• Nenhum resultado encontrado

Fernanda de Araujo Fonseca.pdf

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "Fernanda de Araujo Fonseca.pdf"

Copied!
94
0
0

Texto

TESE A cultura do discurso colonizador na coleção didática Way to Go: análise na perspectiva crítica do discurso / Fernanda de Araújo Fonseca. A cultura do discurso colonizador na coleção didática Way to Go: Uma análise sob a perspectiva crítica do discurso.

Definições de cultura

Ao longo do século XIX, no âmbito da disciplina de etnologia, o conceito de cultura surgiu como uma ferramenta privilegiada para pensar a questão da diversidade humana. Kramsch (2017) diz que como mostra Pennycook (1994), o discurso verbal é apenas uma das muitas modalidades para organizar significados, ou seja, para desenvolver a ideia de cultura.

Poder regulador da cultura

Dada esta relação dialógica, podemos concluir que as culturas não existem independentemente umas das outras. Esta afirmação apoia o argumento de que o pluralismo cultural é constitutivo de todas as sociedades, uma vez que as culturas são interdependentes, o que significa que uma cultura depende frequentemente de outra para a sua existência.

O conceito de cultura presente nos livros didáticos na perspectiva dos

Nesse sentido, Cuche (1999) argumenta que pode ser mais correto considerar a cultura popular como um conjunto de formas de conviver com esse domínio ou, ainda, como uma forma de resistir sistematicamente a esse domínio. Dentro deste jogo de poder, a cultura popular é considerada exótica, diferente, porque a cultura dominante a posiciona como cultura de consumo, o que reforça, como defendemos, a sua tentativa de domínio em nome da supremacia cultural.

A cultura na perspectiva do Programa Nacional do Livro Didático

A cultura, a sociedade e o discurso na construção da identidade

O racismo epistêmico: silenciando as vozes não eurocêntricas

Ao longo da expansão colonial, através do discurso que lhe está subjacente, o corpo colonizado foi visto como um corpo sem vontade, subjetividade, pronto para servir e sem voz (HOOKS, 1995). Grosfoguel (2016) refere-se a corpos sem alma, em que o homem colonizado foi reduzido ao trabalho, enquanto a mulher colonizada tornou-se objeto de uma economia de prazer e desejo.

Identidade nacional: uma construção ideológica

A ACD propõe a utilização do termo discurso quando se refere à linguagem, pois a concebe como um elemento que vai além de uma atividade individual, mas uma forma de agir sobre o mundo e a sociedade. O discurso é uma esfera de hegemonia, uma forma de manutenção do poder, ou seja, é criado e criado para transmitir e manter relações de poder. Em suma, como apontado anteriormente no capítulo 1, a ideia de que a construção de identidades está relacionada com as relações de poder que existem dentro de uma sociedade é uma compreensão clara dentro do campo da ACD que, desta forma, contribui para a construção de uma perspectiva sobre questões de identidade.

Na dissimulação, mantêm-se de forma imperceptível as relações de poder, que são ocultadas, negadas ou encobertas.

Gêneros discursivos, discurso pedagógico e livro didático

Práticas discursivas: o discurso pedagógico

Segundo Orlandi (1996), o discurso pedagógico tem seu ponto de partida nas relações entre o professor, o currículo e os alunos e em princípio resiste a mudanças profundas, para não abalar a sua identidade constituída. A autora afirma ainda que o discurso educacional é visto como um meio de produção de conhecimento que promove a construção do conhecimento e o desenvolvimento moral e intelectual. Dentre os elementos que compõem o discurso educativo, o material didático é o mais utilizado e explorado, pois é tradicionalmente utilizado no contexto escolar.

Nesse sentido, por se propagar no interior de uma instituição socialmente legitimada, o discurso pedagógico cristalizou elementos que surgem de fenômenos relacionados a essa mesma sociedade.

A legitimação do livro didático no discurso pedagógico

Sua legitimidade encontra respaldo em diversos casos, que vão desde reivindicações por parte das instituições de ensino para a utilização de determinado livro, com o objetivo de padronizar o currículo e talvez ter uma forma de monitorar o desempenho de seus professores, até a pressão do governo. próprios alunos, que muitas vezes veem o livro como um “termômetro” que indica a eficácia do professor.” A própria necessidade de avaliação dos livros didáticos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNDL), em certo sentido, reflete a sua legitimidade. Segundo Coracini (1999, p.57), tal avaliação é enquadrada como um gesto de censura que busca fortalecer a legitimidade do livro didático como fonte quase exclusiva de transferência de conhecimento no contexto escolar.

O discurso presente no livro didático de língua inglesa

Nesse sentido, segundo Grigoletto (1999, p. 68), o livro didático se configura como uma das formas de distribuição de poder, um discurso que, ilusório, se estabelece como lugar de verdade, ou seja, um discurso da verdade, na medida em que se constitui no espaço discursivo da escola como um texto fechado cujos significados já estão presentes. 249 apud SIQUEIRA o livro didático não é um inimigo a ser combatido, mas um companheiro a ser avaliado criticamente à luz das necessidades e características de cada contexto específico”. Como enfatiza Lemos (2001), os livros didáticos desempenham um papel fundamental na formação individual e coletiva e a informação que contêm tem o potencial de reforçar estereótipos e dividir as pessoas.

O objetivo deste capítulo, então, é apresentar algumas teorias de alfabetização que destacam as questões ideológicas e críticas que devem orientar as práticas de alfabetização no contexto escolar e, para os fins deste estudo, refletir sobre os livros didáticos de língua inglesa.

Novos estudos de letramento para pensar práticas escolares e o uso do

A importância de questionar os textos é que eles estão a serviço do poder hegemônico. Ainda segundo Street (2003, p. 77) “a abordagem autônoma simplesmente impõe conceitos ocidentais de alfabetização a outras culturas ou dentro de um país pertencente a uma determinada classe ou grupo cultural”7. Segundo esta lógica, para a autora, as práticas de alfabetização são condicionadas social e culturalmente e, como tal, os significados específicos que a escrita tem para um grupo social dependem dos contextos e instituições em que foi adquirida.

Ela continua argumentando que quando as práticas discursivas reproduzem práticas sociais dominantes e são examinadas em sala de aula, desnaturalizando os pressupostos do modelo de alfabetização dominante, podemos pensar na construção de contextos de aprendizagem mais críticos que levem em conta as múltiplas experiências dos alunos. .

Letramento crítico e o livro didático

A alfabetização crítica refere-se a uma atitude crítica em relação aos textos em busca de motivos ocultos. Para Baynham (1995, apud BRAHIM, 2007), a alfabetização crítica pode ser uma ferramenta poderosa para desenvolver o pensamento crítico simplesmente porque a linguagem é poderosa como prática social. Dessa forma, a alfabetização crítica pode ajudar a compreender como determinados textos também podem ser utilizados para desconstruir e até mesmo transformar tais relações sociais.

Portanto, o ensino da língua inglesa por meio do letramento crítico sugere a problematização dos textos como forma de refletir sobre como os significados são construídos e de (re)conhecer e (re)aprofundar as construções discursivas próprias e alheias no processo de leitura (EDMUNDO, 2013 ).

Letramento visual: para uma leitura crítica de imagens do LD

No que se refere especificamente à sala de aula de língua inglesa, Edmundo (2013) afirma que Pennycook (2003), juntamente com outros autores, enfatiza a relevância de o professor de inglês lidar com aspectos sociopolíticos relacionados ao mundo em que vive, visto que trabalhamos com a linguagem e, portanto, estamos centralmente envolvidos na vida política e social. Partindo da premissa de que a construção da realidade social não é neutra, mas emerge das relações de poder e é construída discursivamente (MOITA LOPES, 2002), realizei um estudo de corpus para investigar como são construídos os aspectos culturais de determinados grupos. nos livros Material didático em inglês por meio de análises discursivas e multimodais de como as relações sociais são retratadas nesses livros. Dessa forma, pretendo mapear e problematizar como os discursos presentes nos textos analisados ​​contribuem para a construção do modo como falantes e não falantes de inglês se posicionam no mundo contemporâneo.

Dada a importância dos materiais didáticos como instrumentos de transmissão de ideologia, para esta pesquisa utilizei como fonte de dados textos que serviram de base para unidades e/ou atividades de uma coleção de livros didáticos para o ensino de inglês no ensino médio.

Sobre a pesquisa qualitativa

Além disso, como afirma Chizzotti (2003), a atividade de pesquisa oferece a possibilidade de expansão como forma de ensino-aprendizagem. Diferentemente das modalidades de pesquisa que examinam dados estatísticos, a pesquisa qualitativa permite estudar a forma como os processos sociais, as instituições, os discursos e as relações sociais se articulam e os significados que produzem. Dessa forma, a pesquisa qualitativa pode ser entendida como um método não estatístico que tenta explorar profundamente dados reais de um problema específico.

Com base em tudo o que foi exposto e, como mencionado anteriormente, o presente estudo situa-se no paradigma de pesquisa interpretativo/qualitativo.

Linguística aplicada, campo interdisciplinar

Moita Lopes (2009) complementa esta ideia afirmando que a investigação pode ser uma forma de nos fazer pensar sobre os significados que construímos nas nossas práticas e o sofrimento que elas trazem. Segundo Moita Lopes (2006), os moradores das favelas em suas identidades globais, conforme indicado por Zizek (2004), constituem o verdadeiro “sintoma” de slogans como “desenvolvimento, modernização e mercado mundial”. Moita Lopes (2006) cita também o argumento de Forrester (1997) de que são tempos caracterizados pelo “horror económico” e em que talvez, como diria Canclini (1999), é o consumo que constrói as nossas identidades, ainda que muitos sejam apenas consumidores imaginários. (SARLO, 2000 apud MOITA LOPES, 2006).

Portanto, segundo Moita Lopes (2009), para quem realiza investigação aplicada, criar conhecimento que responda à vida social é um dos principais desafios.

Construção do corpus

Com base nessas visões, o texto da unidade 3: ‘Viajando pelo Brasil’ foi retirado do livro Way toGo 1. Viajando pelo Brasil”, mesma unidade em que o texto utilizado para a análise se encontra no livro Way to Go 1. O texto a seguir é retirado do livro Way to Go 2, da seção chamada Dicas para a Prática, que precede o início das unidades.

O seguinte texto pode ser encontrado no Way to Go 3, Unidade 3: “Histórias Inspiradoras, Valores Inspiradores”.

Figura 1 – Texto: What is the Amazon?
Figura 1 – Texto: What is the Amazon?

Análise de textos do livro Way to Go 1

No primeiro parágrafo há a seguinte afirmação: “(..) essas comunidades aglomeradas - chamadas favelas - na encosta do Rio estão se tornando cada vez mais potenciais paradas para visitantes que buscam um vislumbre da vida além dos bares e praias nos pontos turísticos do Brasil” 12 Neste trecho é dito que os visitantes interessados ​​em visitar as favelas são aqueles que buscam uma visão da vida além dos bares e praias dos pontos turísticos do Brasil. É precisamente o ponto de vista deste grupo mais privilegiado, embora o texto e a imagem procurem supostamente considerar as experiências e pontos de vista de um grupo menos privilegiado que habita as favelas.

A segunda parte da segunda questão configura-se como a última das questões que tentam determinar de certa forma a utilidade do turismo nas favelas: “Quais as possíveis consequências disso para os moradores das comunidades de favela?”.

Figura 4 – Texto: Rio de Janeiro`s slums becoming Brazil tourist hotspot
Figura 4 – Texto: Rio de Janeiro`s slums becoming Brazil tourist hotspot

Análise de textos do livro Way to Go 2

O corpus é considerado relevante pelo fato de o livro didático ser um material tradicionalmente utilizado dentro da escola, instituição socialmente legitimada para a formação intelectual e moral dos cidadãos. Política dos livros didáticos e identidades sociais de raça, gênero, sexualidade e classe nos livros didáticos. BARROS, J. Identidades sociais de classe, gênero e raça/etnia representadas no livro didático de espanhol como língua estrangeira.

Política de livros didáticos e identidades sociais de raça, gênero, sexualidade e classe em livros didáticos. O Guia dos Direitos dos Afrodescendentes dos Brasileiros: Negros na Educação e Livros Didáticos: Como Trabalhar com Alternativas. Identidades sociais – raça e etnia, análise da imagem do negro nos livros didáticos de língua estrangeira.

Figura 6 – Tópico de discussão: Why do Africans like to imitate Western Culture?
Figura 6 – Tópico de discussão: Why do Africans like to imitate Western Culture?

Imagem

Figura 1 – Texto: What is the Amazon?
Figura 2 – Texto: What are natural disasters?
Figura 3 – Texto: Team hoyt
Figura 4 – Texto: Rio de Janeiro`s slums becoming Brazil tourist hotspot
+6

Referências

Documentos relacionados

Partindo da premissa de que a realidade dos problemas com resíduos sólidos não seja exclusividade de grandes metrópoles, esta pesquisa busca entender como uma