XXVIII Congresso de Iniciação Científica
Estudo retrospectivo de casos de intoxicação em ruminantes na região de Botucatu, SP
Frederico Matheus Ducatti de Gois, José Paes de Oliveira Filho, Alexandre Secorun Borges, Natalia Moraes Dias, Simone Biagio Chiacchio. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Medicina Veterinária, fred.ducatti94@gmail.com, bolsa PIBIC/CNPQ.
Intoxicação, ruminantes, estudo retrospectivo.
Introdução
As intoxicações em ruminantes no Brasil vêm crescendo cada vez mais; a carência de dados sobre a frequência das causas de mortalidade em diversos estados brasileiros dificulta estimar as perdas por morte dos animais ocasionadas por intoxicações. Concomitantemente, observa-se um aumento do ônus econômico, com perdas diretas, como morte dos animais, redução da produtividade e do índice reprodutivo; e indiretas, como: custos para controlar a incidência de plantas tóxicas nas pastagens, as medidas preventivas de manejo para evitar as intoxicações, redução do valor da forragem devido ao atraso na sua utilização, dentre outros (Riet-Correa et al. 1993, James 1994).
Objetivos
Este trabalho teve como objetivo a análise de avaliar os resultados clínicos de ruminantes atendidos pelo serviço de Clínica Médica de Grandes Animais (CMGA), arquivados pelo sistema do Hospital Veterinário (HV) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) - Unesp Botucatu, e comparar com os resultados encontrados, com o de outras regiões do país, a fim de realizar uma análise do panorama nacional a respeito dos casos de intoxicação de ruminantes.
Material e Métodos
A metodologia foi baseada em duas fases: a primeira, na coleta de dados de 2.539 ruminantes atendidos no serviço da CMGA, de 2000 a 2015. E a segunda fase, consistiu em analisar estes dados, considerando a resenha do animal, diagnóstico, sinais clínicos, exames complementares, tratamento, evolução e diagnóstico definitivo.
Resultados e Discussão
Dos resultados observados, identificou-se 218 casos de intoxicação no período de 2000 a 2015. Destes, houve maior incidência de intoxicação por plantas (20,6% dos casos), como Senecio brasiliensis, Crotalariajuncea, Thiloa glaucocarpa, Pteridium aquilinum, Sorghum sp, Stryphnodendron barbatiman, Rhododendron sp, Brunfelsia uniflora, Pinus spp. e, principalmente, devido ao consumo de
Brachiaria decumbens, gerando o quadro de fotossensibilização hepatógena; intoxicação por medicamentos e substâncias químicas (20,6% dos casos), como as avermectinas (26,7%), closantel (22,2%), organofosforados e outros agentes (uréia, glifosato, carbamato, ionóforos, ácido cianídrico, piretróide e nitrato); por metais/semi-metais (22,1%
dos casos), especialmente o cobre (60,4%), arsênio e chumbo; e, por botulismo (36,7% dos casos), dado o consumo indevido de camas de frango contaminadas pela bactéria Clostridium botulinum. O gráfico abaixo ilustra este cenário:
22%
21% 20%
37%
Casos de Intoxicação - período 2000 - 2015
Metais/Semimetais
Medicamentos/
Suplementos Plantas Camas de Frango
Conclusões
As intoxicações em ruminantes têm grande importância no panorama produtivo nacional por apresentar um prejuízo econômico alto e muitas vezes, desconhecido pelos produtores e profissionais da área. Há uma grande parte de ocorrência de casos com erros iatrogênicos, como manejo inadequado.
Agradecimentos
Ao CNPQ, pela bolsa PIBIC.
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¹ Pessoa C.R.M., Medeiros R.M.T. & Riet-Correa F. Importância econômica, epidemiologia e controle das intoxicações por plantas no Brasil, 2013.
² RIET C. F., Méndez M.C. &Schild A.L. Intoxicação por Plantas e Micotoxicoses em Animais Domésticos. Editorial Agropecuária HemisferioSur, Montevideo, p. 340, 1993.