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Promoção da Saúde, Escolas Promotoras de Saúde e suas interfaces com a Medicina

No documento prefeitura municipal de fortaleza (páginas 43-47)

4. ESTABELECENDO O DIÁLOGO ENTRE A SAÚDE DA FAMÍLIA E A SAÚDE

4.7 Promoção da Saúde, Escolas Promotoras de Saúde e suas interfaces com a Medicina

4.7 Promoção da Saúde, Escolas Promotoras de Saúde e suas interfaces com a Medicina de

povos, os meios necessários para melhorar sua saúde e exercer um maior controle sobre ela.

Torna-se, portanto, o processo de fortalecimento e de capacitação de indivíduos e coletividades (municípios, associações, escolas, entidades do comércio e da indústria, organizações de trabalhadores, meios de comunicação, etc), no sentido de que a ampliação de suas possibilidades de controlar os determinantes de saúde-doença torne possível uma mudança positiva nos níveis de saúde (DEMARZO E AQUILANTE, 2008).

Após a realização de seis conferências internacionais sobre promoção da saúde, analisando-se as cartas e declarações daí advindas, Demarzo e Aquilante (2008) observam que os objetivos a serem atingidos incluem uma visão holística da saúde, eqüidade social, determinação social do processo saúde-doença, intersetorialidade, participação social para fortalecimento da ação comunitária e possibilidade de proporcionar para gerações futuras o uso dos recursos utilizados no presente, ou seja, sustentabilidade. Tais princípios devem guiar a definição de estratégias de ação na promoção da saúde.

O Quadro 3 apresenta os princípios atuais da promoção da saúde (WESTPHAL, 2006).

QUADRO 3. Princípios atuais da Promoção da Saúde.

PRINCÍPIOS ATUAIS DA PROMOÇÃO DA SAÚDE

As ações para a promoção da saúde devem ser pautadas por uma concepção holística de saúde voltada a multicausalidade do processo saúde- doença

As ações devem ser dirigidas para as causas primárias dos problemas e não somente às suas manifestações concretas. Por exemplo, o fomento à saúde física, mental, social e espiritual, enfatizando a determinação social, econômica e ambiental, uma vez que os níveis de saúde da população estão diretamente relacionados à qualidade de vida e à quantidade de recursos (econômicos, sociais, etc) disponibilizados a cada membro da sociedade, para a sua subsistência.

Eqüidade Garante acesso universal à saúde, com justiça social. Para a construção de espaços de vida mais eqüitativos, é necessária a análise dos territórios onde as pessoas habitam, detecção de grupos em situação de exclusão e implementação de políticas públicas que façam uma discriminação positiva desses grupos. Isso implica a criação de oportunidades para que todos tenham saúde, reconhecendo que as necessidades são diferenciadas, uma vez que sofrem interferência dos determinantes de saúde na população (renda habitação, educação, etc).

Intersetorialidade Articula saberes e experiências no planejamento, na execução e na avaliação de ações para alcançar efeito sinérgico em situações complexas. O desafio imposto para a concretização da intersetorialidade é o modelo tradicional de fragentação e articulação das ações. É necessária uma mudança radical das práticas e da cultura organizacional das administrações, pressupondo a superação da fragmentação na gestão das políticas públicas.

Participação social Diz respeito ao envolvimento dos cidadãos no planejamento, na execução e na avaliação dos projetos. Para que essa participação seja qualificada, é necessário o empoderamento coletivo para que a população se torne capaz de exercer controle sobre os determinantes da saúde.

Sustentabilidade A promoção da saúde trabalha com questões de natureza complexa, demanda processos de transformação coletiva, com impactos a médio e longo prazos. O almejado é a criação de iniciativas de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável e a garantia de um processo duradouro e forte.

Fonte: Westphal (2006).

4.7.1 Escolas Promotoras de Saúde e a intersetorialidade como ferramentas da Medicina de Família e Comunidade na resolução de situações locais

Com as crescentes críticas da pouca efetividade de ações de educação em saúde nas escolas, aliado ao surgimento da promoção da saúde, durante os anos 1990, o conceito de Escolas Promotoras de Saúde (EPS) foi proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Trata-se de uma abordagem multifatorial, com o desenvolvimento de competência em saúde dentro das salas de aula, a transformação do ambiente físico e social das escolas e criação de vínculo e parceria com a comunidade de abrangência e influência das mesmas (DEMARZO & AQUILANTE, 2008).

Por ser a escola um local propício para o fomento da saúde (BRASIL, 1999), deve atuar como cenário estratégico para o desenvolvimento de ambientes saudáveis e de habilidades de promoção da saúde, de acordo com a tendência proposta pela Carta de Ottawa para Promoção da Saúde, surgindo a iniciativa de EPS como marco na promoção da saúde escolar de uma forma intersetorial complexa, estendendo as ações para além da prevenção e controle das doenças e partindo para a formação de estilos de vida saudável, o desenvolvimento psicossocial e a saúde mental (DEMARZO & AQUILANTE, 2008).

No sentido de propor uma revitalização da promoção da saúde na escola, a iniciativa de EPS pretende reforçar a ação intersetorial de políticas sociais, especialmente de educação e saúde, com a configuração de alianças e parcerias, otimização de recursos, instrumentalização técnica de profissionais e representantes da população, que visem à requalificação e ao controle social das condições de saúde da comunidade escolar (BRASIL, 2006a e 2006b).

O protagonismo dos atores envolvidos é um dos pontos principais da iniciativa de EPS, almejando uma abordagem participativa de todos os integrantes relacionados à escola (professores, funcionários, estudantes, pais e comunidade). O compromisso e envolvimento da escola e dos diversos atores são a chave para o sucesso da iniciativa, sendo as escolas encorajadas a gerarem programas que considerem suas características, estratégias e agenda local (NUTBEAM, 1992).

Sendo uma das características fundamentais da atuação em Atenção Primária à Saúde, a intersetorialidade deve fazer parte da prática do Médico de Família e Comunidade (MFC) no

desencadeamento de soluções de situações locais desfavoráveis, priorizando a participação da comunidade no processo de construção coletiva das ações de saúde, tendo a escola como referencial. Nesse contexto, a iniciativa de EPS mostra-se como ponto de partida para Equipes de Saúde da Família (ESF) desenvolverem ações e processos de educação permanente e continuada em saúde de professores, de funcionários, de pais, de estudantes e da comunidade (DEMARZO &

AQUILANTE, 2008).

Com a atuação ativa de MFC e ESF, o acesso e a parceria da escola com a Unidade de Saúde pode ser potencializado, coordenando ações contínuas e longitudinais, favorecendo a integralidade das ações e dos serviços de saúde em relação às demandas das escolas (SILVEIRA, 2005 apud DEMARZO & AQUILANTE, 2008).

No documento prefeitura municipal de fortaleza (páginas 43-47)