XXXI Congresso de Iniciação Científica
Descrição do cariótipo de Rhodnius marabaensis Souza et al., 2016 (Hemiptera, Triatominae)
Nicoly Olaia, João Aristeu da Rosa, Jader de Oliveira, Kaio Cesar Chaboli Alevi, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de Araraquara, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Graduanda em Farmácia-Bioquímica, e-mail: olaia.nicoly1@gmail.com, bolsa FAPESP (Processo nº 2018/23846-6).
Palavras Chave: citogenética, tribo Rhodniini, doença de Chagas
Introdução
A subfamília Triatominae é composta de 154 espécies distribuídas em 19 gêneros e cinco tribos, sendo todas potenciais vetoras de Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909), agente etiológico da doença de Chagas.1 A tribo Rhodniini agrupa 20 espécies de Rhodnius Stål, 1859 e três de Psammolestes Bergroth, 1911.2 R. marabaensis Souza et al. (2016), uma espécie endêmica do Brasil (coletada na cidade de Marabá, Estado do Pará), está entre os últimos táxons descritos para a tribo, sendo todo o conhecimento acerca desse triatomíneo concentrado na caracterização da nova espécie.3 Levando em consideração que os tratamentos para a doença de Chagas são efetivos somente na fase aguda da doença (que, geralmente, é assintomática),4 os estudos dos vetores mostram-se de grande importância para auxiliar o controle, bem como a incidência de novos casos chagásicos.
Objetivo
Com base no exposto, o presente trabalho teve como objetivo descrever o cariótipo de R.
marabaensis e comparar com as outras espécies da tribo Rhodniini.
Material e Métodos
Dez espécimes machos adultos provenientes do Insetário de Triatominae da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCFAR/UNESP), Araraquara/SP, foram dissecados, os testículos foram removidos (material biológico utilizado para estudo dos cariótipos, uma vez que a espermatogênese é um processo contínuo e metáfases meióticas são facilmente observadas) e lâminas foram preparadas por esmagamento celular. Para a caracterização do número de cromossomos de R. marabaensis, as lâminas foram coradas com Orceína lacto-acética5 e analisadas em microscopia de Luz.
Resultados e Discussão
Por meio da análise das metáfases meióticas foi possível observar que R. marabaensis apresenta 2n
= 22 (20 A + XY) cromossomos (Figura 1).
Figura 1. Cariótipo 2n = 22 de R. marabaensis. A:
autossomos, X: cromossomo sexual X, Y: cromossomo sexual Y.
Embora cariótipos distintos tenham sido descritos para a subfamília Triatominae (que variam de 2n = 21 a 2n = 25)6, todas as espécies da tribo Rhodniini apresentam 22 cromossomos6. A caracterização do cariótipo de R. marabaensis não possibilita diferenciá-lo de Rhodnius spp., no entanto confirma a hipótese de que o ancestral comum da tribo Rhodniini possivelmente apresentava 2n = 22 cromossomos e que os fenômenos evolutivos que atuaram na diversificação das 23 espécies e, sobretudo, dos dois gêneros dessa tribo está fundamentado apenas em alterações cromossômicas estruturais6.
Conclusões
Assim descreve-se o cariótipo de R. marabaensis, a saber, 2n = 22 (20 A + XY), e destaca-se a importância desses dados para auxiliar no conhecimento da evolução cromossômica da tribo Rhodniini.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela bolsa concedida (Processo nº 2018/23846-6).
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1 Rosa, J. A.; Oliveira, J. e Laserre, D. A. F. J. Vect. Ecol. 2019, 44, 195-198.
2 Oliveira, J. e Alevi, K. C. C. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2017, 50, 434-435.
3 Souza, E. S.; Shiu, K.; Atzingen, N. C. B. V.; Furtado, M. B.;
Oliveira, J.; Nascimento, J. D.; Vendramini, D. P.; Gardim, S. e Rosa, J.
A. Zookeys. 2016, 621, 45-62.
4 WHO. Week. Epid. Rec. 2015, 90, 33-44.
5 De Vaio, E. S.; Grucci, B.; Castagniino, A. M.; Franca, M. E. e Martinez, M. E. Genetica. 1985, 67, 185-191.
6 Alevi, K. C. C.; Oliveira, J.; Rosa, J. A. e Azeredo-Oliveira, M. T. V.
Am. J. Trop. Med. Hyg. 2018, 67, 87-89.