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UMA INTRODUÇÃO À FUNDAMENTAÇÃO DO DIREITO A PARTIR DA TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS

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Academic year: 2023

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Este trabalho verificará em que medida a teoria da justiça como igualdade, formulada pelo filósofo norte-americano John Rawls, constitui uma teoria capaz de fundamentar o direito. Por fim, com o conhecimento construído no primeiro e no segundo capítulos, será possível fazer uma introdução aos fundamentos do direito, com base na teoria rawlsiana da justiça.

INICIAÇÃO A JOHN RAWLS

SOBRE O AUTOR E SUAS PRINCIPAIS OBRAS

Enquanto professor em Harvard, John Rawls ministrou vários cursos de filosofia moral e política, oferecendo cópias de suas palestras a quem as desejasse. Rawls não tinha interesse em ter suas palestras publicadas, mas achava injusto que apenas algumas pessoas tivessem acesso a elas – isto é, apenas seus alunos e seus conhecidos – e como existiam diversas versões de seus manuscritos, era importante que uma a versão final foi aperfeiçoada.

AS BASES TEÓRICAS

  • Intuicionismo
  • Perfecionismo
  • Utilitarismo
  • Contratualismo
  • Teoria moral kantiana

Ao procurar uma alternativa a esta situação, Rawls encontra os fundamentos da sua concepção de justiça como igualdade na teoria do contrato social e na teoria moral de Kant. O autor de uma teoria da justiça vê o utilitarismo como uma base muito frágil e insuficiente para as instituições da democracia constitucional, e depois parte em busca de uma concepção de justiça capaz de explicar as liberdades e. A relação entre o estado de natureza hobbesiano e a noção de “posição original” formulada por John Rawls em Teoria da Justiça.

A característica central do neocontratualismo da justiça como igualdade é a primazia do conceito de direito sobre o de bem. Portanto, a influência que o contratualismo clássico teve sobre Rawls é evidente e decisiva, uma vez que a posição original é aquela que permite o desenvolvimento de uma teoria da justiça como igualdade. Os escritos de Kant sobre filosofia moral exercem uma influência marcante na teoria da justiça de Rawls.

Segundo Loparic, a filosofia prática kantiana “é geralmente vista como a principal fonte de inspiração para a teoria da justiça de Rawls”.41.

A SOCIEDADE COMO UM SISTEMA EQÜITATIVO DE COOPERAÇÃO 26

Rawls concebe então a sociedade “como um sistema justo de cooperação social continuado de geração em geração”68, e anuncia três aspectos essenciais da cooperação social69. A ideia de cooperação inclui a ideia de termos justos de cooperação: são termos que cada participante pode razoavelmente aceitar, e às vezes deveria aceitar, desde que todos os outros também o façam. O conceito de sociedade como sistema justo de cooperação é colocado por Rawls como ideia central e organizadora da concepção política de justiça para um regime democrático.

Dois outros elementos fundamentais estão ligados a esta ideia: a ideia de cidadãos cooperando como pessoas livres e iguais e a ideia de uma sociedade ordenada. Num sentido mais específico, a ideia de uma sociedade ordenada refere-se à ideia de publicidade, onde “cada membro da sociedade aceita e sabe que todos os outros aceitam a mesma concepção política de justiça”. 74 Por outras palavras, os princípios de justiça que constituem esta visão são publicamente reconhecidos.

ESTRUTURA BÁSICA DA SOCIEDADE

Na estrutura básica da sociedade, existem diferentes posições sociais e cidadãos, nascidos em diferentes condições económicas e sociais, cujos planos de vida são determinados tanto pelo sistema político como pelas circunstâncias sociais e económicas. Por acaso, na vida, um ser nasce numa espécie humana, com um determinado sexo, numa determinada classe social, mas essas particularidades, devido à forma como as instituições distribuem os benefícios da cooperação social, transformam-se em desigualdades que afetam negativamente chances de vida das pessoas.81. Os princípios da justiça devem primeiro ser aplicados a estas desigualdades, supostamente inevitáveis ​​na estrutura básica da sociedade.

O objectivo da justiça, então, é ordenar a forma como as instituições sociais na estrutura básica da sociedade distribuem os direitos e deveres básicos, bem como os benefícios que decorrem da cooperação social.

A CONCEPÇÃO DE PESSOA COMO LIVRE E IGUAL

O ponto de partida da teoria da justiça rawlsiana é a ideia de uma sociedade como um sistema equitativo de cooperação entre pessoas livres e iguais. Os princípios da justiça como equidade são adoptados e aplicados numa sequência de quatro fases. Na teoria da justiça como equidade, contudo, em questões de justiça é importante promover a justiça em vez da felicidade geral.

No caso da teoria da justiça como justiça, o procedimento de escolha dos princípios na posição original, sob um véu de ignorância, refere-se à justiça processual. Araújo apresenta a diferença de perspectiva entre a teoria da democracia e uma teoria geral da justiça como o fato de esta última ser eminentemente normativa. Esta monografia teve como objetivo apresentar a teoria da justiça como equidade do filósofo John Rawls e demonstrar a possibilidade de basear o direito nela.

Mas foram tanto a doutrina do contrato social como a teoria moral de Kant que serviram de base para a elaboração da sua teoria da justiça como equidade.

POSIÇÃO ORIGINAL E VÉU DA IGNORÂNCIA

A ESCOLHA DOS PRINCÍPIOS

  • A motivação das partes
  • O critério de racionalidade: a regra maximin

Este tópico é sobre a motivação das pessoas na posição original, e não sobre a motivação das pessoas na vida cotidiana. Rawls assume que as pessoas na posição original não estão interessadas nos interesses dos outros, mas sim que o seu motivo é a procura de um certo tipo de bens, os bens primários.107. Os bens primários naturais, por outro lado, relacionam-se com poder, inteligência, saúde, imaginação e, portanto, a sua distribuição não está ligada a instituições.

Os bens sociais primários são importantes na medida em que constituem o meio de concretizar o projecto de vida de cada pessoa. Esta é a “regra maxmin”, que tem como princípio maximizar o que você alcançaria se terminasse na posição mínima ou pior.

OS PRINCÍPIOS PRIMEIROS DA JUSTIÇA

  • Os quatro estágios de concretização dos princípios da justiça

O segundo princípio é dividido em dois, o princípio da igualdade equitativa de oportunidades e o princípio da diferença ou princípio da justiça distributiva. A legitimidade dos atos legislativos depende da justiça da constituição […] e quanto maior for o desvio da justiça, mais provável será a injustiça dos resultados. O poder político é limitado por um órgão constitucional, cujos elementos principais se baseiam em princípios de justiça racionalmente justificados.

São os dois princípios de justiça como igualdade, cuja existência precede o quadro constitucional e, portanto, serve como fonte normativa.158 Rawls insere os princípios de justiça como igualdade no sistema jurídico através da sequência de quatro etapas de sua implementação. É assim possível confirmar, com base na teoria da justiça formulada por John Rawls, que nas sociedades democráticas um código de direito é justo e pode ser considerado criticamente legítimo quando dentro dele existem normas que consideram e não vão além das diretrizes. dos dois princípios de justiça.

JUSTIÇA PROCEDIMENTAL: A PRIORIDADE DO JUSTO SOBRE O BEM

A FUNDAMENTAÇÃO DO DIREITO A PARTIR DA TEORIA DE RAWLS

UM PROBLEMA URGENTE PARA A FILOSOFIA POLÍTICA

Em Justiça como Equidade, o autor apresenta uma das funções da filosofia política para “destacar questões profundamente controversas e verificar se, apesar das aparências, é possível descobrir uma base subjacente de acordo filosófico e moral”. . incompatíveis, nas sociedades democráticas, no que diz respeito às exigências de liberdade e igualdade, que são "ambíguas, para não dizer equívocas, e a forma de as equilibrar nunca foi exposta de uma forma que mereça aprovação geral". 125 Surge então um objetivo para a filosofia política: responder como é possível explicar os conceitos de liberdade e igualdade e descrever uma forma de ordená-los e equilibrá-los de tal forma que os cidadãos de tais sociedades concordem com isso. Segundo Cortina Orts, porém, é necessário rever os fundamentos do direito com base numa filosofia moral para atingir este objetivo.126. As teorias morais até à sua época eram, na opinião de Rawls, insuficientes ou demasiado frágeis para satisfazer esta exigência da filosofia política.

125 […] Los conceptos de 'libertad' e 'igualdad' son vagos, por no decir equívocos, y la forma de equilibrarlos nunca ha sido definida de tal manera que merezca la aprobación general." (traducción libre) CORTINA ORTS, Adela. 126 "[…] es necesario revisar los fundamentos del derecho desde una filosofía moral". (traducción libre) CORTINA ORTS, Adela.

LEGITIMIDADE OU JUSTIÇA?

Desde o início é claro que Rawls distingue questões de “legitimidade” daquelas de justiça, enfatizando estas últimas129. Neste sentido, o facto de a eleição dos governantes e das leis obedecer aos critérios do processo democrático, escolhido pela maioria e, portanto, legítimo, não significa que o conteúdo das decisões e das leis seja justo. Para analisar uma decisão ou o conteúdo de uma norma não basta fazê-lo apenas verificando a correcção dos procedimentos; é preciso levar em conta os princípios substantivos da justiça, ou seja, os valores morais envolvidos.

A injustiça das decisões tem limite e quando são muito injustas, corrompe-se a própria legitimidade do processo democrático, assente no quadro constitucional. 136 “Se quisermos avaliar o quão justas são as decisões dos regimes democráticos, olhar para os procedimentos de legitimação das decisões é claramente insuficiente, mesmo quando os consideramos aceitáveis, ou seja, dentro dos limites de tolerância necessários para apoiar o jogo democrático”. ARAÚJO, Cícero.

DEMOCRACIA E JUSTIÇA

Ao regressar à teoria contratualista, Rawls retirou o foco da soberania estatal e nacional, tão cara ao liberalismo clássico, e colocou o problema da justiça como uma questão central. Em Justiça como Equidade152, antes de apresentar os seus dois princípios de justiça, Rawls reitera que uma concepção de justiça deve ser política. Assim, depois de confirmada politicamente a concepção de justiça nos termos acima, Rawls anuncia o princípio liberal da legitimidade, segundo o qual.

A justificação rawlsiana da justiça não permite que certos princípios e deveres fiquem sujeitos à vontade da maioria, uma vez que são dotados de conteúdos resultantes de um procedimento construtivo racional, do qual participaram pessoas livres e iguais, que no exercício da sua moral capacidades, escolhidas, em condições adequadas. Por fim, a teoria rawlsiana apresenta o princípio liberal da legitimidade que vincularia a legitimidade do poder público à observância dos princípios da justiça.

O LIBERALISMO CLASSICO E O NOVO LIBERALISMO

JUSTIÇA E LEGITIMIDADE

Neste ponto, a discussão entre justiça e legitimidade é retomada na perspectiva do novo liberalismo, mostrando que ao analisar o conteúdo normativo das decisões são consideradas questões de justiça e legitimidade. Dizer que uma concepção de justiça é política significa que se trata, em primeiro lugar, de uma concepção moral elaborada tendo em vista a estrutura básica da sociedade e limitada à ideia de sociedade como um sistema justo de cooperação e à ideia de cidadãos livres e iguais. A base moral do direito é um problema premente para a filosofia política, uma vez que é o Estado quem confere ao direito o seu poder coercitivo.

Graças a esta teoria foram retomadas as discussões sobre o contratualismo no âmbito da filosofia política. A discussão sobre o liberalismo clássico e o novo liberalismo chegou à conclusão de que no primeiro liberalismo o contrato social serve para explicar e limitar a origem do poder político.

Referências

Documentos relacionados

A OIT relativa aos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho (Declaração de 1998) e a Declaração da OIT sobre Justiça Social para uma Globalização Justa (Declaração