O escopo das ações de saúde sexual e reprodutiva (SSR)1 é bastante amplo e inclui (ou deveria incluir) assistência clínica, aconselhamento e atividades educativas, estendendo-se longitudinalmente à assistência pré-natal, ao parto e pós-parto, à humanização do aborto previsto em lei, e em o cuidado de infecções sexualmente transmissíveis (IST) e outras condições do sistema reprodutivo. Considerando esse enfoque, as ações de saúde sexual e reprodutiva oferecidas nas unidades de SPG que contam com Equipes da Estratégia Saúde da Família no município de Juiz de Fora, em Minas Gerais (MG), são objeto de interesse deste estudo avaliativo.
Saúde Sexual e Reprodutiva
Marco Teórico-Conceitual
Defendiam a regulação da fecundidade como direito de cidadania e afirmavam o controle sobre o corpo, desafiando os interesses controladores e a assistência do Programa de Saúde Materno-Infantil com foco no binômio mãe e filho (BARSTED, 2003). Segundo Alvarenga e Shor (1998), o conceito de saúde sexual e reprodutiva ganhou amplitude no nível da prática e foi reconhecido como uma área da saúde pública.
Saúde Sexual e Reprodutiva na Atenção Primária à Saúde
Simultaneamente à expansão dos serviços básicos de saúde, entre 1984 e 1987, foram introduzidos os Programas de Saúde da Mulher (PAISM) e a Atenção Integral à Saúde Infantil (PAISC). A implantação do Programa Saúde da Família (PSF), em 1994, como proposta de fortalecimento da APS, teve como objetivo “aumentar o acesso, garantir a resolutividade e promover o cuidado integral” (BRASIL, 2007, p. 9).
Ações da Saúde Sexual e Reprodutiva a serem desenvolvidas pelos
Tabela 1 - Resumo das responsabilidades pela atenção primária à saúde em saúde sexual e reprodutiva segundo políticas, manuais técnicos e recomendações do Ministério da Saúde (continuação). Tabela 1 - Resumo das responsabilidades da atenção primária à saúde em saúde sexual e reprodutiva segundo políticas, manuais técnicos e recomendações do Ministério da Saúde (conclusão).
Avaliação da atenção à Saúde Sexual e Reprodutiva na Atenção Primária
Na perspectiva de avaliar a qualidade da atenção à SSR, Mandú (2005) complementa inserindo outras opções e critérios a serem examinados, como ações assistenciais e de monitoramento da saúde da mulher12 (acolhimento, atendimento individual, educação em saúde, práticas de saúde, informação e intercomunicação ). , ações setoriais e intersetoriais); a organização da atenção à saúde e da saúde da mulher (acesso às ações, agenda e calendário de atividades, fluxograma de atendimento, normas e protocolos de registro, infraestrutura física e insumos, recursos humanos, condições de biossegurança e presença de referência e contrarreferência); Os autores fazem esse alerta em número temático suplementar sobre avaliação da saúde sexual e reprodutiva, publicado pelo Caderno de Saúde Pública13.
Breve histórico
Na segunda fase, valoriza-se a abordagem pragmática da avaliação, ou seja, são considerados os participantes que utilizam ou beneficiam da avaliação com vista a um maior aproveitamento dos seus resultados. 14 No continente americano, associações como a American Evaluation Association ou a Canadian Evaluation Society contribuíram para a institucionalização e profissionalização da avaliação (HARTZ, 1997).
Algumas definições relevantes
Por finalidade entende-se os objetivos da intervenção e o ambiente final, que inclui o contexto físico, jurídico, simbólico, social, histórico ou econômico (CHAMPAGNE et al., 2011a). A análise lógica é outra forma de avaliar a adequação e suficiência entre os objectivos da intervenção em termos dos meios, recursos e serviços utilizados para os atingir; testar a validade teórica e operacional da intervenção.
Avaliação da Implantação
A análise de eficiência avalia a relação entre os recursos e os efeitos observados, compara as intervenções em relação aos resultados obtidos e às ferramentas implementadas, relação expressa com os custos associados à consequência da intervenção. Hartz e Camacho (1996) chamam a atenção para o fato de que a análise de implementação difere das abordagens avaliativas descritivas na medida em que permite determinar como a variação no grau de implementação (avaliação de estrutura e processo) atua sobre os efeitos da intervenção e como as variáveis contextuais.
Características Gerais
Juiz de Fora possui oito regiões administrativas, sendo sete na zona urbana e uma na zona rural (Figura 2), além de doze regiões de saúde. O município de Juiz de Fora é centro assistencial da Macrorregião Sudeste, que é formada por 94 municípios com população estimada em 1.668.453 habitantes, segundo o governo de Minas Gerais16.
A organização da Atenção Primária à Saúde em Juiz de Fora
Discutir a influência do contexto técnico-organizacional da Estratégia Saúde da Família no nível de implementação da atenção à saúde sexual e reprodutiva no município de Juiz de Fora. Nota: * Inclui gestores de unidades de saúde e profissionais de saúde que trabalham em saúde sexual e reprodutiva. Capacitar todos das equipes de Saúde da Família (PNE-5) Melhor capacitação dos profissionais (PJE-1) (PIG-2) (G-20) A capacitação da equipe é fundamental (G-14).
O Programa Saúde da Família e a reestruturação da atenção primária à saúde nos grandes centros urbanos: velhos problemas. Prefeitura Municipal, Subsecretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde de Juiz de Fora, Minas Gerais.
Atenção à Saúde Sexual e Reprodutiva em Juiz de Fora: dados
Objetivo geral
Objetivo específico
Tipo de estudo
Trata-se de uma avaliação de serviços, com foco na estrutura (estrutura física, recursos humanos e materiais) e no processo (práticas e serviços) das ações de cuidado em SSR oferecidas pelas unidades de saúde com equipes de ESF no município de Juiz de Fora-MG. Normativa, porque foram levados em consideração critérios e padrões governamentais previamente definidos para a estrutura e processo de atenção à SSR (Anexos A e B), e formativa, porque a avaliação ocorre simultaneamente às ações e informações produzidas (CHAMPAGNE et al., 2011c ). Neste estudo, optou-se por utilizar as dimensões de estrutura e processo como principais níveis de análise, pois ambas constituem o principal referencial teórico descrito nas regulamentações governamentais sobre a atenção à SSR na APS.
Segundo Wisdom e Creswell (2013), o uso de tal abordagem, classificada como métodos mistos, é desejável para avaliar intervenções complexas como políticas, programas e serviços de saúde.
Cenário do estudo
Modelo lógico
Tabela 5 – Modelo teórico de avaliação da implementação relativa à componente de Assistência Clínica à Saúde Sexual e Reprodutiva nos Cuidados de Saúde Primários (continuação). Tabela 5 – Modelo teórico de avaliação da implementação relativa à componente de Assistência Clínica à Saúde Sexual e Reprodutiva nos Cuidados de Saúde Primários (continuação). Tabela 5 – Modelo teórico de avaliação da implementação relativa à componente de Assistência Clínica à Saúde Sexual e Reprodutiva nos Cuidados de Saúde Primários (conclusão).
Legenda: Saúde Sexual e Reprodutiva (SSR); Doenças de Notificação Notificável (DCN); Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV); Infecção sexualmente transmissível (IST); Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS);
Critérios e parâmetros da avaliação
Nesse sentido, utilizou-se a matriz de análise para elencar e sistematizar os critérios e parâmetros segundo as dimensões da estrutura e do processo de atenção à SSR no SPG. A síntese da matriz, apresentada na Tabela 6, descreve os componentes e dimensões do modelo teórico, levando em consideração a quantidade de critérios observados. Tabela 6 - Resumo da matriz de análise utilizada na pesquisa, segundo as subdimensões e número de parâmetros avaliados.
Amostragem dos dados
Coleta de dados
Adicionalmente, considerou-se que outros profissionais da unidade que não estão diretamente envolvidos no cuidado à SSR podem não ter conhecimento completo ou atualizado dos recursos e processos envolvidos neste cuidado, o que pode levar a mais erros. e imprecisão na avaliação da implementação realizada. A estrutura dos questionários foi padronizada, levando em consideração as características de competência desses atores no cuidado à SSR e procurou captar a presença ou ausência de determinada característica, ou atributo da intervenção avaliada (MINAYO; DESLANDES; GOMES et al., 2015). O questionário direcionado aos gestores incluiu questões sobre aspectos organizacionais e gerenciais aplicados às ações de saúde sexual e reprodutiva, enquanto questões mais específicas sobre práticas educativas e assistência clínica foram incluídas no questionário direcionado aos profissionais de saúde que atuam na atenção à SSR.
Após ajustes nos instrumentos de coleta de dados, a pesquisadora iniciou a pesquisa de campo (7 de janeiro de 2019) e entrou em contato com os gestores das unidades da ESF por telefone e agendou entrevista presencial.
Análises
- Organização do material e análise da conformidade
- Classificação do grau de implantação
- Análise dos limites e potencialidades do processo de implantação
- Análise do contexto técnico – organizacional
O percentual obtido por meio desse cálculo foi considerado o valor a ser classificado de acordo com o grau de implantação. Para melhor compreender todo o processo descrito acima, foi criado um diagrama visual mostrando as etapas realizadas nesta classificação do grau de implementação (Figura 4). Na quarta e última etapa da análise, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, na forma de análise temática, para compreender os limites e possibilidades no processo de implementação da atenção à SSR na APS, descritos nas respostas abertas do profissionais e especialistas. questionários para gerentes de pessoal.
Nesse sentido, optou-se por esta abordagem para identificar os fatores técnicos e organizacionais presentes na atenção básica, a fim de estabelecer prováveis influências do contexto no grau de implementação das ações de SSR observadas na pesquisa.
Potenciais usuários e seus interesses na avaliação
Considerações éticas
Unidades participantes
Perfil dos participantes do estudo
Cerca de 70% relataram especialização em saúde da família e cerca de metade possuía especialização específica em gestão. Mais da metade (54%) tinha mais de seis anos de experiência em saúde da família. O tempo de trabalho na unidade de saúde pesquisada variou bastante, mas 52,2% trabalhavam nesse local há pelo menos quatro anos.
Por fim, é significativo o tempo de atuação dos profissionais na atenção à SSR: 69,6% estavam envolvidos nessas atividades há pelo menos quatro anos (Tabela 3).
Análise da conformidade da atenção à Saúde Sexual e Reprodutiva 111
Componente Assistência clínica à Saúde Sexual e Reprodutiva
Os parâmetros observados nas subdimensões de atenção à saúde, vigilância em saúde e planejamento e gestão do cuidado incluem a descrição do processo de conformidade do componente de assistência clínica em saúde sexual e reprodutiva, conforme apresentado a seguir. Com menor frequência de atendimentos prestados pela UAPS, foram relatados atendimento a pessoas com queixas relacionadas à saúde sexual (n=13) e acompanhamento de usuárias que fazem uso de anticoncepcional (n=12). Apenas em metade das UAPS participantes os profissionais reconheceram a existência estabelecida de uma rede de referência e contrarreferência relacionada à saúde sexual e reprodutiva.
A presença de rotina de monitoramento e avaliação das ações de saúde sexual e reprodutiva foi relatada por apenas 25% das unidades estudadas.
Classificação do grau de implantação
Nesta dimensão, foi atribuído nível adequado de implementação a três unidades (UAPS Igrejinha, UAPS Santa Cecília e UAPS Teixeiras). Na classificação geral do grau de implementação do componente Assistência Clínica de SSR pelas unidades de saúde, foram classificados como grau de implementação. Ao somar as pontuações dos dois componentes, nenhuma unidade básica de saúde alcançou nível de implementação adequado ou satisfatório.
Tabela 12 - Avaliação do nível de implementação pelos chefes das unidades de saúde que participaram da pesquisa (n=24) e suas justificativas.
Limites e potencialidades do processo de implantação da Atenção
Examinamos os limites e potencialidades do processo de implementação do cuidado PRZ em 24 unidades que possuem equipes de ESS a partir da opinião de 40 profissionais e 22 gestores que responderam às questões abertas dos questionários. São elas: (1) Limitações relacionadas com a falta de recursos materiais, humanos e estruturais; (2) problemas organizacionais e técnicos e suas implicações para a prática profissional; (3) Influências externas na adesão da população às ações da SRZ e (4)- Potencial administrativo e gerencial na implantação do cuidado à SRZ na ZZZ municipal. A categoria abrange conteúdos relacionados às ações administrativas e gerenciais que os especialistas consideram como questões potencialmente estratégicas para a implementação do cuidado da SRZ no contexto da atenção primária à saúde.
Os profissionais relataram que consideravam fundamentais ações administrativas, como formular, definir e adotar um fluxograma de atendimento de RSS para toda a rede.
Influências do contexto técnico-organizacional da Estratégia de
Dada a complexidade do atendimento da SRZ, sua implementação pelas Equipes da Estratégia Saúde da Família ainda é um desafio em Juiz de Fora. Desacredita as Equipes de Saúde da Família (ESF) por não cumprirem o prazo previsto na Política Nacional de Atenção Básica. Manual técnico para profissionais de saúde: DIU com cobre TCu 380A / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde.
Programa saúde da família e a construção de um novo modelo de atenção básica no Brasil. Catálogo de Normas da Secretaria de Atenção Básica [PDAPSJF] / Subsecretaria de Atenção Básica, Thiago Augusto Campos Horta (Org.) - Juiz de Fora (MG): Funalfa, 2016. Ajudando casais inférteis: uma análise do atenção da rede de saúde do Sistema Único de Saúde da macrorregião Juiz de Fora–Minas Gerais.