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Política de promoção da exportação : um olhar sobre a evolução da cultura de melão do Rio Grande do Norte

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Academic year: 2017

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

FRANCISCONUNESDOSREISJUNIOR

Política de Promoção da Exportação: Um olhar sobre a evolução da cultura de melão do Rio Grande do Norte

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FRANCISCONUNESDOSREISJUNIOR

Política de Promoção da Exportação: Um olhar sobre a evolução da cultura de melão do Rio Grande do Norte

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do título de mestre.

Orientadora: Prof. Dra. Jomária Mata de Lima Alloufa

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

Política de Promoção da Exportação: Um olhar sobre a evolução da cultura de melão do Rio Grande do Norte

______________________________________________ Francisco Nunes dos Reis Junior

Dissertação apresentada e aprovada em 21 / 09 / 2007 à Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:

______________________________________________ Profra. Jomária Mata de Lima Alloufa, Dra. – Orientadora - UFRN

______________________________________________ Prof. Antonio Sérgio Araújo Fernandes, Dr. - UFRN

______________________________________________ Prof. Joel Souto Maior (FILHO), Dr. - UFPB

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Primeiramente dedico este trabalho e toda longa caminhada ao onipotente a quem devemos a criação do Universo.

Aos meus pais e irmãos.

(5)

Agradecer é sempre difícil, afinal, todos que passam por minha vida eu só posso, e devo agradecer. Cada um com seu papel fundamental. Agradeço pelo bem ou pelo mal causado. Pelo bem, porque ajudaram a elevar o ego; Pelo mal agradeço ainda mais, porque mostraram meus pontos fracos, e serviram para provar o quão forte e capaz posso ser para superá-los.

A professora Jomária, meu sincero agradecimento por ter aceitado me orientar numa fase difícil. Acolheu-me como uma mãe: de braços e coração abertos. Disposta a enfrentar as dificuldades junto comigo. Mostrou-me que a primeira coisa que precisava era acreditar que chegaria ao objetivo final! E acredito que consegui!

Aos demais professores que ajudaram a construir, à sua maneira, a minha formação. Especialmente ao professor Miguel por ter mostrado um lado diferente da administração, que extrapolasse os limites das teorias óbvias.

Aos amigos!!! Ah, se não fossem vocês, o processo teria sido tão solitário e bucólico. Como anjos, me fizeram sorrir no momento certo, deram força quando quis fraquejar e ajudaram quando pedi. Naíla, Tânia e Léo, vocês são especiais!!

Agradeço de coração a uma amiga especial: Ingrid. Velha amiga de infância, mas que esteve sempre ao meu lado ajudando, dando força e me incentivando nas minhas loucas idéias.

(6)

“É na clareza da mente

que explode a procura do novo processo, e o que é meu direito eu exijo e não peço

com intensidade de quem quer viver e optar: ir ou não por ali. A nossa primeira antena é a palavra,

que amplia a verdade que assusta, e a gente repete que quer, mas não busca

e de modo abstrato se ilude que fez.

Mas qualquer dia vai ter que ficar definido o caminho E é o mais louco do que já supôs a tal sabedoria.

Magia que eu hoje procuro entender.”

(7)

RESUMO

(8)

ABSTRACT

(9)

L

ISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura Simplificada do Comércio Exterior Brasileiro 44

(10)

Gráfico 1 – Potencial importador a ser explorado 53 Gráfico 2 – Área Colhida de Melão no Pólo Assu/Mossoró 66

Gráfico 3 – Quantidade Produzida (em 1000 frutos) 68

Gráfico 4 – Percentual de Produção dos Municípios 69

Gráfico 5 – Valor por Fruto 71

(11)

Tabela 1 – Variação das Exportações no Nordeste 17

Tabela 2 – Programa Brasil Exportador 51

Tabela 3 – Ranking Geral dos Municípios 55

Tabela 4 – Indicadores Sócio-econômicos do Pólo Assu/Mossoró 57

Tabela 5 – Conversão de Moedas 64

Tabela 6 – Quadro Sintético da Pesquisa 65

Tabela 7 – Valor por Hectare 71

(12)

1. INTRODUÇÃO 15

1.1 – Problematização 17

1.2 - Questões de pesquisa 21

1.3 – Objetivos 21

1.3 – Justificativa 22

1.4 - Estrutura do trabalho 23

2. REFERENCIAL TEÓRICO 24

2.1 – Globalização 24

2.2 - Comércio Internacional e Comércio Exterior 27

2.3 - Políticas Públicas 30

2.4 - Políticas de Comércio Exterior brasileiro 32

2.5 - Política de Exportações brasileira 38

2.5.1 - Sistema brasileiro de Comércio Exterior 40

2.5.2 Órgãos gestores 42

2.5.3 Órgãos anuentes 43

2.6 - Programas de estímulo ao Comércio Exterior 44

2.6.1 - O plano Avança Brasil 44

2.6.2 - Nova política industrial 46

2.6.3 - Lei Kandir 50

(13)

3.1 - Barragem Armando Ribeiro Gonçalves 59

3.2 – Exportação de Melão 60

4. METODOLOGIA 63

5. RESULTADOS 65

5.1 - Área colhida 66

5.2 - Quantidade produzida 68

5.3 - Valor da produção 70

5.4 - Melão e Comércio Exterior 72

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS 75

6.1 - Mapeamento da evolução da área colhida de melão no pólo Assu/

Mossoró de 1990 a 2003 76

6.2 - Mapeamento da quantidade produzida de melão no pólo Assu/

Mossoró de 1990 a 2003 76

6.3 - Mapeamento da evolução do valor da produção de melão no pólo

Assu/Mossoró de 1990 a 2003 76

REFERÊNCIAS 78

(14)

1 - I

NTRODUÇÃO

O Brasil, desde a década de 60, vem galgando esforços no sentido de desenvolver políticas que contempla o crescimento econômico, o incentivo à industrialização, o aumento das exportações e a entrada de capitais transnacionais no país. Com isso, muitos produtores foram incentivados a comercializar seus produtos em mercados nunca explorados por eles.

O Nordeste brasileiro sofreu mudanças importantes na economia, nos incentivos governamentais e na concorrência estrangeira com o intuito de se nivelar à nova realidade mundial.

Unindo o melhoramento da produção agrícola, a qualificação do homem do campo e a redução de custos com a utilização de novas tecnologias, o Brasil passa a figurar como o segundo maior produtor de frutas do mundo, produzindo 36 milhões de toneladas, o que equivale a 10% da produção mundial, sendo que deste número apenas 10% é de frutas tropicais (CUNHA, 2000). Todavia, Carraro e Cunha (1994) destacam que o Brasil direciona apenas 1% de sua produção de frutas frescas para o exterior.

(15)

1-Norte de Minas (MG) 2-Guanambi (BA) 3-Formoso (BA) 4-Barreiras (BA)

5-Petrolina/Juazeiro (PE) 6-Baixo São Francisco (SE/AL) 7-Moxoto/Pajeu (PE)

8-Gurguéia (PI) 9-Alto Piranhas (PB) 10-Assu/Mossoró (RN)

11-Baixo Médio Jaguaribe (CE) 12- Acaraú/Curu (CE)

13-Baixo Parnaíba (PI/MA)

14-Baixada Ocidental Maranhense (MA) 15-Benevides/Ananindeua (PA)

16-Paragominas/Salvaterra (PA) 17-Ulianópolis/Salvaterra (PA) 18-Miracema do Tocantins (TO) 19-Entorno do Distrito Federal (DF) 20-Triangulo Mineiro (MG)

21-Norte Fluminense (RJ) 22-Linhares (ES)

23-Sul da Bahia (Eunápolis) 24-Campinas/Jundiaí (SP) 25-Vale do Ribeira (SP) 26-Paraná (PR)

27-Fraiburgo/São Joaquim (SC)

28-Bento Gonçalves/Caxias do Sul (RS) 29-Vacaria (RS)

30-Metade Sul do Rio Grande (RS)

A região Oeste do Rio Grande do Norte vivia, tradicionalmente, do plantio do algodão e, após a sua decadência, não via uma solução para a geração de renda. Foi em meados dos anos 80 que “manchas de modernidade” (SILVA, 1999, p. 323) foram instaladas no RN e a base produtiva foi modificada de forma marcante na economia do estado. No Rio Grande do Norte, a produção de frutas, principalmente o melão, tem mudado a realidade do agronegócio na região, sendo um modelo para outros lugares do país. O estado produz 90% do melão exportado do Brasil (EMBRAPA, 2006).

(16)

utilização de pessoal de baixo aperfeiçoamento técnico, porém com experiência do cultivo agrícola, ao invés de utilização de pessoal qualificado com experiência em centros urbanos.

Por essa razão, o RN apresenta aspecto diferenciado dos outros estados do Nordeste, onde as taxas de crescimento das exportações têm ficado sempre acima das médias regionais, conforme a tabela:

Tabela 1 – Variação das Exportações no Nordeste (2000-2001)

Estado Percentual

Rio Grande do Norte 24,96

Pernambuco 17,97

Bahia 9,09

Ceará 6,45

Maranhão -28,21

Sergipe -30,21

Piauí -36,73

Fonte: Secretaria Estadual da Indústria, Comércio e Tecnologia (RN), 2001.

No início de sua implantação, a fruticultura irrigada contou com políticas públicas de infra-estrutura que tiveram papel decisivo. Porém, críticos afirmam que essas políticas não passaram de infra-estruturas e que, após isso, não houve um interesse do estado em investir no setor, deixando de lado um desenvolvimento de longo prazo que possa extrapolar os limites municipais.

É nesse contexto que a presente dissertação galgou esforços em mapear a evolução da cultura de melão no pólo Assu/Mossoró no Rio Grande Norte.

1.1 - PROBLEMATIZAÇÃO

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melão é importante, tendo destaque nacional os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia, sendo os pólos de produção o Vale do São Francisco/PE, Assu-Mossoró/RN e do Jaguaribe/CE. Os dois últimos são pólos destacadamente exportadores. Em se tratando de participação no mercado, o RN foi considerado líder nacional em 1998 com 90% desta (MENEZES, 2001).

O Rio Grande do Norte apresenta excelentes condições para a prática de fruticultura, em especial a tropical irrigada. Os fatores que mais beneficiam essa cultura são: a elevada insolação, as terras férteis localizadas nas regiões do Vale do Açu e Chapada do Apodi e a água subterrânea abundante no semi-árido. Tecnologia moderna vem sendo utilizada, o que tem representado ganhos de produtividade e, como conseqüência, aumento da participação na economia estadual. Apesar dos períodos de seca na região, a cultura do melão é beneficiada por este cenário, ao contrário do que acontece com a cultura de sequeiro.

Nesse contexto, o melão é a cultura de maior expressão na economia da região, sua produção é destinada quase exclusivamente ao mercado externo. Segundo Alencar Junior (2002), “as exportações desse produto totalizaram em 2001 US$ 26 milhões, representando um acréscimo de 26,5% em relação ao anterior e participando 14% de todo o valor comercializado para o exterior durante o ano”.

O comércio exterior é importante para o desenvolvimento econômico das nações, pois proporciona a expansão dos negócios, a melhoria dos sistemas de produção e a adequação aos padrões de qualidade internacionais. Desta forma, as empresas exportadoras vêem-se obrigadas a buscar sempre a melhoria em seus processos produtivos, de modo que seus produtos não sejam facilmente substituídos por outros.

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número de empresas nacionais e internacionais instalou-se na região a fim de se dedicar ao cultivo de frutas tropicais para os mercados internacionais (SILVA, 1999).

Desde sua consolidação, o pólo ocupa cada vez mais espaço no contexto produtivo de fruticultura no país. Para o BNDES (2001), os principais fatores alavancadores deste pólo são:

1 – Infra-estrutura: Aqüíferos de grande vazão; projetos de irrigação implantados e novos projetos em desenvolvimento, com sistemas de irrigação modernos e possibilidade de expansão; disponibilidade elétrica e energia alternativa, com destaque para o gás natural; grande parte da área do Pólo já interligada por telefonia móvel.

2 – Meio Ambiente: Conscientização dos irrigantes e da sociedade no tocante à importância da preservação do meio ambiente; desenvolvimento urbano com oferta de serviços sociais, o que gera menor pressão sobre os recursos naturais, com maior ênfase à água.

3 – Pesquisa e Desenvolvimento e Assistência Técnica: Existência da Escola Superior de Agricultura de Mossoró; perímetro irrigado em expansão, com capacidade de desenvolvimento de pesquisas e de se tornar fonte geradora de novas tecnologias; condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de pesquisas na área de fruticultura; zona livre de mosca-da-fruta; existência de escritórios de assistência técnica da EMATER, empresas particulares e órgão de treinamento e capacitação como Sebrae.

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5 – Produção e mercado de insumos: Aumento da produção de frutas com elevados índices de produtividade; condição para criação de empresas âncoras; implantação de empresas que comercializam insumos; boas condições edafoclimáticas favoráveis à produção de frutas; possibilidade de diversificação de culturas; disponibilidade de crédito de longo prazo na rede bancária oficial; surgimento de produtores emergentes e competitivos que podem contribuir decisivamente no processo de desenvolvimento do pólo.

6 – Promoção e comercialização: Posição geográfica do pólo Assu/Mossoró privilegiada em relação aos mercados consumidores do Nordeste e do exterior e aos portos da região; existência de empresas com larga experiência em exportação de frutas para os mercados internacionais; grande aceitação da fruta tropical no mercado externo; consciência geral entre técnicos, produtores, entidades governamentais e não-governamentais de que o nordeste brasileiro é a região que detém, mundialmente, as melhores condições de produção de frutas tropicais; existência de mercados alternativos.

7 – Agroindústria: Grande potencial para expansão da produção de frutas; projeto público de irrigação em desenvolvimento com grande potencial produtivo para aproveitamento agroindustrial; disponibilidade de energia e reservas de gás natural; proximidade dos grandes centros consumidores do Nordeste.

Estas vantagens colocam o pólo Assu/Mossoró em um lugar privilegiado, tornando-o um grande atrativo para empresas de pequeno, médio e grande porte se instalarem na região para produção e comercialização nos mercados nacional e internacional.

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1.2 - QUESTÕES DE PESQUISA

Com o intuito de operacionalizar o presente estudo, levantamos as seguintes questões:

a) Qual o comportamento da área colhida de melão no pólo Assu/Mossoró?

b) Qual o comportamento da quantidade produzida de melão no pólo Assu/Mossoró?

c) Qual o comportamento do valor da produção de melão no pólo Assu/Mossoró?

1.3 - OBJETIVOS

Geral

O objetivo geral desta pesquisa foi verificar a evolução da cultura do melão no pólo Assu/Mossoró, no Rio Grande do Norte, de 1990 a 2003.

Específicos

Os objetivos específicos da pesquisa foram:

a) Mapear a evolução da área colhida de melão no pólo Assu/Mossoró de 1990 a 2003;

b) Mapear a quantidade produzida de melão no pólo Assu/Mossoró de 1990 a 2003;

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1.4 - JUSTIFICATIVA

A abertura comercial, a implementação do Plano Real e as demais reformas pelas quais tem passado a economia brasileira, a partir de 1990, vêm impactando de forma diferenciada os diferentes segmentos da indústria e as empresas dentro de cada segmento industrial. Grande número de empresas tem apresentado dificuldades de ajustamento às novas condições, porém alguns segmentos têm reagido favoravelmente aos estímulos do novo contexto e vêm ganhando proeminência no mercado internacional, configurando-se em áreas dinâmicas para o País. O caso mais típico é o do agronegócio, bastante estruturado e apoiado por forte competitividade.

O negócio da fruticultura no Brasil ocupa uma área de dois milhões de hectares comerciais e gera um PIB de US$ 1,5 bilhão. Existem no Brasil 30 pólos de fruticultura, espalhados de Norte a Sul, abrangendo mais de 50 municípios.

Desta forma o trabalho justifica-se na medida em que procura contribuir para o avanço no entendimento do comportamento da produção de melão do pólo Assu/Mossoró onde se observa que apesar da importância da referida cultura, em termos de produção científica, escassos são os estudos focados naquela região. Sendo estudado com maior freqüência pelo Banco do Nordeste (BNB) através de seus documentos a cerca das áreas de dinamismo econômico no Nordeste.

Posto dessa maneira, este esforço de pesquisa de mestrado tem sua relevância científica justificada pela ausência, no Rio Grande do Norte, de um estudo da evolução da cultura do melão no estado.

Apesar de poucos serem os estudos sobre este tema, o Rio Grande do Norte possui Anuários Estatísticos que disponibilizam dados sobre toda sua produção anualmente. De conhecimento público e livre acesso a tais informações, estes anuários foram imprescindíveis para a sintetização dos dados que embasam este estudo.

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gerados dois empregos: um no campo e um na cidade, e uma renda média de R$ 15 mil. Atualmente, o setor gera quatro milhões de empregos diretos. Assim, o segmento está entre os principais geradores de renda, de empregos e de desenvolvimento rural. (EMBRAPA,2006). O que evidencia a relevância social e prática do estudo, uma vez que a compreensão do comportamento de uma atividade econômica pode ser de grande utilidade para a condução de políticas que fomentem seu desenvolvimento de forma a prosseguir gerando emprego e renda.

O interesse científico do autor pela área reside no fato de conhecer de perto a realidade dos produtores daquela região e da necessidade de montar um painel desta importante cultura para a região, que após sofrer grandes problemas após o declínio do ciclo do algodão, pôde gerar dinamismo econômico novamente.

1.5 – ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta dissertação é composta por seis capítulos.

O primeiro capítulo trata do contexto do estudo, apresentando a

problematização, os objetivos buscados e a justificativa para deste trabalho.

O segundo capítulo versa sobre o referencial teórico abordado, discutindo conceitos sobre a globalização, a diferenciação entre o comércio internacional e exterior, políticas públicas e política de comércio exterior brasileiro, através dos períodos históricos: (a) nacional desenvolvimentismo; (b) regionalização e globalização nos anos 90; (c) governo Lula, política de exportação brasileira, evidenciando o sistema de comércio exterior brasileiro e programas de estímulo ao comércio exterior do país.

O terceiro capítulo foca atenção na descrição detalhada do pólo Assu/Mossoró. O quarto capítulo traz a classificação metodológica, seu delineamento, métodos e técnicas utilizadas na coleta e análise dos dados.

O quinto capítulo apresenta a análise da produção de melão no pólo

Assu/Mossoró de 1990 a 2003, evidenciado a área colhida, a quantidade produzida e o valor da produção.

(23)

2 - R

EFERENCIAL TEÓRICO

Esta etapa do trabalho tem a finalidade de apresentar o referencial acerca dos temas abordados, a fim de dar suporte para as análises e interpretações de resultados a seguir.

2.1 - GLOBALIZAÇÃO

O mundo atual é caracterizado pela globalização e internacionalização do capital, não mais existindo fronteiras físicas para movimentação do capital. Atualmente, deparamo-nos com mercados virtuais, onde o comércio é efetuado entre blocos regionais, no qual não está em jogo apenas o interesse dos países envolvidos, mas também empresas ávidas em conquistar novos mercados consumidores.

Cresce o sentimento de que eventos mundiais convergem para criar um mundo único, integrado. Stiglitz (2002, p.30) ressalta que “a globalização reduziu a sensação de isolamento que muitas nações em desenvolvimento sentiam séculos atrás”, o que faz com que o acesso ao conhecimento esteja ao alcance de um maior número de pessoas. Observa-se também que o mundo vem passando por transformações tecnológicas e de informação que colocam o setor terciário da economia (o comércio e os serviços) na vanguarda, criando condições, no Brasil, para que este desempenho econômico corresponda a uma inserção política. Parker (1997) ressalta que as mudanças não são tão simples, uma vez que a queda de barreiras alfandegárias leva a outras quedas, já que os negócios globais não são controlados facilmente, existindo efeitos culturais, legais, políticos, econômicos e sociais.

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negócios, Dicken (1992) define globalização como o conjunto de mudanças nos padrões tradicionais de produção, investimentos e comércio internacionais.

O advento da globalização torna a competitividade essencial, não só para conquistar novos mercados, mas também para a consolidação das empresas, dos bens e serviços no mercado nacional. Encontramos respaldo para a assertiva acima em Held e McGrew:

“com a globalização é possível identificar fluxos de comércio, capital e pessoas em todo o globo, e que há uma intensidade crescente de fluxos globais, de tal forma que Estados e sociedade ficam cada vez mais enredados em sistemas mundiais e redes de informações” (HELD e McGREW, 2001, p. 12).

Franco afirma que

“... a globalização será um condicionamento básico ao desenvolvimento brasileiro nos próximos anos. Uma avaliação bastante objetiva do processo de globalização nos leva a identificá-lo com o crescimento dos fluxos de comércio de bens e serviços e do investimento internacional em níveis consistentes superior aos do crescimento da produção” (FRANCO, 2000, p. 29).

Albuquerque (1999) destaca que a globalização é um fenômeno que se encontra oculto nas relações de mercado das grandes corporações transnacionais, essas últimas com origens nas multinacionais das décadas de 1960 e 1970. Essas empresas passam a reposicionar-se e a adotar condutas e estratégias sob perspectivas globais, apoiadas no fácil acesso aos mercados financeiros e de capital, nas tecnologias de ponta, desconsiderando até mesmo onde estejam situados seus postos de comando.

(25)

Evidencia-se o impacto da globalização, todavia ela pode ser vista sob vários aspectos, que não somente a área de negócios, afinal ela afeta os contextos da: economia, política, cultura, tecnologia e recursos naturais.

A economia global oferece oportunidades e desafios crescentes, o que leva mais organizações para o mercado, de forma que a produção está cada vez mais dispersa pelo mundo. As fontes de crescimento, que no princípio eram dominadas pelos países industrializados, dispersam-se por pontos do mundo em desenvolvimento. O mercado de capitais não fecha, pois está disseminado pelo mundo, em diferentes fusos-horários. Parker (1997) alerta para o fato de que a economia mundial não opera no vácuo e que, para gerar convergência de interesses, faz-se necessário que sejam criadas políticas globais.

Reich (1991) destaca que a globalização irá fazer com que líderes de negócios comecem a se ver cada vez menos como atores autônomos e cada vez mais como participantes de indústrias globais. Por outro lado, as responsabilidades dos governos passam a ser influenciadas e modificadas (um exemplo foi a onda de privatizações) e os líderes políticos dividem sua influência com líderes do mundo dos negócios. Desta forma, tem-se o mundo dos negócios interferindo na esfera pública, pois a gerência dos processos econômicos tem sido cada vez menos controlada pelo Estado.

Partindo do princípio da atuação de empresas em diversos países, comportamentos deixam de ser gerados exclusivamente pelo estado-nação, afinal a cultura adquire um caráter “sem fronteiras”.

Ao contrário da revolução industrial, a força da revolução da informação - o conhecimento - não é tangível. A tecnologia tem sido a base da globalização e da revolução do conhecimento. Parker (1997) destaca que “os indivíduos são donos do conhecimento, e por isso ele só se torna um recurso organizacional quando partilhado, criando um potencial para maior igualdade ou aumentando a desigualdade”.

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Organizações de todos os setores estão sendo pressionadas por mais eficiência, medindo a relação entre insumos e resultados; a serem cada vez mais ‘profissionais’.

Crítico à globalização, Stiglitz defende que:

“A globalização em si não é nem bom nem ruim. Ela tem o poder de fazer um enorme bem e, para os países do Leste Asiático que aderiram à globalização em seus próprios termos, dentro do seu próprio ritmo, ela tem representado um grande benefício (...), mas em muitas partes do mundo, não trouxe benefícios comparáveis. Para muitos, a globalização assemelha-se mais a um desastre iminente” (STIGLITZ, 2002, p.49).

Essa preocupação do autor sugere que a globalização pode criar uma economia global interessante, desde que amparada em pilares sustentáveis e gerenciada de forma mais imparcial, gerando frutos compartilhados em escala mundial. Toda ainda existe o lado preocupante da globalização que aumenta ainda mais as desigualdades entre as nações.

2.2 – COMÉRCIO INTERNACIONAL E COMÉRCIO EXTERIOR

Comércio, em sentido amplo, significa toda relação de troca entre dois ou mais sujeitos sociais e implica necessariamente numa reciprocidade. A condição implícita na atividade mercantil é exatamente que sujeitos permutem mercadorias, ou que as comprem mediante pagamento, ou que as vendam contra recebimento em dinheiro ou por qualquer outra forma representativa de valor econômico.

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Portugal e Espanha promovem uma revolução no comércio da época. Dias (2002) destaca que este período cumpriu um importante papel na consolidação de uma economia mundial, na circulação de mercadorias e moedas e na ampliação de operações financeiras: crédito, seguro e outros.

Após esse período, ocorre a revolução inglesa, que deu novo sentido às atividades comerciais, saindo de produtos de luxo para produção de bens de consumo para a população. Surgem, então, políticas internacionais, e a Inglaterra abandona a restrição às importações, abrindo seus portos. Souza (2002) ressalta que esta abertura teve pouca duração, pois gerou acirrada disputa de mercado, que culminou na eclosão da Primeira Guerra Mundial. Após este conflito, o comércio mundial passou por grandes dificuldades, como a crise de 1929 e a Segunda Grande Guerra. Terminado este conflito, a história do comércio registra dois fatos importantes: a criação do Mercado Comum Europeu e o surgimento do Bloco Socialista.

Contemporaneamente, dois fenômenos marcam o comércio no cenário mundial: a globalização e a regionalização das economias. Empresas tornaram-se conglomerados internacionais que buscam atuar além das fronteiras nacionais, e países uniram-se em blocos econômicos, de forma que o comércio hoje tornou-se “globalizado e supranacional” (SOUZA, 2003, p.25). Assim, tem-se um comércio cada vez mais internacionalizado, o que coloca à prova a capacidade dos governos em dirigir os mercados e gera maior incerteza numa escala global.

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Embora muitos autores utilizem Comércio Internacional como sinônimo de Comércio Exterior, há grande diferença entre os dois conceitos. Comércio Internacional é regido pelo Direito Internacional Público, regulamentando as operações entre países distintos e caracterizando-se pelo intercâmbio de mercadorias, serviços e movimentos de capitais. Sua estrutura está baseada na habilidade de comercializar e na capacidade financeira do ente comercial. De acordo com Souza,

“o comércio internacional pode ser desenvolvido por meio das empresas comerciais, ou por meio dos órgãos comerciais governamentais. As empresas comerciais praticam o comércio de exportação (...) bem como de importação” (SOUZA, 2002, p.37).

Já o Comércio Exterior, rege as relações entre o Estado e os seus particulares, ditando as regras e normas nacionais das transações e estudos realizados no Comércio Internacional. A linha que separa os dois conceitos é bastante tênue e Souza (2002, p.37) define o comercio exterior como envolvendo “empresas de iniciativa privada, que buscam alcançar os objetivos de seu negócio especializado, com o propósito de satisfazer os interesses de seus clientes e auferir lucros”. Murta (2005) evidencia que nenhum país é auto-suficiente em todos os aspectos de sua economia, portanto faz-se necessário o intercâmbio internacional que visa garantir o suprimento de bens de consumo (e outros produtos) permitindo que países vendam produtos que possuam em abundância e comprem aqueles escassos, podendo dinamizar assim as economias.

(29)

2.3 – POLÍTICAS PÚBLICAS

A globalização e as grandes inovações que transformaram a lógica dos setores produtivos não excluíram a administração pública, o que aconteceu foi o enfraquecimento dos governos no que tange ao controle do fluxo de capitais. Abrucio (1998) ressalta ainda que cabe ao Estado reduzir os obstáculos à competitividade: a diminuição de custos trabalhistas, previdenciários e carga tributária. Corrobora com a afirmação Flyn e Strehl (1996), evidenciando que o Estado se vê obrigado a diminuir sua participação no mercado.

Percebe-se, portanto, que as nações necessitam formular suas políticas públicas de modo a lidar com todos estes desafios econômicos (nacionais e mundiais), sem abjurar os problemas sociais. Para isso, os Estados precisam estar em constante (re)construção, de modo a ter uma burocracia forte e de acordo com as necessidades locais e mundiais.

Por políticas públicas, entendem-se as novas modalidades de ação pública e comunitária em diversas áreas que merecem atenção do Estado, como análises de campos específicos: saúde, economia, finanças, tecnologia, sociedade, meio ambiente, etc. Easton (1953, p.130) define política pública como “uma teia de decisões que alocam valor”. Heclo (1972) sugere que há mais do que decisões ou ações específicas, a política publica também trata das não decisões. Neste sentido, corrobora Wildavsky (1979), ao defender que o termo se refere ao processo decisório e aos produtos deste processo.

Para compreensão das políticas públicas, Frey (2000) afirma ser indispensável a separação de ‘policy’, ‘politics’ e ‘polity’. Desta forma, a seguinte diferenciação pode ser feita:

a) Policy – Diz respeito à dimensão material, à configuração dos programas políticos;

(30)

O autor (ibid) ressalta que, na prática, essas dimensões estão entrelaçadas e influenciando-se mutuamente.

Alloufa e Carvalho (2007, p.86) evidenciam que: “a gestão de políticas públicas tem por pressuposto a transformação de produtos em efeitos ou impactos. Sob essa perspectiva a autoridade pública se dá pela conquista de finalidades externas”. Para que tal transformação aconteça, a política é, primeiramente, formulada pelos tomadores de decisão, depois de formulada inicia-se sua implementação mediante órgão e mecanismo existente, de forma a adaptar a política à realidade de ação do Estado. Por fim, ocorre a avaliação, quando os resultados e impactos são comparados com o planejado.

As políticas públicas não nascem por acaso e é necessidade da autoridade pública implementá-las. Para Meny e Thoenig (1992), existem três visões sobre a gênesis destas políticas. São elas: (a) a necessidade que condiciona a oferta, (b) a oferta que condiciona a necessidade e (c) a ilusão de que as políticas nascem.

Para que um problema possa fazer parte de um debate público e gerar uma política pública, é necessário que este figure na agenda. Para Padioleau (1982), agenda é um conjunto de problemas que geram um debate publico, incluindo a intervenção das autoridades legítimas. Assim, a agenda é o primeiro passo para que as ações públicas aconteçam, pois é através dela que fica evidenciado que o problema detectado será foco de debate dos tomadores de decisão. É importante ressaltar que o acesso à agenda não é livre ou neutro, afinal o controle do acesso fornece um recurso político decisivo a quem o detém.

Uma vez definida a agenda, é necessário que as decisões sejam tomadas. Em princípio, este seria o apogeu do trabalho político e administrativo. Todavia, a decisão política não é o que parece, conforme comprovaram Dahl (1963) e Hunter (1963), evidenciando que a pessoa que decide não é autônoma, uma vez que a decisão pública é um comprometimento entre vários atores independentes.

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alternativa selecionada será assumida pela autoridade e subscrita publicamente (MENY; THOENIG, 1992).

Uma vez tomada a decisão, inicia-se a fase de implementação, que teria relação com pôr em prática. Todavia, Subirats (1994) alerta para o perigo da simplificação do conceito, uma vez que muitas são as ações ou situações que afetam os objetivos programados. O autor utiliza o conceito de Pressman e Wildavsky (1973 apud SUBIRATS, 1994, p.103), onde implementação seria “o processo de interação entre o estabelecimento dos objetivos e as ações tomadas para alcançá-los”. Ainda acerca da fase de implementação, Subirats (1994) evidencia o “policy network” como um problema desta fase, uma vez que não existe uma separação clara entre os formuladores de uma política, órgãos e “implementadores”. Desta forma, a qualidade da política aplicada e a efetividade de sua implementação poderiam ser afetadas por esta rede política.

Assim, todos os elos envolvidos no processo devem buscar uma estratégia de negociação, porque o conceito de “policy network” pode trazer resultados positivos se neutralizar possíveis coalizões dominantes. Corrobora com esta assertiva Rhodes (1986), ao afirmar que essas coalizões podem impor regras e dispor de discrescionalidade.

Fica evidenciada desta maneira a complexidade em que estão inseridas as políticas públicas, realçando o importante papel em que estão os envolvidos no processo, estando cientes das dimensões e implicações de cada atividade.

2.4 – POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

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O Período do Nacional-Desenvolvimentismo (1930-1990)

Até o início do licenciamento das importações (1947), não havia no país uma continuidade das políticas comercias. De modo que os regimes aduaneiros eram traçados de forma empírica, ora ponderando um elemento de cálculo, ora outros. Cervo (1997) ressalta que se buscava expandir as exportações de forma que favorecesse o regime de livre comércio, ou então, para defender a indústria do país, utilizava-se de protecionismo do mercado interno. De forma que o Brasil vive fortes oscilações entre protecionismo e livre comércio.

Essa oscilação aconteceu com o advento da tarifa protetora de 1844, onde o protecionismo exacerbado daria vez aos interesses da agroexportação, e vice-versa. Isso pode ser notado com a criação da tarifa Rui Barbosa de 1890 (fortemente protecionista), que foi alterada pela tarifa Rodrigues Alves de 1896 (focada no livre comércio), e esta seria novamente alterada pela tarifa Bernardino de Campo (1897), significando uma volta ao protecionismo. Em 1899, a Tarifa Joaquim Murtinho estabelece certa ordem para o comércio exterior, que permitiria ao Executivo utilizar a tarifa dupla; esta funcionaria taxando fortemente importações de países que não favorecessem a entrada dos produtos do Brasil, e minimamente países que favorecessem as entradas dos produtos nacionais.

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claro que o papel do governo não era de promover mudanças estruturais na economia, e sim de defender os interesses nacionais através da constante vigilância da esfera internacional.

Já o governo Dutra (1945 -1950), decidiu apoiar as concepções liberais dos Estados Unidos. Tais concepções apregoavam o liberalismo universal e ilimitado do comércio internacional dos capitais, bens e finanças. Entretanto, essa crença foi percebida como ilusória, fato revelado através do déficit gerado, o que resultou, em 1947, na implantação do controle de importações, e em 1949, o sistema de câmbio com licença prévia. Foi este governo que criou um ambiente favorável à implantação do Nacional-desenvolvimentismo através do modelo de substituição de importações.

Viana (1987) destaca que a política de comércio exterior brasileira tornou-se mais introspectiva e autônoma. O controle de câmbio e o regime de licenças para as importações condicionavam os dispositivos dos tratados bilaterais.

Neste contexto, acontece a volta de Vargas ao poder (1951), o que traria novamente os ideais do nacionalismo econômico na política exterior. No entanto, a conjuntura internacional não era favorável a esse posicionamento, pois os órgãos internacionais defendiam a intervenção mínima do Estado no controle do comércio e das finanças. Vargas, por sua vez, defendia a necessidade do desenvolvimento dos pequenos e tratava a defesa econômica como fator central da política exterior dos povos.

Após a segunda guerra, o governo brasileiro passa a ressaltar a negligência com que a América Latina foi tratada pelos Estados Unidos em detrimento à reconstrução da Europa. Este pensamento multilateralista reagiu à criação do Mercado Comum Europeu, argumentando que seria prejudicial à competitividade do comércio internacional. Assim, em 1958, o então presidente Juscelino Kubitschek, através da operação Pan-Americana, passa a defender a orientação da política exterior do país como um programa de esforços conjuntos de todo o continente para o desenvolvimento deste. Criando, assim, um multilateralismo regional. Cervo (1997) salienta que esta política compreendia inúmeros fatores:

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b) Reordenamento das relações internacionais para enfrentar os problemas de atraso e gerar desenvolvimento.

c) Pensamento Cepalino (Substituição de Importações).

d) Desenvolvimento econômico dinâmico do Brasil exigia maior cooperação internacional.

O grande argumento desta operação era que as nações da América Latina necessitavam de medidas enérgicas para remover os obstáculos ao desenvolvimento, de forma que pudessem industrializar-se e aproveitar seus recursos naturais e ativos.

Nas décadas de 60 e 70, o modelo de substituição de importações não foi modificado, porém foi complementado pelo modelo de substituição das exportações, haja vista que o parque industrial do país já estava implantado e necessitava de mercado externo para escoamento da produção.

Regionalização e Globalização dos anos 90

No Brasil, os anos 90 foram marcados por grandes transformações na política externa. Três períodos curtos marcaram essa década: o governo Collor (1990-1992), que abriu mão do nacional desenvolvimentismo em detrimento da abertura da economia. Em seguida, o governo Itamar Franco não deu prosseguimento à abertura da mesma forma que o governo Collor, inclusive denotando uma pequena volta ao nacional-desenvolvimentismo, sem abandonar, no entanto, a necessidade de adaptação dos novos tempos. Em 1995, assume o governo o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que adere à globalização do capitalismo e abandona o nacional-desenvolvimentismo. Atitude que gerou grande número de protestos e pressões dos segmentos sociais.

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Com a queda de Collor, seu sucessor, Itamar Franco, retoma o desenvolvimentismo e apregoa a integração do cone Sul. O que prevaleceu como conceito de política de comércio internacional foi o “multilateralismo ortodoxo e uma integração inevitável” (CERVO, 1997, p.18). Assim, a estratégia de comércio exterior ficava resumida à:

1 – Abertura de novas frentes de comércio.

2 – Busca de maior liberalização de fluxos comerciais.

3 – Exploração de nichos comerciais nos centros desenvolvidos. 4 – Consolidação das exportações nos países em desenvolvimento.

Iniciando o Governo Fernando Henrique (1995), o pensamento do governo é que o Brasil não deveria buscar projetos de desenvolvimento nacionais, pois estes estariam atrelados ao capital internacional. A abertura do mercado aconteceria sem grandes negociações, e as privatizações deveriam acontecer de forma a atender à nova conjuntura de Estado mínimo. Assim, os pilares de sustentação da política desse governo seriam: o multilateralismo, o regionalismo, a relação com os Estados Unidos e com a União Européia. Todavia, Cervo (2003) evidencia que este quadro gerou equívocos em diversas áreas:

a) Comércio exterior: deixou de ser o promotor da produção interna e da formação de capital, adquirindo um caráter de dependência à estabilidade de preços. Deixando, assim, de ser um instrumento estratégico.

b) Fluxo de capitais e dependência financeira: os déficits gerados com os equívocos no comércio exterior suscitaram uma busca de capitais externos pelas autoridades econômicas. As conseqüências puderam ser sentidas na debilidade do sistema de produção interno.

c) Dependência tecnológica: com o fim de projetos de desenvolvimento nacional, as novas tecnologias passaram a estar disponível apenas no mercado internacional.

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Estas medidas liberais do governo Fernando Henrique geraram tensão na opinião pública, que confiou ao governo Lula a tarefa de modificar a política de comércio exterior do país.

Governo Lula

O governo Lula defende que a retomada do desenvolvimento deve estar baseada num crescimento econômico sustentável.

As ações, nessa área, voltam-se para a expansão sustentada das exportações e para a ampliação da base exportadora pela incorporação de novos produtos, empresas e negócios. Inclui: a) apoio às exportações, com financiamento, simplificação de procedimentos e desoneração tributária; b) promoção comercial e prospecção de mercados; c) estímulo à criação de centros de distribuição de empresas brasileiras no exterior e à sua internacionalização; d) apoio à inserção em cadeias internacionais de suprimentos; e) apoio à consolidação da imagem do Brasil e de marcas brasileiras no exterior.

Para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2003, p.13) “a crescente inserção internacional deve se dar de forma tal a não onerar a balança de fretes, já altamente deficitária. Isso significa articular a modernização de estaleiros e da armação nacionais, contribuindo para a retomada dos serviços de cabotagem”. Esta assertiva está de acordo com o programa de Governo, que é baseado nas premissas de crescimento sustentável, emprego e inclusão social.

O mesmo documento defende ainda que, para o sucesso da política de comércio exterior, é necessário articular a nova política regional, contribuindo para uma maior integração nacional e para a redução das disparidades regionais entre estados e sub-regiões.

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processos, além de promover certificação (selo) de origem, marca e padronização produtiva.

Dessa forma, tem-se a política de comércio exterior do Governo Lula galgada em quatro forças:

1 – Recuperação do universalismo e do bilateralismo: o governo esforça-se para que existam outros pólos de equilíbrio além dos Estados Unidos.

2 – Foco na América do Sul: dedicar-se à regionalização como reforço para as economias locais.

3 – Sanar dependências estruturais e promover a inserção interdependente: o governo busca minimizar a vulnerabilidade da política de comércio exterior, antes centrada somente na abertura.

4 – Promover nacionalismo cooperativo: zelar pelo respeito da ordem e preservar a cordialidade entre os países vizinhos, de modo a minimizar os efeitos da subserviência econômica e política dos países do cone Sul.

Desta maneira, Cervo (2003) destaca que o ideal para uma política de comércio exterior do país seria adotar o paradigma do Estado logístico, no qual o comércio exterior, puxado por uma política exterior mais altiva, tem peso extraordinário.

O Estado logístico, conforme Sombra Saraiva (2004), supõe a superação tanto do modelo de inserção liberal desenfreada, quanto do desenvolvimentismo nacionalista de antes. Por esse novo paradigma, o repasse de responsabilidades do Estado empresário cabe mais à sociedade. Essa estratégia não significa, no entanto, o desprezo ao empreendimento estatal, desde que este apresente capacidade de construir competitividade sistêmica global. São dois os componentes da formulação logística posta em marcha: por um lado, advoga-se a construção de meios de poder e, por outro, sua utilização para fazer valer vantagens comparativas de natureza intangível, como a ciência, a tecnologia e a capacidade empresarial.

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internacionais e orientados para a superação da crise de financiamento e poupança internas.

2.5 – POLÍTICA DE EXPORTAÇÕES BRASILEIRA

A política econômica brasileira dos anos 50 traçou como meta modificar a especialização internacional do país para obter uma industrialização plena, elegendo como diretriz principal a ponderação de setores produtivos para o crescimento, o que acarretaria acumulação de capital e diminuição da dependência do crescimento econômico e da volatilidade face à demanda internacional. Esta orientação protecionista permaneceu até final dos anos 80, sendo bem sucedida no que tange à formação de um parque industrial.

Contudo, esta diretriz brasileira estava desconforme com a teoria das vantagens comparativas, o que negligenciava: (a) as conseqüência com respeito à alocação de mão-de-obra abundante e recursos naturais existentes e (b) a prática política de selecionar os setores a serem protegidos em função da dinâmica dos mercados internacionais. Assim, a não observância dos requisitos tecnológicos solicitados pelos novos processos de concorrência internacional, acabou por refrear a expansão da fronteira técnica produtiva do país.

Ainda no período militar, o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) atribuía às exportações um papel duplo, a saber:

1 – Na ausência de demanda governamental, as exportações deveriam expandir a demanda para continuar o processo de oportunidade aos investimentos de substituição de importações.

2 – Gerar divisas para a importação de bens de capital e insumos básicos.

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incentivadas para aumentar a quantidade de divisas, viabilizando as importações de bens de capital e insumos para saldar encargos da divida externa (GUIMARÃES, 2006). Mais uma vez, percebe-se que a política de exportação negligencia as variáveis de crescimento econômico, favorecendo a distorção de preços como mecanismo principal para tornar os produtos exportáveis mais competitivos internacionalmente. Para Fanzylber (1990), a política comercial visa instrumentos e mecanismos formadores de preço de exportação geral, competitividade espúria, deixando em segundo plano os reais condicionantes do desempenho exportador.

Desta maneira, fica evidenciado que a natureza exportadora fora condicionada ao processo de substituição de importações, não considerando a ligação entre exportação e progresso técnico. O processo de substituição das importações é findo nos anos 80, exceto para os setores de eletrônica e química fina.

Na segunda metade dos anos 80, os assuntos dominantes da agenda de política econômica foram a evolução da dívida externa (DAIN, 1988) e do setor público (ABRANCHES, 1994). Já os temas de competitividade internacional e crescimento econômico foram colocados em segundo plano, em favor de políticas baseadas na estabilização da economia.

É então que no início dos anos 90 foram criados o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP) e o Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica (PACT), ambos com intuito de agilizar a absorção de técnicas de eficiência. Então, neste mesmo período, as exportações passam a ser consideradas mais por aspectos qualitativos de oferta do que pela lógica quantitativa dos anos 60. Assim, a liberalização do comércio exterior fica mais evidente na agenda governamental e muitos dos incentivos de promoção às exportações são extintos.

2.5.1 - Sistema Brasileiro de Comércio Exterior

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oportunidade de competir em igualdade de condições com empresas localizadas em outros países.

A Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), entidade colegiada supra-institucional do Conselho de Guerra do Governo Federal, é composta pelos seguintes representantes:

• Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República (Presidente da CAMEX);

• Ministro das Relações Exteriores; • Ministro da Fazenda;

• Ministro do Planejamento e Orçamento;

• Ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo;

• Ministro da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária.

Pode-se dividir a estrutura em duas áreas de atuação. A primeira é integrada por órgãos que tratam dos interesses brasileiros no exterior, a saber:

Ministério das Relações Exteriores (MRE) - Atua no marketing externo, voltado à promoção e à divulgação de oportunidades comerciais no estrangeiro, em parceria com consulados, embaixadas e chancelarias. Conta com o apoio de sua própria área interna, responsável por "Feiras e Eventos" e "Promoção Comercial", e analisa as características do mercado estrangeiro e do intercâmbio brasileiro, incentivando, periodicamente, a vinda de importadores estrangeiros ao Brasil.

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Secretaria de Assuntos Internacionais (SEAIN) - Entidade vinculada ao Ministério da Fazenda: participa de negociações de créditos brasileiros no exterior, de comércio e investimento no âmbito da OMC e de outros organismos internacionais e assuntos referentes ao MERCOSUL, à ALADI e aos demais blocos econômicos, e acompanha as negociações econômicas e financeiras com governos e entidades estrangeiras e internacionais.

A segunda área refere-se aos assuntos gerenciais e reguladores de comércio exterior no Brasil, que são conduzidos pelos seguintes órgãos de competência:

2.5.2- Órgãos Gestores:

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) - Vincula-se ao Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo: normatiza, supervisiona, orienta, planeja, controla e avalia as atividades comerciais do Brasil com outros países, em observância à política de comércio exterior vigente.

Secretaria da Receita Federal (SRF) - Vincula-se ao Ministério da Fazenda: fiscaliza

as exportações e as importações de mercadorias e a correta utilização dos incentivos fiscais concedidos pela legislação em vigor, bem como arrecada os direitos aduaneiros incidentes sobre a entrada e saída de mercadorias no País.

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2.5.3- Órgãos Anuentes

São órgãos credenciados para auxiliar no controle comercial, quando, pela natureza do produto ou pela finalidade da operação, for necessária a análise especializada desta.

Cada anuente responsabiliza-se, dentro da sua área de atuação, por atestar o cumprimento das condições para fins de licenciamento da operação, a saber:

• Banco do Brasil;

• Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN);

• Departamento de operações de Comércio Exterior (DECEX); • Departamento Nacional de Combustíveis (DNC);

• Departamento da Polícia Federal (DPF);

• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA); • Instituto Brasileiro de Patrimônio Cultural (IBPC);

• Ministério da Aeronáutica;

• Ministério da Agricultura e do Abastecimento; • Ministério da Ciência e Tecnologia;

• Ministério do Exército; • Ministério da Saúde;

• Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR); • Secretaria de Produtos de Base (SPB).

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Figura 1 – Estrutura Simplificada do Comércio Exterior Brasileiro

Fonte: Site do Banco do Brasil

2.6 – PROGRAMAS DE ESTÍMULO DO COMÉRCIO EXTERIOR

2.6.1- O Plano Avança Brasil

Criando pela Lei nº 9.989, de 21 de julho de 2000, o Plano Avança Brasil, em suas diretrizes relacionadas ao comércio exterior, argui que a participação do Brasil no comércio internacional ainda é pequena. Com um mercado interno de grandes dimensões, que absorve a maior parte da produção, a grande maioria das empresas não tem a preocupação de colocar seus produtos no mercado internacional. A participação brasileira nas exportações mundiais está hoje em menos de 1%, apesar de já ter alcançado 1,5% das vendas globais em 1984 (BRASIL, 2000).

O País exportou, em 1998, um total de US$ 51 bilhões, sendo 26% de produtos básicos, 16% de semimanufaturados e 58% de manufaturados (BRASIL, 2000).

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qualidade e menor preço, as empresas vão passar por mudanças que certamente contribuirão para elevar suas vendas no mercado interno.

Para atingir a meta de US$ 100 bilhões, o governo Fernando Henrique criou o programa Financiamento às Exportações, com o objetivo de facilitar o acesso ao crédito. O programa incluiu a concessão de financiamentos oficiais, equalização de taxas de juros, linhas de crédito para as empresas exportadoras nordestinas, seguro de crédito às exportações e financiamento em longo prazo.

Trata-se de um conjunto de ações para alcançar o mercado externo com maior competitividade, pois exportar com prazos de pagamento adequados e taxas de juros moderadas tem sido uma prática crescente no comércio exterior. O seguro de crédito, por sua vez, é o instrumento ideal para oferecer ao exportador a segurança de que vai receber o valor correspondente aos bens exportados.

O programa Cultura Exportadora tem por objetivo preparar as empresas de pequeno, médio e grande porte para atuar no mercado internacional. O programa prevê a capacitação de profissionais, a formação de negociadores em comércio exterior, a criação de instituição certificadora da qualidade e a promoção de encontros de comércio exterior.

O Desenvolvimento do Setor Exportador objetivava dar assessoria e suporte técnico às empresas nacionais, sobretudo àquelas que ainda não ingressaram no comércio exterior, para que voltem suas atenções e seus esforços para o mercado externo.

O crescimento do agronegócio depende do aumento da competitividade dos produtos nacionais. Para isso, é necessário reduzir o chamado "Custo Brasil" - taxas de juros e encargos sociais elevados, sistema tributário complexo que onera a produção, altos custos de transporte -, que atinge não apenas o agronegócio, como também os demais setores da economia.

Num segmento vital para o agronegócio - o de transportes -, o programa Brasil em Ação deu prioridade à implantação de uma logística integrada, buscando aproximar os produtores e a agroindústria dos mercados interno e externo.

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o setor privado, o governo estimularia campanhas de promoção de frutas brasileiras no exterior, capacitação de fruticultores, controle de pragas e de resíduos químicos, além de pesquisas voltadas para o desenvolvimento tecnológico, com o objetivo de gerar produtos com características exigidas pelo mercado.

O esforço se justifica. A produção de frutas e de hortaliças figura como importante vetor de desenvolvimento no semi-árido nordestino (BRASIL, 2000). Cada hectare gera três empregos diretos e indiretos e uma renda média de R$ 14 mil, superior às demais atividades agrícolas. O setor tem um enorme potencial de crescimento, pois o Brasil exportava apenas US$ 140 milhões em frutas frescas por ano para um mercado internacional que movimenta cerca de US$ 23 bilhões anualmente. Entre 1992 e 1996, esse mercado cresceu, em média, US$ 1 bilhão por ano.

Como as condições climáticas são favoráveis, a implantação de sistemas de irrigação permite a produção de frutas em quase todos os meses do ano no Nordeste. Além disso, a maior proximidade de mercados consumidores importantes para frutas tropicais, como Europa e América do Norte, aumenta as chances de sucesso da fruticultura irrigada na região.

Para o desenvolvimento regional, o plano buscava como caminho o incentivo ao crescimento dos setores dinâmicos da economia regional, especialmente a agroindústria alimentar e a produção de frutas e hortaliças. Sob o enfoque do desenvolvimento local integrado, o programa valoriza o envolvimento das comunidades na tomada de decisões e fortalece o papel das prefeituras.

Em estudo realizado, Gabbay (2003), constatou que a meta do governo de duplicar as exportações no período de 1997-2002 não foi atingida, ficando bem aquém (14%) da meta.

2.6.2 - Nova Política Industrial

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perante o investimento estrangeiro. Por outro lado, conseguiu-se, com a adoção do Plano Real em 1994, criar um ambiente macroeconômico mais estável, com baixos níveis de inflação, o que favorece os estímulos à poupança e ao investimento.

A Nova Política Industrial, implementada pelo Governo Fernando Henrique, também conhecida como Política de Desenvolvimento e Competitividade, foi definida no contexto de um novo paradigma de relacionamento Estado-Sociedade, em que a ação do agente público procura, sobretudo, criar um ambiente de negócios favorável ao investimento produtivo, cabendo ao agente privado identificar oportunidades e realizar investimentos.

A estratégia voltada para a modernização produtiva, por meio da atração de investimentos e de ganhos de competitividade, apresentou sinais animadores também no plano externo.

Em 1997, o valor total das exportações apresentou um incremento de 11%, com destaque para as vendas externas de manufaturados, que cresceram 10,3%, o que representa uma expressiva melhoria em comparação com a média de 3,1% nos anos 1995/96 (PRESIDENCIA DA REPÚBLICA, 1998). Essa evolução favorável foi devida, sobretudo, ao bom desempenho do volume exportado.

A referida política desdobra-se nas seguintes linhas mestras:

i) Promoção de Competitividade

Nesta linha de ação, as iniciativas do Ministério das Relações Exteriores somam-se ao Programa Novos Pólos de Exportação (PNPE).

Implantado em 14 estados, esse programa baseia-se na interiorização do comércio exterior brasileiro. Ou seja, procura expandir as exportações de setores que têm vocação para vendas externas, mas que ainda não participam do comércio exterior. Em sua maioria, tais empresas localizam-se distantes dos grandes centros metropolitanos.

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Mais diretamente relacionadas com a Nova Política Industrial, destacam-se as seguintes metas do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade:

a) Indústria mais competitiva;

b) Dobrar o valor das exportações até o ano 2002; c) Pequenas empresas mais produtivas.

Até 2002, a meta do PBQP é exportar US$ 100 bilhões, dobrando em valor percentual a participação de produtos com crescimento dinâmico na pauta de exportação brasileira.

iii) Redução do "Custo Brasil"

Dos diversos fatores que contribuem para definir a competitividade da indústria, muitos se referem ao ambiente que envolve as atividades industrial e comercial. No caso brasileiro, alguns desses fatores, também chamados "sistêmicos", haviam sido herdados de anos anteriores.

Como resposta ao problema, há um grande esforço dirigido à redução do que se convencionou chamar de "Custo Brasil".

A eliminação dos diversos componentes que encarecem a produção interna apresenta os primeiros resultados positivos. Isso pode ser notado no início da recuperação da competitividade externa de vários setores, assim como no resultado das exportações brasileiras em 1997. Os ganhos de competitividade da indústria nacional para fazer frente às importações é outro aspecto relevante.

A redução do "Custo Brasil" é o vértice de inúmeras iniciativas. Entre elas, duas ações políticas são fundamentais para a consecução desse objetivo:

a) Investimentos em infra-estrutura;

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iv) Criação de Ambiente Institucional Favorável à Maior Competitividade

A quarta linha seria a criação de um ambiente institucional adequado às melhores práticas competitivas. Inserem-se nesta linha os mecanismos e instrumentos de defesa comercial contra práticas desleais de parceiros no exterior, a defesa contra práticas restritivas ao pleno funcionamento do mercado (defesa da concorrência) e a proteção dos direitos do consumidor.

Mecanismos e instrumentos podem ser acionados por equipes técnicas especializadas para averiguação de práticas de dumping, subsídios e medidas de salvaguarda.

v) Estímulo à Educação e Qualificação do Trabalhador

A quinta linha mestra da Política Industrial é a habilitação da força de trabalho para a competitividade. A tarefa está sendo realizada pela política educacional do Governo, orientada para a implementação de medidas que solucionem os graves problemas educacionais ainda existentes, assim como pelas iniciativas voltadas para a formação profissional. Essas iniciativas são desenvolvidas pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Ministério do Trabalho (MT).

No âmbito da política educacional, destacam-se entre os principais programas e atividades:

1) Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério;

2) Programa Toda Criança na Escola; 3) Melhoria da qualidade do ensino; 4) Dinheiro na Escola;

5) Projeto Nordeste;

(49)

2.6.3 - Lei Kandir

A Lei Complementar N.º 87, de 13 de setembro de 1996, desonerou, do pagamento do ICMS, as exportações de produtos industrializados semi-elaborados e produtos primários, e permitiu o aproveitamento de créditos do imposto referente à compra de bens de capital, fornecimento de energia elétrica e serviços de comunicações. O texto original previa a compensação financeira aos estados e municípios pela perda de arrecadação decorrente da medida, durante seis anos (podendo chegar até a dez anos, conforme o comportamento das perdas). O ressarcimento só ocorreria se houvesse um comportamento negativo do ICMS, no comparativo entre o período base e o de referência, respeitado um teto limite. Mensalmente, era calculado o chamado "seguro-receita", diferença entre a média dos últimos dozes meses com a média do período base (junho/95 a julho/96); e o saldo, se positivo, era repassado pelo Banco do Brasil no último dia útil do mês para os Estados. Como no ICMS, 25% da compensação é destacada aos Municípios, pelo mesmo índice do ICMS.

Desde o inicio da implantação, essa medida gerou protestos dos estados exportadores e, conseqüentemente, de seus municípios, porque o período base adotado, de julho de 1995 a junho de 1996, estava muito aquém da realidade, uma vez que se tratava do período de implantação do Plano Real, uma época de contenção de consumo e baixa arrecadação, acarretando mais perda de receita.

A partir de agosto de 2000, o mecanismo de cálculo do ressarcimento foi alterado por força da Lei Complementar N.º 102, de 11 de julho de 2000. A partir de então, o valor que a União entregará é fixo. Cada Estado recebe de acordo com seu coeficiente de participação (LC 102/00, Anexo 2.1), não mais dependendo do comportamento da arrecadação.

2.6.4 - Programa Brasil Exportador

(50)

O Brasil Exportador tem a participação de diversas instituições que possuem distintos papéis no comércio exterior. A idéia central é, além de exportar mais, exportar melhor. A base de sustentação desse grande Programa é uma série de programas e projetos: alguns já existentes, mas que passaram por uma readequação de foco; e outros que foram e estão sendo criados, complementando um conjunto de ações necessárias para o êxito da Política de Promoção de Exportações.

Suas principais ações são:

- difusão da cultura e da imagem do Brasil no exterior por meio de campanha institucional;

- fortalecimento do seguro de crédito à exportação; - criação de linhas de crédito para o pequeno exportador; - treinamento de profissionais em comércio exterior;

- capacitação de micro e pequenas empresas em relação ao design do produto;

- criação de consórcios de exportação; - adequação tecnológica dos produtos.

Uma visão dos principais programas pode ser observada no quadro dois, a seguir:

Tabela 2 – Programa Brasil Exportador

Programa/Projeto Objeto Executor

Intensificação do apoio às PME Fortalecimento do Financiamento aos Arranjos Produtivos Locais –

APL BNDES

Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas – FAMPE

Concessão do aval em financiamentos destinados à produção e comercialização de

bens para exportação

SEBRAE

(51)

Brasil Financiamento à exportação Financiamento e Equalização de juros para promoção das

exportações – PROEX BNDES Redução da alíquota do Imposto

de Renda incidente sobre as remessas para promoção

comercial de produtos brasileiros no exterior

Redução da alíquota do Imposto de Renda sobre a Promoção

Comercial

SECEX / Grupo Interministerial

Financiamento do Seguro de Crédito à Exportação

Adequar a concessão de Seguro de Crédito às Exportações para as

empresas de pequeno porte.

SBCE / APEX / SECEX

Financiamento à promoção Comercial

Linha de crédito, com recursos do FAT, para financiamento de capital de giro para as micro e pequenas empresas exportadoras

ou com potencial exportador.

Banco do Brasil

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Dados coletados pelo autor (2007)

Este quadro sintetiza os esforços do programa no sentido de fomentar as exportações através de programas de foco financeiro, comercial e tributário de forma que estivesse alinhado com a proposta central do programa que é exportar mais e melhor.

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Gráfico 1 – Potencial Importador a ser explorado

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Dados coletados pelo autor (2007)

Imagem

Tabela 1 – Variação das Exportações no Nordeste (2000-2001)
Figura 1 – Estrutura Simplificada do Comércio Exterior Brasileiro
Tabela 2 – Programa Brasil Exportador
Gráfico 1 – Potencial Importador a ser explorado
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