A Câmara Municipal de Coronel Manoel Lucas de Macedo, sua arquitetura e valor emocional para o povo picuiense. A prefeitura do Coronel Manoel Lucas de Macedo, sua arquitetura e valor emocional para a população picuiense [recurso eletrônico] / Laína Ruana dos Santos Barrêto.
INTRODUÇÃO
Registrar a memória cultural, social, arquitetônica e emocional da moradia ao longo dos seus 112 anos de existência; O 3º capítulo será apresentar o Sobrado do Coronel Manoel Lucas, sua trajetória ao longo dos anos e um estudo mais aprofundado sobre o mesmo.
ECLETISMO
Ópera Garnier
Os azulejos da casa do Coronel Manoel Lucas medem 11 cm x 11 cm e possuem formato que lembra um floco de neve (ver Figura 32). Que este site continue contando a história da mansão do Coronel Manoel Lucas de Macedo e ajude a preservar sua importância.
Ecletismo no Brasil
- Sobrados Ecléticos da Rua Uruguaiana – Rio de Janeiro
Ecletismo na Paraíba
- Casarão dos azulejos – João Pessoa
A arquitetura eclética da Paraíba surgiu após o período Neoclássico, que durou até a segunda metade do século XIX. Prédios ecléticos no estado existiram entre o final do século XIX e parte do século XX. A capital – João Pessoa – desenvolveu muitas construções nos moldes desse estilo, relacionadas ao simbolismo da modernidade que vivia, como o coreto da Praça Venâncio Neiva (ver Figura 13).
Segundo Silva (1997, p. 174), em comparação com o início do século XX, a cidade “(..) tornou-se mais espaçosa no Centro, com jardins, praças e tribunas onde as pessoas se aglomeravam para se encontrarem. e se divertir, depois sair das casas e igrejas". Além disso, João Pessoa também passou por expansões territoriais, evento que desencadeou o surgimento de muitas edificações baseadas na cultura higiênica, reflexo do ecletismo. Mas novas construções, mesmo mantendo uma implantação colonial, trouxe inovações arquitetônicas ecléticas, é o caso do Sobrado dos Azulejos em João Pessoa.
Em 1995, o governo do estado, associado à Oficina-Escola de Revitalização do Patrimônio Cultural de João Pessoa, iniciou as primeiras restaurações que restaurariam a integridade estrutural do Casarão dos Azulejos. Com traçado tipicamente colonial, sem contratempos, possui apenas um pequeno “jardim” numa das suas laterais. 23 Disponível em:
O SOBRADO DO CORONEL MANOEL LUCAS DE MACEDO
Picuí e o cel. Manoel Lucas de Macedo
O povoamento da zona onde futuramente se tornaria concelho teve início em 1704, quando personalidades como D. 25 Ao fundo avista-se a antiga capela de São Sebastião, concluída em 1957, com fortes características do estilo barroco. Entre eles, do lado direito da foto, está um sobrado de três andares do coronel Manoel Lucas de Macedo.
Como resultado do povoamento, foram criadas as primeiras ruas da cidade, ligadas à capital, são elas: Praça João Pessoa (antiga Coronel Lordão), Rua São Sebastião e Rua Ferreira de Macedo. Descendente dos fundadores da cidade, era neto de Antônio Ferreira de Macedo e filho do Cel. Aliás, foi José Ferreira de Macedo quem, além da promessa, tomou a iniciativa de construir a capela.
Ele descreve o Coronel Manoel Lucas de Maceda Oliveira (1963, p. 26) como um dos homens mais inteligentes, enérgicos e arrogantes de sua época. Antônio Xavier, dono também de um lindo sobrado eclético (ver Figura 24) localizado na Rua Ferreira de Macedo. Macedo conta que quando o Coronel Antônio Xavier construiu uma casa de dois andares (..), em 1900, o Coronel Manoel Lucas disse: “- Esse negro que constrói tal prédio.
Contextualização urbanística de Picuí e do sobrado
Na rua onde se situa a moradia, existe uma mistura de edifícios em termos de tipologia. Nesta zona da cidade, as configurações geminadas dos edifícios construídos em terrenos longos e pouco largos reflectem a época da sua construção. Inicialmente, conforme as fotografias, os prédios vizinhos eram térreos, o que não interferia nos problemas de ventilação do segundo e terceiro andares do edifício.
Porém, com o prolongamento vertical de uma das casas laterais, as janelas do segundo andar foram bloqueadas. Construída num terreno consideravelmente amplo, tanto em comprimento como em largura, ocupa grande parte do mesmo. Em extensão, quase toda a área foi construída, restando apenas uma parte, onde antes era apenas um espaço vazio, que posteriormente foi alterado pelos atuais proprietários e transformado em área de lazer.
No que diz respeito à sua disposição, destaca-se que a maioria das outras construções seguem a morfologia térrea, ou estendem-se por dois pisos no máximo. Nas imediações existem edifícios mais altos que são abordados para a avaliação urbanística da zona onde se insere o sobrado, mas estão a uma distância maior, como se pode verificar no mapa abaixo. O sobrado é sem dúvida um edifício majestoso de maior escala e com uma arquitetura vistosa, por isso se tornou um símbolo da identidade picuense ao longo dos anos.
Arquitetura do sobrado
- Azulejos Franceses
- A Platibanda com as pinhas portuguesas
- O ferro e o vidro nas esquadrias do sobrado
- Tipologia arquitetônica
Porém, apesar do que foi visto acima a respeito do cultivo brasileiro pelos portugueses, principalmente nas tradições e materiais, os azulejos da casa do Coronel Manoel Lucas de Macedo foram importados da França e destinados ao porto do Recife. A laje da casa do Coronel Manoel Lucas de Macedo foi projetada sob influência dessa nova arquitetura e adquiriu um diferencial pelos detalhes e pela forma (ver figura 34). Manoel Lucas de Macedo, com destaque para representações de colunas dóricas unidas por pequenos arcos plenos, 2020.
Um acontecimento que pode estar relacionado às pinhas, pois enquanto as da casa do Coronel Antônio Xavier são apenas peças bicolores amarelas e brancas, as da casa de azulejos têm quatro cores. Concluímos também que por serem mais elaboradas, as peças deviam ter um valor de mercado maior e que deram maior destaque à casa do Coronel Manoel Lucas na época. Outro detalhe material e arquitetônico da casa são as grades nas varandas e as lajes fixas nas portas principais e em alguns quartos, ambas em ferro, elemento que demonstra e representa a chegada de novos materiais, fato que aconteceu com a revolução industrial..
As grades da residência fazem parte da descontinuação do uso dos clássicos balaústres de pedra para acomodar novas balaustradas de ferro e consideramos que são sinais da mudança de fachadas entre o final do século XIX e início do século XX. O vidro pode ser encontrado nas lajes de madeira, também fixadas, nas janelas da casa (ver figura 41), misturando-se ao novo material fez com que se tornassem um diferencial para Picuín no início do século XX. O terceiro e último andar da casa é o sótão, existem dois quartos de iguais dimensões separados por escadas.
UM ESTUDO SOBRE AS MEMÓRIAS DA POPULAÇÃO PICUIENSE EM
A memória e sua relação com os espaços
Memórias não registradas
- Relatos
Entre eles, conta-nos que a casa foi onde nasceram ele e dez dos seus irmãos, e explica que ainda era muito comum naquela altura os partos ocorrerem em casa. Esta pessoa, atualmente com 65 anos, conta-nos que tem passado muitos momentos no edifício, principalmente com a família, referindo-se principalmente aos eventos de final de ano e. Quando perguntamos se eles voltariam, eles disseram que não, deixaram a chave com o vizinho e só encontraram uma abertura no terceiro andar que haviam feito para levar as coisas.
Conta-nos ainda que um dos autarcas fez algumas alterações na casa, como a inserção da casa de banho no segundo andar, a remodelação do piso do edifício, antes composto por “tábuas ásperas”, e isto, num determinado período , foram instalados tapetes verdes que foram aplicados no segundo e terceiro andares. Além das vivências dentro da casa, ele diz que sente que o prédio faz parte de sua juventude, pois quando foi à Praça João Pessoa com os amigos, tem lembranças do prédio que, ainda que indiretamente, moldam suas histórias. . Após esse relato nos reunimos com o indivíduo número 4, que assim como o indivíduo 1, é uma pessoa que morou na casa durante grande parte de sua infância e nos conta como o prédio faz parte de sua vida.
Além disso, tal como a maioria das pessoas com quem falámos, conta-nos as histórias que rodeiam o edifício e refere que muitos o consideram uma “lenda urbana da cidade”, com a qual concordamos. Quando perguntamos se existia alguma coisa que existia quando ele morava lá e que hoje não existe mais, ele ri e nos diz que os adesivos “šolna” colados na porta do banheiro do térreo provavelmente não permaneceram. Tal como num outro relatório anterior, referiu o edifício como o compositor da paisagem urbana na sua juventude, relembrando as férias de Janeiro, onde nos conta que o edifício se tornou um ponto de encontro devido aos seus altos “ombreiras”, havia pessoas sentadas, alguns conversando e outros saindo para encontros.
Propagação dos registros arquitetônicos e da memória
Criamos doze postagens, criadas com o objetivo de apresentar o prédio e as obras em andamento, abordando a arquitetura e a história do objeto de estudo aqui discutido. Com estas publicações chegámos a 4.260 pessoas e recebemos alguns comentários sobre a relevância do edifício, alguns dos quais confirmam as memórias recolhidas no capítulo anterior. Estas levantaram questões sobre a arquitetura da casa, como as principais dúvidas sobre o estilo e originalidade dos azulejos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Disponível em: Arquitetura e azulejos decorativos no Brasil. http://www.belasartes.br/revistafelasartes/downloads/artigos/2/arq_e_arte_decorativ a_do_azulejo_no_brasil.pdf>. Pelotas: Universidade/Universidade Federal de Pelotas,. em: Disponível em: APÊNDICE – MAPA DE EDIFICAÇÕES ECLÉTICAS
