• Nenhum resultado encontrado

O Complexo Agronegócio do Cavalo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "O Complexo Agronegócio do Cavalo"

Copied!
4
0
0

Texto

(1)

O Complexo Agronegócio do Cavalo

Daniela Barbosa de Macedo1, Clauber Rosanova2,

1Discente do Curso de Agronegócios do IFTO/ Campus Palmas – TO. Bolsista do CNPq. e-mail: danybm95@hotmail.com

2Prof. Msc./ Orientador – Coord. Recursos Naturais– IFTO/ Campus Palmas – TO. e-mail: clauber@ifto.edu.br

Resumo: O trabalho avaliou o agronegócio do cavalo no Tocantins, com o objetivo de discutir aspectos que norteiem o fortalecimento do setor. O estudo retratou a dimensão técnica, econômica e social da equinocultura, a partir da caracterização dos criadores e criatórios e dos demais agentes desta cadeia produtiva. A metodologia envolveu diversos aspectos, como: revisão de literatura, entrevistas, visita a criatórios e associações de raças, fornecedores de insumos e de assistência técnica. Os dados primários foram obtidos em entrevistas e visitas técnicas, sendo avaliados 20 criatórios, 19 sindicatos rurais e 374 fornecedores de insumos, em 98 dos 139 municípios do estado. As principais raças criadas foram Quarto de Milha e Paint Horse, com valores de comercialização dentro das médias nacionais. A equinocultura não foi apontada como fonte de renda prioritária e teve como entraves o alto custo dos insumos, falta de capacitação, de assistência técnica e de investimentos no setor. O número médio de animais por propriedade foi de 34 cabeças. O criador em sua grande maioria é do sexo masculino, com idade entre 40-60 anos, exerce outra atividade profissional e tem boa escolaridade. O estudo diagnosticou de forma ampla toda a cadeia produtiva da equinocultura no Tocantins, demandando novas pesquisas de forma a redirecionar e otimizar seu potencial de desenvolvimento.

Palavras–chave: desenvolvimento, economia, equinocultura, equinocultor.

1. INTRODUÇÃO

A população mundial de equídeos está estável nas últimas décadas e é estimada atualmente em 113.473.522 cabeças, sendo 58.770.171 equinos, 43.496.677 asininos e 11.206.674 muares (FAO, 2008). A população mundial de equinos está distribuída nos continentes da seguinte forma: África, com 4.519.216 cab. (7,7%); América, com 33.594.119 cab. (57,2%); Ásia, com 13.870.140 cab.

(23,6%); Europa, com 6.374.740 cab. (10,8%); e Oceania, com 411.956 cab. (0,7%), sendo evidente a concentração da produção e utilização dos equinos nas Américas. A distribuição mundial dos equinos e também dos asininos e muares entre continentes e/ou países reflete aspectos produtivos, sanitários, legais e culturais, entretanto, deve-se destacar na última década a redução da população de equinos na Ásia, principalmente na China, de 8.916.154 cabeças em 2000 para 6.823.465 cabeças em 2008 (FAO, 2008), associada à migração interna da população humana, com menor utilização dos equídeos no transporte e agricultura e maior consumo de carne equina. Por outro lado, nos Estados Unidos houve aumento expressivo da população de equinos, de 5.240.000 cabeças em 2000 para 9.500.000 cabeças em 2008 (FAO, 2008), em parte devido a restrições legais internas para o abate e exportação de carne de equídeos. No Brasil, a população de equídeos é estimada atualmente em 7.986.023 cabeças, sendo 5.541.702 equinos, 1.130.795 asininos e 1.313.526 muares.

A configuração do Arranjo Produtivo Local e do Agronegócio do Cavalo no Estado do Tocantins era ainda pouco conhecida, particularmente, no que se referia à sua contribuição na geração de renda e de postos de trabalho. O estudo permitiu conhecer e dimensionar o Agronegócio Cavalo no estado. Permitindo o desenvolvimento de estudos visando à criação de sustentação teórica para formulação de políticas que permitam o desenvolvimento não somente da equinocultura, mas também, dos diversos segmentos econômicos relacionados a essa atividade que são responsáveis pela geração de centenas de milhares de empregos diretos. Os esforços visando o aprofundamento dos conhecimentos sobre a indústria do cavalo contribuíram para disseminação de informação e de pressões por políticas de apoio ao crescimento da equinocultura. A disponibilidade de informações sobre o Arranjo Produtivo Local e do Agronegócio do Cavalo no Estado do Tocantins eram muito escassas. Visando preencher esta lacuna, o presente estudo caracterizou a configuração do Complexo

ISSN 2179-5649 IV JICE©2013

(2)

do Agronegócio Cavalo, estimando a sua dimensão econômica e social. Discutiram-se alguns aspectos institucionais, de estrutura e desempenho do setor. Espera-se que, a partir deste estudo, novas políticas – de crédito, sociais, de fomento, entre outras – venham a ser formuladas para apoio, desenvolvimento e consolidação deste complexo. No Tocantins, o estudo iniciou pela discussão e compreensão das diversas atividades relacionadas com o cavalo, antes, dentro e pós-porteira. O estudo foi finalizado com considerações sobre a configuração do Arranjo Produtivo Local e do Agronegócio do Cavalo, sua contribuição ao Tocantins, descrevendo as interconexões entre as mais diversas atividades associadas a este nobre animal.

Este trabalho teve por objetivo retratar a dimensão técnica, econômica e social da equinocultura, a partir da caracterização dos criadores e criatórios e de todos os demais agentes tanto a montante quanto a jusante desta ampla cadeia produtiva, destacando os potenciais e entraves deste setor do agronegócio no estado de Tocantins.

2. MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia deste estudo envolveu diversos aspectos, tais como: revisão de literatura, entrevistas, visitas técnicas a criatórios e centros de treinamento, provas hípicas, empresas e fornecedores de insumos equestres e debates com grupos de especialistas, entre outros. Inicialmente, a caracterização do agronegócio do cavalo no estado do Tocantins foi realizada através de um detalhado levantamento da literatura em bibliotecas e por meio eletrônico. Esta revisão permitiu um diagnóstico preliminar do segmento, assim como a definição mais clara das informações adicionais que foram buscadas em trabalho de campo. Nesta fase, foram também identificados os principais agentes econômicos – privados e públicos – atuantes no setor, buscando o entendimento da dinâmica competitiva do complexo do agronegócio cavalo. Amostras desses agentes foram selecionadas para a condução de entrevistas informais e semi-estruturadas, conduzidas por grupos de pesquisadores.

Os dados primários foram obtidos em entrevistas realizadas em diversas fases. A amostra incluiu representantes das associações de criadores e de diversos segmentos considerados chaves, tais como: indústrias de medicamentos, de equipamentos para transporte, selarias, hípicas, sindicatos e associações de profissionais, entre outros. Os pesquisadores foram a campo e aplicaram os questionários junto a criadores (dos mais diversos portes e para diversas finalidades) em todas as regiões do estado do Tocantins. Adicionalmente, inúmeras entrevistas foram realizadas – por telefone e por e-mail – com criadores, empresários e pessoas ligadas ao agronegócio cavalo. Também foram visitados eventos – exposições, festas agropecuárias, provas equestres e leilões, para complementar o trabalho dos levantamentos. Para a coleta desses dados, foram desenvolvidos três questionários distintos. O primeiro, menos detalhado, foi utilizado nas visitas e contatos junto às empresas com atividades pertinentes ao agronegócio cavalo. O segundo questionário foi utilizado nas visitas às associações de criadores. Finalmente, o terceiro questionário foi utilizado nas visitas aos produtores, no levantamento das criações a campo. Foram utilizadas ainda informações existentes em bancos de dados, como na Receita Federal, IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ADAPEC, Ruraltins, SEAGRO-TO, FAET/SENAR entre outras. Nos casos em que foram possíveis, foram realizadas as seguintes estimativas: a) número de pessoas ocupadas na atividade, tanto com emprego formal quanto os trabalhadores informais e, b) movimentação econômica, não apenas o faturamento formal, mas toda dimensão econômica da atividade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se que o tamanho médio das propriedades foi de 375,51 ha, sendo 32,62 ha destinados à atividade equestre, dados semelhantes aos de Solano et. al.(2011) no sul do Brasil com 300 ha. Cerca de 88,89% dos criadores possuem terra própria e 11,11% arrendamento.

O número médio de animais por propriedade foi de 34 cabeças e as principais raças foram Quarto de Milha com 45% de representatividade, Paint Horse com 25% e outras com 30%. Na maior parte das propriedades a equinocultura foi apontada como secundária e apenas 15% dos criadores tem

(3)

a atividade como principal, corroborando com dos dados de Solano et. al.(2011), onde 9% dos criadores da região sul citam a atividade como prioritária.

O presente estudo observou que 85% dos criadores exercem outra ocupação profissional (85,71% profissional liberal, 11,76% funcionário publico, 2,53% pecuarista). A mão de obra é 100%

contratada, com média de 2,77 funcionários por propriedade, sendo que 66,67% desses funcionários são registrados.

A faixa etária encontrada na pesquisa correspondeu a 44,44% dos proprietários com idade entre 41-60 anos, 22,23% entre 31-40 anos, 22,23% entre 24-30 anos e 11,10% outros, em que 100% dos proprietários e criadores são do sexo masculino. Quanto ao nível de escolaridade dos proprietários observou-se que 65% possuem o ensino médio completo, 25% possuem o ensino superior completo e 10% possuem apenas o ensino fundamental. Apenas 20% dos proprietários residem na propriedade, enquanto 80% residem no perímetro urbano, conforme dados da Tabela1

Tabela 01- Perfil técnico e social do criador e da equinocultura no Tocantins (n = 20)

Faixa etária 41-60 anos 44,44%

24-40 anos 44,46%

0utros 11,10%

Ocupação principal Profissional liberal 85,71%

Funcionário público 11,76%

Pecuarista 2,53%

Escolaridade Ens. médio completo 65%

Superior completo 25%

Ens. fundamental 10%

Principais raças criadas

Quarto de Milha 45%

Paint Horse 25%

Outras 30%

Principais usos dos equinos

Esportes equestres 45%

Lazer 35%

Seleção genética 20%

Em 100% dos criatórios não foi relatado o uso de seguro de vida dos animais e ou seguro da propriedade e instalações, apenas 5% destes criatórios contam com assistência técnica privada e em apenas 15% foram utilizados recursos de agências de fomento para investimentos e ou custeio da atividade. Quanto aos custos de produção, nutrição e sanidade corresponderam a 90% dos custos operacionais. Os fornecedores de insumos e as empresas agropecuárias relataram que o setor equestre representou 25% do faturamento total de suas operações (rações, medicamentos e selaria), denotando a importância da atividade na geração de divisas. Nos laboratórios credenciados é realizado apenas o exame de anemia infecciosa equina, quando há a necessidade de outros exames e diagnósticos os animais são encaminhados para outros estados, em média no estado 200 animais fazem o exame por mês, um número relativamente pequeno quando comparado ao tamanho do rebanho, segundo os responsáveis técnicos dos laboratórios.

As capacitações oferecidas pelas entidades rurais abrangeram poucos assuntos versando apenas sobre doma racional e casqueamento/ferrageamento. Referente ao uso dos animais e a prática de esportes, 45% dos equinos são utilizados em esportes como vaquejada, provas de tambor e de laço, 35% para lazer, 15% para seleção genética e 5% outros.

No tocante a comercialização, 65% dos animais são comercializados diretamente a outros criadores, 10% são vendidos em leilões e 25% outros. Em média cada produtor vendeu ao redor de dez

(4)

animais/ano, com valor estimado de R$ 8.333,00 para os animais puros com registro e R$ 2.580,00 para os animais cruzados e R$ 850,00 para os animais sem raça definida.

Foi observado que as principais dificuldades encontradas pelos equinocultores dizem respeito à falta de mão de obra especializada, dificuldade na aquisição e custos de insumos, a ausência de crédito e políticas bancárias especifica para equinocultura, a distância dos grandes criatórios e imagem da atividade como hobby.

6. CONCLUSÕES

Os criatórios do estado não tem a equinocultura como fonte de renda prioritária e que a atividade apesar de lucrativa ainda é tida como hobby, não sendo valorizado o potencial dessa cadeia no Tocantins, o que demanda politicas públicas para o desenvolvimento da atividade.

As principais raças criadas foram Quarto de Milha e Paint Horse, o que denota o uso desses animais para esporte e trabalho. Os valores de comercialização estão dentro das médias nacionais.

Os principais entraves à atividade foram o custo dos insumos, a falta de capacitação de mão de obra, bem como de assistência técnica e investimentos.

Novas pesquisas e projetos são necessários para mudar e redirecionar a visão do agronegócio do cavalo no estado de Tocantins.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pela concessão da bolsa de iniciação científica, ao IFTO – Campus Palmas pelo apoio logístico e a todos os envolvidos com o setor equestre no estado de Tocantins pela disponibilização dos dados.

REFERÊNCIAS

CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO - CNPq.

Plataforma Lattes. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/ Acesso em: 24/7/2012.

Food and Agriculture Organization - FAO. United Nations. Disponível em:

<http://faostat.fao.org/site/573/ DesktopDefault. aspx?PageID=573#ancor> Acesso em: 24/07/2012.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Produção da pecuária municipal. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/> Acesso em: 24/07/2012.

LIMA, R.A.S.; SHIROTA, R.; BARROS, G.S.C. Estudo do complexo do agronegócio cavalo.

Piracicaba: ESALQ/USP, 2006. 250p.

SOLANO, G. A.; SILVA, M. C.; SERENO, J. R. B. Aspectos sobre o sistema de criação de cavalo campeiro no sul do Brasil. Actas Iberoamericanas de Conservación Animal AICA, v. 1, p. 405- 407, 2011.

Referências

Documentos relacionados

A utilização destes recursos é apenas uma da vasta possibilidade de metodologias para o ensino de Língua Portuguesa e Interpretação de Textos, as quais também devem ser discutidas entre