XXXI Congresso de Iniciação Científica
O estágio supervisionado como espaço para a compreensão da formação docente
Lucas de Carvalho Pelegrino, Fernanda Cátia Bozelli – Campus de Ilha Solteira, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira. Curso de Licenciatura em Física. lucas.pelegrino817@gmail.com
Palavras-chave: Formação inicial de professores de Física; Estágio supervisionado; Narrativa
Introdução
Pensar a escola de educação básica como local prioritário de realização do estágio e o lócus da formação docente é refletir sobre a importância desse espaço na constituição da identidade docente e no exercício da profissão. Ao mesmo tempo, remete a pensar a responsabilidade das disciplinas de estágio e dos projetos que envolvem licenciandos, nos cursos de formação de professores. Contudo, ao analisar a profissão de professor verifica-se que mais do que as incumbências que a profissão traz consigo, está o fato desta estar estritamente desvalorizada, fator que pode influenciar a atuação profissional. Por outro lado, o papel professional do professor se modificou ao longo dos anos conforme o contexto histórico-social em que a escola está inserida.
Diante dessas ponderações o que move esse estudo é a busca por compreender a relação que se estabelece entre a escola de educação básica pública e o futuro professor de Física a partir da reflexão acerca da interação entre ambos durante a realização do estágio supervisionado.
Objetivo
Verificar o que revelam as narrativas presentes nos relatórios de Estágio Supervisionado de licenciandos em Física durante o contato com a escola e as aulas de Física em termos de reflexões acerca da relação teoria e prática, dos conhecimentos específicos e pedagógicos do conteúdo a ensinar, dos métodos e recursos utilizados, entre outros fatores.
Material e Métodos
A metodologia de pesquisa é de natureza qualitativa do tipo documental (LUDKE, ANDRÉ, 1986). A pesquisa documental possibilita o estudo de documentos que ainda não foram tratados previamente ou que possam ser reinterpretados.
Este artifício coloca o pesquisador em contato com os dados primários do objeto de pesquisa. A Primeira etapa consiste na organização das leituras teóricas (PIMENTA, 2011; HAGEMEYER, 2004 e outras) e teórico-analíticas (MORAES, 1999) que subsidiarão as análises. A segunda etapa consistirá na análise das narrativas presentes nos Relatórios de Estágio Supervisionado I do Curso de Licenciatura em Física do ano de 2018. Os dados são majoritariamente compostos das narrativas que contemplam a vivência dos estagiários no contato
com a escola em ações de observação e de monitoria.
Resultados e Discussão
Segue aqui um recorte da narrativa de um licenciando em Física em que presencia um diálogo entre o professor supervisor e um aluno da escola com a presença do estagiário.
“[…] Ele [aluno] tinha acabado de mudar para cidade, vindo de outra cidade, porque o seu avô, que tinha acabado de sair da prisão, foi preso de novo e contou que ‘depois que entra pro crime, eles não deixam mais você sair não, que tem que aproveitar enquanto é novo, que talvez eles dão uma chance’. Ela [supervisora do estágio] ainda mencionou outro aluno, de um segundo ano, que também tinha problemas parecidos. A professora olhou pra mim [estagiária] e questionou: A faculdade te ensina a lidar com isso?’ […]”
Um momento importante de práxis realizada pelo estagiário, pois em que medida teoria e prática pode estar articulada em torno dessa questão? De fato, a Universidade, e, mais especificamente, o curso de Licenciatura e Física ou qualquer outro curso não irão fornecer um manual do que o professor deve ou não deve fazer e como ele poderá resolver as inúmeras situações que se colocarem ao professor no momento de sua prática. Para superar essa problemática, devemos resgatar o conceito de professor-pesquisador da obra de Paulo Freire. O professor deve ser uma figura que permanece em evolução e reconstrução constante para superar as situações adversas que a profissão apresenta (FREIRE, 2002).
Conclusões
A vivência proporcionada pelo estágio supervisionado aos licenciandos possibilita que estas possam vir a ser transformadas em experiências na constituição deste como professor como profissional docente.
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FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed.
São Paulo: Paz e Terra, 2002.
PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2011 HAGEMEYER, R. C. de C. Dilemas e desafios da função docente na sociedade atual: os sentidos da mudança. Educar, Curitiba, n. 24, p. 67-85, 2004.
MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 7- 32, 1999.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.1.
ed. São Paulo: EPU, 1986.
