz e Healy (2013) desenvolveram essa pesquisa a fim de analisar a imagem de como a discalculia é vista pela comunidade científica no Brasil. Com esse levantamento elas verificaram que a produção de pesquisas sobre este tema é muito escassa, e está predominantemente voltada para as áreas biológicas e médicas com ênfase nos aspectos neurológicos que podem desencadear as dificuldades em Matemática, deixando de analisar as questões sociais, histórico-culturais e pedagógicas de cada indivíduo que pode levar a um diagnóstico tardio.

Tendo em vista que os trabalhos encontrados são geralmente voltados para as áreas da Saúde, poucos na área da Educação e nenhum na área de Educação Matemática, elas propõem que isso pode ser um indicador da necessidade de pesquisas sobre essa temática em sua área de principal frequência, que é a de Educação Matemática, até porque são os educadores que estarão diante do processo de ensino do aluno discalcúlico.

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No documento Um estudo sobre Discalculia (páginas 43-49)

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