• Nenhum resultado encontrado

SOBRE O AMBIENTE ESCOLAR

No documento UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ MEC (páginas 40-43)

3 ALTERAÇÕES NOS ESPAÇOS ESCOLARES PARA PRÁTICAS DE LEITURA

Criar condições de leitura não significa apenas levar os alunos à biblioteca uma vez por semana. Significa também criar uma atmosfera agradável, um ambiente que convide à leitura na própria sala de aula ou mesmo fora dela.

Maria Helena Zancan Frantz

A seguir, apresentamos mais detalhadamente a proposta de intervenção.

Apresentamos mais detidamente o colégio no qual a pesquisa deve acontecer.

Trataremos também de explicar o que significa espaço promotor interativo de leitura sob o prisma desse projeto. Por fim, concluímos o capítulo inspirados no flânerie dos escritos de Charles Baudelaire. Ressaltaremos os objetivos da proposta de fomentar e viabilizar a leitura através da intervenção no ambiente escolar, a fim de que a comunidade estudantil se sinta motivada a passear, vagar, perambular pelos espaços elaborados pelos educandos, professores, voluntários e demais indivíduos que se engajarem na execução do projeto.

A busca por esse engajamento estabelece a “validade democrática” e a

“validade dialógica”, pois visamos o engajamento de toda a comunidade escolar, dos estudantes principalmente. A elaboração da proposta de intervenção deve estar pautada no diálogo entre todos os segmentos: estudantes, professores, gestores, coordenadores, pais e responsáveis.

vínculo efetivo; 05 monitores contratados pela escola e pagos com recursos federais administrados pela própria instituição para ministrarem oficinas no programa “mais educação”; 01 diretora e 03 vice-diretoras. Há mais de 10 anos que adotou-se o modelo de gestão democrática. Dessa forma, a comunidade escolar tem autonomia para escolher seus gestores a cada 3 anos.

A escola é referência no município de Porto Seguro. Nos últimos anos buscou-se adaptar o prédio para receber pessoas com mobilidade reduzida temporária ou permanentemente. O engajamento de professores, setores pedagógico e administrativo contribuiu para que houvesse considerável melhora na qualidade do ensino segundo apontam os resultados do IDEB na última década.

Embora tenha ficado abaixo da meta estabelecida em 2017, apresentou crescimento em todos os anos desde 2011.

Assim como em muitas outras escolas públicas da periferia, faltam muitos recursos ao CMGPS bem como um projeto que coadune as ações pedagógicas, sobretudo naquilo que concerne à leitura. Não se pode dizer, no entanto, com honestidade, que não aconteçam ações que privilegie a leitura. São, todavia, ações isoladas que acabam não atingindo a comunidade estudantil como um todo. Pois são iniciativas solitárias empreendidas quase que exclusivamente pelos professores de Língua Portuguesa.

O projeto de intervenção “Além da Biblioteca: espaços escolares como promotores interativos de leitura” sugere criar, no ambiente descrito acima, espaços alternativos para a prática da leitura, do debate bem como de outras atividades que envolvam todos os componentes curriculares. Para que desta forma o ambiente escolar seja (re)pensado e (res)significado a partir da ideia que ele é parte integrante de um ambiente maior, inserido num contexto de bairro, de cidade, de região, de país e, por fim, de mundo. Justamente por isso deve ser cuidado, preservado.

O cenário atual apresenta móveis destinados ao descarte, salas e outros ambientes usados para depositar móveis quebrados, “lixo” que se reciclado pode dar vida ao ambiente escolar e ainda viabilizar a execução do projeto proposto.

Lembrando que os espaços que no momento servem como depósito de sucata poderão ser ornamentados com os mesmos móveis restaurados e transformados em espaços promotores de leitura.

O século XXI é marcado, entre outras coisas, por certo clima de euforia e incrível senso de efemeridade. Parece que nada foge à ideia do transitório, da lei do

fast food que governa nossas vidas, que influencia não só a dinâmica da nossa alimentação, mas a vida como um todo. Posto que nesse sistema fast food produtos são lançados e tirados do mercado com uma velocidade que não damos conta de absorver sua importância. Movidos pelo incontrolável desejo de ter, sequer ponderamos se tais produtos são de fato necessários.

É com este desejo incontrolável que nos aventuramos em busca de algo que nos dê sentido à vida e a tudo que nos cerca. Essa atitude tem contribuído para com a degradação dos recursos do Planeta. O resultado é muito “lixo”! Produzimos lixo em demasia. Consequentemente, poluímos os rios e os mares, poluímos o solo, poluímos o ar; destruímos a natureza quase que com a mesma velocidade com a qual devoramos um sanduíche.

Os espaços onde as interações se dão também são atingidos por nossas ações destruidoras. A escola é uma vítima constante de atos de depredação que vão desde pichação à destruição dos móveis: carteiras, mesas, bebedouros, telhado etc. O Colégio Mun. Gov. Paulo Souto não foge à regra. Mudar esse quadro é urgente. Precisamos aprender e ensinar que todas as ações têm consequências, inevitavelmente, e elas interferem no ambiente. Somos parte desse ambiente ao qual destruímos de forma voraz e rápida. Destruindo-nos, posto que somos parte integrante do mesmo.

Assim, “vamos ensinar que degradar o ambiente é nos degradar, é piorar a qualidade de nossas vidas. [...] Educar as novas gerações para agirem como parte do mundo civilizado é tarefa prioritária para assegurar um mundo mais justo e solidário” (SILVA, 2011, p. 69 e 22).

No atual contexto histórico não se pode conceber a ideia de formação da cidadania sem atentar para a questão do lixo e suas terríveis consequências. Não se pode furtar da escola o debate sobre a urgente mudança de atitude, e isso implica dizer que em todas as nossas ações devemos priorizar medidas sustentáveis.

Entendemos que a transformação do ambiente escolar em espaços promotores de leitura deva acontecer a partir daquilo que foi descartado por algum motivo, dando- lhe uma nova função e significado. Para isso propomos transformar lixo e sucata em móveis, tapetes, almofadas e pufes; reutilizar papel, tinta e tudo aquilo que tivermos à mão dentro da escola, nos lares de alunos e professores. Tal atitude tornará o projeto viável tanto do ponto de vista econômico quanto pedagógico, uma vez que toda a comunidade estará envolvida.

As ações anteriormente propostas permitem estabelecermos mais duas importantes validades: a “validade do resultado”, que permite observar se o projeto resultou numa ação e analisa a natureza dessa ação; a “validade catalítica”, que analisa a pesquisa pela perspectiva da promoção do conhecimento da realidade (da escola, dos estudantes, da comunidade onde estão inseridos) e como os estudantes estiveram envolvidos na ação transformadora. Dessa postura depende o sucesso da proposta de intervenção.

3.2 O QUE CARGAS D’ÁGUA SÃO ESPAÇOS PROMOTORES INTERATIVOS

No documento UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ MEC (páginas 40-43)