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3 O PÓLO ASSU/MOSSORÓ

3.2 – EXPORTAÇÃO DO MELÃO

O melão, fruta sinônima de riqueza e geração de emprego no País, é produzido no Nordeste do Brasil, com destaque para os estados do Ceará e Rio Grande do Norte, porém com sua produção estendida principalmente pelo pólo Assu-Mossoró (RN); o pólo ostenta forte modernização em sua lavoura, implantou uma invejável estrutura logística e compete, com muita autoridade, na exportação em mercados exigentes. Hoje, os investimentos realizados para agregar qualidade aos frutos e, igualmente, para diversificar o número de variedades oferecidas ao mercado, asseguram ao melão potiguar presença de luxo na mesa do consumidor europeu.

Segundo Gomes (2002), o país exportou 96,8 mil toneladas de melão em 2002. Esse desempenho torna-se possível graças à estrutura montada pelas empresas exportadoras para dinamizar as ações pós-colheita, com transporte, manuseio, armazenagem e carregamento. Ao lado da melhoria genética na lavoura, câmaras para resfriamento e conservação. Os principais tipos de melão exportados pelo Nordeste

brasileiro são: Amarelo, Pele-de-sapo, Orange flash, Gália, Cantaloupe, Charrantais, White honey dew, Melancia e Meloa.

O melão constitui, para a região do Nordeste do Brasil, uma das culturas de maior expressão econômica e social. Segundo Josué Fernandes Pedrosa, estudioso da cultura do melão (1995), a origem desta cultura ainda não é concenso entre os vários estudiosos desta espécie botânica, mas alguns sugerem, como provável centro de origem, uma região iraniana, tendo como centros secundários o Nordeste indiano, Afeganistão e Kashimira; mas ainda é discutida a argumentação de que algumas espécies de melão são nativas das regiões tropicais e subtropicais da África.

No Brasil, o melão foi introduzido através de imigrantes europeus, desenvolvendo-se inicialmente no Rio Grande do Sul, sendo este último o maior produtor desta cultura até o final da década de sessenta. Após 1970, aconteceu a expansão da cultura meloeira, surgindo alguns pólos de produção nos estudos de São Paulo, Pará e na região do rio São Francisco (Bahia e Pernambuco).

No início da década de oitenta, surge um novo pólo de produção no município de Mossoró, Rio Grande do Norte. Atualmente, os maiores produtores nacionais de melão são o Rio Grande do Norte, seguido do Ceará, Pernambuco e Bahia.

Cientificamente, o melão é chamado de Cucumis Melo e tem um fruto de beleza plástica ímpar, mesmo naquelas variedades mais exóticas. É consumido in-natura e tem características organolépticas agradáveis, além de valor nutritivo de expressão considerável, por conter carbohidratos, vitaminas A, C e B1, bem como fósforo e cálcio. De sabor agradável e refrescante, pode conter alto teor de açúcar e baixa acidez.

Sem dúvida, o clima quente e seco do semi-árido brasileiro exerce grande influência na produção e na qualidade final do produto. Por ser uma cultura cujo suprimento de água deve ser ministrado na época certa e em quantidade exatamente suficiente para satisfazer as necessidades da planta, o melão requer técnica bastante sofisticada de manejo de água; emprega-se a irrigação localizada, conhecida por gotejamento, que constitui o método de maior economia de água, produção de frutas com maior teor de açucares, e conseqüentemente, redução de doenças, principalmente as de ocorrência na folhagem, de origem fúngica ou bacteriana.

Esse método de irrigação é um dos mais eficazes e recomendados para a cultura do melão, mas, por outro lado, é o método de maior custo de instalação.

4 - METODOLOGIA

A metodologia de um trabalho visa a “abranger o maior número de itens, pois responde, a um só tempo, às questões: como? por quê? onde?” (MARCONI; LAKATOS, 1999). Assim, este capítulo apresentará os métodos e técnicas utilizadas neste estudo.

Para Boente e Braga (2004), somente a prática pode propiciar ao homem a busca do conhecimento e para que se torne científico deve ser sistematizado. É através desta sistematização que a pesquisa científica encontra soluções e novas descobertas e, assim, gera novos conhecimentos.

Soriano (2004, p.24) ressalta ainda que “apenas os estudos realizados conforme o método científico poderão considerar suas descobertas significativas para a ciência e incorporar-se ao conjunto dos conhecimentos comprovados”. Assim, o objetivo deste capítulo é detalhar a metodologia utilizada e a tipologia referente ao estudo.

Desta maneira, quanto ao meio de investigação a pesquisa foi um estudo de caso, que à luz de Vergara (2000, p.49) “é o circunscrito a uma ou poucas unidades”. O que implica dizer que a pesquisa teve seu foco específico na cultura de melão do pólo Assu/Mossoró.

Dada a amplitude do assunto e com objetivo de realizar um estudo técnico- científico mais profundo, de forma que abrangesse os mais diversos conceitos dentro da área de políticas públicas e de comércio exterior, esta pesquisa optou pela análise documental de fontes secundárias. Para May (2004, p.208), estas fontes incluem “documentos históricos, leis, declarações estatutárias e documentos oficiais”.

Quanto ao fim, este trabalho se constitui uma pesquisa do tipo descritiva. Justifica-se esta pesquisa como descritiva baseado em Marconi e Lakatos (1999, p. 22), que a define como aquela que “tem por objetivo descrever um fenômeno ou situação, mediante um estudo realizado em determinado espaço de tempo”. O espaço de tempo desta pesquisa foi o período de 1990 a 2003.

As fontes secundárias em que o estudo foi desenvolvido foram: Anuário estatístico do Rio Grande do Norte de 1992 a 2005; a legislação básica de comércio exterior (Lei nº 2145 de 29.12.1953, Lei nº 8028, de 12.04.1999, Lei nº 8490, de

19.11.1992 e Lei complementar nº 87 de 13.09.1996 – Lei Kandir); o plano plurianual (Avança Brasil); a política de desenvolvimento e competitividade (nova política industrial); programa Brasil exportador; o regulamento aduaneiro; revistas especializadas; os sites dos principais órgãos vinculados ao comércio exterior brasileiro e bibliografia sobre políticas públicas.

Os dados relativos à cultura do melão, coletados nos anuários estatísticos do Rio Grande do Norte, foram consolidados através de planilhas eletrônicas, utilizando o software Excell, que também foi utilizado para conversão dos valores em Cruzeiro (Cr$) e Cruzeiro Real (CR$) para valores em Reais (R$), bem como a atualização monetária. A conversão dos valores seguiu às formulas propostas pelo Banco Central do Brasil, conforme tabela abaixo:

Tabela 5 – Conversão de Moedas

Fonte: Banco Central do Brasil (2007)

Já a atualização monetária, foi realizada através dos índices anuais de inflação, com base nos dados da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Real R$ desde 1/7/1994 Real R$ desde 1/7/1994 Cruzeiro Real R$ = CR$ CR$/(1000*2,75) de 01/08/93 a 30/06/94 Cruzeiro R$ = Cr$ Cr$/(1000^2*2,75) de 16/03/90 a 31/07/93 Moeda

5 - RESULTADOS

O presente trabalho analisou a cultura do melão no pólo Assu/Mossoró, evidenciando a área colhida, a quantidade produzida e o valor da produção.

Dentro das regiões definidas como pólos integrados do nordeste (BNDES, 1990), o Rio Grande do Norte aparece como uma das áreas de maior dinamismo no campo da agricultura. As frutas tropicais irrigadas tem sido o maior destaque.

Este pólo é composto de duas subzonas que tendem a ser integradas em virtude da produção de frutas irrigadas. As subzonas são (1) Mossoró e (2) Assu.

Mossoró, desde 1970, constitui-se um importante centro comercial com diversificados serviços, produção de insumos e concentra, em maior escala que Assu, fluxo monetário. É também em Mossoró onde estão as maiores agroindústrias de projeção nacional, como foi a MAISA e hoje a NOLEM.

Fator que notavelmente diferencia as duas subzonas é a captção de água para a irrigação das culturas. Na subzona de Mossoró, é feita a partir de poços de grande profundidade. Já na subzona de Assu, o principal meio é a utilização dos canais do Baixo-Assu ou diretamente do rio Piranhas-Assu, ora perenizado através da barragem Armando Ribeiro Gonçalves.

A tabela a seguir mostra uma síntese das informações buscadas por este trabalho:

Tabela 6 – Consolidação da área colhida, quantidade produzida e valor da produção de melão de 1990 a 2003.

Ano Área Colhida (ha) Quantidade produzida (1000 Frutos) Valor da produção (R$)

1990 2320 2805 R$ 1.366.371,80 1991 3514 18660 R$ 6.672.459,63 1992 3400 15833 R$ 4.361.266,99 1993 4060 21926 R$ 8.200.779,35 1994 3844 19115 R$ 9.820.775,00 1995 5799 69644 R$ 44.673.875,00 1996 5982 77078 R$ 16.944.200,00 1997 5733 63618 R$ 18.869.640,00 1998 7532 100068 R$ 44.266.960,00 1999 5424 91217 R$ 24.399.600,00

2000 5242 85550 R$ 23.413.000,00

2001 7573 122256 R$ 34.013.050,00

2002 8462 174800 R$ 115.105.000,00

2003 8729 181288 R$ 121.632.000,00

Fonte: IDEMA (1993-2005)

Dados consolidados pelo autor (2007)