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O IMAGINÁRIO DO BORDEL NO UNIVERSO ARTÍSTICO DE TEREZA COSTA RÊGO: O SAGRADO E O ERÓTICO NO

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Academic year: 2023

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Esta tese propõe uma análise e reflexão sobre as representações do imaginário na obra de Tereza Costa Rêgo, por meio de imagens míticas e articulações simbólicas entre o sagrado e o erótico, especialmente na pintura “A Noiva”, que representa a fase dos “Bordéis”. envolvido. . Pernambucano". Este estudo propõe uma reflexão sobre as representações do imaginário na obra de Tereza Costa Rêgo, por meio das imagens de articulações míticas e simbólicas entre o sagrado e o erótico, especialmente em “A Noiva”, que envolve a caminhada. Tereza Costa Rêgo não rompe com o movimento natural dos contrastes, integra-se harmoniosamente.

INTRODUÇÃO

As preocupações com o objeto de estudo surgiram a partir dos fortes contrastes encontrados na obra de Tereza Costa Rêgo (erótico e sagrado). Com a proposta teórica de Durand foi possível compreender que o aparecimento do imaginário é um dos elementos definidores da estrutura narrativa na obra de Tereza Costa Rêgo. Abordamos a obra de Tereza Costa Rêgo como uma autoexpressão que a ajuda a resgatar uma experiência religiosa para se reconectar com a sua.

O Universo Artístico Particular de Tereza Costa Rêgo

O UNIVERSO ARTÍSTICO PARTICULAR DE TEREZA COSTA RÊGO 1 Histórico

  • Perfil Artístico
  • Obra

Falar da obra de Teresa Costa Rêgo (foto 04) pressupõe seguirmos os caminhos que a própria artista constrói. Neste terceiro período de sua vida, passou a assinar suas obras com o nome de Tereza Costa Rêgo. Argumenta-se que a filosofia da imagem encontra ressonância na obra de Teresa Costa Rêgo.

O Imaginário do Bordel

Panorama da fase “Bordéis Pernambucanos”

Tereza Costa Rêgo concentrou em suas imagens uma multiplicidade de significados que carregam os enigmas da tensão existencial simbólica. Tereza Costa Rêgo aborda a nudez numa relação ligada ao sigilo, pois o corpo traz algo secreto, “encoberto”. Para compreender um pouco a essência da obra de Tereza Costa Rêgo, acreditamos ser fundamental destacar suas reflexões sobre sua inspiração poética, para a construção da imagem dos bordéis.

A dimensão do Imaginário

Para compreender parte da gênese da obra de Tereza Costa Rêgo, além do conceito de imaginário, devemos observar também as questões fenomenológicas da percepção através de Merleau-Ponty (1999). Já os intelectualistas falavam da percepção como uma faculdade individual do sujeito, ou seja, a compreensão da percepção dependia da competência do indivíduo em interpretar os objetos, o mundo. A obra de Tereza Costa Rêgo surge de percepções carregadas de sensações, vermelhos, texturas, silêncios.

Buscar a verdade da essência da percepção não significa que seja verdade, mas que é um acesso à verdade. Na obra “As Estruturas Antropológicas do Imaginário” (2002), Gilbert Durand conceitua o imaginário como “a série de imagens e relações de imagens que constituem o capital de pensamento do homo sapiens” (DURAND, 2002, p. 18). É através da ideia que o homem cria e recria, constrói significados e ressignifica o simbolismo, para explicar o que não consegue fazer lógica e/ou racionalmente.

Na sua concepção, a imaginação desdobra-se: é uma força primitiva, um agente essencial da sensação e uma capacidade secundária – a imaginação – que opera ao nível da vontade consciente, deformando e recriando as primeiras imagens. Na fase "Bordéis Pernambucanos" de Tereza Costa Rêgo, as imagens não são apenas mediações entre o homem e o mundo, elas se apresentam como realidades simbólicas da dimensão humana. Baseamos esta reflexão na forma de “representação” de Tereza Costa Rêgo, através do conceito de imaginário, que sem dúvida expressa uma sombra de desejos, modelos, significados e valores que permitem às pessoas estruturar sua experiência, desenvolver suas construções intelectuais e iniciar ações ( ARAÚJO, 2003, p.17).

Os efeitos da obra de Tereza Costa Rêgo são inesgotáveis ​​e tocam a alma de quem tem olhos para ver.

O Regime Noturno das imagens na fase “Bordéis Pernambucanos”

Resumidamente, podemos dizer que o regime diurno é a organização de imagens que divide o universo em opostos e o regime noturno é a organização de imagens que une harmoniosamente os opostos. A estrutura sintética do regime noturno refere-se aos rituais utilizados para assegurar os ciclos de vida, que sempre revelam distinção. As imagens de Tereza Costa Rêgo identificam-se com o regime noturno de estrutura mística, que é a construção da harmonia entre contrastes.

A estrutura mística do regime imagético oferece a convergência harmoniosa das diferenças nas imagens e revela o gosto pela intimidade. Diante dos contrastes, o mapa imaginário do artista busca harmonizar os opostos, característica marcante do regime místico noturno. O regime noturno com estrutura mística da imaginação negará a existência da dor, da ansiedade existencial, pois cria uma perspectiva de um mundo apoiado na harmonia, na aceitação, no conforto e na intimidade (em si, e das coisas) dos conflitos humanos.

As imagens que o pintor produz definem-se no misterioso regime noturno das imagens porque se conectam e transformam através de contrastes e oposições harmoniosas. A energia ambivalente do regime noturno das imagens provém de uma liturgia dramática e amorosa ligada a três grandes famílias de símbolos: arrependimento, eufemismo e intimidade. Pela perspectiva do regime noturno das imagens, observamos que Tereza Costa Rêgo parece ao olhar desavisado arriscar a queda e a inversão dos conceitos do feminino.

A produção de imagens do artista no regime noturno de imagens exige um local sagrado para a manifestação do mito, evocando simultaneamente símbolos de intimidade para perpetuar a permanência harmoniosa de conflitos entre imagens e personagens.

Articulações Simbólicas: O Sagrado e o Erótico

A dimensão do Sagrado nas imagens dos bordéis

Tereza Costa Rêgo tece sua individualização artística por meio dessas redes secretas, figuras enigmáticas da memória e da imaginação. Para quem não está preparado, o sagrado na obra de Tereza Costa Rêgo pode parecer ausente, mas estar oculto não é um caráter negativo, pelo contrário, demonstra uma qualidade positiva que se revela quando descoberta. Os conceitos de sagrado e profano na obra de Tereza Costa Rêgo não dizem respeito ao cenário ou aos personagens, mas identificam duas direções que dividem a vida humana em sagrada e profana.

A obra de Tereza Costa Rêgo visa revelar os objetivos e desejos reprimidos pela cultura cristã. A obra de Tereza Costa Rêgo se comunica com símbolos míticos e essa descoberta do sensível é a manifestação do sagrado. A obra de Tereza Costa Rêgo tem a ambivalência de ser uma hierofania e uma obra de arte, esta reflexão emerge do pensamento de Eliade (2012).

Habitar o espaço, como fez Tereza Costa Rêgo em sua obra, é acolher o universo em sua totalidade e em sua ambivalência. Tereza Costa Rêgo aproveita essa condição e atualiza os mitos em seu trabalho. A obra de Tereza Costa Rêgo parece nascer de um homem religioso, pois dá vida à forma do sagrado a partir do exemplo dos deuses que criaram o mundo.

Numa sociedade profanada, Tereza Costa Rêgo expressa a experiência de uma vida sexual ligada ao divino.

O aspecto Erótico na construção imagética

O erotismo é atacado na obra de Tereza Costa Rêgo como experiência ligada à vida, não como objeto de ciência, mas de paixão e mais profundamente de contemplação poética. As mulheres retratadas na obra de Tereza Costa Rêgo necessitam de sensações físicas e eróticas para expressar sua natureza de forma verdadeiramente válida no mundo. Observamos que Tereza Costa Rêgo retrata mulheres no limiar dos conceitos de liberdade e libertinagem.

As prostitutas e bordéis de Tereza Costa Rêgo não são pornográficas, porque não degradam os corpos nem censuram a sociedade. Tereza Costa Rêgo não é feminista, mas sua representação da mulher valoriza a atitude e a determinação sexual feminina. Tereza Costa Rêgo também apresenta paradoxos relacionados ao imaginário e à realidade construídos por meio de suas memórias e experiências.

Tereza Costa Rêgo não coloca o espectador simplesmente como voyeur, mas como colaborador em suas obras. Tereza Costa Rêgo não parte de uma filosofia materialista, que busca a mulher apenas como objeto sexual. Discutir e contemplar a obra de Tereza Costa Rêgo nos permite vivenciar a liberdade no seu sentido mais profundo.

Na obra de Teresa Costa Rêgo, o erotismo é um aspecto direto da experiência interior e, portanto, sagrado.

Mitocrítica da obra “A Noiva”

Imagens Mítico-Simbólicas

As figuras míticas identificadas na pintura “A Noiva” mostram uma noiva mítica e simbólica que demonstra o poder da imaginação do artista. A personificação estabelece uma relação sentimental com as forças atuantes no universo paralelo criado por Tereza Costa Rêgo. Na obra “A Noiva”, Tereza Costa Rêgo se afasta da realidade apenas sexual, enfatizando a singularidade do espírito humano.

Através dos detalhes pitorescos da pintura “A Noiva” percebemos que os “Bordéis” de Tereza Costa Rêgo carregam sempre dois conceitos (o sagrado e o erótico), ela encontra um equilíbrio entre eles de forma digna e misteriosa e, talvez a razão para isso , seu trabalho é de tirar o fôlego, cheio de sentimentos, formas e cores. Nesta imagem da “Noiva” a intimidade se alia ao acolhimento e ao descanso da barriga acariciando gatos e maçãs. De certa forma, a ideia de casamento implícita na pintura “A Noiva”, une interesse e pureza, sensibilidade e erotismo, reflete a dimensão sagrada do casamento.

A “Noiva” enfatiza o seu valor sedutor e simbólico, o que contribui para a criação de um pensamento mais humano e natural. À noite, na tela, “A Noiva” é visível através da vista da janela do quarto da prostituta, que mostra Recife ao longe. O silêncio eufemiza a possível angústia da “Noiva”, ela parece meditar sob a paz divina que habita o ambiente da sala.

As imagens e símbolos parecem tender para uma dinâmica harmoniosa e simbiótica, é o caso, por exemplo, da personagem cinematográfica “A Noiva”, uma mistura mítica de Eva e Lilith (figura 35).

Revelação da obra: identificando dos mitos e símbolos

  • O Quarto
  • A Noiva
  • O Véu
  • O Cabide e o Chapéu
  • Retratos de Família
  • A Janela
  • A Cama
  • As Maçãs
  • A Santa
  • O Sapato
  • Os Gatos
  • Os Colares

O quadro “A Noiva”, pintado por Tereza Costa Rêgo, tem a personagem, que é uma prostituta, como protagonista da cena. Torna-se relevante examinar a base desses arquétipos para iluminar a trama da imagem de Tereza Costa Rêgo. Podemos também relacionar o rosto prostituído da “Noiva” com o mito de Dione (deusa das ninfas, aquela que lhes dá a vida).

A obra de Tereza Costa Rêgo traz à tona a realidade natural da vida, sem alarde ou simulação. Tereza Costa Rêgo parece reconciliar a “Noiva” com as cidades, tal como fez quando regressou do exílio. Tereza Costa Rêgo parece traçar miticamente um destino feliz para a “Noiva” que espera seu príncipe, seu noivo.

Assim como Bernini, Tereza Costa Rêgo sugere uma conexão entre o divino e o humano em sua obra. O colar de pedras pintadas por Tereza Costa Rêgo é esculpido, as pedras possuem formatos expressivos e harmoniosos. Pelos detalhes pictóricos da pintura “Noiva”, entendemos que os “Bordéis” de Teresa Costa Rêgo carregam sempre dois conceitos, o sagrado e o erótico.

A obra de Tereza Costa Rêgo é uma expressão da sagrada liberdade erótica, porque respeita a individualidade humana. O erotismo humano expõe a vida interior, e Tereza Costa Rêgo faz isso com habilidade através do quadro “A Noiva”. Além da materialidade irrefutável, o corpo da ‘Noiva’ pintado por Tereza Costa Rêgo também possui caráter poético.

ANEXOS

Na sua obra Viagem ao Ano 2000 notei pérolas e conchas ligadas à religião de base africana, isso mesmo. Agora quero mostrar algumas fotos do seu livro e quero que você me diga o que lhe vem à cabeça, quais são os seus sentimentos.

Referências

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