• Nenhum resultado encontrado

Relação entre sujeito e educação no pensamento de Edgar Morin

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "Relação entre sujeito e educação no pensamento de Edgar Morin"

Copied!
184
0
0

Texto

O problema que levantamos nesta tese é o seguinte: qual a relação entre o sujeito e a educação, no pensamento de Edgar Morin. Nosso objetivo principal era justamente este: investigar a relação entre disciplina e educação, segundo Edgar Morin.

INTRODUÇÃO

Para tratar da concepção de Morin sobre o assunto, teremos como base principal os seis volumes do Methoden7 com ênfase no Methoden 2: The Life of Life. Do ponto de vista acadêmico, acreditamos que nossa contribuição mais importante é a tematização do conceito de sujeito de Morin.

SUJEITO BIOLÓGICO

Raízes cosmofísicas do sujeito

Assim, diante da incerteza humana e cósmica, Morin critica a simplicidade da ideia de ordem formulada como leis universais. Com base na física moderna, Morin observa que é difícil apoiar a ideia de um universo ordenado e de ordem única.

Auto-organização viva

Assim, determina, simultaneamente, o retorno do mesmo através dos ciclos de reprodução (idem) e da emergência de seres individuais (ipse), idênticos (idem) que definem uma espécie e a identidade (ipse) que define o indivíduo (MORIN, 2015, p. 129). Assim, a impossibilidade de conceber a unidade complexa de geno e fenon no seio da auto-organização transforma gene em gene e DNA em Adonai” (MORIN, 2015, p.155).

Si – Mim – Eu

Morin diz que o Si biológico, surgido na imunologia em meados do século XX, é um conceito fundamental para a concepção do ser vivo, pois “a ideia imunológica do Si se manifesta como uma autoafirmação de identidade, não apenas molecularmente, mas globalmente, não apenas de natureza defensiva, mas ao longo do tempo ofensiva e fundamentalmente organizadora” (MORIN, 2015, p. 177). Me enfatiza a dimensão de objetivação e permanência, enquanto I enfatiza a ideia de ocupação momentânea, no momento da enunciação, do lugar do sujeito pelo locutor” (MORIN, 2015, p. 190).

O computo biológico e a relação sujeito-objeto

Mas os perigos dos erros e ilusões são permanentes, fazem parte da aventura de vida do sujeito. Isso significa que todos os objetos fazem parte da vida do sujeito e o transformam, mesmo que momentaneamente.

A presença do outro na vida do sujeito

40 Este centro do mundo do sujeito é percebido de diferentes maneiras, até mesmo no sentido espaço/tempo. Por outro lado, o sujeito, por sua diferenciação egoísta, vive para si, para si e segundo si mesmo, ainda que a consequência seja a morte do outro.

Vida e morte do sujeito

Se, por um lado, pela identificação altruísta do ego, o outro vive no sujeito e ele pode dedicar sua vida ao outro. A sua vida é o seu mundo e a sua morte é 'o fim do mundo', é a perda de tudo: “A sua organização, o seu ser, o seu universo, desmorona com a morte.

SUJEITO HUMANO

Cultura e natureza humana

Não há cultura sem as habilidades do cérebro humano, mas não haveria palavra ou pensamento sem cultura” (MORIN, 2012, p. 35). Os exemplos são inúmeros: “As doenças físicas não são só físicas, as doenças mentais não são só mentais” (MORIN, 2012, p. 53).

Espírito e cérebro

Mas, para Morin, “A alma humana vem das bases psíquicas da sensibilidade, da afetividade; em íntima complementaridade com o espírito (animus), é anima” (MORIN, 2012, p.108). Morin diz que a alma é uma virtualidade não realizada em muitas pessoas, porém, “A alma pode tornar nossos súditos mais sensíveis, vulneráveis, generosos, compassivos, abertos ao mundo e aos outros” (MORIN, 2012, p.109). . Falando da inteligência, Morin diz que não é uma característica exclusivamente humana: “Se definirmos a inteligência como uma aptidão estratégica geral, que permite tratar e resolver problemas específicos e diversos em situações de complexidade, a inteligência, como vimos, uma qualidade anterior à espécie humana” (MORIN, 2012, p.39).

Porém, “Deve-se entender que quem conhece não é um cérebro, nem uma mente, mas um ser-sujeito através da mente/cérebro” (MORIN, 2008, p.94).

Cogito e computo

Para Morin, o cogito cartesiano se traduz em 'eu penso que penso', pois se trata da reflexividade do sujeito que toma consciência de seu próprio pensamento. Na expressão 'eu penso que penso', do 'isso', há um retorno ao 'eu'. Mas a finalidade fundamental do cogito não é afirmar nosso ser e nossa existência fenomênica, é afirmar, no "eu sou", nosso ser e nossa existência como sujeito.

A autoprodução do sujeito consciente se dá, assim, como um circuito em espiral: penso - penso que penso - penso que sou eu - penso.

Entre o egoísmo e o altruísmo

Os complexos de Caim, Rômulo, Édipo mergulham nas primeiras profundezas ontológicas do princípio de exclusão que constrói a qualidade do sujeito. Falando dessa bipolaridade do sujeito humano, inspirado em Hegel, Morin diz: “Quando o ego domina, o viet é recessivo. Ao contrário, a duração do sujeito é mudança, como em Heráclito, que é um dos principais filósofos que inspiram o pensamento de Morin (MORIN, 2014).

Crítico da "concepção monística" do sujeito definido, Morin defende enfaticamente a ideia de que o sujeito pode mudar.

O ‘fim’ da vida do sujeito humano

E uma frase que nos parece resumir bem esse momento de sua vida é a seguinte: “Então, fui para a vida sem Cultura nem Verdade, apenas com a ausência dos mortos e a presença da morte” (MORIN, 2010, p. .15) . Talvez o que nos resta seja o mito do amor, porque segundo Morin, “O amor não pode vencer a morte, mas dá sentido à vida através e apesar da morte. O "sentido" da vida é aquele que escolhemos entre todos os sentidos possíveis e que expandimos no decorrer de nossa própria caminhada.

Morin usa aspas para falar do 'sentido da vida', mas outras vezes o autor prefere falar do 'propósito da vida' que é viver.

EDUCAÇÃO

Saberes necessários para a educação?

O título do livro Os Sete Saberes Necessários para a Educação do Futuro não parece condizer com a opinião de Morin, pois o autor vê a incerteza como uma. Iniciamos esta discussão fazendo referência à obra Sete saberes necessários para a educação do futuro, pelo subtítulo que escolhemos: 'Conhecimentos necessários à educação?'. 60 Faremos algumas citações da obra Os Sete Saberes Necessários à Educação, pois sua redação difere das demais obras de Morini.

Em seguida, veremos como os temas supracitados aparecem nos enunciados 'ensinar na condição humana' e 'ensinar a identidade terrena' como saberes importantes e até essenciais para a educação.

Fazer a cabeça?

Mas essa exceção não ocorre porque não aparece a noção biológica do sujeito. Portanto, fora da noção biológica do sujeito, as propostas de Morin para a fraternidade humana não se sustentam. Assim, pudemos constatar novamente como o pensamento político de Morin se fundamenta em sua noção biológica de sujeito.

Isso parece ocorrer porque o processo autoeducativo do sujeito humano, tal como apresentado no pensamento de Morin, não está separado de sua concepção biológica do sujeito.

Ensinar a viver?

Regenerar o humanismo?

Nesse sentido, o autor critica o humismo moderno, que coloca o ser humano no centro do universo, pois isso daria a ideia de que o sujeito humano, além de independente, tem poder quase absoluto sobre os demais seres do universo. . Porém, mesmo fazendo essa crítica, o autor não sugere a extinção da ideia de humanismo, mas, como estamos vendo, defende sua regeneração. Além de dizer que encontra essa ideia de um humanismo que valoriza a complexidade humana em autores como Pascal, Morin também defende o renascimento do humanismo formulado por Montaigne, Montesquieu, Kant, Hegel.

Assim, para reforçar a resposta à nossa pergunta sobre a presença da concepção de sujeito de Morine na proposição da regeneração do humanismo, voltamos à ideia de que o indivíduo humano é um ser egocêntrico, auto-eco-organizador; que é tudo para você; que não é apenas uma parte de toda a vida, mas também carrega a herança genética da vida como um todo; que em si mesmo condensou a história da física; que é considerado o ápice da hominização.

O ‘fim’ da educação

Assim, se a educação do sujeito se dá no momento em que ele é capaz de sentir profundamente, criar as condições para que isso aconteça parece ser uma das funções da educação. Sabendo que Morin não comunga dessa ideia de 'escola do luto', ao pensarmos na finalidade/finalidade da educação para Morin, e mais especificamente nas falas que vimos neste capítulo, perguntamos: qual é o conhecimento necessário para. Uma das possíveis respostas, com base no pensamento do autor, poderia ser a seguinte: uma cabeça bem feita é necessária para que as capacidades do sujeito humano (sapiens-demens) não sejam quebradas no processo educacional.

Acreditamos que nesse conhecimento está implícito que o autor luta pelo 'conhecimento necessário' para expandir a condição humana; para 'fazer uma cabeça'.

UMA FILOSOFIA DA AUTOECO-ORGANIZAÇÃO

Um estado da arte do sujeito moriniano no Brasil

Gostaríamos de ressaltar que, desde a apresentação do trabalho acima, a noção de sujeito é aplicada exclusivamente aos humanos. Concluímos dizendo que em nossas leituras de algumas obras de Izabel Petraglia não encontramos referência direta à ideia biológica de Morin sobre o sujeito. Primeiro: o autor não faz apontamentos, comentários ou críticas sobre a compreensão de Morin sobre o sujeito biológico.

É interessante notar que mesmo ao dizer que a visão de Morin sobre o sujeito é válida para todos os seres vivos, o autor/comentarista não diz que se trata de uma visão biológica do sujeito.

O sujeito biológico enquanto fundamento

Mas as perguntas do meu orientador sobre a concepção de Morin sobre o assunto me levaram a encontrar no próprio Morin a ideia de fundamento ou base. Nessa época, em busca de autores que discutissem a concepção biológica do sujeito de Morin, encontramos um artigo de Jean Tellez85 intitulado O Sujeito. Este artigo de Tellez foi um importante apoio para seguirmos o caminho que estamos trilhando, especialmente para reforçar a ideia de que a noção de sujeito biológico de Morin "[...] nos coloca diante de uma situação filosófica inédita" (TELLEZ, 2013, p. .178).

Queremos enfatizar que a compreensão de sujeito de Morin não é equivalente ao ponto fixo de Descartes, o que não significa que não seja um ponto 'fixo'.

A noção de sujeito em publicações recentes de Morin

No entanto, em algumas partes de sua obra nosso trabalho parece supérfluo, pois a noção biológica de sujeito emerge explicitamente. Porém, já vimos no primeiro capítulo que essa relação Moi-je (Eu-Eu) remete à sua noção biológica de sujeito. No entanto, nenhum dos dois primeiros capítulos se refere diretamente à sua concepção biológica do sujeito.

O que estamos tentando demonstrar, no entanto, é que a noção biológica do sujeito de Morin está de alguma forma subjacente à maioria, se não a todos, de seus textos.

Autoecoeducação

Aqui nos perguntamos se a ação pedagógica, adequada ao espírito e à cultura do sujeito humano, é idêntica à ação viva. Entendemos que é a partir dessa base do sujeito biológico que Morin pensa e propõe uma autoeducação, ou seja, um processo auto(re-feno)-ecopedagógico, que não dispensa uma proposta de ensino. Mas a proposta é feita e pode ser adquirida pelos alunos dentro das possibilidades, limites e circunstâncias especiais do sujeito humano.

Ou seja, as bases biológicas estão estabelecidas, mas não suficientemente desenvolvidas e, portanto, a educação pode favorecer o desenvolvimento humano, mas o progresso não é garantido, pois até mesmo a regressão está no âmbito do sujeito humano.

Arké/telos

Assim, a citação acima sugere que o desenvolvimento do conceito de sujeito possibilitou o desenvolvimento do pensamento complexo. Ou seja, mesmo que o conceito de sujeito 'venha' depois, isso não o tira de seu lugar fundamental no pensamento do autor. Esse movimento de fim/começo volta a aparecer de forma muito significativa no início do último volume do Método, quando o autor retoma sua concepção de sujeito (desenvolvida principalmente no segundo volume) para justificar sua ética.

No entanto, apostamos na ideia de que as propostas educativas de Morin, mediadas e simplificadas pelo pensamento complexo, podem ir mais longe se impulsionadas por um retorno à sua concepção biológica do sujeito.

CONCLUSÃO

Mas entendemos que, para ser honesto com o autor, o crítico não deve desconsiderar sua noção biológica do sujeito. A resposta, dado o contexto mais amplo da obra de Morin, é porque condiz com a noção biológica do sujeito. Esta referência ao 'princípio da auto-organização viva', no singular, é uma referência à noção biológica do sujeito (obviamente, não aos princípios epistemológicos do pensamento complexo), que substitui a expressão 'fundamento'.

Talvez essa discussão sobre a noção biológica do sujeito possa nos levar a desenvolver uma filosofia de auto-eco-organização baseada no pensamento de Morin.

Referências

Documentos relacionados

O autor lembra que essa noção de acontecimento não é novidade na teoria, pois, no segundo capítulo, já havia definido o acontecimento como sincretismo ou produto das