XXXI Congresso de Iniciação Científica
SOROPREVALÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI-Leishmania infantum EM EQUÍDEOS
Nathalia Frigo de Almeida Paula*¹, Robson Dourado
2, Wilma Aparecida Starke Buzetti
3, Julio Cesar Pereira Spada
4, Diogo Tiago da Silva
4¹ Discente do curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira; 2 Discente do curso de Medicina Veterinária, Fundação Educacional de Andradina; 3Docente do Departamento de Biologia e Zootecnia da FEIS/Unesp; 4 Doutorando no programa de pós-graduação em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses da Universidade de São Paulo. * nathalia.frigo98@gmail.com
Palavras Chave: Cavalos, Epidemiologia, Leishmaniose.
Introdução
A leishmaniose é uma doença causada por protozoários intracelulares do gênero Leishmania, família Trypanosomatidae, que infectam várias espécies de mamíferos, incluindo cães, gatos, cavalos e seres humanos1. São transmitidas através de vetores invertebrados, flebotomíneos, dípteros do gênero Lutzomyia.
Objetivo
Realizar um levantamento da soroprevalência de anticorpos anti-Leishmania (Leishmania) infantum em cavalos (Equus caballus) em regiões endêmicas para Leishmaniose Visceral (LV).
Material e Métodos
Amostras de sangue de 212 equinos (100 machos e 112 fêmeas), sem raças definidas e idades variadas (6 meses a 10 anos), oriundos de propriedades particulares dos municípios de Andradina (81 equinos), Araçatuba (24 equinos), Bauru (9 equinos), Ilha Solteira (97 equinos) foram submetidas aos exames sorológicos: RIFI (Reação de Imunofluorescência Indireta) e ELISA (Ensaio Imunoenzimático Indireto) de acordo com a metodologia de Soares et al., 2012 e Lima et al., 2005, respectivamente para a detecção de anticorpos anti-IgG de L. (L.) infantum. Para as análises, aproximadamente 5ml de sangue foram colhidos diretamente da veia jugular e armazenados em tubos a vácuo sem anticoagulante para a obtenção do soro imune. Como controles negativos foram utilizados soros de 15 animais negativos de região não endêmica para LV e como controle positivo, soros de cinco animais diagnosticados com leishmaniose. A análise de concordância entre as técnicas (Indice Kappa) foi realizada de acordo com a metodologia de Landis e Koch, 19772.
Resultados e Discussão
Dos cavalos avaliados, 193/212 (91,04%) apresentaram anticorpos anti-L. (L.) infantum pela
RIFI, cuja titulação variou entre 1/40 (6,60%, 14/212), 1/80 (21,70%, 46/212), 1/160 (29,25%, 62/212), 1/320 (31,60%, 67/212), 1/640 (1,42%, 3/212), 1/1.280 (0,47%, 1/212). Enquanto pelo teste ELISA, 125/212 (58,96%) encontravam-se sorologicamente positivos. A concordância entre as técnicas foi de 127/212 (59,9%, K = 0,068, considerada fraca). Por cidade, 100% dos cavalos de Araçatuba e Bauru apresentaram anticorpos anti- L. (L.) infantum, em Andradina esse percentual foi de 95% e Ilha Solteira de 92,8%. Essa alta soroprevalência em equinos pode ser relacionado a presença do vetor nessas regiões, ao elevado número de cães infectados3, e a coabitação com outras espécies reservatórias do parasita.
Entretanto, os cavalos deste estudo não se encontravam debilitados, o que indica que os animais foram sensibilizados, porém não apresentavam a doença. Há também a possibilidade de reação cruzada com outros membros da família Trypanosomatidae.
Conclusões
Esses dados contribuem para o levantamento epidemiológico da LV em equinos de áreas rurais das cidades abordadas, o que indica a manutenção do ciclo biológico do parasita nestes ambientes.
São necessários mais estudos para investigar o potencial reservatório dos cavalos na transmissão da LV, visto que esses animais são importantes para a economia e o deslocamento urbano.
Agradecimentos
1 Rittig, M. G., Bogdan, C. Leishmania–Host-cell Interaction:
Complexities and Alternative Views. Parasitology. Today, Erlangen, v.
16, n. 7, 2000.
2 Landis, J. R.; Koch, G. G. The measurement of observer agreement for categorical data. Biometrics, v. 33, n. 1 p. 159-174, 1977.
3 Fernandez-Bellon, H.; Solano-Galego, L.; Bardagí,M. Immune response
to Leishmania infantum in healthy horses in Spain. Veterinary Parasitology, v.135, p.181–185, 2006.