Sociedade Brasileira de Química (SBQ)
34a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química
Caracterização do Efeito da Isoniazida em Lipossomos- Estudos com FTIR e DSC
Ana P. L. De Melo * (IC), Tito R.S. Cadaval Jr (PQ), Paulo M. Trindade Jr (IC), Marieli O.R. Rodrigues (PG), Karina L. Soares (IC), Amanda Marques (IC)1, Tainá L. de Brum (PG)2, Adriana R. Pohlmann (PQ)2, Marcelo G. Montes D’Oca (PQ) 1, Vânia R. de Lima (PQ)1 *anamelo_quim@hotmail.com
1 Universidade Federal do Rio Grande, Escola de Química e Alimentos, Av. Itália, Km 8, Campus Carreiros Rio Grande RS. 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Química, Av. Bento Gonçalves, 9500, Porto Alegre, RS.
Palavras Chave: Isoniazida, Lipossomos, Dinâmica molecular
Introdução
Atualmente, a tuberculose (TB) é a maior causa de mortalidade em indivíduos HIV positivo. A isoniazida (INH) é um fármaco usado no tratamento da TB e seu uso contínuo pode ser muito tóxico ao organismo1. Tal efeito pode ser reduzido ao associar-se a INH com lipossomos. Assim sendo, torna-se importante determinar o efeito da INH na dinâmica molecular em diversas regiões de lipossomos. Com este fim, foram realizados estudos de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) e Calorimetria de Varredura Diferencial (DSC).
Resultados e Discussão
O percentual de INH incorporada em lipossomos de dimiristoilfosfatidilcolina (DMPC) foi de 76%. Os espectros de FTIR de DMPC indicaram que a INH provocou uma redução de 20 cm-1 no número de onda (Figura 1 e Tabela 1), bem como na largura das bandas (Tabela 2) referentes aos estiramentos axiais do grupo PO4-. Isto sugere uma interação via ligações de hidrogênio entre este grupo e a INH, bem como um aumento na dinâmica molecular lipídica 2.
DMPC DMPC + INH Fig. 1 - Bandas de FTIR referentes à deformação axial de PO4-
, observadas por FTIR, de lipossomos na ausência (DMPC) e na presença de INH (DMPC+ INH).
Os ensaios de DSC (Tabela 3) não demonstraram influência de INH em valores de temperatura de transição de fase (Tm) e variação de entalpia (∆H) de DMPC. Isto indicou uma interação mínima ou nula de INH com a região apolar de DMPC.
DMPC
Deslocamento das Bandas (v, cm-) Grupo
s/
INH c/
INH ∆ v
PO2 1060 1040 20
CH2 2850 2850 0
C=O 1735 1735 0
CH3 2920 2920 0
Tabela 1- Deslocamentos do n° de onda referente aos estiramentos axiais de grupos presentes em DMPC na ausencia (s/ INH) e presença (c/ INH) de isoniazida (INH).
DMPC
Largura das Bandas (cm -1
)
Grupo s/ INH c/
INH ∆ v
PO2 110 130 20
CH2 40 40 0
C=O 65 70 5
CH3 70 70 0
Tabela 2- Valores de larguras das bandas referentes aos estiramentos axiais de grupos presentes em DMPC na ausencia (s/ INH) e presença (c/ INH) de isoniazida (INH).
Tais resultados, juntamente aos obtidos com FTIR, sugerem uma localização preferencial de INH pela parte polar da membrana.
DMPC ∆H (J/g) Tm (°C)
DMPC 1,186 23,50
DMPC+INH 1,185 23,35
Variação 0,001 0,15
Tabela 3- Valores de variação de entalpia (∆H) e de temperatura de transição de fase (Tm) de DMPC em função da presença de isoniazida (INH).
Conclusões
A INH parece estar localizada na região polar de DMPC, e aumentar a dinâmica molecular do lipídio.
Isto sugere que a INH pode aumentar a permeabilidade da membrana, fator importante a ser considerado em estudos para viabilização de sistemas de liberação prolongada de fármaco.
Estudos de RMN deverão ser realizados como complemento deste trabalho.
Agradecimentos
CAPES/CNPq.1. Gursoy, A. et al. S. Int. J. Pharm., 2004, 271, 115.
2. Severcan, F. et al., BBA, 2005, 1668,215.