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Áreas de preservação permanente (APP) na sub-bacia hidrográfica do córrego do Marimbondo, Jales (SP): um estudo das condições ambientais

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LAIS VIUDES MODESTO

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) NA SUB-BACIA

HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO MARIMBONDO, JALES (SP): UM ESTUDO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS

PRESIDENTE PRUDENTE (SP) 2015

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ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) NA SUB-BACIA

HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO MARIMBONDO, JALES (SP): UM ESTUDO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS

PRESIDENTE PRUDENTE (SP) 2015

Monografia apresentada ao Conselho de Curso de Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCT-UNESP), Campus de Presidente Prudente, para a obtenção do título de Bacharel em Geografia.

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contribuição de diversas pessoas que estiveram envolvidas de forma, direta e indiretamente com esta pesquisa. Devido a isso, quero registrar aqui os meus mais sinceros agradecimentos.

Primeiramente agradeço a Deus, pois sem Ele nada disso seria possível, em toda a sua infinita misericórdia que sempre me deu coragem em todos os momentos que eu quis desistir, ao meu Jesus que sempre está ao meu lado me dando paciência e direção, colocando pessoas abençoadas em meus caminhos, me ajudando em todos os momentos em muitos os quais eu nem imaginava que Ele estivesse lá. Ao Espírito Santo de Deus, meu fiel amigo e Consolador.

Em seguida registro aqui meu profundo agradecimento a família abençoada que Deus me deu, meu pai Gilmar, minha mãe Ana Rosa e minha irmã Lana, também aproveito este espaço para registrar publicamente o meu pedido de perdão devido aos muitos momentos de falhas e enganos. Obrigada pelos valores e princípios não apenas ensinados, mas vivenciados diariamente dentro de nossa casa, sem vocês também a concretização de toda essa história de 5 anos de UNESP Prudente jamais seria possível.

Obrigada aos meus avôs Guiné in memorian, Adonias in memorian e minha avó Lourdes in memorian que desde sempre me incentivaram para os estudos acima de tudo.

Obrigada meu avô Manoel por todo encorajamento, e a minha avó Irene por todo apoio, preocupação, e por sempre fazer as minhas comidas preferidas quando eu volto pra casa. Agradeço aos meus tios Luciano e Marcos por me incentivarem e por se preocupar comigo. Agradeço as minhas tias, Branca pelos livros de Geografia e por sempre me lembrar de manter o foco, e a minha tia Léia por sempre estar presente, aconselhar e se preocupar.

Agradeço ao meu primo Anderson, um grande exemplo de superação, e mesmo distante sempre se preocupou e me enviou mensagens de encorajamento para me dedicar a universidade.

Agradeço ao Professor e orientador Antonio Cezar Leal, pela oportunidade e apoio, e por todos os ensinamentos feitos de forma brilhante no decorrer da disciplina de Gerenciamento de Recursos Hídricos na Graduação, que me motivaram a buscar maior conhecimento sobre este tema e me dedicar na produção deste trabalho.

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Obrigada a Prof. Msª. Taissa Caroline Silva Rodrigues pela companhia, pela amizade, por não medir esforços para me ensinar Sensoriamento Remoto, pelos conselhos e por me ensinar a valorizar o meu potencial.

Agradeço ao Professor Dr. Antônio Thomaz Jr por me proporcionar o primeiro contato com a academia através de uma bolsa de extensão, por todos os seus conselhos e por sempre me lembrar que a “Emancipação é algo iminente” rsrsrs

Agradeço muito a Professora Drª. Renata Portela Rinaldi pelo projeto e bolsa PIBIC, por toda sua paciência e compreensão quando fiquei doente, até mesmo apoiando os meus familiares. Agradeço a Professora Drª Rachel Wrege pelos conselhos, por também sempre ter me ajudado para além da universidade. E também quero agradecer ao Professor Dr. Mauro Cesar Martins de Souza que de forma excelente e precisa, na disciplina de Direito Ambiental, contribui muito proveitosamente para que eu pudesse entender a legislação no âmbito do contexto ambiental brasileiro.

Quero agradecer a todos os Professores do Departamento de Geografia da UNESP Presidente Prudente que estiveram envolvidos na minha formação ao longo do curso de Graduação, em especial a Professora Drª Rosângela Hespanhol que eu tenho como referência sobre como exercer a prática docente.

Já finalizando, quero agradecer as minhas melhores amigas Jackeline e Cinthia. À Jackeline, amiga de uma vida... Obrigada por tudo desde sempre Keline por todo apoio incondicional e mesmo de longe você conseguir se fazer tão presente também nessa fase da minha vida. A minha amiga que fiz na Graduação, Cinthia, agradeço a Deus por ter enviado você pra mim em um momento que foi o decisivo, o divisor de águas de tudo, e você apareceu e desde sempre me encoraja a nunca deixar nada me abater. Obrigadas meninas, vocês fizeram toda a diferença.

Agradeço aos meus amigos Matheus e Jean pela parceria, pelos conselhos, pela paciência, e por toda a diversão ao longo desses 5 anos!

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Preservação Permanente (APPs) na sub-bacia hidrográfica do Córrego do Marimbondo no município de Jales (SP), por meio de técnicas de Sensoriamento Remoto e tendo como base a legislação ambiental brasileira, o Código Florestal Lei Federal Nº 12.651/2012. As Áreas de Preservação Permanente estão inseridas de forma intrínseca nas condições de melhora da quantidade e da qualidade das águas nas áreas das nascentes, e ao longo dos corpos d’água nas propriedades rurais. Para tanto foram também, realizados estudos sobre o “novo” Código Florestal em comparação com o antigo Código Lei Federal nº. 4.771/1965 e a observação de sua aplicação na área da sub-bacia, bem como a realização da simulação. Os resultados dessa pesquisa permitiram constatar a necessidade de implementação direta das medidas de fiscalização para com o Código Florestal, sendo que esse instrumento de gestão das águas no Brasil, que vai garantir práticas sustentáveis de manejo do uso e cobertura da terra, com benefícios diretos para a produção de água, principalmente para o abastecimento público. Também observou-se a maior necessidade de envolvimento por parte dos atores públicos, o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados e a Prefeitura municipal de Jales, de modo a atuar verdadeiramente visando a proteção e manutenção do corpo d’água Córrego do Marimbondo.

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ABSTRACT

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Mapa 1 – Localização da sub-Bacia Hidrográfica do Córrego do Marimbondo Jales/SP Figura 1 – Classificação de Bacias Hidrográficas proposta por Otto Pfafstetter

Figura 2 – Divisão de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Estado de São Paulo Figura 3 – Representação de uma Bacia Hidrográfica

Figura 4 – Exigências quanto a faixa de proteção das APP de acordo com o Módulo Fiscal dos Imóveis Rurais

Figura 5 – Metragem das Áreas de Preservação Permanente Figura 6 – Largura da faixa das APPs de acordo com a legislação Figura 7 – Tipos de leitos fluviais

Figura 8 – Dispositivos Inconstitucionais do Novo Código Florestal de acordo com a Procuradoria Geral da República

Mapa 2 - Modelo Digital de Elevação Mapa 3 - Mapa de Declividade Mapa 4 - Mapa de uso da terra Mapa 5 - Mapa de cobertura da terra

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ADIN Ações Diretas de Inconstitucionalidade ANA Agência Nacional de Águas

APP Área de Preservação Permanente CBH Comitês de Bacias Hidrográficas

CCJ Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania

CCT Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática CMA Comissões Meio Ambiente

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONSEMA Conselho Sistema Nacional de Meio Ambiente CRH Conselho Estadual de Recursos Hídricos IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MP Medida Provisória

PGR Procuradoria Geral da República PL Projeto de Lei

PNMA Política Nacional do Meio Ambiente PSA Pagamento por Serviços Ambientais RL Reserva Legal

SIGRH Sistema de Informações para o Gerenciamento de Recursos Hídricos de llllllllllllllllllllllll Água

STF Supremo Tribunal Federal

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INTRODUÇÃO...

CÁPITULO 1: Pressupostos Básicos... 1.1 A Gestão da Água...

1.2 Política de Recursos Hídricos no Brasil... 1.3 A Política de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo...

1.4 Unidade territorial para o planejamento e a gestão dos...

recursos hídricos: a Bacia Hidrográfica

CÁPITULO 2: Metodologia... 2.1 Procedimentos Metodológicos da Monografia...

2.2 Procedimentos metodológicos empregados na elaboração dos mapas...

2.2.1 Materiais... CÁPITULO 3: O Código Florestal...

3.1 O Código Florestal brasileiro (Lei 12.651/2012)... 3.2 “Novo” Código Florestal – Lei nº 12.651/2012... 3.3 As alterações para as Áreas de Preservação Permanente (APP)...

3.4 Alguns questionamentos acerca do “Novo” Código Florestal...

CÁPITULO 4: Caracterizações da área de estudo... 4.1 A área de estudo...

5 CÁPITULO 5: Resultados e discussões... 5.1 Geomorfologia...

5.2 Uso da terra e Cobertura da terra... 5.4 Situação das Áreas de Preservação Permanente (APP) do Córrego

do Marimbondo e simulação da aplicação do Código Florestal

nesta sub-bacia hidrográfica...

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 7 REFERÊNCIAS... 55 53

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INTRODUÇÃO

No ano de 2014 o Brasil vivenciou um cenário distinto que teve como protagonista a crise hídrica, que deixou de ser assistida apenas pelo semiárido nordestino, regiões estas que sempre estiveram associadas a contextos de estiagens que castigam a população. Em 2014 a falta d’água se insere no cotidiano do estado mais populoso do Brasil, São Paulo. Atribuída a um conflito de diálogo entre os estudos de previsões climáticas e os estudos hidrológicos, a crise de captação e abastecimento teve como marco uma estação chuvosa com índices abaixo da média nos anos de 2013-2014, trazendo consigo o registro dos níveis de seca e redução da oferta de água preocupantes, que se mantiveram ao longo do ano de 2015 com poucos momentos de oscilações positivas.

Ademais das circunstâncias climáticas; alguns dos elementos deflagradores de toda problemática da água, estão, quase que em sua totalidade, ligados aos assuntos compreendidos no âmbito da Gestão de Bacia Hidrográfica e Governança da água. A inexistência ou ineficiência dos agentes e elementos gestores associados ao modelo capitalista de reprodução do espaço, afetou os usos da água, principalmente no que se refere a categoria de substância encontrada cada vez menos em qualidade e quantidade passível de ser utilizada de forma a cumprir seu papel natural enquanto essencial para suprir as necessidades básicas do Homem.

Juntamente com todas essas circunstâncias expostas acima essa monografia contempla o interesse que surgiu, em meio a este cenário, pelo planejamento de recursos hídricos e a gestão de bacia hidrográfica, também devido após o término da disciplina de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, que foi ministrada pelo Professor Dr. Antonio Cezar Leal, junto ao curso de Graduação em Geografia, ofertada pelo Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCT-UNESP), com colaboração da Professora Ms. Ana Paula Novais Pires.

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A seguir o Mapa 1 que traz a Localização da área de estudo:

Mapa 1 – Localização da área de estudo

Elaboração – MODESTO, Laís V., 2014 Fonte – IBGE, 2013

Localizada em uma área pertencente ao bioma Cerrado com sua rede de drenagem correspondente ao padrão dendrítico médio e de tipo retilíneo, como apresentado no Mapa 1 à cima, o estado de São Paulo é o que apresenta o menor índice da cobertura vegetal natural característica do Cerrado, cerca de 33% apenas, para uma área de 8.134.578 ha segundo o Mapeamento do uso do solo e cobertura vegetal do bioma Cerrado, encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em 2010. O bioma Cerrado é caracterizado por um complexo vegetacional composto por três formações: florestais, com formação de dossel contínuo ou descontínuo e predomínio de espécies arbóreas; savânicas, com presença de áreas com árvores e arbustos espalhados sobre um estrato graminoso, sem a formação de dossel contínuo; e campestres, que englobam áreas com predomínio de espécies herbáceas e algumas arbustivas, mas sem a presença de árvores na paisagem (BRITO; FERREIRA; ROSA; SANO, 2010).

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seu conhecimento para desvelar o que aflige a sociedade, nesse contexto, a pesquisa passa por uma articulação entre o teórico e o percebido.

Ainda segundo Pires (2013, p. 21):

“O fazer pesquisa ao pesquisar torna o processo vivo, já que o agora representa um elemento no espaço-tempo, mas, com continuidade, já que os dados são mutáveis e seguem um contexto sócio-político e econômico, tornando necessário acompanhar o avanço nas discussões seguintes”. (PIRES, 2013, p.21).

Sendo assim, o pesquisador, enquanto agente que possui o arcabouço teórico-metodológico, tornasse consciente de que o conhecimento produzido num espaço-tempo está inserido em um processo lógico de aproveitamento para além apenas da função de fomentar a informação. Mas pode servir como forma de manipulação política, ratificando a importância da delimitação do tempo e do espaço de análise do fenômeno.

O desenvolvimento continuo da atividade agrícola e pecuária em uma região ocasiona modificações na paisagem local, e demanda grandes quantidades de água; uma vez que essas atividades são consideradas como as maiores responsáveis pelo consumo deste recurso, além de também influenciarem diretamente na sua qualidade. A qualidade da água está relacionada com o processo de uso e ocupação da terra na bacia hidrográfica, a ação antrópica tem caracterizado impactos não somente na paisagem, mas a interferência do homem com suas ações de maneira indiscriminada tem atuado de forma participativa na poluição de origem agrícola, tendo uma implicação direta na qualidade das águas superficiais e subterrâneas.

Um dos maiores conflitos existente na região está relacionado a demanda de uso da água, que atende diversos tipos de usuários, e a escassez no período de estiagem. A região apresenta o maior índice de evapotranspiração do estado (HERNANDEZ; SOUSA; ZOCOLER; FRIZZONE, 2003, p. 3), além de oito meses de deficiência hídrica no solo (Abril a Novembro) (DAMIÃO; HERNANDEZ; SANTOS; ZOCOLER, 2010, p. 6); portanto, o uso de sistemas de irrigação é fundamental para repor as necessidades hídricas e garantir a produtividade máxima das culturas (HERNANDEZ; FRANCO, 2013, p. 5).

Entre as causas dominantes de impacto negativo nas sub-bacias, no cenário rural, estão as precárias formas de conservação do solo, a derrubada das áreas de preservação permanente, o uso desordenado de fertilizantes e agrotóxicos e a falta da aplicação de gestão no uso dos recursos hídricos. Nesta perspectiva, Vanzela (2008, p. 16) ainda ressalta alguns dos principais impactos em consequência das determinadas práticas irregulares adotadas:

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da irrigação, necessitam de água em quantidade e qualidade para a produção de alimentos e geração de renda e emprego”. (VANZELA, 2008, p.16)

Diante disso, é necessário o conhecimento de práticas de planejamento e gestão dos recursos hídricos e do solo, que abarquem medidas/instrumentos de conservação e manejo adequados perante a gestão ambiental, e também de baixo custo, dado a situação financeira dos pequenos produtores.

Assim, essa monografia também contempla o estudo sobre a Legislação Ambiental Brasileira: O Código Florestal (Lei 12.651/12) que é proposto como um método de gestão ambiental através da preservação do meio ambiente e dos recursos naturais por meio de duas principais fontes de proteção ambiental – previstas através de situações de preservação e conservação – que são as Áreas de Preservação Permanente (APP) e a Reserva Legal (RL). Ao longo dos anos essa legislação sofreu diversas alterações, sendo que a partir de 2009 foi intensificado o debate, em maio a Lei nº 12.651/12 e posteriormente, sendo complementado com a MP da Lei nº 12.727 de 17 de outubro do mesmo ano. Dessa forma, a legislação auxiliará na avaliação do uso e ocupação da Sub-Bacia do Córrego do Marimbondo em Jales (SP) através dos conflitos em APP e a produção exercida dentro da bacia.

O objetivo geral deste trabalho foi analisar as Áreas de Preservação Permanente (APP) na Bacia Hidrográfica do Córrego do Marimbondo, para observar as questões no âmbito do planejamento e gestão ambiental que interferem diretamente nas águas deste local. Além de analisar as mudanças do “novo” Código Florestal com o acompanhamento da sua proposta e suas principais alterações com relação às Áreas de Preservação Permanente.

Os objetivos específicos que norteiam este trabalho são:

 Estudar as políticas e o sistema de gerenciamento de recursos hídricos;

 Efetuar a caracterização da área de estudo da Bacia Hidrográfica do Córrego do Marimbondo;

 Averiguar e aplicar o Código Florestal na Bacia Hidrográfica do Córrego do Marimbondo com a identificação das Áreas de Preservação Permanente;

 Realizar a aplicação do “novo” Código Florestal e o cômputo das Áreas de Preservação Permanente.

Esta monografia está estruturada em cinco capítulos, descritos a seguir:

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da legislação das águas, bem como expor demais circunstâncias fundamentais referentes ao tema.

No capítulo dois serão apresentado um breve histórico do Código Florestal brasileiro, bem como suas principais discussões quanto as mudanças ratificadas no atual código, principalmente com relação as Áreas de Preservação Permanente.

O capítulo trêstraz os Novos Embates sobre o Código Florestal apresenta as principais alterações presentes no novo Código Florestal e aquelas que foram vetadas ou instituídas na lei.

No capítulo quatro se encontra a caracterização da Área de Estudo descreve seus aspectos de uso do solo, cobertura da terra, drenagem e declividade.

O capítulo cincotraz os resultados do trabalho com a realização da análise da situação em que se encontram as Áreas de Preservação Permanente (APP) com base no novo Código Florestal na bacia hidrográfica do Córrego do Marimbondo e as implicações deste cenário para a conservação e manutenção do volume e qualidade da água.

CÁPITULO1: PRESSUPOSTOS BÁSICOS

Neste primeiro capítulo vão ser apresentados os pressupostos básicos, que tem por objetivo mostrar as análise que foram feitas com base nas leituras, as referências bibliográficas pertinentes ao tema, a legislação das águas, bem como o seu cenário e a exposição de demais circunstâncias fundamentais referentes ao tema.

1.1 A Gestão

A água é um recurso natural essencial para a sobrevivência de todas as espécies que habitam na Terra. No organismo humano a água atua, entre outras funções, como veículo para a troca de substâncias e para a manutenção da temperatura, representando cerca de 70% de sua massa corporal. Além disso, é considerada solvente universal e é uma das poucas substâncias que encontramos nos três estados físicos: gasoso, líquido e sólido. É impossível imaginar como seria o nosso dia-a-dia sem esta substância. (MINISTERIO DO MEIO AMBINTE, 2009).

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Ainda no que se refere a sua importância, Fracalanza (2005, p. 23) nos permite referir a água de duas maneiras distintas: “enquanto elemento natural água necessário à manutenção da vida nos seres vivos; e o recurso hídrico, apropriado pelo Homem, como um meio para se atingir um fim, nas atividades que envolvem trabalho”. Nesse contexto Lanna (1997, p.727) vai considerar a mesma como inserida em “bens de relevante valor para a promoção do bem estar de uma sociedade. A água é bem de consumo final ou intermediário na quase totalidade das atividades”.

Justamente por ser imprescindível no desenvolvimento do homem enquanto organismo e ser social, a água é participante de um ferrenho cenário de conflitos; uma vez que ao longo da história as sociedades se estabeleceram de forma a depender deste recurso quase que em sua totalidade. Seja como material presente no processo de confecção de mercadorias, ou como via de locomoção (transporte hidroviário), e até mesmo presente como fonte que possibilita a produção de energia, a água disponível em uma bacia hidrográfica tem que atender a demandas muitas vezes concorrentes.

A articulação destas demandas concorrentes que não operam em conformidade umas com as outras, confere aos distintos usos da água a gênese de inúmeras circunstâncias de causas de contaminações diversas. Uma vez que o uso do solo possui implicações diretas na relação quantitativa – qualitativa quando se observa acerca da disponibilidade ou não, de um respectivo curso d’água. Sendo assim ao regulamentar o uso do solo, que é uma política primordialmente municipal, deverá esta articular-se com a gestão dos recursos hídricos para a preservação dos mananciais e dos cursos d’água.

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 Domínio da União: os rios, lagos e demais corpos d’água que banham mais de um estado, ou que servem de fronteira entre as unidades federativas, ou de fronteira entre o Brasil e países vizinhos, ou provenham do Brasil e se destinem a países vizinhos. Ou provenham de países vizinhos com destino final no Brasil.

 Domínio estadual: os corpos d’água que localizam-se exclusivamente em apenas um estado. Este é um aspecto importante; uma vez que um dos principais instrumentos para a operacionalização dos Comitês de Bacias Hidrográficas federais é sobre tudo a compatibilização da gestão por bacias hidrográficas em um sistema federativo no qual os interesses estaduais nem sempre dialogam de forma convergente.

Para Mota (2008, p.32), a gestão dos recursos hídricos está fundamentada em uma parte mais ampla do planejamento na bacia hidrográfica, devendo essa ser articulada de forma a integrar as áreas de mananciais superficial e subterrâneo como um todo do ambiente, e considerar a sua interação com outros recursos, mas principalmente com a ação humana.

1.2 Análise das Políticas e Sistemas de Gerenciamento de Recursos Hídricos

O Código de Águas, estabelecido pelo Decreto Federal n.º 24.643/1934 pode ser considerado o primeiro instrumento legislativo de fato para a gestão dos recursos hídricos no Brasil. O Código de Águas trata sobre a classificação e as questões de uso das águas para o potencial hidráulico. O principal objetivo é normalizar a apropriação da água para ser utilizada como fonte de energia elétrica garantindo a sua utilização de forma sustentável, a fim de assegurar também o seu acesso ao público. Posteriormente, no Brasil, a Lei Federal nº 9.433/97 instaura a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Esta lei fundamenta a Política Nacional de Recursos Hídricos da seguinte forma:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;

IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;

V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

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A Política Nacional de Recursos Hídrico define acerca dos instrumentos de execução:

Os Planos de Recursos Hídricos; o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;

A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; A cobrança pelo uso de recursos hídricos; A compensação a Municípios (vetado);

E o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos (BRASIL, 1997).

O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos é composto pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos; a Agência Nacional de Águas; os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; os Comitês de Bacia Hidrográfica; os órgãos dos poderes públicos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências estão relacionadas com a gestão de recursos hídricos; e, as Agências de Água, conforme consta descrito no artigo 33º da Lei Federal n° 9.433/97.

Com relação a classificação da unidade territorial, a bacia hidrografia; Otto Pfafstetter, desenvolveu uma metodologia para subdivisão e codificação de bacias hidrográficas utilizando dez algarismos diretamente relacionados com as áreas de drenagem dos cursos d’água (Classificação de Bacias Hidrográficas – Metodologia de Codificação. Rio de Janeiro, RJ: DNOS, 1989. p. 19.). Estes fundamentos estão prescritos na Legislação de Gerenciamento de Recursos Hídricos que evidencia a adoção da bacia hidrográfica como unidade territorial para a gestão descentralizada e participativa para o uso dos recursos hídricos.

A bacia hidrográfica, enquanto unidade territorial permite o planejamento do uso das águas e favorece a integração das questões ambientais com a gestão das águas; uma vez que as atividades desenvolvidas à montante dos corpos d’água trazem implicações à jusante dos cursos d’água, acarretando impactos em todo o seu arranjo.

O método usado por Pfafstetter consistiu na aplicação de códigos para as quatro maiores bacias hidrográficas identificadas que possuem sua drenagem diretamente para o mar, sendo-lhes atribuídos os algarismos pares 2, 4, 6 e 8, seguindo o sentido horário em torno do continente. As outras áreas do continente foram agrupadas em regiões hidrográficas sendo-lhes atribuídos os algarismos ímpares 1, 3, 5, 7 e 9, de tal forma que a região hidrográfica 3 encontra-se entre as bacias 2 e 4, a região hidrográfica 5 encontra-encontra-se entre as bacias 4 e 6, e assim sucessivamente.

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que é baseado na topografia da área drenada e em sua topologia (conectividade e direção da rede de drenagem).

A seguir a Figura 1 com o exemplo de Classificação de Bacias Hidrográficas proposto por Otto Pfafstetter:

No que se refere aos Comitês de Bacia Hidrográfica, estes órgãos colegiados e de caráter deliberativo regional, são assistidos por três esferas do poder – estado, município e sociedade civil. Sua atuação se dá no sentido de elaborar ou aceitar propostas estabelecidas em conjunto para mediar os conflitos existentes pelo uso da água em bacias hidrográficas.

No Artigo 37 os Comitês de Bacia Hidrográfica tem como área de atuação:

I - a totalidade de uma bacia hidrográfica;

II - sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de tributário desse tributário; ou

II - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas; (Brasil, Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei n°9433).

Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação, de acordo com o Art. 38:

Fonte – NSSL/NOAA – National Basin Delineation Project (2011) Org – MODESTO, Laís V., (2015).

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I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes;

II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos;

III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;

IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas metas (Brasil, Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei n°9433).

Diante do exposto, fica evidenciado a importância em proporcionar a gestão das águas como uma oportunidade, segundo Leal (2002, p. 38), de “construção de novas relações entre a sociedade e a natureza, no qual permite diferentes participações sociais a garantir o espaço público para o embate”.

O planejamento para a gestão ambiental, que influi diretamente nos recursos hídricos, é considerado fundamental para atuar de forma mitigadora junto aos problemas relacionados a esse tipo de recurso, que tem origem no próprio modelo de desenvolvimento da sociedade capitalista, tal planejamento e sua gestão adequada ainda devem garantir os usos múltiplos deste recurso.

Dessa forma o desenvolvimento sustentável implicará na gestão integrada da bacia hidrográfica, sendo este processo de gestão ativo no sentido de tentar conciliar o aproveitamento no amplo contexto dos recursos naturais da bacia hidrográfica (crescimento econômico e transformação produtiva), assim como manejar os recursos com a finalidade de evitar conflitos e problemas ambientais (sustentabilidade ambiental) e a equidade se obtém mediante processos de decisão nos quais participam diferentes atores (LEAL, 2000, p.10 apud CEPAL, 1994, p.27).

1.3 A Política de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo

A Política Estadual dos Recursos Hídricos do Estado de São Paulo foi instaurada pela Lei Estadual Paulista nº 7.663/91. No que se refere a estrutura de gestão dos recursos hídricos para a legislação do Estado de São Paulo, cabe ressaltar a existência da Lei nº 9.866/97 que é embasada em normas e diretrizes que visam a proteção e recuperação da qualidade ambiental em bacias hidrográficas, de forma a garantir uma boa condição com relação aos mananciais de interesse regional para abastecimento da população do Estado de São Paulo. Essa legislação tem como objetivos principais:

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II. Compatibilizar as ações de preservação dos mananciais de abastecimento e as de proteção ao meio ambiente com o uso e ocupação do solo e o desenvolvimento socioeconômico;

III. Promover uma gestão participativa, integrando setores e instâncias governamentais, bem como a sociedade civil;

IV. Descentralizar o planejamento e a gestão das bacias hidrográficas desses mananciais, com vistas à sua proteção e à sua recuperação;

V. Integrar os programas e políticas habitacionais à preservação do meio ambiente (SÃO PAULO, 1997).

O Art. 2º da Política Estadual de Recursos Hídricos tem por objetivo garantir que a água, recurso natural essencial à vida, ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar social, possa ser administrada e utilizada em níveis de qualidade adequados, por seus usuários atuais e pelas gerações futuras, em todo território do Estado de São Paulo.

Art. 3º - A Política Estadual de Recursos Hídricos atenderá aos seguintes princípios:

I - gerenciamento descentralizado, participativo e integrado, sem dissociação dos aspectos quantitativos e qualitativos e das fases meteórica, superficial e subterrânea do ciclo hidrológico

II - adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial de planejamento e gerenciamento;

III - reconhecimento do recurso hídrico como um bem público, de valor econômico, cuja utilização deve ser cobrada observados os aspectos de quantidade, qualidade e as peculiaridades das bacias hidrográficas;

IV - rateio do custo das obras de aproveitamento múltiplo de interesse comum ou coletivo, entre os beneficiados;

V - combate e prevenção das causas e dos efeitos adversos da poluição, das inundações, das estiagens, da erosão do solo e do assoreamento dos corpos d'água;

VI - compensação aos municípios afetados por áreas inundadas resultantes da implantação de reservatórios e por restrições impostas pelas leis de proteção de recursos hídricos;

VII - compatibilização do gerenciamento dos recursos hídricos com o desenvolvimento regional e com a proteção do meio ambiente (SÃO PAULO, 1997).

Acerca do exposto, Leal (2000, p. 71) considera que:

Constitui um importante passo para a democratização da gestão das águas paulistas e representou uma etapa da caminhada desenvolvida por diversos órgãos de Estado e entidades da sociedade para alterar a visão econômico-tecnicista que imperava na gestão dos recursos hídricos estaduais e implantar um sistema sistêmico-representativo, fortemente marcado por três princípios: descentralização, participação e integração (LEAL, 2000, p. 71).

O Guia do Sistema Paulista de Recursos Hídricos (2008, p. 4), apresenta a gestão no Estado de São Paulo que está caracterizada pelo:

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 Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO): que consiste em um fundo para financiamento, com recursos financeiros do tesouro do Estado, dos royalties do setor elétrico e da cobrança pelo uso da água;

 Colegiados de decisão: constituídos por representantes de órgãos e entidades do Estado, dos Municípios e da Sociedade Civil, com igual número por segmento. E existe um colegiado central – o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH), constituído por 11 representantes de cada segmento e os colegiados regionais – os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH), igualmente constituídos de forma tripartite, mas com número total de integrantes variável, segundo as características de cada bacia. Por meio da negociação e da busca de consenso, esses fóruns deliberativos estabelecem prioridades de ações e investimentos e promovem a recuperação ambiental das bacias e o uso equilibrado dos recursos hídricos (Guia do Sistema Paulista de Recursos Hídricos, 2008, p. 4).

Cabe fazer aqui uma ressalva aos comitês paulistas que possuem uma diferença significativa no que se refere ao número de representantes e as formas para sua indicação, em relação aos comitês federais. Diante disso descreve Leal (2000):

A Lei Federal estabelece que o número de representantes de cada setor, bem como os critérios para sua indicação, serão estabelecidos nos regimentos dos comitês, limitada a representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios à metade do total de membros. Esta é uma diferença importante em relação aos comitês paulistas, nos quais a representação é tripartite e paritária (estado, municípios e sociedade civil). Nos comitês federais há a possibilidade de maior participação dos usuários e da sociedade civil e, portanto, menor poder de decisão nas mãos dos representantes dos poderes executivos (LEAL, 2000, p.64).

Os agentes atuantes nos Comitês de Bacias Hidrográficas são representantes da União, dos Estados e do Distrito Federal e também dos municípios, os usuários de águas e pessoas da sociedade civil. Ficam sob a responsabilidade destes representantes elaborar debates, estabelecer contatos, acompanhar a realização de planos, e as cobranças nas bacias ou sub-bacias hidrográficas.

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e coordenação, sua direção consiste numa diretoria colegiada composta por cinco membros nomeados pelo Presidente da República.

No Estado de São Paulo a questão dos Recursos Hídricos é conduzida através da publicação da Constituição de 1989, que propõe o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos; da Lei Estadual nº 7.663, promulgada em 1991, que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos; e da Lei Estadual nº 9.034, do ano de 1994, que aprovou o Plano Estadual de Recursos Hídricos e propôs a divisão do Estado de São Paulo em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI.

De acordo com Fernandez e Garrido (2002, p. 115), os Comitês de bacias “são o fórum de discussão e de decisão sobre os projetos, programas e intervenções a serem desenvolvidos na bacia hidrográfica (...) são o próprio parlamento das águas em sua região de abrangência”.

O Estado de São Paulo foi dividido em 22 unidades de gerenciamento, de acordo com as bacias hidrográficas e fatores geopolíticos. Cada uma dessas unidades é denominada de Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI.

A seguir a Figura 2 com a divisão de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Estado de São Paulo:

Figura 2: Divisão de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Estado de São Paulo

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O Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH) e os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) terão suporte do Comitê Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos (CORHI), que terá, dentre outras, as seguintes atribuições previstas no Art.27 da Lei nº 7.663/1991:

I – coordenar a elaboração periódica do Plano Estadual de Recursos Hídricos, incorporando as propostas dos Comitês de Bacias Hidrográficas - CBHs, e submetendo-as ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CRH;

II – coordenar a elaboração de relatórios anuais sobre a situação dos recursos hídricos do Estado de São Paulo, de forma discriminada por bacia hidrográfica;

III – promover a integração entre os componentes do SIGRH, a articulação com os demais sistemas do Estado em matéria correlata, com o setor privado e a sociedade civil;

IV – promover a articulação com o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, com os Estados vizinhos e com os Municípios do Estado de São Paulo. A partir das legislações referentes aos recursos hídricos quanto às leis que demonstram sua importância quanto à gestão e o gerenciamento desse recurso, percebemos que existem desafios a serem superados, a fim de regularizar a situação de degradação dos recursos hídricos e dos mananciais, para promover e garantir esse bem tão preciso e de qualidade para as futuras gerações. (SÃO PAULO, 1997).

Portanto, acerca da legislação referente aos recursos hídricos, em um diagnóstico de forma geral, é notável a conquista de uma gestão descentralizada e participativa, tendo a bacia hidrográfica como unidade territorial para a gestão dos recursos hídricos, isso constitui um considerado avanço. Porém, ainda existem desafios no que se refere à situação de deterioração dos recursos hídricos, sobretudo dos mananciais; circunstâncias como estas necessitam ser pensadas prontamente tendo em vista assegurar a maior disponibilidade e qualidade de água.

1.4Unidade territorial para o planejamento e a gestão dos recursos hídricos: a Bacia Hidrográfica

A gestão de uma bacia hidrográfica demanda a análise de características ambientais, sociais e econômicas, este geocomplexo Bertrand (2009), têm sua área constituída por corpos d’água e seus afluentes que influem diretamente no processo de desenvolvimento do Homem enquanto ser social, e orienta o desenvolvimento de populações. A bacia hidrográfica no Brasil é tida como unidade territorial berço de implantação de tudo que é decidido no âmbito das medidas de proteção e preservação dos recursos hídricos, previstas na PNRH e sob a atuação do SNRH.

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Uma bacia hidrográfica circunscreve um território drenado por um rio principal, seus afluentes e subafluentes permanentes ou intermitentes. Seu conceito está associado à noção de sistema, nascentes, divisores de águas, cursos hierarquizados e foz. Toda ocorrência de eventos em uma bacia hidrográfica, de origem antrópica ou natural, interfere na dinâmica desse sistema, na quantidade dos cursos de água e sua qualidade (SANTOS, 2004, p.85).

Ainda no que se refere a bacia hidrográfica, Christofoletti (1974), define como uma: Área drenada por um determinado rio ou por um sistema fluvial. A quantidade de água que atinge os cursos fluviais está na dependência do tamanho da área ocupada pela bacia, da precipitação total e de seu regime, e das perdas devidas à evapotranspiração e à infiltração. (CHRISTOFOLETTI, 1974, p. 81).

A Figura 3 abaixo representa a unidade territorial de pesquisa, a bacia hidrográfica que Tundisi (2003) define “conceito de bacia hidrográfica aplicada ao planejamento de recursos hídricos estende as barreiras políticas tradicionais (municípios, estados, países) para uma unidade física de gerenciamento e planejamento e desenvolvimento econômico e social”. O mesmo autor ainda complementa que para a bacia hidrográfica se destaca o “processo descentralizado de conservação e proteção ambiental, sendo um estímulo para a integração da comunidade e a integração institucional” (TUNDISI, 2003, p.56).

Em relação a bacia hidrográfica Jardim (2010), na escala de análise do cenário rural brasileiro, a autora observa que grande parte dos pequenos produtores possuem consciência

Figura 3: Representação de uma Bacia Hidrográfica

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ambiental, no sentido de contemplar as vantagens de se conservar os recursos ambientais, dentro do limite da bacia hidrográfica em suas propriedades, justamente para a manutenção de suas atividades. Porém eles têm baixa disposição de investir em manejos e práticas conservacionistas e na recomposição de áreas florestais, em função de sua situação financeira insuficiente.

CAPÍTULO 2: METODOLOGIA

Este capítulo contém os procedimentos metodológicos que foram empregados para que os objetivos desta pesquisa viessem a ser cumpridos

2.1 Procedimentos Metodológicos da Monografia

Este trabalho teve como objetivo caracterizar, sob enfoque dos elementos compreendidos na Gestão de Bacia Hidrográfica, parte da bacia hidrográfica do Córrego do Marimbondo localizada no munícipio de Jales/SP. Dessa forma foi feito o levantamento bibliográfico correspondente a temática, e o estudo de conceitos que contemplam o assunto.

Para a consulta bibliográfica foi utilizada a biblioteca da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP campus de Presidente Prudente; a Legislação Ambiental Brasileira; materiais online disponíveis em sites de órgãos públicos, como por exemplo: Agência Nacional de Águas (ANA), e Sistema de Informações para o Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo (SIGRH).

O levantamento bibliográfico teve como objetivo garantir a fundamentação teórica para este estudo através da leitura feita nos materiais que contemplam Gestão de Recursos Hídricos e de Bacias Hidrográficas; e também fazer a consulta e download de bancos de dados para a confecção dos mapas. Após essa etapa, as informações adquiridas foram sistematizadas no presente trabalho de conclusão de curso para compor a caracterização de parte da bacia hidrográfica do Córrego do Marimbondo que se situa na cidade de Jales/SP.

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2.2 Procedimentos metodológicos empregados na elaboração dos mapas

Este item tem como objetivo descrever os materiais e métodos que foram utilizados e seguidos para a elaboração dos mapas que compõe este trabalho.

Todos os mapas foram elaborados por meio da manipulação e interpretação das imagens capturadas pelo sensor OLI do satélite TM-Landsat 8, e imagem SRTM para a extração dos dados geomorfométricos. Todos os procedimentos foram executados no software ArcMap do ArcGIS 10.2, e software Spring 5.1.8 e Spring 5.2.7.

O sensor Operational Terra Imager (OLI) foi lançado ao espaço em fevereiro de 2013, abordo do satélite TM-Landsat 8, conferindo continuidade a missão de captação de dados da superfície terrestre. Seguindo a cronologia de modificações positivas pelas quais passaram ou outros programas Landsat, este feito foi um marco importante para os profissionais que trabalham com mapeamento em mesoescala. Pois houve a melhora da resolução espectral, e foram adicionadas duas bandas espectrais: a new coastal (banda 1), que foi projetada especificamente para os recursos hídricos, e um novo canal infravermelho (banda 9), para ajudar na detecção de nuvens cirros; e também houve a melhora da resolução radiométrica que passou a ser de 12 bits (anteriormente de 8 bits). A resolução radiométrica possibilita a caracterização dos alvos da imagem e contribui para diminuir o efeito das sombras.

Primeiramente foi feito o download de todo o material: das imagens do sensor OLI, e da imagem SRTM. Esses materiais estão disponíveis em bancos de dados digital público (Bancos de Dados Geomorfométricos – TOPODATA (INPE)) nacionais e internacionais (imagens captadas pelo sensor OLI do satélite TM-Landsat 8).

Para o Mapa de Localização da área de estudo foi feito o recorte da área correspondente ao munícipio de Jales dentro do shape dos munícipios do estado de São Paulo, que foi obtido no acervo digital do IBGE. Após isso foi feita a extração da rede de drenagem, e em seguida a delimitação da sub-bacia hidrográfica, tudo por meio da imagem SRTM.

A representação vetorial das classes do Mapa de Uso da terra, e do Mapa de Cobertura da terra foram obtidas; primeiramente através da coleta de amostras dos alvos via imagens do sensor OLI; em seguida foi feita a classificação e posteriormente a vetorização via software Spring 5.1.8 e Spring 5.2.7. Apenas a vetorização que foi realizada no ArcMap do ArcGIS 10.2.

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A delimitação das Áreas de Preservação Permanente do Mapa de Espacialização das APPs de acordo com a legislação ambiental, ao longo do Córrego e das áreas de nascentes, foi possível através da ferramenta buffer no ArcGIS.

2.2.1 Materiais

 Notebook com configuração Acer Aspire 15, processador Core™ i5 com memória RAM de 6 Gb e HD de 1TB, com sistema operacional de 64 bits;

 Imagens captadas pelo sensor OLI do satélite TM-Landsat 8, adquiridas no site do United States Geological Survey (USGS);

 Dados vetoriais no formato shape (isolinhas e dados de drenagem), importados do site do IBGE;

 Imagem Shuttle Radar Topographic Mission (SRTM) no formato GEOTIFF (16 bits) com resolução espacial de 90 metros, para extração de dados geomorfométricos da área de estudo, obtida em acervo digiral no site do bancos de dados geomorfométricos – TOPODATA (INPE), com unidade de altitude em metros, e Sistema de Coordenadas Geográficas Datum: WGS-84;

 Dados sociais (populacionais, econômicos e culturais) e ambientais relativos à área de estudo, disponíveis no banco de dados do SEADE-IMP (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – Informações dos Municípios Paulistas), ANA e IBGE.

Emprego e manipulação de softwares como:

 SPRING – foi utilizado para criação do banco de dados e classificação das imagens e que auxiliaram na criação de classes e identificação destas assim como no registro das imagens trabalhadas;

 ArcGIS – empregado no cruzamento de informações ambientais e sociais, tabelas e geração de layouts de mapas.

CAPÍTULO 3: O Código Florestal

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3.1 O Código Florestal brasileiro (Lei 12.651/2012)

O melhor entendimento do Código Florestal Brasileiro se dá quando realizamos uma cronologia desde o início dos processos de uso e ocupação do solo em nosso país. Os primeiros colonizadores já consideravam os recursos naturais do Brasil como uma fonte inesgotável, florestas deram lugar a estradas que abriram caminhos e possibilitaram avanços para o desenvolvimento econômico. No entanto, esta lógica perdura até os dias atuais; claro, se deve levar em consideração aqui o surgimento de novos ideais, sobretudo a partir dos anos 90, preocupados com a causa ambiental; porém a derrubada das florestas e o seu aproveitamento de forma desenfreada ainda perdura até os dias atuais, sendo a fiscalização existente, mas deficitária em muitas regiões brasileiras. A consciência mais comumente observada é mais propensa a queimar e degradar do que investir em cuidados com manejo adequados e a conservação para o aumento da produtividade do determinado recurso, ou para a própria conservação de fato.

Compete ao Código Florestal, no âmbito das prerrogativas do jurídico brasileiro, versar quanto à proteção das florestas e o uso sustentável dos recursos naturais. Em todo o período em que esteve em exercício, este instrumento legal foi passível de inúmeras alterações de maneira que viesse a garantir uma determinada qualidade de vida aos brasileiros por meio da preservação e conservação dos recursos naturais. Outro requisito importante desta lei é colocado em destaque pela SOS Floresta (2012), que considera esta como sendo a única lei nacional que proíbe a ocupação, tanto da população urbana como agrícola; de áreas de risco que estejam, por exemplo, sujeitas a inundações e deslizamentos de terra.

Devido a isso, os ordenamentos previstos na lei no que se refere à proteção e preservação das Áreas de Preservação Permanente, e cabe aqui citar também a manutenção da Reserva Legal, as quais ambas se constituem de uma parcela de vegetação nativa em propriedades rurais, têm tido destaque nas discussões de estratégia para o uso sustentado das propriedades.

A primeira versão do Código Florestal foi promulgada em 23 de janeiro 1934, no governo de Getúlio Vargas, por meio do Decreto nº 23.793 que ocorreu devido à preocupação com o iminente processo de desmatamento das florestas nativas para a exploração de madeira (GARCIA, 2012).

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garantia de preservação dos recursos hídricos e de áreas de risco (encostas íngremes e dunas) denominando estas de “florestas protetoras”.

Enquanto o Código de 1934 tratava de proteger as florestas contra a dilapidação do patrimônio florestal do país, limitando aos particulares o irrestrito poder sobre as propriedades imóveis rurais, o Código de 1965 reflete uma política intervencionista do Estado sobre a propriedade imóvel agrária privada na medida em que as florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação são consideradas bens de interesse comum a todos os habitantes do País (LAUREANO; MAGALHÃES, 2011).

Portanto, a legislação foi sendo alterada, devido a necessidade, e buscando sempre corrigir as falhas ou criar ouras melhores restrições através das Medidas Provisórias (MP). A título de curiosidade, nos períodos correspondentes de 1996 a 2001 o Código Florestal sofreu 67 alterações por meio dessas medidas provisórias. No entanto, foi a partir de 1999 que o debate foi intensificado em torno de sua real alteração.

A Câmara dos Deputados promove discussões sobre a atualização do Código Florestal desde 1999; porém, em setembro de 2009 foi criada uma Comissão Especial para analisar os seus distintos Projetos de Lei, sendo nomeado o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) como relator do projeto.

O deputado Aldo Rebelo apresentou seu relatório sobre o projeto de Lei nº 1.876 de 1999 em junho de 2010, e outras onze iniciativas de parlamentares para modificar a legislação florestal atual na época, sendo que para alguns setores como o setor rural, ambiental e cientistas, existiam pontos de “conflitos”. Enviado para a Comissão Especial do Código Florestal, em 06 de julho de 2010 foi aprovado o relatório para modificação e foi acatada pela comissão seguindo para apreciação no plenário da Câmara.

O relatório final contendo todas as propostas de alteração, foi encaminhado para votação no dia 02 de maio de 2011 na Câmara. Embora algumas mudanças presentes no relatório não estivessem totalmente de acordo por parte dos ambientalistas. Após ficar um tempo em tramitação por vários encontros, negociações e trocas de acusações, foi promulgado em 24 de maio de 2011, na Câmara dos Deputados o texto-base do projeto do novo Código Florestal.

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Quatro aspectos do projeto causaram grande polêmica, são eles: a redefinição das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal; as atividades que viriam a ser permitidas em áreas protegidas; a definição de competências em matéria ambiental; e os incentivos para à recomposição de APP e áreas de Reserva Legal.

Estando no Senado Federal, a proposta de modificação do Código Florestal seguiu para ser analisada nas Comissões de Meio Ambiente (CMA); Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ); Agricultura (CRA) e Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT). Este processo nos permite saber que ocorreram inúmeras audiências públicas no Senado. Depois de ser aprovado por essas comissões, o Projeto de Lei nº 1.876/99 foi aprovado pelo plenário da Câmara Federal em 25 de abril de 2012, onde foi acolhido o parecer pelo deputado Paulo Piau.

Em 25 de maio de 2012 foram apresentados os vetos e as alterações feitas pela presidente Dilma Rousseff acerca do Código Florestal. O governo criou uma Medida Provisória (MP) com a finalidade de regulamentação dos pontos que foram modificados após a intervenção. Os vetos e a MP saíram publicados no dia 28 de maio no Diário Oficial da União, sendo instituído o novo Código Florestal foi publicado por meio da Lei nº 12.651/2012. Os critérios que seguiram para a definição dos vetos são:

 Recomposição do texto aprovado pelo Senado;

 Preservação de acordos e respeito ao Congresso Nacional;  Não anistiar os autores do desmatamento;

 Preservar os pequenos proprietários;

 Responsabilizar todos pela recuperação ambiental;

 Manter os estatutos de Área de Preservação Permanente e Reserva Legal. Em seguida foi formada uma comissão mista, com deputados e senadores (somando 26 parlamentares no total), sobre a Medida Provisória (MP 571/12) que foi instituída no dia 5 de junho de 2012. Essa comissão teve como responsabilidade fazer um relatório contendo uma síntese do texto apresentado pela presidente e das mais de 727 emendas dos parlamentares.

No dia 25 de setembro de 2012, foi aprovada no Senado essa Medida Provisória - que também preenchia algumas lacunas deixadas pelos vetos da presidente Dilma ao novo Código Florestal – e tinha o prazo para ser aprovada até o dia 8 de outubro, sob pena de perder a validade.

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Oficial da União no dia seguinte, em um cenário de descontentamento de alguns setores, e contentamento de outros, por exemplo o segmento do agronegócio.

3.2 “Novo” Código Florestal – Lei nº 12.651/2012

Como já apresentado no decorrer deste trabalho, o Código Florestal foi modificado diversas vezes. Contudo, no que se refere as Áreas de Preservação Permanente, que são aquelas localizadas ao redor do curso d'água; a medida manteve-se sendo alterado o local de onde se começa a medir (no caso atual, a partir do leito regular do rio), o que acarreta inúmeros problemas.

É interessante ressaltar quanto as Áreas de Preservação Permanente que no artigo 2º do Código Florestal de 1965 são definidas como as "florestas e demais formas de vegetação natural", e no mesmo parágrafo deste artigo as definem como áreas protegidas, "cobertas ou não por vegetação nativa" e, portanto protege o espaço físico e não somente a vegetação ali existente (BOIN, 2005).

A presidente Dilma Rousseff encaminhou no dia 28 de maio de 2012 ao Congresso Nacional, a Medida Provisória 571/12, que complementou a lei, após os 12 vetos do Código Florestal (Lei nº 12.651/12). No entanto essa MP é acompanhada da controvérsia referente às Áreas de Preservação Permanente, no que faz menção a recomposição das faixas marginais para os proprietários de imóveis rurais. Nessa perspectiva, essa MP do Código Florestal regulamentou em suas definições as mudanças que levam em consideração o tamanho e a largura do curso d’água, com uma proposta que defende a produção de forma sustentável e a proteção das florestas, com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico.

Em uma divulgação feita pela imprensa EcoDebate (2012), para imóveis rurais consolidados o texto da MP considera que, para imóveis rurais com até 1 módulo fiscal ao longo de curso d’água natural, necessariamente deverá ser feita a recomposição das respectivas faixas marginais em 5 metros, contados a partir da borda da calha do leito regular, independente da largura do curso d’água. Contudo, para os imóveis rurais superiores a 1 e de até 2 módulos fiscais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em oito metros, contados da borda da calha do leito regular, independente da largura do curso d’água.

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casos, em extensão correspondente à metade da largura do curso d’água, observando o mínimo de 30 e o máximo de 100 metros, contados da borda da calha do leito regular.

No que se refere às áreas de nascente nas propriedades rurais com APP no entorno delas e dos olhos d’água perene, será admitida a manutenção de atividades agrossilvipastoril, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo a recomposição do raio mínimo de:

 5 metros, para imóveis rurais com área de até 1 módulo fiscal;

 8 metros, para aqueles com área superior a 1 módulo fiscal e de até 2 módulos fiscais;

 15 metros, para aqueles com área superior a 2 módulos fiscais.

Já no caso de imóveis rurais consolidados, é obrigatória a recomposição de faixa marginal com largura mínima de:

 5 metros, para imóveis rurais de até 1 módulo fiscal;

 8 metros, para aqueles superiores a 1 e de até 2 dois módulos fiscais;  15 metros, para os superiores a 2 e de até 4 módulos fiscais;

 30 metros, para os imóveis rurais com área superior a 4 módulos fiscais. Posteriormente, a Medida Provisória seguiu para o Congresso Nacional, onde foi avaliada por uma Comissão Mista, constituída por deputados e senadores. E no mês de junho essa Comissão se reuniu com o relator, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) para verificação da MP e finalização das audiências necessárias, durante as análises o relator se manteve de modo a buscar equidade entre ruralistas e ambientalistas na exibição das emendas de mudança ao texto da medida provisória.

A tramitação dessa MP durou quase 80 dias na comissão mista, até que voltasse para a presidente Dilma, para que essa decidisse se sancionaria o texto, modificaria novamente, ou até mesmo vetá-lo em parte ou o todo. O texto que seguiu para a presidente estava menos exigente no que se refere à proteção de florestas e matas nativas, o que motivou a reação daqueles que atuam em defesa do meio ambiente e também ocorreram manifestações de autoridades do governo em favor das regras previstas na MP inicial.

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degradadas a partir do plantio de espécies frutíferas, não necessariamente tendo que plantar apenas a vegetação nativa. Não houve concordância por parte da presidente, sendo que ela vetou parcialmente o dispositivo, proibindo a monocultura de árvores frutíferas na recuperação de APP.

Foram normalizados outros pontos que fazem referência ao Cadastro Ambiental Rural que passou a ser obrigatório para todos os proprietários de imóveis rurais, para que esses possam ter acesso aos benefícios do governo e a contratos de financiamento e aos Programas de Regularização Ambiental (PRA) que deverão ser assinados por todos os produtores rurais que tenham desmatado áreas sem autorização legal. Nessa perspectiva, o Decreto 7.830 de 17 de outubro de 2012 regulamenta os artigos do Novo Código Florestal, especialmente o CAR e o PRA.

Através do Decreto nº 84.685 de 06 de maio de 1980 é possível encontrar os valores do Módulo Fiscal para cada município sendo que eles podem variar de 5 a 110 hectares. Isso é importante, uma vez que a extensão da faixa que deverá ser recuperada nas áreas de florestas nas margens dos rios, vai variar de acordo com o tamanho da propriedade.

A seguir a Figura 4 que apresenta as exigências relacionadas a faixa de proteção das APP de acordo com o Módulo Fiscal dos Imóveis Rurais:

Também outro aspecto que é de considerada importância ser ressaltado aqui, se refere quanto às áreas rurais consolidadas em Áreas de Preservação Permanente, que segundo a lei, são autorizadas, exclusivamente, para a continuidade das atividades agrosilvopastoris, e ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até a data de 22 de julho de 2008.

Fonte – BRASIL, Código Florestal, 2012

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3.3 As alterações para as Áreas de Preservação Permanente (APPs)

As Áreas de Preservação Permanente são áreas cuja lei determina que sejam mantidas intactas, uma vez que são responsáveis por assegurar a proteção dos rios, córregos e mananciais; ter sua influência na estabilidade geológica das margens dos cursos d’água, e atuar como local que também abriga a biodiversidade; além de estar relacionada ao bem-estar da sociedade. A lei é bastante clara quanto a manutenção rígida das áreas de APPs, sendo permitido, em alguns casos, somente a supressão tendo em vista para a utilidade pública.

A Lei nº 12.651 (17 de outubro de 2012), em seu Art. 4º estabelece que:

Art. 4º. Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:

I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de:

a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;

c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;

d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;

e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; [...].

(BRASIL, CÓDIGO FLORESTAL, 2012).

Para caracterizar melhor, o Código Florestal traz uma tabela síntese (Figura 5) com a metragem em relação à faixa de preservação permanente de acordo com a largura do curso d’água:

Figura 5 – Metragem das Áreas de Preservação Permanente

A seguir uma imagem (Figura 6) que ilustra de forma clara e de fácil interpretação, de como os dados á cima de acordo com a lei, ficaram dispostos no terreno:

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Figura 6 - Largura da faixa das APPs de acordo com a legislação.

A expressão “a borda da calha do leito regular” mencionada no início deste texto, sobre isso Garcia (2011, p.30) vai apresentar que na maior parte do ano, o rio apresenta uma configuração designada tecnicamente como “leito menor”, Christofoletti (1974, p.82) vai falar que esse leito é a seção de escoamento em regime de estiagem ou de nível médio. No entanto, nas épocas chuvosas, como consequência, há o aumento dos níveis, o curso d’água alaga- se na parte do “leito maior”, sendo denominada de “planície de inundação” ou mesmo “várzea”.

Sobre as diferentes denominações, Jean Tricart (1966) apud Salvador e Padilha (s/d, p. 9 e 10) apud GARCIA (2011, p. 30) classificam os tipos de leitos da seguinte forma:

a) Leito de vazante: aquele que está incluído no leito menor e é utilizado para o escoamento das chamadas águas baixas. Frequentement, ele serpenteia entre as margens do leito menor, acompanhando o talvegue, que é a linha de maior profundidade ao longo do leito; b) Leito menor: aquele que é bem delimitado, encaixado entre margens do curso d’água. O escoamento das águas nesse leito tem a frequência suficiente para impedir o crescimento da vegetação. Ao longo do leito menor é verificada a existência de irregularidades, com trechos mais profundos, as depressões (mouille ou pools), seguidas de partes menos profundas, mais retilíneas e oblíquas em relação ao eixo aparente do leito, designada umbrais (seuils ou riffles);

c) Leito maior periódico ou sazonal: é a parte regularmente ocupada pelas cheias, pelo menos uma vez a cada ano;

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d) Leito maior excepcional: corresponde a área onde ocorre às cheias mais elevadas, as enchentes. É submerso em intervalos irregulares; porém, por definição, nem todos os anos.

A seguir a Figura 7 que tipifica os tipos de leitos fluviais, de acordo com o texto à cima:

Segundo Boin (2005 apud GARCIA 2011, p. 42) nos últimos tempos o homem ocupou a áreas de preservação permanente de forma mais rápida e extensiva que em qualquer outro período de desenvolvimento social da humanidade. Isso ocorre, em muitas das vezes, devido a necessidades distintas como, por exemplo, suprir a crescente demanda por alimentos, água potável, madeira e combustível. O que acarretou na perda da diversidade e dos níveis de qualidade dos recursos hídricos em diferentes regiões.

Nessa perspectiva, Guerra (2001, p.161) escreve:

Os fatores relacionados à cobertura vegetal podem influenciar os processos erosivos de várias maneiras: através dos efeitos espaciais da cobertura vegetal, dos efeitos na energia cinética da chuva, e do papel da vegetação na formação de húmus, que afeta a estabilidade e teor de agregados. A densidade da cobertura vegetal é fator importante na remoção de sedimentos, no escoamento superficial e na perda de solo. O tipo e percentagem de cobertura vegetal podem reduzir os efeitos dos fatores erosivos (GUERRA, 2001, p. 161).

Portanto, é notável a importância da cobertura vegetal para o todo o sistema no qual ela está inserida, uma vez que sua função, naturalmente desempenhada contribui para ao controle climático, ajuda no escoamento superficial, desempenha papel funcional no ciclo hidrológico, e atua de forma determinante na diminuição dos processos erosivos, e além de proporcionar a qualidade de vida.

Figura 7 – Tipos de leitos fluviais

Fonte – Christofoletti, 1991

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3.4 Alguns questionamentos acerca do Novo Código Florestal

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A identificação destes aspectos inconstitucionais foi feita por Sandra Cureau da Procuradoria-geral da República, que declarou a inconstitucionalidade e questionou quanto ao retrocesso presente nestes dispositivos; uma vez que foram questionados acerca da redução ou extinção de áreas que antes eram protegidas pela legislação; dessa forma ela argumentou: “A criação de espaços territoriais especialmente protegidos decorre do dever de preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais, de forma que essa deve ser uma das finalidades da instituição desses espaços”, descreveu Sandra Cureau, em uma dessas ações. A seguir, a nota divulgada no site EcoDebate (2013):

O novo Código Florestal fragiliza, por exemplo, as áreas de preservação permanente, criadas para preservar a diversidade e integridade do meio ambiente brasileiro. Segundo estudos técnicos, de uma forma geral, as normas questionadas estabelecem um padrão de proteção inferior ao existente anteriormente.

Além disso, a PGR também questiona a anistia daqueles que degradaram áreas preservadas até 22 de julho de 2008. O novo código exclui o dever de pagar multas e impede a aplicação de eventuais sanções penais. “Se a própria Constituição estatui de forma explícita a responsabilização penal e administrativa, além da obrigação de reparar danos, não se pode admitir que o legislador infraconstitucional excluísse tal princípio, sob pena de grave ofensa à Lei Maior”, esclareceu Sandra Cureau. Há ainda o questionamento da redução da área de reserva legal, também possibilitada pela nova lei. O novo Código Florestal autoriza, por exemplo, a computar as áreas de preservação permanente como reserva legal. No entanto, essas áreas têm funções ecossistêmicas diferentes, mas, juntas, ajudam a conferir sustentabilidade às propriedades rurais (ECODEBATE, 2013).

Contudo, os conflitos acerca do Novo Código Florestal também se articularam entre a banca ruralista, representada neste período na pessoa do vice-líder do DEM e integrante da Frente Parlamentar do Agronegócio, deputado Ronaldo Caiado (GO) que aproveitou a análise de mais de 3 mil vetos presidenciais, que o Congresso fez para resgatar o texto aprovado pelos parlamentares. Em sua declaração Caiado argumentou que “Foi acordado que a recuperação das áreas que já estão produzindo teriam uma escala em menor proporção, ou seja, elas teriam de ser avaliadas sobre a real necessidade de sua preservação. E, no caso dos cursos d’água acima de 10 metros, teríamos uma graduação menor na metragem. Esse foi o acordo feito e que, infelizmente, não foi respeitado pela presidente”.

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Desde então, um decreto presidencial resgatou a chamada “escadinha”, que trouxe regras diferentes de recomposição das margens desmatadas de rios, de acordo com o tamanho da propriedade. (ECODEBATE, 2013).

O Coordenador de política e direito do Instituto Socioambiental, Raul do Valle, avaliou que a não mudança de alguns pontos da lei que possui itens inconstitucionais e que afetam o equilíbrio ecológico, acerca disso destaca: “Não há dúvida de que houve insegurança jurídica. Esse é o preço que os parlamentares que quiseram aprovar essa lei colocaram para a sociedade” (ECODEBATE, 2013).

CAPITULO 4: Caracterizações da área de estudo

Neste capítulo se encontra a caracterização da Área de Estudo, a descrição de seus aspectos de uso do solo, cobertura da terra, drenagem e declividade.

4.1 A área de estudo

A área de estudo está inserida na Microrregião de Jales/SP localizada à noroeste no estado de São Paulo, sendo a sub-bacia do Córrego do Marimbondo compreendida em uma área de altitude que varia de 418-402(m), pertencente a UGRHI 18 – São José dos Dourados que possui uma área total de drenagem de 6.805,20 km². O Córrego do Marimbondo tem sua localização dentro dos limites municipais de Jales (SP), e do munícipio de Dirce Reis (SP), sendo neste último onde ele desagua a direita no Rio São José dos Dourados. A classificação, com base no CONAMA por meio da Resolução n° 357, de 17 de março de 2005, este Córrego pertence aos corpos hídricos enquadrados na classe 2, ou seja, é pertencente ao conjunto de águas que podem ser destinadas para abastecimento humano após tratamento convencional, à proteção de comunidades aquáticas, e a recreação de contato primário como prescreve a lei, atividades de natação, mergulho, etc....

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Figura 1:  Classificação de Bacias Hidrográficas proposto por Otto Pfafstetter
Figura 2: Divisão de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Estado de São Paulo
Figura 3: Representação de uma Bacia Hidrográfica
Figura 4 – Exigências quanto a faixa de proteção das APP de acordo com o Módulo Fiscal dos Imóveis Rurais
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Referências

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