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PIBID como uma política ao encontro das demandas para a formação docente

No documento PROPOSTA E EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS (páginas 40-44)

2.3 O PIBID e o desafio da práxis na formação docente

2.3.2 PIBID como uma política ao encontro das demandas para a formação docente

na sequência do trabalho, será realizada uma análise da proposta do PIBID enquanto política pública, explorando seus objetivos e metas, bem como realizando a análise de alguns relatos de participantes do programa.

Apenas no primeiro semestre de 2009 os primeiros projetos começaram suas atividades, havendo desde então uma grande ampliação do programa em nível nacional, sendo que, segundo o Relatório de gestão 2009 – 2013 publicado em 2013, no intervalo dos anos que compreendem o relatório, mais sete editais foram lançados, sendo ampliadas as instituições de Ensino Superior estaduais, municipais e as sem fins lucrativos. O relatório ressalta que de um total de 3.088 bolsistas em dezembro de 2009, o programa cresceu para a concessão de 49.321 bolsas, em 2012. Nos editais de 2013, foram aprovadas a ampliação de projetos existentes, a inclusão de novos subprojetos/áreas e a participação de bolsistas do ProUni, alcançando-se assim no ano de 2014 o número de 90.254 concessões, distribuídas em 2.997 subprojetos, abrangendo perto de cinco mil escolas de educação básica, com a participação de 284 instituições.

Neves (2014) na qualidade de diretora de Formação de Professores da Educação Básica, na CAPES, pontuou em entrevista concedida à revista Presença Pedagógica, que o PIBID possui como principal objetivo incentivar a formação de docentes em nível superior para lecionar na educação básica. Com isso, busca-se elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura e promover a integração entre a universidade e a escola básica.

A diretora de formação salienta que a proposta do PIBID inclui a mobilização de professores da educação básica para que atuem como coformadores dos futuros docentes, permitindo a inserção dos graduandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, oportunizando a criação e participação de experiências metodológicas e tecnológicas e de práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar.

Conforme informações divulgadas pela CAPES (2015), o PIBID oferece as seguintes modalidades: bolsa de iniciação à docência (BID) para estudantes de licenciatura das áreas abrangidas pelo programa (R$ 400,00); supervisão para professores de escolas públicas de educação básica (R$765,00); supervisão – coordenador de área para professores da licenciatura que coordenam subprojetos (R$1.400,00); coordenador de gestão de processos educacionais para o professor da licenciatura que auxilia na gestão do projeto na Instituição de Ensino Superior (IES) (R$1.400,00); coordenador institucional para o professor da licenciatura que coordena o projeto PIBID na IES (R$1.500,00).

Botelho (2012), coordenador do PIBID de Letras na Universidade Federal do Piauí – UFPI atribui méritos ao programa, ressaltando que é louvável a iniciativa de remunerar todos os envolvidos no projeto, afirmando que sem a contrapartida da remuneração certamente o

programa teria fracassado, como tantas outras iniciativas no passado. Para o autor não há possibilidades de mudanças sem investimento.

Os editais subsequentes à primeira chamada esclareciam que o PIBID era uma resposta à legislação, afirmando que;

A Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no cumprimento das atribuições conferidas pelo Decreto nº 7.692, de 02 de março de 2012, torna público que receberá de Instituições de Ensino Superior (IES) propostas de projetos a serem apoiados no âmbito do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), atendendo às atribuições legais de induzir e fomentar a formação inicial de profissionais do magistério (Lei nº 11.502, de 11 de julho de 2007), às diretrizes do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação (Decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007), aos princípios estabelecidos na Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica (Decreto 6.755, de 29 de janeiro de 2009 e Lei n° 11.947, de 16 de junho de 2009, no seu art. 31), ao Decreto 7.219, de 24 de junho de 2010, e em conformidade com a Portaria Capes nº 96, de 18 de julho de 2013, e demais normas aplicáveis. ( Edital Nº 061/2013, 2013, p.1)

Assim, atuando como iniciativa para fomentar a formação inicial, a proposta do PIBID traz claramente em suas concepções formadoras a busca pela aproximação da teoria com a prática, distinguindo-se do Estágio,

por ser uma proposta extracurricular, com carga horária maior que a estabelecida pelo Conselho Nacional de Educação - CNE para o Estágio e por acolher bolsistas desde o primeiro semestre letivo, se assim definirem as IES em seu projeto. A inserção no cotidiano das escolas deve ser orgânica e não de caráter de observação, como muitas vezes acontece no estágio. A vivência de múltiplos aspectos pedagógicos das escolas é essencial ao bolsista. (RELATÓRIO DE GESTÃO 2009-2013, 2014, p. 28)

Lima et al (2012), na qualidade de coordenadores de área do Programa expõem a experiência de alunos Pibidianos do curso de Biologia da UFPI, que após a inserção no PIBID desenvolveram visivelmente maior iniciativa, principalmente nas atividades que envolvem as competências de exposições de ideias e preparação de materiais didáticos.

Segundo o autor, por meio da participação no programa, os alunos puderam realizar atividades como a produção de aulas contextualizadas com temas cotidianos locais, preparação de matérias e experimentos para relacionar teoria e prática nas aulas, análise do livro didático etc.

Para Lima et al (2012), não há dúvidas de que o programa possibilitou um amadurecimento dos discentes nas suas atividades, principalmente naquelas relacionadas ao ofício do magistério.

Diversos trabalhos que abordam as atividades práticas realizadas por Pibidianos no espaço escolar podem ser encontrados em forma de artigos, resumos e relatos de experiência em eventos direcionados à licenciatura e também ao PIBID exclusivamente1. A existência de tais relatos, feitos pelos próprios alunos, na maioria dos casos, pressupõe que estes estão vivenciando sua futura profissão, além de colaborar para o desenvolvimento da pesquisa ao divulgar suas experiências em eventos científicos.

Farias e Rocha (2012) buscaram averiguar quais os motivos levaram alunos de licenciatura a participarem do PIBID. Segundo os dados apresentados na pesquisa todos os apontamentos dos alunos licenciandos convergem para os anseios dos graduandos em ter experiências com a prática docente, considerada por eles como uma carência nos cursos de licenciatura. Os alunos afirmaram ter alcançado, por meio da sua participação no PIBID, diversas contribuições positivas, como por exemplo: conhecer a realidade da sala de aula enquanto professor, já que antes sua visão era a de aluno; abandonar a prática de ensino baseada na intuição, para por meio de uma sistematização substituí-la pelo conhecimento teórico, que poderá ser aplicado nas atividades práticas propostas pelo subprojeto do programa. Com base nessas colocações é possível afirmar que o PIBID tem permitido novas práticas formativas.

Entende- se que uma das maneiras de refletir sobre o PIBID e suas práticas é por meio do conteúdo presente nas publicações de periódicos, nas dissertações e teses defendidas junto aos programas de pós-graduação em Educação no país, bem como nas apresentações nos eventos nacionais da área da Educação.

A literatura dos registros de experiências do PIBID apresentadas por Farias e Rocha (2012), Lima et al (2012), Botelho (2012) evidenciam resultados positivos à formação dos alunos graduandos, bem como as escolas que os receberam para a efetivação do programa.

Esses relatos consistem um ponto importante para essa pesquisa, pois evidenciam que o PIBID tem atuado como um instrumento estratégico no processo de formação de professores.

Farias e Rocha (2011) compreendem o PIBID como política capaz de promover o desenvolvimento de uma profissionalidade docente, sustentada por uma racionalidade pedagógica e uma práxis educativa de caráter emancipador.

1 Entre os eventos mais relevantes, destaca-se o Encontro Nacional das Licenciaturas e Seminário Nacional do PIBID, que ocorriam anualmente até 2014. Em decorrência dos cortes de verbas, no ano de 2015 o referido evento foi substituído por encontros regionais.

Ao contrapor a realidade que a formação inicial docente necessita de reflexões que apontem caminhos que aproximem os alunos de suas práticas profissionais com base nas experiências relatadas nos depoimentos mencionados anteriormente, acredita-se que o PIBID se apresenta como uma resposta à demanda da formação docente, podendo auxiliar na experiência formativa de maneira positiva, oferecendo melhor qualificação aos profissionais, inclusive auxiliando no alcance da práxis.

No documento PROPOSTA E EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS (páginas 40-44)