XXVIII Congresso de Iniciação Científica
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e os governos Lula:
a luta por moradia digna e seus dilemas
Mateus França Holmo, Aldovano Dantas Barbosa, Letícia Pasquini Pivesso, Campus de Franca, FCHS, Relações Internacionais, mateusfh@gmail.com.
Palavras Chave: Autonomia, Moradia, Movimentos Sociais.
Introdução
O presente trabalho busca realizar um estudo empírico e exploratório sobre as práticas e vivências do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Em especial, a postura do movimento social enquanto força propositiva de um modelo democrático para as cidades, tendo como foco a questão de moradia. Dentro dessa análise, se discute a reorientação pela qual passam os movimentos sociais em um período de maior abertura de diálogo e participação institucional, a partir de 2003.
Objetivos
O trabalho tem como objetivo central avaliar a proposta e atuação do MTST durante os dois primeiros governos federais Lula (2003). Dentre o grande desafio ao qual o trabalho se propõe, outros objetivos sucintos se destacam: compreender a conjuntura política e econômica do período destacado, analisando a relação do MTST com o governo e outras organizações sociais e políticas;
buscar o perfil dos membros(as) do movimento, verificando a presença de uma percepção crítica da base para com o novo arranjo institucional daquele momento; avaliar em que medida as ocupações criam as condições para a construção de uma nova significação do acesso à moradia.
Material e Métodos
Para cumprir seus objetivos, o trabalho será desenvolvido etapas distintas. A primeira delas consistirá em um levantamento material e histórico do MTST, a partir de documentos e notícias, a fim de estudar seus projetos, princípios e ações, bem como pesquisar possíveis vinculações com outras organizações, partidos e o sistema político de forma geral. Paralelamente, leituras relacionadas à Teoria Crítica, como Antonio Gramsci, serão utilizadas para avaliar a inserção do movimento e o seu potencial transformador, rompendo com uma visão mais ortodoxa do marxismo e buscando compreender o papel das novas forças sociais e suas possibilidades de construção de uma hegemonia popular, no sentido gramsciano. Outra literatura aproveitada será sobre os movimentos sociais, especialmente a
que se concentra no período de redemocratização brasileiro (década de 1980), atentando-se para a reorientação pela qual os movimentos passaram e os novos desafios impostos a eles. Por fim, o trabalho se dedicará uma pesquisa de campo, analisando empiricamente a experiência das ocupações de latifúndios urbanos, principal linha de atuação do MTST.
Resultados e Discussão
Dentre os resultados esperados, de forma geral, a pesquisa pretende compreender a relação entre o maior movimento social urbano brasileiro e os dois governos Lula, principalmente no que se refere a verificar uma correspondência entre os pressupostos de atuação do MTST e sua postura frente ao sistema político. Dentro da microesfera do movimento, a pesquisa de campo realizada nas ocupações poderá apontá-las como espaços de sociabilidade que permitem uma capacitação crítica e política para suas moradoras e moradores.
Conclusões
Um dos maiores dilemas que perfaz a militância das organizações sociais é a questão, de um lado, da autonomia de ação. Do outro, a eficácia política através da participação institucional (TATAGIBA;
TEIXEIRA, 2005). O complexo cenário político no qual os movimentos se inserem - como alternativas às forças políticas tradicionais (partidos, governo) - exige uma reatualização do conceito de autonomia frente ao imobilismo provocado pelo debate polarizado. O MTST, bem como outros movimentos, pode adotar uma postura de enfrentamento do Estado e do sistema, porém, sem abdicar da participação em canais que promovam o fortalecimento de sua luta, ainda que seja enquanto uma postura reivindicativa.
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1 DOIMO, Ana M. A vez e a voz do popular: movimentos sociais e a participação política no Brasil pós-70. Rio de Janeiro: Relume Dumará/ANPOCS, 1995.
2 FELTRAN, G. S. Desvelar a política na periferia. Histórias de movimentos sociais em São Paulo. São Paulo, Associação Editorial Humanitas: Fapesp, 2005.
3 GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da história. 6 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986.
4 TEIXEIRA, Ana C.C.; TATAGIBA, Luciana. Movimentos sociais e sistema político: os desafios da participação. São Paulo: Instituto Pólis / PUC-SP, 2005.