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Após leitura e avaliação criteriosa dos materiais, a amostra final foi composta por 10 artigos científicos que se mostraram relevantes para a discussão. O Quadro 2 mostra os estudos selecionados, trazendo autoria/ano, título, objetivo, metodologia, os resultados e as conclusões de cada um.

Autoria/ano Título Objetivo Principais resultados e conclusões Guimarães

e Lima (2021).

Extensão Rural e Desenvolvimento Local: o projeto

Dom Helder Câmara e a ovinocultura do Sertão de Alagoas.

Diagnosticar os impactos na vida do produtor rural familiar beneficiado

com o serviço de assistência técnica

e extensão rural dentro da atividade

da ovinocultura.

A assistência técnica e a extensão rural são importantes instrumentos

para melhorar as condições de trabalho e

a qualidade de vida de famílias ovinocultoras do

semiárido brasileiro.

Amaral et al (2021).

Perfil metabólico de ovinos alimentados com

silagem de subproduto de

maracujá.

Avaliar o perfil metabólico em ovinos sem padrão

de raça definido, consumindo dietas

compostas de silagem de subprodutos de

maracujá em substituição ao

feno de Tífton.

A substituição do feno de Tífton por silagem do

resíduo de maracujá apresenta resultados satisfatórios quanto aos

perfis metabólicos e proteína microbiana em

ovinos criados em confinamento.

Munhoz et al (2020).

Desempenho de ovelhas e cordeiros

Texel em distintas fases do manejo

nutricional.

Avaliar o desempenho de ovelhas e cordeiros

da raça Texel, quando expostos a

um manejo alimentar fracionado em três

distintas fases nutricionais.

O manejo nutricional é um dos pilares da produção animal e está

diretamente ligado ao desempenho zootécnico

e econômico dos rebanhos. A adequação do manejo nutricional de

ovinos possibilita a produção de animais conforme os critérios de

qualidade cada vez mais rígidos impostos pelo

mercado.

Dantas et al (2016).

Efeito da nutrição na idade à puberdade e desenvolvimento

da glândula mamária de cordeiras.

Descrever a influência da nutrição nos processos fisiológicos do desencadeamento

da puberdade e desenvolvimento

da glândula mamária de cordeiras.

O desequilíbrio nutricional interfere significativamente na função reprodutiva. O produtor deve assegurar

o fornecimento de uma alimentação adequada aos animais, visto que

isso é crucial para proporcionar o desenvolvimento corporal das cordeiras e traz melhores resultados

reprodutivos.

Aquino et al (2016).

A realidade da caprinocultura e ovinocultura no semiárido

brasileiro: um retrato do sertão do Araripe,

Pernambuco.

Avaliar o perfil dos caprino- ovinocultores dos

municípios de Ouricuri-PE e Santa Filomena-PE

associados à Associação de

Criadores de Ovinos e Caprinos da Microrregião do

Araripe (ACOCAMA).

A falta de assistência técnica especializada é

um dos principais desafios da ovinocultura

no semiárido, fazendo com que predominem técnicas de manejo tradicionais. Desse modo, é importante investir em educação agrotécnica e zootécnica

aos produtores.

Brito et al (2013).

Importância da palma forrageira

(Nopalea cochenillifera Salm

Dyck) para a agropecuária do

semiárido alagoano.

Verificar aspectos importantes da palma forrageira para criadores do

semiárido alagoano.

A palma forrageira (Nopalea cochenillifera) é de grande importância

para o produtor do semiárido, constituindo

uma alternativa para garantir a segurança alimentar do rebanho

nos períodos de estiagem, por ser rica em água e nutrientes e

bem adaptada às

condições adversas da região.

Oliveira et al (2014).

Desempenho reprodutivo de ovelhas mestiças da raça Santa Inês

em Brachiaria humidicula e efeito

do sexo no ganho de peso de

cordeiros.

Avaliar o desempenho reprodutivo de

ovelhas deslanadas em função do manejo alimentar das crias

e idade de desmame, além de

mensurar o efeito do sexo no ganho

de peso de cordeiros.

A suplementação diária das crias em alimentador privativo e a antecipação da idade de desmame

contribuem para a eficiência produtiva de ovelhas deslanadas em pastagem de Brachiaria

humidicula.

Silva et al (2021).

Identificação das ferramentas tecnológicas de

gerenciamento usadas por produtores de

ovinos em Quixeramobim,

Ceará.

Identificar as ferramentas tecnológicas de

gerenciamento usadas por produtores de

ovinos em Quixeramobim,

Ceará.

A maior parte das propriedades produtoras

de ovinos em Quixeramobim possui carência de assistência

técnica, além de não realizar escrituração

zootécnica. Das propriedades que possuem escrituração

zootécnica, o uso de caderno é a principal

ferramenta de gerenciamento.

Porto, Salum e

Alves (2013).

Caracterização da ovinocaprinocultura

de corte na região do Centro Norte

Baiano

Caracterizar a ovinocaprinocultura

de corte na região de

Jussara, no estado da Bahia, identificando em sua estrutura quais

os principais entraves e gargalos para o desenvolvimento

da atividade na região.

A maior parte dos criadores é de pequeno porte, prevalecendo mão

de obra familiar e sistema extensivo na

criação dos animais.

Falhas gerenciais e carência de assistência técnica e extensão rural

são fatores que dificultam a obtenção de

resultados satisfatórios pelo produtor.

Lira et al (2012).

Doenças do sistema digestório

de caprinos e ovinos no semiárido do

Brasil.

Relatar as enfermidades

digestivas diagnosticadas nestas espécies no

Hospital Veterinário (HV) da

Universidade Federal de Campina Grande

(UFCG) e descrever suas

principais características epidemiológicas,

clínicas e patológicas.

Práticas de controle integrado de parasitas e o planejamento alimentar

adequado no período de escassez de forragem são fundamentais para a

prevenção de muitas doenças em ovinos. A prática de conservação

de forragens pode contribuir para a diminuição da ocorrência

de distúrbios digestivos no semiárido brasileiro.

Ribeiro, A.

R. C. et al (2014).

Estudo da atividade anti-

helmíntica do extrato etanólico de

Jatropha mollissima (Pohl)

Baill.

(Euphorbiaceae) sob Haemonchus

contortus em ovinos no semiárido paraibano.

Avaliar o efeito anti-helmíntico de

Jatropha mollissima por

meio de experimentos in

vitro e in vivo.

O extrato etanólico do caule de Jatropha mollissima pode ser

utilizado como uma alternativa ao controle

das verminoses que acometem o rebanho ovino, uma vez que adia a resistência parasitária.

Quadro 2: Síntese dos artigos selecionados para discussão.

Fonte: Criação do autor (produzido em 2022).

Ao analisar os estudos, é possível perceber a concordância entre os autores a respeito da potencialidade da ovinocultura no semiárido nordestino. Por outro lado, os pesquisadores também ressaltam os desafios que precisam ser superados, em especial o convívio com as condições climáticas adversas, a necessidade de inovação e maior adesão às tecnologias, a importância de diminuir o grau de informalidade, a carência de políticas de incentivo aos produtores e a desorganização da cadeia produtiva. Dentre as principais alternativas apontadas nos artigos, destaca-se a prestação de assistência técnica e extensão rural por profissionais qualificados, uma

vez que os criadores de ovinos ainda possuem pouco acesso a informações de grande relevância para o êxito de sua atividade na região semiárida.

A maior parte dos ovinocultores nordestinos possui baixo poder aquisitivo e, portanto, geralmente, não tem acesso a conhecimentos técnico-científicos necessários ao desenvolvimento da sua atividade. Nesse sentido, a atuação do técnico extensionista é fundamental para levar a esses produtores técnicas importantes para incrementar sua produção, como o melhoramento genético do rebanho por meio da adição de raças especializadas. Com isso, a comercialização de ovinos se tornaria mais lucrativa, contribuindo para melhorar as condições de vida da população que vive em localidades mais carentes (GUIMARÃES; LIMA, 2021).

Ainda segundo Guimarães e Lima (2021), a assistência técnica e a extensão rural são de extrema relevância para possibilitar que cada vez mais produtores rurais tradicionais tenham maior acesso às políticas públicas no Brasil. Diante disso, é essencial que o governo federal continue a realizar investimentos nessas atividades, de modo a favorecer o desenvolvimento social e econômico e, por conseguinte, promover melhor qualidade de vida a esses produtores.

Aquino et al. (2016), também concordam que um dos fatores que contribuem para o atraso da criação de ovinos no semiárido é a falta de assistência técnica. É preciso que haja maior apoio aos criadores, pois eles possuem necessidades técnicas a serem sanadas para impulsionar o desenvolvimento da ovinocultura. Nesse sentido, sugere-se a contratação de profissionais das Ciências Agrárias, como zootecnistas, agrônomos e veterinários, de modo que prestem assistência técnica qualificada aos produtores e contribuam assim para o aumento da produtividade do setor.

A carência de assistência técnica e extensão rural é, de fato, um grande empecilho para os produtores rurais do semiárido, que necessitam de acesso a informações especializadas sobre o manejo nutricional, sanitário e reprodutivo do rebanho, além de orientações para melhor gestão do seu negócio. A maioria dos criadores não realiza o manejo sanitário corretamente, favorecendo a ocorrência de muitas enfermidades que poderiam ser evitadas por meio da aplicação de técnicas simples de higiene. Da mesma maneira, os criadores não utilizam nenhum tipo de controle sobre os animais, como brincos, chips, software, computador ou caderno de anotações, o que dificulta a melhoria da produtividade (PORTO; SALUM; ALVES, 2013).

Silva et al. (2021) ressaltam que a gestão do negócio é primordial para a competitividade de uma empresa rural. Sendo assim, o produtor necessita de habilidades e competências a fim de que tenha uma boa gestão de sua propriedade, como pensamento sistêmico, aprendizado organizacional, capacidade de liderança, conhecimentos atualizados sobre o mercado, foco e inovação. As ferramentas de gerenciamento exercem papel de grande importância no meio rural, uma vez que elas possibilitam o planejamento, a tomada de decisões, o controle de custos, a definição de metas e administração de todas as etapas do processo produtivo.

A ovinocultura é uma atividade pecuária que se destaca como importante fonte de renda e desenvolvimento sustentável para pequenos, médios e grandes pecuaristas. No Nordeste, a criação de ovinos possui várias finalidades, devido à notável diversidade mercadológica. Por exemplo, o couro é utilizado pela indústria para fabricar bolsas e sapatos, e a carne e o leite servem para a produção de iguarias da culinária regional. Diante de tamanha relevância, é essencial oferecer maiores estímulos a essa atividade (AMARAL et al., 2021).

No semiárido, a escassez de água dificulta a criação de animais de grande exigência hídrica como bovinos e suínos. Por outro lado, os ovinos podem ser criados com relativa facilidade nessa área, já que possuem ossatura fina e são aclimatados e adaptados a esse ambiente. A alimentação também não é tão exigente quanto em outras culturas. As dietas devem priorizar o uso de subprodutos das agroindústrias rurais, uma vez que seu aproveitamento proporciona uma alimentação de qualidade, além de colaborar com a sustentabilidade socioambiental e minimizar os custos de produção, beneficiando o ovinocultor (AMARAL et al., 2021).

Munhoz et al. (2020), apontam que o manejo nutricional é de extrema importância na produção animal. Sendo assim, um planejamento alimentar adequado, associado a outros fatores, é capaz de garantir um bom desempenho dos rebanhos.

O ovinocultor pode realizar o manejo alimentar de diferentes maneiras e utilizar vários recursos, conforme as características de sua propriedade, sempre buscando satisfazer as necessidades nutricionais dos animais.

Deve-se dar atenção especial à fase de cria, sendo necessário manter o escore de condição corporal das ovelhas lactantes, a fim de possibilitar produção de leite em quantidade suficiente e, consequentemente, a produção precoce de cordeiros para o abate. Se as pastagens não estiverem em sua capacidade ideal de pastejo, o produtor pode utilizar a suplementação racionada juntamente com o campo nativo. Vários

ingredientes podem compor essa suplementação, como rações comerciais destinadas a essa finalidade específica, palhada e/ou resíduos de lavouras (milho, soja, trigo, cana-de açúcar) (MUNHOZ et al., 2020).

De acordo com Dantas et al. (2016), para otimizar a atividade reprodutiva, é preciso estabelecer um plano nutricional apropriado aos animais, levando em consideração a capacidade de ganho de peso corporal, especialmente na fase de crescimento. O desenvolvimento corporal acelerado durante tal período pode trazer consequências negativas, haja vista que prejudica irreversivelmente o processo da mamogênese e a produção de leite. Sendo assim, é necessário que o produtor realize a adequação da alimentação ofertada às cordeiras, de modo que não haja nem falta nem excesso de alimento, possibilitando a puberdade e o desenvolvimento mamário de forma satisfatória.

Conforme Oliveira et al. (2014), o desempenho reprodutivo animal está relacionado a fatores como qualidade do manejo alimentar e idade do desmame. A eficiência reprodutiva dos animais de criação é estimada por meio da frequência de partos. Uma estratégia para maximizá-la é reduzir o intervalo entre o parto e a concepção. Suplementar as crias em alimentador privativo e antecipar a idade de desmame diminuiu o intervalo entre partos e período de serviço de ovelhas deslanadas em pastagem de Brachiaria humidicula.

Para Aquino et al. (2016), um dos fatores que limitam a ovinocultura tradicional na região Nordeste é o planejamento forrageiro, visto que ainda existem muitos produtores que não cultivam forrageiras de maneira adequada, não produzem silagens e feno conforme as recomendações técnicas visando à obtenção de um alimento mais nutritivo, não realizam planejamento para aproveitar as sobras de forragem e têm pouco conhecimento quanto às formas de cultivos agroecológicos. Em face disso, os ovinocultores precisam aperfeiçoar sua produção baseados na sustentabilidade e aprender conviver melhor com as condições ambientais do semiárido.

Brito et al. (2013), afirmam que a palma (Opuntia cochenillifera) é uma ótima alternativa para as regiões áridas e semiáridas do Nordeste brasileiro, uma vez que essa cultura, por ser bem adaptada às condições ambientais adversas dessas áreas, é capaz de suportar longos períodos de estiagem e pode ser utilizado como o principal alimento para os animais em todas as épocas do ano. Por conta das condições de déficit hídrico, a segurança alimentar de ovinos no semiárido depende do uso de

forrageiras nos períodos em que as chuvas se tornam escassas. Consequentemente, a palma é uma das melhores opções do ovinocultor para garantir a alimentação de seu rebanho.

Conforme Lira et al. (2013), os distúrbios do sistema digestório em ruminantes geram amplas perdas econômicas, afetando substancialmente o produtor rural. Esses distúrbios ocorrem com maior frequência no período de escassez de forragens, momento em que o uso de alimentos em quantidade ou qualidade inadequada desencadeia transtornos digestivos e pode causar a morte de vários animais. A escassez e a não utilização de práticas de conservação de forragens possuem relação com grande parte dos transtornos digestivos, o que demonstra a importância do correto planejamento nutricional para diminuir os prejuízos resultantes dessas enfermidades.

De acordo com Ribeiro, A. R. C. et al. (2014), o extrato etanólico do caule de Jatropha mollissima na concentração de 660µg/mL demonstrou efeito tóxico para náuplios de Artemia salina. Além disso, esse extrato possui relevante atividade anti- helmíntica, pois as concentrações 660 µg/mL e 1321,6 µg/ml apresentam eficácia contra o parasita Haemonchus contortus na espécie ovina. Desse modo, o desenvolvimento de estudos sobre plantas com potencial fitoterápico visando ao controle de nematódeos gastrintestinais no rebanho ovino, aliado a outras ações, é fundamental para a melhoria do manejo sanitário, contribuindo para o desenvolvimento da ovinocultura no semiárido brasileiro.

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