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POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO EM MUSEUS

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Academic year: 2023

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO EM MUSEUS: Uma breve trajetória de políticas atreladas às diretrizes internacionais e nacionais.

Autor (a): Adrielly Ribas Morais1

RESUMO: Esse trabalho, é recorte temático da pesquisa de tese e busca apresentar um breve histórico sobre as diretrizes de políticas voltadas a educação em museus em especial apresentadas pelo Plano nacional de educação em museus de 2018, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e pelo Fórum Nacional de Museus, bem como algumas declarações e diretrizes de órgãos internacionais ligados ao International Council of Museums, ICOM e ao campo da museologia, por meio da análise de documentos e revisão bibliográfica.

Palavras-chave: Políticas Públicas de educação em museus, educação Museal, educação não escolar.

ABSTRACT: This article is a thematic section of thesis research and it seeks to present a brief history of the policy guidelines for museum education, especially presented by the National Museum Education Plan of 2018, prepared by the Brazilian Institute of Museums (IBRAM) and by the National Museums Forum, as well as some statements and guidelines of international bodies related to the international Council of Museums, ICOM and the field of museology, through document analysis and bibliographic review.

.

Keywords: Public policies of museum education, museum education, non-school education

1 INTRODUÇÃO

Esse trabalho terá como foco um breve histórico de algumas declarações e diretrizes de órgãos internacionais ligados ao International Council of Museums, ICOM e a Política Nacional de educação em museus (PNEM). De acordo com o IBRAM, (2018) o PNEM busca discutir em todo território nacional a construção de um Programa, que tem como objetivo

“subsidiar a atuação profissional dos educadores, fortalecer o campo profissional e garantir condições mínimas para a realização das práticas educacionais nos museus e processos museais” (IMBRAM, 2018.p.1)

1 Educadora de Museus, doutoranda em Educação na Universidade Federal Fluminense e mestre em Educação.

E-mail: ribasadrielly@gmail.com

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A Metodologia utilizada é a de revisão bibliográfica e pesquisa qualitativa com abordagem documental, que consiste na compreensão e apreciação de documentos dos mais variados tipos. Como produto de uma sociedade, o documento exprime relações de força e dos que detêm o poder, e diante disso também revela aqueles que possuem mais aparatos de geração de documentos e registros de suas próprias narrativas, principalmente aqueles denominados como oficias. Não são, portanto, produções neutras, pois elas manifestam modos de interpretação do vivido por um determinado grupo de pessoas em um dado período histórico e local geográfico. (Le Goff, 1994)

Os documentos utilizados nesta pesquisa são em sua m aioria secundários, pois grande parte deles se encontraram na bibliografia de estudos sobre o tema ou em cadernos com digitalizações de transcrições, parciais ou na integra de assembleias, seminários e encontros internacionais ou da resolução que essas reuniões assinaram.

Boa parte das digitalizações são disponibilizadas por revistas, cadernos e periódicos especializados do campo da Museologia, disponíveis publicamente pelo portal oficial do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). As fontes originais então em arquivos centrais em Brasília, quanto mais recuada sua datação maior é dificuldade para achar sua versão na integra digitalizada.

O tema tratado durante o estudo está inserido no contexto político de reformas de teto de gastos e mudanças de pastas, autarquias e mistérios do governo Temer (2017-2018) e do presidente Bolsonaro (2019). O corte de gastos em vários dos setores sociais no âmbito federal promoveu uma atmosfera de tensão entre os projetos políticos antagônicos, destacamos em especial as áreas da educação, cultura e patrimônio.

É possível tomar como exemplo, à fragilidade dos órgãos vinculados a promoção e conservação dos museus diante do contexto político de reformas, a medida provisória n°

850/2018 que extinguiria a autarquia ligada ao antigo Ministério da Cultura (MinC), o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), órgão este que voltava suas ações e políticas públicas para o desenvolvimento e fomento dos museus nacionais, regionais e locais, mas que não foi aprovada

A medida provisória também lança a Agência Brasileira de Museus (Abram), que segundo o Diário Oficial de 11 de setembro de 2018, possui como missão administrativa melhorar a captação e a gestão dos recursos financeiros destinados aos museus e gerenciamento dos recursos que serão investidos no setor, por meio dos fundos patrimoniais, assim, empresas e pessoas físicas podem fazer doações para museus por meio da Lei Rouanet.

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Segundo publicação do senado federal em audiência da Comissão Mista do congresso nacional destinada a emitir parecer sobre a Medida Provisória nº 850/2018, rejeitou a proposta de extinção da autarquia. O projeto será modificado para coexistência dos dois órgãos públicos. Vale ressaltar também que Ministério da Cultura (MinC), teve sua pasta extinta em dois de janeiro de 2019, sob o governo do atual Presidente Jair Bolsonaro. O mistério da Cultura vira secretaria e integra o Ministério da Cidadania.

As mudanças ocorridas nas instancias federais dos setores da educação, cultura, memória e patrimônio foram em grande medida uma ação de cima para baixo, sem a participação na elaboração dos projetos de especialistas, profissionais que atuam nestes campos, movimentos sociais e sociedade civil.

Diante desse contexto, considero relevantes estudos que levam em consideração as políticas públicas das áreas que estão sofrendo mudanças nas suas estruturas de atuação e organização. Visto que o cenário atual de políticas públicas para Educação em Museus é de construções incipientes, resultado de trabalhos da última década. Esse trabalho terá como foco apresentar brevemente essa trajetória dos resultados normativos e documentais do Programa de Política Nacional de Educação em Museus (PNEM), que possui também como pano de fundo as diretrizes, da segunda metade século XX, de órgão internacionais ligados a museus, relacionados a nova museologia e nova função social dos museus.

Os projetos antagônicos revelam as dinâmicas de relação de poder sobre a seleção da memória, que cercam a educação patrimonial. Do mesmo modo que a escola, o museu é uma instituição que possui historicidade e apresenta permanências e rupturas que devem ser pensadas e questionadas à luz de novas demandas sociais, pois aqui entendemos que ambos estão inseridos em uma teia de relações de poder e de possibilidades transformadoras, e é relevante indagar e refletir, quando, por quem, para quê e para quem, esses museus foram criados. (MACHADO,2009)

O papel pedagógico do museu e sua função de comunicação foram acentuados ao longo das décadas do século XX, surgindo assim uma revisão das práticas museológicas, que atualmente mostram-se mais consistentes, uma vez que novos estudos de museologia nascem da defesa de se contextualizar os objetos, diferente do que ocorria no início do séc ulo XIX com os museus herdados do ideário da revolução francesa. (CHAGAS, 2009)

No contexto internacional essas mudanças acompanharam o surgimento de novas instâncias de fomento cultura de bases humanistas, principalmente após a segunda guerra mundial, com o surgimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura -Unesco em 1946, Conselho internacional de museus (International council of

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museums -ICOM) em 1946 e a assinatura da declaração universal dos direitos humanos em 1948. (CHAGAS,2009)

Os seminário e encontros internacionais realizados através de entidades ligadas a UNESCO e ao ICOM de cunho internacional ou regional geram por meio de reuniões, debates ou assembleia de seus membros, estudiosos e profissionais da área de museus, resoluções que se tornam diretrizes documentais, em forma de texto, direcionada a toda a comunidade de museus.

Diante disso, ao longo da segunda metade do século XX vemos o desenvolvimento de um novo museu, bem como no surgimento de uma teoria museológica que estudasse esse campo de pesquisa, que é atravessado pela documentação, conservação, comunicação e pela educação. Atualmente, o Conselho Internacional dos Museus define esses espaços como

Instituição permanente sem fins lucrativos, a serviço da so ciedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, investiga, comunica e expõe o patrimônio material e imaterial da humanidade e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo e deleite. (ICOM, 2012.p.1)

No Brasil o programa Nacional de Política de Educação em Museus leva em consideração as reflexões e diretrizes apontadas pelos documentos internacionais de museus, principalmente os conceitos elaborados pela Mesa de Santiago do Chile e da Nova Museologia.

2 DECLARAÇÕES E DIRETRIZES: A NOVA MUSEOLOGIA

Ao historicizar essa temática é possível observar continuidades e rupturas, visto a variedade de perspectivas teóricas e práticas em torno da educação em museus, que coexistiam e em alguma medida ainda coexistem nas grandes e pequenas instituições.

Essas variedades podem ser apresentadas através de museus tradicionalmente voltadas para difusão da cultura clássica e direcionadas às classes abastadas ou museus preocupados com a instrução e valorização da cultura e memória popular, pode se revelar também pelo uso de acervos e objetos musealizados ou trajetos e territórios em museus a céu aberto.

Essas diferentes abordagens e perspectivas tem relação com tipo do museu, a trajetória que a instituição possui e com o olhar que se lança sobre a função social do museu, além do que essa instituição compreende como educação e mais especificamente educação em museus em cada um desses percursos. Existe um caminho que articulou e ainda articula esses olhares sobre o museu e sua relação com o m eio social e não é de hoje que função

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educativa dos museus foi colocada em pauta como aponta os documentos da década de cinquenta. (CHAGAS, 2009)

Como, por exemplo, o documento elaborado pelo encontro regional em 1958, no Rio de Janeiro, cujo foco era função educativa dos museus. Este material documental apresenta sugestões de caráter técnico sobre questões práticas da expografia e gestão dos museus.

Ressalta a importância da figura do um pedagogo formado como integrante da equipe permanente de um museu, porém este deve ter seu trabalho supervisionado por um museólogo ou curador do museu. (LIMA,2014).

Outro seminário regional de grande relevância para os museus, foi a Mesa-Redonda de Santiago, no Chile, em 1972, evento organizado pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para discutir a situação dos museus na América Latina e ocorreu no período de 20 a 31 de maio de 1972 e teve como tema central o papel social dos museus na América Latina. (VALENTE, 2012).

. Vale ressaltar que as elaborações das políticas públicas também se dão através do acumulo histórico de debates na esfera social em torno da disputa de projetos. Diante disso o atual programa da Política Nacional de Educação em Museus se deu em uma arena que envolve debates anteriores sobre o tema como consta nas referências históricas do Caderno de Política Nacional de Educação em Museus:

De fato, desde o fim dos anos 1970, o cenário museológico vai ganhando novos ares e o Movimento Internacional para uma Nova Museologia (MINOM) surge então buscando uma renovação dos aspectos teórico - metodológicos no âmbito das questões acerca do patrimônio, da memória e das tão diversas identidades culturais existentes na sociedade. Ist o possibilita a construção de museus contextualizados junto à realidade sociohistórica da multiplicidade de grupos humanos, ou seja, da comunidade em que está inserido e, por assim dizer, com que se compromete. (IBRAM, 2018.p.17)

Esse encontro e a declaração da Mesa de Santiago é considerado em um marco para os museus e para a Museologia internacionais, principalmente os princípios e a base do museu integral, que significa segundo a carta ser um espaço consciente dos problemas do meio rural, do meio urbano, do desenvolvimento técnico-científico, e da educação permanente. (IBRAM, 2012).

2.1 POLITÍCA NACIONAL DE EDUCAÇÃO MUSEAL: O ESTABELICIMENTO DE CAMPO DE ATUAÇÃO.

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Através do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e do Fórum Nacional de museus se estabeleceu o Programa de Política Nacional de Educação em Museus que em conjunto com um coletivo social associado essa área de atuação, realizaram

discussões

em um fórum virtual de Educação Museal, que posteriormente foram levadas ao fórum nacional de museus.

O conceito de educação museal ainda é muito recente e vem sendo defendido por setores educativos em vários museus em todo país, que resultou no recente caderno de Política Nacional de Educação Museal (PNEM) iniciado em 2010 e finalizado em 2017 no fórum nacional de museus, que acontece anualmente.

O documento que foi instituído em 2018, apresenta um breve histórico da educação museal no Brasil, um resumo do processo de construção participativa do PNEM e alguns conceitos dentro do campo com o intuito de guiar o trabalho nesta área. Esse plano consiste em um conjunto de normas e condutas sobre conceitos e práticas da educação museal e valorização da educação em museus (IBRAM, 2017).

Além do caderno do PNEM existe também um documento do programa de Política Nacional de educação em museus, que consiste em um conjunto de princípios e diretrizes com o objetivo de nortear a realização das práticas educacionais em instituições museológicas, fortalecer a dimensão educativa em todos os espaços do museu e subsidiar a atuação dos educadores. (PNEM ,2017). Segundo o documento seus princípios são:

1. Estabelecer a educação museal como função dos museus reconhecida nas leis e explicitada nos documentos norteadores, juntamente com a preservação, comunicação e pesquisa.

2. A educação museal compreende um processo de múltiplas dimensões de ordem teórica, prática e de planejamento, em permanente diálogo com o museu e a sociedade.

3. Garantir que cada instituição possua setor de educação museal, composto por uma equipe qualificada e multidisciplinar, com a mesma equivalência apontada no organograma para os demais setores técnicos do museu, prevendo dotação orçamentária e participação nas esferas decisórias do museu.

4. Cada museu deverá construir e atualizar sistematicamente o Programa Educativo e Cultural, entendido como uma Política Educacional, em consonância ao Plano Museológico, levando em consideração as características institucionais e dos seus diferentes públicos, explicitando os conceitos e referenciais teóricos e metodológicos que embasam o desenvolvimento das ações educativas.

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5.Assegurar, a partir do conceito de Patrimônio Integral, que os museus sejam espaços de educação, de promoção da cidadania e colaborem para o desenvolvimento regional e local, de forma integrada com seus divers os setores. (PNEM, 2017.p.4)

Mais do que diretrizes sobre como deve ser a prática da educação museal, o debate existente no documento de 2017 e no caderno de 2018 trazem à tona também a formação e profissionalização dos educadores museais para garantia de autonomia e estabilidade trabalhista. No eixo dois, sobre “profissionais, formação e pesquisa” no documento de 2017 consta as seguintes orientações.

1.

Promover o profissional de educação museal, incentivando o investimento na formação específica e continuada de profissionais que atuam no campo.

2. Reconhecer entre as atribuições do educador museal: a atuação na elaboração participativa do Programa Educativo Cultural; a realização de pesquisas e diagnósticos de sua competência; a implementação dos programas, projetos e ações educativas; a realização do registro, da sistematização e da avaliação dos mesmos; e promover a formaç ão integral dos indivíduos.

3. Fortalecer o papel do profissional de educação museal, estabelecendo suas atribuições no Programa Educativo e Cultural em conformidade com a Política Nacional de Educação Museal.

4. Valorizar o profissional da educação museal, incentivando a formalização da profissão, o estabelecimento de planos de carreira, a realização de concursos públicos e a criação de parâmetros nacionais para a equiparação da remuneração nas várias regiões do país.

5. Potencializar o conhecimento específico da educação museal de forma a consolidar esse campo, por meio da difusão e promoção dos trabalhos realizados, do intercâmbio de experiência e do estímulo à viabilização de cursos de nível superior em educação museal.

6. Valorizar a troca de experiências por meio de parcerias nacionais e internacionais para a realização de estágios profissionais em educaçã o museal.

7. Fortalecer a pesquisa em educação em museus e em contextos nos quais ocorrem processos museais, reconhecendo esses espaços como produtores de conhecimento em educação.

8. Promover o desenvolviment o e a difusão de pesquisas específicas do campo por meio da articulação entre os setores educativos e agências de fomento científico, universidades e demais instituições da área.

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9. Promover, em colaboração com outros setores dos museus, diagnósticos, estudos de público e avaliação, visando à verificação do cumprimento de sua função social e educacional

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(PNEM, 2018.p.6)

Dentro desse contexto a elaboração das diretrizes e do caderno também teve participação da Rede de Educadores de Museus (REM) que é um fórum permanente de discussão e reflexão em relação a práxis do campo de atuação da educação em museus, bem como a formação e vinculação de demandas dos educadores de museus e espaços culturais que se organizam para consolidação da categoria trabalhista: educador museal (IBRAM, 2017).

A central característica da Política Nacional de Educação em Museus está justamente na participação intensiva dos profissionais desse campo na construção e elaboração das diretrizes e do caderno do PNEM em conjunto com o IBRAM.

Outro relevante marco para política Nacional de museus é portaria nº 422, de 30 de novembro de 2017, que de acordo com o Diário Oficial da União, apresenta um ato administrativo normativo com recomendações de caráter geral e normas sobre a execução de serviços e estabelece a aprovação oficial das diretrizes sobre o PNEM, a Carta de Petrópolis, Carta de Belém e a Carta de Porto Alegre todas fruto das discussões realizadas nos fóruns de museus. O documento aponta que:

CONSIDERANDO que a PNEM é fruto do trabalho coletivo realizado por servidores do Ibram, educadores museais, integrantes das REMs, professores dos diversos níveis e esferas de ensino, estudantes, profissionais e usuários de museus, resolve:

Art. 1º Estabelecer a Política Nacional de Educação Museal - PNEM, que visa à organização, ao desenvolvimento, ao fortalecimento e à fundamentação do campo da educação museal no Brasil.

Parágrafo único. A PNEM é um conjunto de princípios e diretrizes que tem o objetivo de nortear a realização das práticas educacionais em instituições museológicas, fortalecer a dimensão educativa em todos os setores do museu e subsidiar a atuação dos educadores.

Art. 2º Para fins desta Portaria compreende-se por Educação Museal um processo de múltiplas dimensões de ordem teórica, prática e de planejamento, em permanente diálogo com o museu e a sociedade.

Art. 3º A presente Portaria destina-se ao campo museal brasileiro como um todo, reconhecendo os museus e os processos museológicos como lugares ideais para a prática dos princípios e diretrizes aqui formalizados. [...]

Art. 4º São princípios da PNEM I - estabelecer a educação museal como função dos museus, reconhecida nas leis e explicitada nos documentos norteadores, juntamente com a preservação, comunicação e pesquisa;

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II - A educação museal compreende um processo de múltiplas dimensões de ordem teórica, prática e de planejamento, em permanente diálogo com o museu e a sociedade;

III - garantir que cada instituição possua setor de educação museal, composto por uma equipe qualificada e multidisciplinar, com a mesma equivalência apontada no organograma para os demais setores técnicos do museu, prevendo dotação orçamentária e participação nas esferas decisórias do museu;

IV - Cada museu deverá construir e atualizar sistematicamente o Programa Educativo e Cultural, entendido como uma Política Educacional, em consonância ao Plano Museológico, levando em consideração as características institucionais e dos seus diferentes públicos, explicitando os conceitos e referenciais teóricos e metodológicos que embasam o desenvolvimento das ações educativas;

V - Assegurar, a partir do conceito de Patrimônio Integral, que os museus sejam espaços de educação, de promoção da cidadania, e c olaborem para o desenvolviment o regional e local, de forma integrada com seus diversos setores. Parágrafo Único. De acordo com as conclusões e recomendações do I Encontro do Comitê Regional para a América Latina e Caribe, do Comitê Internacional para Museologia do Conselho Internacional de Museus (ICOM) para América Latina e Caribe (ICOFOM LAM), realizado em Buenos Aires, em 1992, considera-se Patrimônio Integral o conjunto que abrange as coleções de museus e seu entorno, incluindo as manifestações imateriais da cultura

Apesar da conceituação recente de Museus apresentar a educação como umas das finalidades dos espaços museais, a relação desses espaços com a educação e as especificidades desse campo desafiam especialistas e não se apresentam como questões consensuais.

Castro, (2013) aponta a desvalorização do trabalho do setor educativo em Museus principalmente, em relação ao não rompimento com uma metodologia de ensino-aprendizagem tradicional em que o público é colocado em lugar de passividade em visitas “guiadas”, a autora também aponta que é relegado a esfera educacional dos museus “uma ação de comunicação ou entretenimento”

Entendemos que a educação museal deve ser um dos pilares que balizam a missão dos museus. Juntamente com a preservação, a pesquisa e a comunicação, a educação é uma função dos museus em nossa sociedade, se os entendermos como espaços educativos, de acordo com as noções contemporâneas de museologia e processos museais. [...].

Algumas questões são latentes e já foram demasiadamente debatidas para estarem até hoje sem encaminhamento, tais como: a formação do educador em museus, a necessidade de existência de setores educativos nos museus, que desempenhem funções para além da comunicação e entretenimento e atuem em colaboração com outros espaços educativos , a valorização dos profissionais da área, o fomento às suas ações, entre outras (CASTRO, 2013.p15)

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Diante disso, nota-se que o documento do PNEM de 2017 e a portaria n° 422 revelam no corpo do seu texto a intenção de valorizar as práticas educativas nos espaços museais e de seus profissionais. Isso se dá, através da inserção desse campo na composição dos museus. Por tanto, está presente no discurso dos documentos sobre a Política de Educação Museal uma disputa de sentido daquilo constitui que é museus.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por existir uma aproximação temporal a elaboração e oficialização desses documentos, que se situam na última década e sua instauração em 2018, não é viável avaliar a materialização das diretrizes e normas na prática cotidiana dos museus.

Porém é possível destacar que os documentos referentes a Política Nacional de Educação em Museus em acordo com a declaração da mesa de Santigado do Chile de 1972 e a nova museologia, buscam também romper com às práticas tradicionais, que anteriormente centrava-se na preservação de objetos, com intuito apenas contemplativo e não possuíam uma preocupação com a pluralidade cultural, de memória, identidade e linguagem do público e comunidade.

Além disso esta é uma política pública, que é resultado de uma discussão ampla e múltiplo de pesquisadores, profissionais da área e professores de todas as bases de ensino, com a intenção de fortalecimento do profissional da educação em museus, por tanto a trajetória da elaboração desta política revela um esforço coletivo em pensar democraticamente a valorização da educação em museus e a sua sistematização. Isso se localiza na contramão das decisões verticais sobre as políticas e projetos no campo da educação, cultura e memória impostas pelas mudanças do governo federal

Em suma através das reflexões em torno da trajetória da Política Nacional de Educação em Museus pode-se observar que o papel educacional dos museus ganha mais destaque e aponta para uma maior legitimidade desse campo, no futuro da atuação das práticas museológicas.

REFERÊNCIAS

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CASTRO, Fernanda, O Campo específico da educação museal: políticas públicas em construção. IV Seminário internacional – Políticas culturais - Setor de Políticas Culturais – Fundação Casa de Rui Barbosa – Rio de Janeiro – Brasil, 2013.

CHAGAS, Mario. Imaginação museal: museu, memória e poder em Gustavo Barroso, Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro. Tese de Doutorado. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2003.

FARIA, Ane Caroline G. de Educação em museus: um mosaico da produção brasileira em 1958. Mouseion. Canoas : UnilaSalle. N. 19 (dez. 2014), p. 53-66

LE GOFF, Jacques. Documento/Monumento. In: História e Memória. Campinas, SP:

Editora Unicamp, 1994

MACHADO, O papel do setor educativo nos museus: análise da literatura (1987 a 2006) e a experiência do museu da vida. Dissertação de Mestrado, UNICAMP, São Paulo,2009.

VALENTE, Maria Esther Alvarez. Museus de Ciência e Tecnologia no Brasil: uma

“Reunião de Família” na Mesa Redonda de Santiago do Chile em 1972. Revista Museologia e Patrimônio, v.2 n. 2, p. 61-72, jul/dez de 2009.

Instituto Brasileiro de Museus. Política Nacional de Educação Museal. Brasília, DF: IBRAM,

2018. Disponível em: http://pnem.museus.gov.br/wp-

content/uploads/2017/06/Pol%C3%ADtica-Nacional-de-Educa%C3%A7%C3%A3o- Museal.pdf Acesso: 29/03/2019

Instituto Brasileiro de Museus. Caderno da Política Nacional de Educação Museal.

Brasília, DF: IBRAM, 2018. Disponível em: https://www.museus.gov.br/wp- content/uploads/2018/06/Caderno-da-PNEM.pdf acesso: 26/03/2019.

Ministério da Cultura / Instituto Brasileiro de Museus. Portaria Nº 422, de 30 de novembro de 2017 - Diário Oficial da União. Publicado em: 13/12/2017 | Edição: 238 | Seção: 1 | Página: 1-6 Disponível em: https://www.museus.gov.br/wp-

content/uploads/2019/02/Portaria-422-2017-PNEM.pdf acesso: 19/03/2019.

Referências

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O presente estudo tem a intenção de abordar as políticas públicas que tangem à educação e seu financiamento em Portugal e na Dinamarca a partir de análise