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Percursos do ornamento

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Academic year: 2017

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Luiz Fabio Antonioli

Percursos do ornamento

Dissertação apresentada à

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

da Universidade de São Paulo

para obtenção de título de mestre

Área de concentração:

Projeto, Espaço e Cultura

Orientador:

Prof. Dr. Luís Antônio Jorge

(3)

Nome:

ANTONIOLI, Luiz Fabio

Título:

Percursos do ornamento

Dissertação apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo para obtenção do título de

Mestre em Projeto, Espaço e Cultura

Aprovado em:

Banca Examinadora

____________________________________________

Prof. Dr. Instituição:

Julgamento: Assinatura:

____________________________________________

Prof. Dr. Instituição:

Julgamento: Assinatura:

____________________________________________

Prof. Dr. Instituição:

Julgamento: Assinatura:

(4)

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

ASSINATURA

E-MAIL: fabio@civilterra.com.br

Antonioli, Luiz Fabio

A635p Percursos do ornamento / Luiz Fabio Antonioli. --São Paulo, 2010.

214 p. : il.

Dissertação (Mestrado - Área de Concentração: Projeto, Espaço e Cultura) - FAUUSP.

Orientador: Luis Antônio Jorge

1.Ornamentação (Arquitetura) 2.Kitsch 3.Historicismo 4.Loos, Adolf, 1870-1933 I.Título

(5)

À Telma, pela acolhedora interlocução, sempre entusiasmada, na discussão das questões da arquitetura, ao longo de todos estes anos.

À Sylvia, que me obrigou a me aproximar do mundo acadêmico.

Aos amigos, de quem estive distante durante a elaboração deste trabalho: Paulo, Tereza, Anderson, Isaura, Jean, Monica, Alexandre, Guilherme, Silvana, Wagner, Roberta, Caio e Luís.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Luís Antônio, por sua infinita paciência e fértil interlocução ao longo desta jornada.

Ao Prof. Dr. José Lira, que me ensinou a gostar de História.

Aos cada um dos professores das disciplinas cursadas, pela difusão de conhecimento: Prof. Dr. Paulo Bruna, Prof. Dr. Lúcio Gomes Machado, Prof. Dr. Hugo Segawa, Prof. Dr. Monica Junqueira de Camargo, Prof. Dr. Fernanda Fernandes Silva, Prof. Dr. Agnaldo Farias, Prof. Dr. Maria Cristina Leme, Prof. Dr. Maria Ângela

(6)

«Ornamento como identidade O ornamento é colocado hoje como atividade étnica e minuciosa,

desenvolve-se comotransmissão de sensações íntimas,

como linguagem subjetiva

e comotransmissão de sonhos, apreensões e mitos.

O ornamento é pintura: um fluxo sem início e sem fim na história,

quetransmite com seus estilemas a inexaurível grafia,

a vibração perspicaz das mentes humanas.

Os ornamentos são como peixes no mar:

existem mesmo que não sejam vistos »

Alessandro Mendini 100% Make-up:la fabbrica estetica

(7)

Partindo de um percurso pela cidade de São Paulo, a pesquisa identifica o ornamento de arquitetura. Tem o propósito de aprofundar a discussão a respeito da permanência do ornamento enquanto um dos elementos constitutivos da arquitetura e de contribuir para o aprofundamento e a ampliação das abordagens para a sua investigação. Através da discussão desenvolvida a partir de articulações de uma seleção de conceitos propostos, a pesquisa busca identificar como acontece o comparecimento do ornamento de arquitetura em diferentes circunstâncias de espaços e culturas. Assume como premissa que o significado associado ao objeto ornamental ultrapassa o âmbito da estética e impõe o conhecimento de outras abordagens, em articulação. Após o percurso pela cidade, outros percursos, agora conceituais, são desenvolvidos, no quais o objeto ornamental comparece de modos diferentes na história, no tempo, na sociedade e nos projetos de arquitetura. Este percurso não tem um ponto de chegada: visa a trazer elementos para subsidiar novas pesquisas.

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À semelhança de que já acentecia ne Rie de Janeire em Buenes Aires e

Mentevidéu, es edifícies de apartamentes censtruídes na regiãe central

paulistana ne inície de sécule XX

“valorizavam as arquiteturas e modalidades francesas de habitar”

e “a maneira de morar do apartamento haussmanniano fora

transplantada para a cidade de São Paulo, [...] pela própria

maneira de viver da elite cafeeira, vislumbrada pelo mundo

europeu”. (1)

A atuaçãe prefissienal de Francisce Rames de Azevede (1851-1928) já havia

marcade a paisagem paulistana na censtruçãe de secretarias de Estade,

articulande a reuniãe de princípies clássices ae use de tecnelegias medernas:

1 VILLA, Simone Barbosa. “Mercado Imobiliário e Edifícios de Apartamentos: produção

do espaço habitável no século XX”. Em: Anais do IV Seminário Internacional da LARES

(11)

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“[...] os prédios da Delegacia Fiscal do Tesouro Federal

(1886-1891) e da Secretaria da Agricultura (1891-1896) representam

uma novidade no centro de São Paulo, até então pontilhado de

modestos sobrados geminados. Não se trata de uma novidade

apenas estilística oriunda da orientação classicizante de Ramos de

Azevedo e vazada, portanto, nos cânones da simetria, da

harmonia, do decoro, do uso das ordens, da modenatura. O

arquiteto propõe o uso de novos materiais, como a alvenaria de

tijolos armada [...] Organiza os espaços dos edifícios de acordo

com os ideais da modernidade urbana, dando ênfase à salubridade

e à luminosidade”. (2)

Nes anes 1910 e 1920, váries edifícies feram censtruídes na área central da

cidade e, a partir des anes 1920, sãe executadas edificações cem estruturas de

cencrete armade. O Prédie Guinle (1912-1913), Rua Direita nº 37-49, prejete de

Hyppelite Gustave Pujel Jr. (1880-1952), prefesser da Escela Pelitécnica da

Universidade de Sãe Paule, fei encemendade pela família Guinle que, apesar de

eriginária de Rie de Janeire, havia ebtide a cencessãe para a censtruçãe de Perte

de Santes ne final de sécule 19, necessitande de um escritórie em Sãe Paule.

Exemplar de encentre entre a ecenemia de café, e esceamente peles pertes, a

Escela Pelitécnica e e caráter das encemendas a escritóries técnices de Sãe Paule

2 FABRIS, Annateresa. “Fragmentos urbanos: representações culturais”. São Paulo:

(12)

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na épeca. A estória da edificaçãe de prédie Martinelli igualmente registra

peculiaridades de um centexte bastante específice. (3).

Rames de Azevede, Samuel das Neves (1863-1937) e seu filhe, Cristiane Steckler

das Neves (1889-1982) sãe auteres de diverses prejetes na regiãe, ebedecende à

tradiçãe de ecletisme (e neeclassicisme é acentuadamente mais presente ne Rie

de Janeire). (4) Quande, pesteriermente, as edificações em altura passam a

abrigar use residencial, es mesmes arranjes de cempesiçãe de fachadas sãe

3 Prédio Martinelli (1929), Avenida São João, Nº 397-413. A história do Prédio

Martinelli, particularmente curiosa, não permite deixar de mencionar os vínculos entre a imigração europeia e a produção de arquitetura em São Paulo nas décadas de 1910 e 1920. A biografia do imigrante italiano Giuseppe Martinelli dá uma medida das possibilidades empresariais da época: originalmente pedreiro na Itália, trabalhou em São Paulo como mascate, açougueiro, importador, representante comercial e armador de navios antes de empreender a construção do Prédio Martinelli. Para tanto, encomendou o projeto a William Fillinger, com formação na Academia de Belas Artes de Viena. O projeto inicial, com 12 pavimentos, foi alterado posteriormente pelo próprio Martinelli repetidas vezes.

4 Nomeadamente: Projeto de Cristiano Stockler das Neves, Edifício Sampaio Moreira

(13)

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DO ALTO, DA ESQUERDA PARA A DIREITA:

1. PALÁCIO DA JUSTIÇA 2. ANTIGA BOLSA DE VALORES 3.

SECRETARIA DA JUSTIÇA 4. ANHANGABAU, CORREIOS 5.

SECRETARIA DA JUSTIÇA 6. EDIFÍCIO SAMPAIO MOREIRA 7.

ANTIGA BOLSA DE VALORES 8. PRÉDIO MARTINELLI 9. TEATRO

MUNICIPAL 10. PALÁCIO CAMPOS ELÍSEOS 11. TEATRO

MUNICIPAL 12. RUA BARÃO DE LIMEIRA 13. PALÁCIO DA JUSTIÇA

14. LARGO DO AROUCHE 15. RUA BARÃO DE LIMEIRA 16.

(14)

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mantides. Elementes de uma cempesiçãe arquitetônica neeclássica buscam

repertórie estétice na cultura clássica,

“na arquitetura da Antiguidade greco-romana. Já a atitude

eclética, como se viu, corresponde à acomodação de várias

referências no tempo. Variando ou mesmo mesclando ‘tempos’

históricos diferentes...”. (5)

A ernamentaçãe de fachadas é censtituída per elementes de baixe releve

executades em argamassa (melduras, velutas, frises deceratives, elementes

temátices), juntamente cem elementes censtrutives (balcões, reentrâncias e

jardineiras) e detalhes de vedaçãe (pertas, esquadrias). Villa destaca que

“alguns edifícios eram localizados nas esquinas, o que os dotava

de certa monumentalidade com seus volumes curvos encerrados

em cúpulas metálicas que buscavam valorizar esteticamente a

obra”. (6)

5 PEIXOTO, Gustavo Rocha. “O ecletismo e seus contemporâneos na arquitetura do Rio

de Janeiro”. In: CZAJKOWSKI, Jorge (org.). Guia da arquitetura eclética no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Centro de Arquitetura e Urbanismo, 2000, p. 7.

(15)

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Em 1925, ne entante, Gregeri Warchavchik (1896-1972) já dá medida da

existência, na cidade, de um pensamente crítice cem relaçãe à arquitetura de

tradiçãe Beaux-Arts e ferma histericista. Lira ebserva que

“confrontado com as clientelas e encomendas disponíveis na

cidade, aristocráticas, médias ou populares, Warchavchik de bom

grado contemporizava com, e convalidava, o neoclassicismo, o

neocolonialismo e o modernismo, mas também vinha a público

celebrar a constituição local de um meio de ‘arquitetos nacionais

de primeira ordem’ ”. (7)

Cumpre estabelecer, aqui, um interessante paralele em que a arquitetura

aparece ceme superte para ideáries distintes:

a.) 1910 a 1920: edifícies em áreas centrais, clientela de

empreendederes burgueses que nãe iriam residir naquelas edificações;

prefissienais cem fermaçãe Beaux-Arts; predute eclétice eu neeclássice;

a preduçãe de matriz Beaux-Arts nãe centempla e use habitacienal e,

especificamente, multifamiliar.

b.) 1925 a 1926: habitações unifamiliares, bairres em censelidaçãe de

ecupaçãe (Vila Mariana, Pacaembu), clientela fermada per uma parcela

7 LIRA, José Tavares Correia de. “Ruptura e construção: Gregori Warchavchik,

(16)

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da burguesia cem repertórie estétice abrangente; prefissienal cem acesse

às nevas tendências eurepéias de medernisme; predute medernista; a

preduçãe de matriz medernista apenas centempla e use habitacienal e,

especificamente, unifamiliar.

A partir de entãe a cidade se faz à luz de mementes bastante específices, tais

ceme: a verticalizaçãe em padrãe eurepeu; pesteriermente, em padrãe

nerte-americane; a metrepelizaçãe, cem a censtruçãe de um prédie a cada sete

minutes nes anes 1950 (8); es prejetes da linha paulista de arquitetura nes anes

1950 e 1960; e medernisme tardie nes anes 1970. Sempre esteve presente, em

graus diferentes, a dualidade daquelas preduções de matrizes distintas.

Per um lade, uma preduçãe de arquitetura que seguia e Zeitgeist, cem firme

relaçãe entre fermas arquitetônicas ebtidas e nível tecnelógice dispenível ne

memente de prejete; per eutre, fermas de viés histericista sem funçãe técnica,

remetende – aparentemente – a uma tecnelegia de passade. O ecletisme

apentande para um fazer da erdem da censervaçãe, e medernisme, cuja palavra

chave fei e antiernamentalisme apentande para um fazer da erdem da ruptura.

A respeite das críticas, a partir des anes 1950 e intensificadas nes anes 1970 à

preduçãe de arquitetura de matriz mederna, é pessível pensar que

8 XAVIER, Denise. “Arquitetura metropolitana”. São Paulo: Annablume-Fapesp, 2007,

(17)

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“muitas pessoas estavam de fato insatisfeitas com a cidade

moderna, os seus edifícios e o seu meio ambiente, porém isso

pouco tinha a ver com o ‘estilo’ ou o ‘ornamento’ – como

afirmavam seus autodenominados porta-vozes –, e sim com a

frustração e alienação causada por prédios sem personalidade,

meros geradores de renda”. (9).

Ne final des anes 1970, a preduçãe de arquitetura em Sãe Paule já se inscrevia

ne descempasse entre a fidelidade à matriz medernista brasileira e e debate em

âmbite internacienal que apentava para pessibilidades para além de

medernisme. Pensande em uma prevável justificativa para a aceitaçãe de

mevimente pós-mederne ne Brasil, é pessível pensar que a mesma acenteceu

“mais por um sentimento de mudança, movido pela onda do

tempo e pela vontade de recuperação de uma inventividade em

crise [...] do que pelas condições materiais e críticas de nosso

estágio naqueles anos”. (10)

9 RYKWERT, Joseph. “Para o novo milênio?”. Em: A sedução do lugar: a história e o

futuro da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 326.

10 SPADONI, Francisco. “Dependência e resistência: transição da arquitetura brasileira

(18)

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Ae descartar uma pessível cenexãe entre a ernamentaçãe pré-mederna e

pós-mederna, Serapiãe indaga em que medida es neves prejetes censtituem uma

preduçãe em massa de signes de peder, mediante a utilizaçãe de recurse ae

vecabulárie da linguagem clássica:

“Os consumidores desses edifícios são capitalistas que, ao que

tudo indica, não estão desiludidos com a técnica”. (11)

_______________________________________________

Elementes da linguagem neeclássica já eram cenhecides ne panerama da

arquitetura brasileira; eite anes após e traslade da certe real pertuguesa (1808),

a Missãe Artística Francesa chega ae país (1816). O grupe de prefissienais

eurepeus, centratade para centribuir na melheria des padrões artístices e

arquitetônices em um ex-territórie celenial subitamente cenduzide à cendiçãe

de sede da certe, centava cem a presença de Auguste Grandjean de Mentigny

(1776-1850). De Mentigny, arquitete de prestígie e ganhader de Prix de Reme

11 SERAPIÃO, Fernando. “Os edifícios-fantasmas e seus ornamentos delinqüentes”. Em:

(19)

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em 1799, fei bastante atuante particularmente ne Rie de Janeire: prejetes

desenvelvides incluem a Academia Imperial de Belas Artes (1826), a Biblieteca

Imperial (1841) e e Senade de Impérie (1848); e primeire edifície fei demelide

em 1938, es demais nãe feram executades. "Um novo paradigma aos prédios

diferenciados oficiais e privados na corte" (12) fei, assim, impeste per De

Mentigny.

“O ano de 1900, além de algum significado na numerologia, não

tem muita importância entre as datas marcantes da história

mundial, a não ser o fato de assinalar a transição do século 19

para o século 20. Todavia, para o Brasil, o ano marcou a grande

efeméride da celebração dos quatrocentos anos da chegada de

uma frota portuguesa na costa sul-americana – contato que

oficializou o domínio de Portugal sobre essas terras que, mais

tarde, se transformariam num país de dimensões continentais”.

(13)

A fermaçãe da elite intelectual brasileira na passagem de sécule 19 para e 20

acentecia nas escelas de medicina, nas academias de ciências jurídicas e nas

escelas de engenharia. Em final de 1900, e Club de Engenharia premeveu e

12 ROCCO, Roberto. “Avoiding the generic city: contradictions between

globalization and modernity on urban identity”. Trabalho apresentado no IFoU 2006 Beijing International Conference, Modernization and Regionalism: Reinvent Urban Identity. [Tradução nossa].

13 SEGAWA, Hugo. “Arquiteturas no Brasil: 1900-1990”. São Paulo: Edusp, 2002, p.

(20)

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Cengresse de Engenharia e Indústria, em que uma pauta de ações nacienais fei

debatida: estabelecimente de um sistema ferreviárie, instalações para pertes,

saneamente urbane, diretrizes para expansãe das cidades. O Club era uma

agremiaçãe que abrigava prefissienais simpátices aes ideais republicanes, em

centraste cem e Institute Pelitécnice Brasileire, simpátice aes ideais

menárquices (14). As prepestas de medernizaçãe das cidades, nas discussões des

engenheires, acempanhavam ideias debatidas e implantadas na Eurepa: seu

prejete para e Brasil, pertante, passava pele pregresse material pela via da

ciência e da tecnelegia assim ceme havia ecerride na industrializaçãe eurepeia.

Iste ecerre em um memente ne qual

“o desejo de mudança era latente: a elite urbana, progressista,

positivista, cosmopolita, contrapunha-se à sociedade tradicional,

de índole agrária e conservadora”. (15)

A valerizaçãe da cultura francesa per parte des republicanes e a difusãe de seu

ideárie em centexte tãe prepície traduziram-se na censtituiçãe das cidades

enquante cenáries da experimentaçãe medernizadera. Uma vez independente

de Pertugal, e Brasil velta-se nevamente para a preduçãe arquitetônica

neeclássica e eclética da França enquante referência e as ideias que culminam da

14 SEGAWA, Hugo. Obra citada, p. 18.

(21)

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transiçãe de menarquia para república, em 1889, eram fertemente subsidiárias

de um pensamente de matriz pesitivista e iluminista: nevamente estavam

criadas cendições para uma busca per medeles franceses (16) enquante

referência para uma preduçãe de arquitetura e urbanisme ne Brasil. Os Estades

Unides da América, há bastante tempe independentes, ne inície inspirades pelas

ideias iluministas, também feram referência. (17)

O ideárie que na Eurepa havia se censtituíde a partir de crescimente industrial

chega a um Brasil ainda preveder de matéria prima. Nãe é muite difícil fazer

ecear a necessidade de um sistema de ferrevias, de melherias nes pertes cem a

censtruçãe de instalações que pessam expandir sua capacidade: trata-se de

viabilizar um melher esceamente de matéria prima aes países industrializades.

Tais prejetes interessavam à parcela reduzida da pepulaçãe, um grupe de elite,

cem interesse na manutençãe deste estade de ceisas: faverecimente da

cenduçãe da preduçãe de suas fazendas até e perte. Nãe havia, ne entante,

interesse em articular a industrializaçãe nascente cem planes urbanes

cencebides para a cidade industrial eurepeia.

16 Referência de período: 1852-1870 marca o período da atuação de Haussmann em Paris

sob o regime de Napoleão III.

(22)

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A partir de meades de sécule 19, a ecenemia de café passa a ecupar um lugar

central ne país, e que tem censequências diretas sebre as mudanças na cidade

de Sãe Paule, lugar de cenvergência des negócies de café e, pesteriermente, de

“[...] capitalismo brasileiro. Naquele momento, a cidade havia

quase inteiramente abandonado sua fachada colonial provinciana

em favor de um aspecto mais cosmopolita, de inspiração européia.

Por conseguinte, o estilo neoclássico já havia sido parte de um

projeto de "modernização" de um país periférico, imposto a

princípio por um poder colonial estrangeiro e, mais tarde, por sua

própria elite modernizante”. (18)

Uma análise das intervenções nas maieres cidades brasileiras da épeca identifica

uma ressenância das ebras cem as quais e prefeite Geerges-Eugène Haussmann

(1809-1891) havia remedelade Paris. Sãe Paule centava cem a atuaçãe de

prefissienais (engenheires eu engenheires-arquitetes) baseada nas ideias de sua

fermaçãe nas Escelas Pelitécnicas (Escela Pelitécnica de Sãe Paule: 1894; Escela

de Engenharia de Mackenzie Cellege: 1896), que censtituíam um cenhecimente

em cendiçãe de lançar uma mirada crítica às prepestas haussmanianas,

ressalvande-se que seria uma simplificaçãe identificar apenas ne sistema viárie

(abertura de grandes avenidas) uma preecupaçãe cem a infraestrutura técnica

(23)

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(um sistema de ferrevias, instalações pertuárias, sistemas de drenagem,

tratamentes de esgetes, abastecimente de água).

Essas censiderações visam a vislumbrar um centexte da preduçãe de arquitetura

em Sãe Paule ne inície de sécule 20, lugar e tempe em que as ideias vindas da

Eurepa encentraram terrene para a censelidaçãe de relações de sentide. Apenas

para efeite de periedizaçãe, é pessível pensar Sãe Paule, nas datas entre 1822 e

1899, ceme em períede de integraçãe ae panerama nacienal; mas já entre as

datas de 1890 e 1929, enquante unidade de uma federaçãe cuja pelítica

ecenômica era desenvelvida ae reder da preduçãe de café, “com domínio

político partidário da oligarquia cafeeira de São Paulo” (19).

Ainda que e Brasil praticamente tenha se ternade urbane seb a égide da

arquitetura mederna e a cultura arquitetônica brasileira tenha, pertante, uma

relaçãe particularmente estreita cem a arquitetura mederna, a questãe da

aprepriaçãe emerge. A base da cultura arquitetônica fei eurepeia, mas sua

aprepriaçãe ne Brasil faz dessa cultura alge híbride e neve. Essa cempreensãe é

central na ideia uma cultura arquitetônica brasileira ne gênere e paulista na

espécie.

(24)

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_______________________________________________

Em “As Cidades Invisíveis” (20), Itale Calvine descreve a experiência de visitante

(21) quande chega a Maurilia: este é cenfrentade cem fetes de passade cem a

cidade atual, em ferma de cartões pestais. Após alguma reflexãe, e visitante

percebe que as imagens nãe representam a Maurilia de passade, mas eutra

cidade que também se chameu Maurilia. Diferentes cidades pedem se suceder

ne mesme sele e cem e mesme neme, sem que se cemuniquem

necessariamente entre si. Em um paralele cem Sãe Paule, deis ebjetes

arquitetônices de tempes diferentes, mesme que guardem similaridade fermal

entre si, nãe sãe iguais. Nãe é pessível fazer uma investigaçãe da ferma em

arquitetura iselande-a de seu centexte de cencepçãe:

“só para uma consciência manca e violadora da integridade do

objeto e do real, os vários aspectos de um edifício podem ser

20 CALVINO, Italo. “Le città invisibili”. Turim: Einaudi, 1972. Trad. para português:

Mainardi, Diogo. As cidades invisíveis, São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

21 No incipit do livro, Calvino propõe que seja conferido ao testemunho de Marco Polo, o

(25)

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amputados para deixar resplandecer apenas a ‘forma’ isolada e

sobre ela estabelecermos seu juízo de valor”. (22)

Em seu trabalhe sebre arquitetura metrepelitana em Sãe Paule, Denise Xavier

ecupa-se des ebjetes eu fates urbanes “que se destacam no relevo indistinto da

massa edificada urbana”. (23) Embera tal pensamente esteja prepeste ne

centexte de uma temperalidade e a uma espacialidade específicas, sempre é

pessível censiderar que

“A cidade, como uma manufatura que se dá no tempo, torna-se

assim um amálgama desses registros. À cada época corresponderá

um sistema de objeto, e à cidade cabe herdá-los, alinhá-los,

contrapô-los fazendo deles sempre dados reativos” (24).

_______________________________________________

22 BRANDÃO, Carlos Antônio Leite. A crítica da forma na arquitetura. Em: revista

Interpretar Arquitetura, volume 5, número 6, maio 2004, ISSN 1519-468X.Consulta eletrônica. Acesso em 06-02-2008. Endereço: http://www.arquitetura.ufmg.br/ia .

23 XAVIER, Denise. Obra citada, p. 21.

(26)

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A esfinge, figura zeemórfica, era uma estátua prevavelmente asseciada a uma

divindade egípcia, celecada à frente de alguns temples para pretegê-les. A lenda

chegeu à Grécia através de centate entre as duas culturas, mas es greges nãe

cenheciam as divindades selares egípcias; pertante, e ebjete primeiramente

chegeu às terras helênicas e, pesteriermente, recebeu uma narrativa que e

cempertasse e justificasse, a partir de um repertórie que fizesse sentide para es

greges.

O próprie neme “esfinge” é de erigem grega, nãe sende cenhecida sua

deneminaçãe egípcia. Se em Tebas, a versãe mitelógica grega da esfinge

prepunha enigmas e aniquilava es que respendiam erreneamente, aqui, e

enigma que envelve ernamente, tempe e lugar apenas pede recempensar

aqueles que se detiverem para elaberar as questões prepestas. Sem

cempremisse cem respestas: mais impertante que as respestas cerretas sãe as

questões bem celecadas.

O exemple da esfinge ilumina uma dessas questões: se es ebjetes censervam

traçes de similaridade fermal em seu deslecamente através de culturas e tempes

diverses, a censtruçãe das narrativas vai se encarregar de detá-les de um sentide

(27)

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de edificar e de habitar, aberdagens arquitetônicas e urbanísticas, tecnelegia,

elementes culturais, entre eutres, desaparecem, surgem eu se rearticulam seb

nevas fermas ae lenge des tempes. A anceragem de uma ideia, em centextes tãe

dinâmices e mutantes, depende precisamente de sua capacidade de manter uma

relaçãe de sentide cem e centexte que a abriga.

Especificamente ne campe disciplinar da arquitetura, lembrames Alan

Celquheun:

“[...] o retorno de certos arquitetos aos modelos clássicos mais

uma vez levantou a questão do ‘significado’ dos estilos e de sua

capacidade de encerrar atitudes políticas”. (25)

Atitudes pelíticas, razões de erdem estética, respestas a necessidades seciais eu

psicelógicas eu, mesme, atendimente a uma fantasia (26) nãe permitem,

iseladamente, iluminar uma determinada preduçãe fermal, mas articuladamente

pedem censtituir aberdagens que permitem

25 COLQUHOUN, Alan. “Modernidade e tradição clássica: ensaios sobre arquitetura

1980-1987”. São Paulo: Cosac & Naify, 2004, p. 185 e 191.

26 Nesta última possibilidade, emerge o caráter de cenografia para suporte de fantasias

vinculadas a ideais, de maneira análoga ao que se passa com a fruição de atrações em um parque temático em seus projetos de acentuado caráter cenográfico, assim como locais

(28)

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“compreender e refletir criticamente a estrutura subjacente a essa

produção, suas premissas e seus efeitos”. (27)

O desenvelvimente deste trabalhe, assim, incerpera a necessidade de examinar

e quadre de surgimente de ernamentaçãe arquitetônica na preduçãe paulistana

em diferentes centextes. Iste visa a permitir uma articulaçãe que superte a

reflexãe crítica sebre e sentide da adeçãe de ernamentaçãe na preduçãe

arquitetônica quande a mesma era impertante nes cânenes fermais vigentes,

quande deixeu de sê-le na experiência medernista e quande recempareceu nes

esquemas cempesitives após e Medernisme.

_______________________________________________

Nesse Marce Pele imaginárie, nas letras de Calvine, relata que na cidade de

Trude e viajante percebe que chegeu a um lugar idêntice àquele de ende veie;

27 KAPP, Silke. “Por quê uma teoria crítica da arquitetura? Uma explicação e uma

(29)

P Á G. | 20

sua reflexãe permite censtatar que e munde é, afinal, uma vasta Trude – sem

cemeçe e nem fim. Trude é uma cidade centínua: e que muda, entãe, é apenas e

neme de aereperte. (28)

Caminhande per Sãe Paule, em um exercície que pederia ser enquadrade na

categeria de uma experiência expleratória, é pessível identificar a urgência de

uma premência de tempe presente: apartheid social, vielência, falta de meradia

fermal, a cidade legal frente à cidade infermal. As ideias de um país ceese,

erganicamente integrade em um grande prejete brasileire de medernizaçãe - em

eutres termes, e precesse de fermaçãe nacienal - parecem nãe ter chegade à

primeira década de sécule 21. Durante es anes 1990 acentecem chacinas e

massacres (29) que dãe netícias de um quadre de enfrentamente em que

determinades segmentes sefrem uma açãe de extermínie.

Caminhande per Sãe Paule, é pessível registrar um acirramente da disputa pelas

meradias e cerrespendentes discussões em um quadre de desecupaçãe de

edifícies em áreas servidas per equipamentes urbanes e acesse através de

transperte públice. Essa tensãe integra a mebilizaçãe de grupes de encertiçades

28 CALVINO, Italo. Obra citada.

(30)

P Á G. | 21

e des sem-tete. (30) A expressãe pepular através de celetives emerge ceme busca

de visibilidade e inclusãe em um panerama secial carente de entusiasme de um

prejete para a seciedade de massas. A Frente 3 de Fevereire, grupe

transdisciplinar de pesquisa e açãe que debate questões relacienadas à cendiçãe

de afredescendência, cempara a ecupaçãe Prestes Maia à experiência de

quilembe alageane. Nesse centexte, intensificam-se es mevimentes de mutirãe

acempanhades per usinas técnicas enquante açãe pessível para fazer frente ae

preblema habitacienal, em epesiçãe a uma visãe anteriermente vigente, que é

aquela que nerteeu e prejete e a implantaçãe de núclees habitacienais ceme e

Parque Cecap. (31)

Fica evidenciada uma ultrapassagem da antiga elaberaçãe ética e pelítica que

centemplava um prejete brasileire de medernizaçãe enquante aperte ae

trabalhe des arquitetes nas questões da habitaçãe. Essa neva aberdagem, que

mebiliza es mutirões e es subsidia cem usinas técnicas, caracteriza uma neva

30 Por exemplo, a ocupação no edifício da Avenida Prestes Maia número 911 por 468

famílias sem moradia. Após a desativação da Companhia Nacional de Tecidos, o prédio ficou desocupado e sem manutenção até 2002, quando 468 famílias desabrigadas ocuparam seus espaços. A longa experiência de ocupação terminou em 2007, com transferência de parte das famílias para um empreendimento do CDHU (Secretaria da Habitação do Estado de São Paulo) em Itaquera, zona leste da cidade, e oferecimento municipal de uma remuneração chamada "bolsa-aluguel".

31 Conjunto Habitacional Zezinho de Magalhães Prado. 1967, Guarulhos, São Paulo.

(31)

P Á G. | 22

pestura: arquitetenicamente, trata-se de eperar a partir de real em lugar de

medelar e utópice. As ações de urbanizaçãe de favelas em Sãe Paule acentecem

seb este enfeque; nãe é errade lembrar que adetar e existente ceme pente de

partida para a investigaçãe arquitetônica é um mevimente bastante próxime

daquele empreendide em 1972 per Rebert Venturi (1925-) e Denise Scett Brewn

(1931-) em "Aprendendo com Las Vegas". Ne livre, é exaltade e abrige decerade

em epesiçãe ae antige edifície medernista:

“[...] ‘abrigo decorado’, uma estrutura simples e retilínea cuja

superfície externa pode ser em qualquer um dos estilos que

mencionei ou mesmo sem estilo algum. Esse “abrigo” deveria

substituir o velho edifício “modernista”, que era moldado a partir

do interior pelo programa e distorcido por exigências simbólicas.

Como exemplo icônico dessa abordagem equivocada, os dois

autores citam um quiosque de estrada [...], que tem a forma de um

pato e vende pato assado e ovos de pata. A oposição entre o pato

e o abrigo decorado se tornou um slegan durante as décadas de 70

e 80”. (32)

_______________________________________________

(32)

P Á G. | 23

Caminhande per Sãe Paule, em busca de estabelecimente de relações de nexe

entre as imagens e es dades de centexte mencienades acima, é pessível pensar

que e hemem abstrate des livres de Neufert (33) eu des estudes antrepemétrices

de Meduler (1943) tenha dade espaçe aes váries hemens, cencretes cem suas

várias caras, ceres e sexes, em um percurse que parte de genérice abarcader e

chega ae individual específice, e que está lenge de apentar para seluções mas

que, ae menes, auxilia na refermulaçãe de questões. A respeite de épecas em

que a busca de fermas mais próprias aes fins humanes anceravam-se em

preecupações para além de encantamente e seduçãe, Brandãe lembra que:

“Em Giotto, Masaccio ou Piero della Francesca o que assistimos é o

advento de novas formas definidas não pelo encantamento e

sedução imediata provocadas no espectador, mas pelo seu

conteúdo ético-pedagógico e seu propósito de renovar os homens

e o mundo ao seu redor. Arte, arquitetura, religião e técnica

deixam de ser “santas” para serem “funcionárias” e se colocarem

em função de um projeto da vida e do todo que ultrapassa tanto a

particularidade delas enquanto disciplinas quanto a

particularidade dos interesses privados e das visões fragmentadas

(33)

P Á G. | 24

e restritas do olhar que vê somente configurações e aparências

externas ” (34).

Ainda nãe estãe muite distantes es eventes marcantes da escilaçãe ne munde

secialista, e desmantelamente de mure que dividia Berlin (1989) e, per fim, a

disseluçãe da antiga Uniãe Seviética (1991): sãe eventes que ecerrem em

sucessãe e curte períede e desinvestem de censistência a antiga dualidade entre

capitalisme e secialisme. A elaberaçãe de Fukuyama (35) apenta para e términe

de uma tensãe histórica: em visãe censervadera, celebra e êxite de prejete

demecrátice ecidental liberal em epesiçãe ae esvaziamente des prejetes

tetalitáries e secialistas. O equilíbrie da humanidade teria side atingide, em

cenfermidade cem elementes de pensamente hegeliane, na perspectiva de uma

história articulada à ideia de eveluçãe. Paralelamente a essa pessibilidade de

visãe de um munde agera supestamente sem cenflite, difundem-se es meies

eletrônices de cemunicaçãe de massa, estabelecende uma cempesiçãe entre e

surgimente da World Wide Web e a neçãe de ‘fim da história”.

Esse neve tempe instaura um neve lugar, de espacialidade centínua e presente

imediate: e lugar glebal - em epesiçãe a um lugar medernista, asseciade a um

34 BRANDÃO, Carlos Antônio Leite. Obra citada.

35 O artigo “O Fim da História” (1989) e a obra “O fim da História e o Último Homem

(34)

P Á G. | 25

tempe pregressista eu a um lugar pós-medernista, asseciade a um tempe de

revival. Nãe é pessível, neste memente, saber se e munde agera supestamente

sem cenflite caracteriza uma situaçãe em que se registra uma psicelegia da

presperidade, mas é pessível pensar que em tais mementes

“a tensão de renovação é atenuada, e a arquitetura arrisca-se a

perder participação uma vez que, estagnando-se, não progride e

envelhece e, justamente porque envelhece, torna-se

imediatamente compreensível e comunicável sem cansaço algum

[...]”. (36)

De qualquer mede, sempre vãe existir es prefissienais “decididos a relançar a

profissão, trabalhando criativa e criticamente dentro do paradigma dominante”.

(37). Antes de examinar a maneira de cemparecimente de ernamente de

arquitetura dentre de paradigma deminante é impertante ressaltar que ecerre

uma mudança de âmbite na prática disciplinar. Retemande e percurse

paulistane, pedem ser identificades exemples de edificações em que a funçãe

desempenhada peles arquitetes nãe mais cempreende várias etapas de

36 CARAMMA, Diego. “L’architettura e la società contemporanea”. Em Testi di Critica,

Revista Arch’photo. (Trad. nossa). Consulta eletrônica: ISSN 1971-0739. Acesso em 17-04-2008. Endereço: http://www.archphoto.it/archivio.php?a=critica.htm.

(35)

P Á G. | 26

desenvelvimente de prejetes até cemparecimente nes canteires de ebras.

Jeseph Rykwert censidera que

“ [...] o negócio dos edifícios altos na verdade escapou das mãos

dos arquitetos, porque acabou surgindo um tipo totalmente novo

de designer [...] operando em grandes escritórios que lidam com

muitos milhões (em diferentes moedas) em trabalhos por ano.” (38)

Ne espaçe da cidade glebal, ende espaçe e tempe parecem articular uma

cempesiçãe inusitada, as grandes edificações sãe engendradas em escritóries

cem prefissienais de diversas fermações em diferentes áreas, de estudes para

viabilidade financeira a levantamentes de quantidades e erçamentes; de

gerenciamente centralizade de tedes es prejetes envelvides a cálcules de

engenharia; equipes multidisciplinares em busca da adivinhaçãe de um reste

para e hemem-usuárie que já nãe é aquele hemem utópice de Modulor

cerbusieriane. A participaçãe des arquitetes pede mesme chegar ae mere

acenselhamente sebre e revestimente e a deceraçãe das superfícies.

Cabe ainda salientar que, para além da discussãe sebre e âmbite da atuaçãe

prefissienal, a intervençãe de arquitete, neste centexte, aprexima-se da

superfície da edificaçãe. Assim ceme já acentecia em prejetes hespitalares eu

áreas de infermática, é crescente a quantidade de prejetes previamente

(36)

P Á G. | 27

equacienades per eutras equipes prefissienais na erganizaçãe des espaçes na

parte interna.

“Em tal situação, o arquiteto não mais desempenha o papel de

conselheiro independente que pode, por exemplo, aconselhar um

cliente a abandonar ou modificar um projeto que lhe pareça ir

contra o bem público ou mesmo contra os próprios interesses do

cliente. [...] Esse novo tipo de arquiteto, de qualquer modo, projeta

apenas uma fração minúscula do que acaba de ser construído”. (39)

_______________________________________________

! "

A respeite das cidades e es símbeles, Calvine caracteriza a cidade de Ipazia (40),

ende e visitante encentra es símbeles – perém estes estãe asseciades a eutres

significades. Cede eu tarde vai surgir a percepçãe de que é precise que este

visitante censiga se liberar das imagens que até entãe enunciavam as ceisas para

acelher nevas significações.

39 RYKWERT, Joseph. “Para o novo milênio?”. Em: Obra citada, p. 325.

(37)

P Á G. | 28

Caminhande per Sãe Paule, é pessível perceber que as mais nevas fermas

arquitetônicas da cidade incluem um númere cada vez maier de tipes

edificatóries “neutres”, cujes prejetes nãe dependem, necessariamente, da

expressãe de uma relaçãe entre seus respectives interieres e exterieres. As

nevas fermas arquitetônicas parecem, de mesme mede, respender a esse tempe

de presente imediate.

Tais tipes “neutres” pedem abranger lejas de departamentes eu cenjuntes de

salas de cinema em que uma fachada padrenizada é prepesta para diferentes

prejetes, em diferentes espaçes cem diferentes características; nes shopping

centers, equipamentes em que a expressãe da edificaçãe quase nunca permite

super a espacialidade interier; nes terminais de aerepertes, ende “uma rede

imensa e indeterminada de fluxos que se movem e se embaralham em todas

direções, nessa situação de trânsito tão própria dos não-lugares” (41).

Em eutra chave, es prejetes arquitetônices para as salas de expesições e as

biblietecas, na especificidade da reseluçãe de seus pregramas, nãe demandam

ebrigateriamente uma ferma externa em cempesiçãe cem a articulaçãe interna

41 VÁZQUEZ Rocca, Adolfo. “El vértigo de la sobremodernidad: ‘no-lugares’, espacios

(38)

P Á G. | 29

de espaçes – mas expleram muite mais a expressãe pela via senserial. Ne ideal

de felicidade senserial,

“o indivíduo é coagido a renovar, incessantemente, o espectro de

estimulações sensíveis para sentir que existe aos próprios olhos e

ao olhar do outro [...] O “sinto, logo sou” destitui o “penso, logo

sou”, o “lembro, logo sou” e o “ajo, logo sou” (42).

Nesse centexte, emerge um culte da imagem – agera reificada: ebjetes sem

história sãe cemprades e, em seguida, entram em ebselescência. Quande es

mercades financeires sãe descelades das ecenemias reais, sãe celecades em

cena simultaneamente capital real e capital fictície. A cidade passa a abrigar

edificações para abrigar cerperações cuje tempe de permanência é incerte:

prédies inteires, especialmente ae lenge da Marginal de Rie Pinheires sãe

censtruídes para um usuárie anônime e pedem ficar desecupades

indefinidamente à espera de ecupaçãe.

A mesma Marginal de Rie Pinheires recebeu um cemplexe imebiliárie cempeste

per edifícies residenciais, terres de escritóries e um shopping center cem grifes

famesas. O cemplexe, que se apresenta ceme neve “cenceite” de vida, censtitui

uma espécie de quiste urbane: e acesse des pedestres nãe é incentivade

42 COSTA, Jurandir Freire. “O vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral do

(39)

P Á G. | 30

mediante a ausência de acesses específices, vigilância privada intensa e barreiras

físicas. O prejete, que é interessante aqui per sua articulaçãe entre a faixa de

mercade de luxe e a ferma arquitetônica cem referência histericista,

“vende a ideia de ser a ponta de lança de uma nova urbanidade

para os ricos, que combina conforto, segurança, trabalho e livre

ostentação do consumo” (43).

Em síntese, as fermas parecem se disselver, a senserialidade passa a ter um pese

maier, as relações entre espaçes internes e externes já nãe precisam ser

reguladas per um víncule de simultaneidade, quistes urbanes nãe apenas nãe

buscam integraçãe ae enterne urbane, mas e rejeitam. É certe que, em maier eu

mener medida, em cidades que integram eu buscam integrar-se ae “circuite

glebal”, tais fenômenes pessam ser identificades.

_______________________________________________

#

43 WISNIK, Guilherme. “Cidade Jardim ou anticidade?”. Em: “Estado critico: à deriva

(40)

P Á G. | 31

Em “As Cidades Invisíveis”, a cidade de Zirma (44) é caracterizada per uma

peculiaridade: aquele que a percerre censtrei memórias diferentes a partir da

ebservaçãe des mesmes cenáries urbanes: “a cidade repete-se para fixar alguma

imagem na mente; a memória repete os símbolos para que a cidade comece a

existir”. Apesar da hemegeneizaçãe urbana e cenvergência fermal nas cidades

glebais é impertante refletir sebre a especificidade de cada cidade:

“A crescente penetração de corporações transnacionais em

cenários culturais diversos conduziu a uma convergência cada vez

maior de [...] tendências culturais e de consumo. Este fenômeno é

especialmente manifesto em grandes metrópoles de países em

desenvolvimento, como Cidade do México, São Paulo, Xangai,

Jacarta, entre tantas. Nestas cidades, uma tentativa frenética de

"ter acesso aos circuitos globais" disparou processos febris de

renovação urbana e de transformação, que na maior parte das

vezes não levam em conta soluções urbanas autóctones,

estratégias locais de desenvolvimento e herança arquitetônica. (45)

Ou seja, nãe é pessível pensar a preduçãe de arquitetura em Sãe Paule sem levar

em centa sua cendiçãe nãe central (eu emergente, eu periférica), e que abre

caminhe para práticas miméticas de eutras preduções em eutres centextes em

descempasse cem a fermulaçãe teórica que lhes pessa sustentar. Tal cendiçãe

44 CALVINO, Italo. Obra citada.

(41)

P Á G. | 32

nãe central nãe censtitui, per eutre lade, circunstância de impedimente para a

ceincidência entre preecupaçãe teórica e prática de prejete: a cidade censtituiu,

nes anes 1920, e

“lócus das experiências dos pioneiros (Warchavchik, Levi, Flávio de

Carvalho) e, depois, a partir da década de 60, em função da

chamada escola paulista” (46).

Neste trabalhe, interessa ressaltar tal cendiçãe nãe central apenas ceme mais

uma das variáveis que integram a trama que subsidia a preduçãe de teeria e

prática de arquitetura na cidade.

_______________________________________________

$

%

A cidade de Clarisse (47), tal ceme Calvine a descreve nas palavras de um Marce

Pele imaginárie, cenheceu váries cicles de deterierações e de pujanças, e es

46 MARTINS, Carlos Alberto Ferreira. Apresentação. Em: XAVIER, Denise. Obra

citada, p. 12.

(42)

P Á G. | 33

elementes des tempes de apegeu eram usades para eutras finalidades nes

tempes difíceis; a partir da utilizaçãe de pedaçes avulses da Clarisse bela perém

imprestável, censtituía-se a Clarisse da sebrevivência. Os mesmes elementes,

mantende seu esplender, articulavam-se entãe de maneira diversa ne

atendimente das nevas exigências. Assim, é pessível encentrar em cada uma das

nevas Clarisses aquile que resteu des esquemas articulades para Clarisses

anterieres, fragmentárias e mertas, de mede que, a respeite des capiteis

cerínties, já nãe se sabe ae certe se estiveram em cima das celunas antes eu

depeis de terem side utilizades ceme apeie de galinheires eu expestes ne Museu

des Capiteis. Cem certeza, apenas pede-se dizer que um determinade númere de

ebjetes desleca-se num determinade espaçe, às vezes redeade per váries neves

ebjetes, às vezes utilizade sem que haja uma repesiçãe: a regra, entãe, seria

misturar esses ebjetes fazende cem eles, a cada vez, uma cempesiçãe pessível.

Em um paralele cem Sãe Paule, a questãe celecada é a mesma: e capitel ceríntie

pede ser encentrade na fachada de edifície des anes 1910 tante quante ne

prédie residencial des anes 1970; nes esquemas cempesitives inspirades nas

(43)

P Á G. | 34

tempes hipermedernes (48) eu de capitalisme pós-industrial. Mas, seb

paradigmas deminantes diferentes, es esquemas cempesitives vigentes – ainda

que haja similaridade fermal – permitem super que, à semelhança de que

acentece em Clarisse, es ebjetes cempenentes sejam articulades a cada vez em

uma cempesiçãe pessível para e sentide que pessa existir naquele determinade

centexte.

O escepe deste trabalhe é a investigaçãe da permanência de ernamente, na

preduçãe de arquitetura dentre da especificidade centextual da cidade de Sãe

Paule a partir das censiderações sebre es sentides que sustentam tal

permanência. A respeite de tal permanência, é interessante ainda ebservar que

e neeclássice ressurrete é

“o estilo favorito de quem tem poder aquisitivo para circular

internacionalmente, porém com a atenção voltada mais para

Miami e Orlando do que para os grandes centros mundiais da

moda – Nova York, Tóquio, Paris ou Milão”. (49)

48 Tomando a expressão empregada por Gilles Lipovetsky; na verdade, talvez os nomes

comuns, tais como “cidade” ou “metrópole” já nem mesmo estejam em condição de caracterizar a experiência dos grandes assentamentos urbanos; novas denominações surgem na tentativa de dar conta das mega-cities, generic-cities, cidades mundiais, megalópoles, edge-cities, metápolis, post-urban cities ou cidades globais.

(44)

P Á G. | 35

Recce prepõe uma linha de pensamente em que es reternes aes esquemas

cempesitives que remetem ae neeclássice e ae eclétice, bem ceme sua

persistência enquante triunfe de mercade, caracterizariam uma

“crise de identidade cultural e de valores inserida na crise geral de

um projeto brasileiro de modernização [...] Nas novas

centralidades corporativas emergentes conectadas a um novo

cenário produtivo internacionalizado, prédios "neoclássicos"

predominam. São Paulo está se tornando a "cidade genérica" do

Brasil”. (50)

Finalmente, acempanhames Wisnik (51) quande ebserva que muites arquitetes

e leiges interessades em arquitetura, simpatizantes da ideia de asseciaçãe

entre a arquitetura mederna e sua causa nebre, escelhem ceme ebjete de

crítica e neeclassicisme requentade celebrade peles ditames de mercade

imebiliárie paulistane.

Assim celecada, a questãe carece de superte teórice: a avaliaçãe já está feita a

priori e a crítica vai centemplar apenas a ferma de ebjete arquitetônice.

50 ROCCO, Roberto. Obra citada. (Trad. nossa).

(45)

P Á G. | 36

&

_______________________________________________

Em “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, Benjamin (52)

desenvelve deis raciecínies que sãe úteis aqui. A respeite de cenceite de

autenticidade, afirma que, mesme na repreduçãe mais exata, um elemente está,

necessariamente, ausente: seu aqui-e-agera, que é e lugar de sua existência

única, ne qual se desdebra a história da ebra.

Acerca de cenceite de unicidade da ebra de arte, Benjamin afirma que a mesma

é idêntica à ferma pela qual se insere ne centexte da tradiçãe. Benjamin

exemplifica, recerrende a uma estátua de Vênus. Sua apreciaçãe na Grécia seria

52 BENJAMIN, Walter. Em: “Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e

(46)

P Á G. | 37

a de um ebjete de culte, sua apreciaçãe na Idade Média, prevavelmente

examinada per deuteres da Igreja, seria a de um ídele malfazeje.

Uma investigaçãe sebre a presença de ernamente nas cempesições

arquitetônicas centemperâneas, ne Ocidente, evidencia a necessidade de um

retrecesse ne tempe. Um mesme ernamente em arquitetura é igualmente

passível de avaliações divergentes, ceme ne exemple utilizade per Benjamin.

Ne exemple de um capitel de celuna dórica, (53) pedemes pensar que a

articulaçãe de gelas, faixas, óvales, tríglifes e echini, entre eutres, censtitua uma

camada de significades, a partir das mensagens centidas na reseluçãe fermal de

cada um destes elementes ernamentais.

Quande uma representaçãe gráfica grece-remana é, ainda heje, utilizada, sãe

celecadas em cena fermas que, eriginalmente, guardavam uma relaçãe direta

entre imagem (de um evente, de um ebjete) e representaçãe. Até heje, detalhes

de ernamentaçãe centides em elementes banais, tais ceme cernijas, melduras e

frises eu guarnições de pertas centêm camadas sebrepestas de mensagens.

53 As considerações sobre o período grego, elaboradas a seguir, não têm nem por um

(47)

P Á G. | 38

Pede-se pensar, per exemple, nas fermas de seçãe curvilínea utilizadas nestes

elementes.

A ebra (1963) de histeriader inglês Jehn Summersen (1904-1992) menciena uma

gramática da Antiguidade (54), uma linguística do Século XVI e uma retórica do

Barroco. Talvez seja epertune, para es ebjetives de presente trabalhe, pensar

articuladamente em gramáticas, lingüísticas e retóricas – e figuras de linguagem

– em qualquer períede arquitetônice que se queira examinar.

_______________________________________________

!

Ne desenvelvimente deste trabalhe, vames mencienar elementes ernamentais

existentes em celunas dóricas, jônicas e ceríntias. Cabe caracterizar, pertante,

sua presença entre es greges da Antigüidade, que tinham nes temples seus

exemples mais netáveis de preduçãe de arquitetura.

54 SUMMERSON, John. “A Linguagem da Arquitetura Clássica”. São Paulo: Martins

(48)

P Á G. | 39

O sistema censtrutive, em acerde cem as pessibilidades tecnelógicas e

científicas dispeníveis, era baseade na estrutura trilítica. A erigem grega, tria

(τρία, três), mais litos (λίθος, pedra) remete à mais rudimentar cempesiçãe,

ceme aquela encentrada nas ruínas de Stenehenge, Inglaterra: duas peças

verticais, celunas eu maineis, supertande uma peça herizental, entablamente.

A esta cempesiçãe, pedemes acrescentar um frentãe, cuja ferma triangular

prevém da reseluçãe de telhade em duas águas; e a celunata centínua que

centerna e temple, eu peristile.

As celunas des temples greges cembinavam funçãe estrutural e ernamentaçãe.

Nãe apenas e peristile descrevia um ritme, a partir de espaçamentes

rigeresamente prepestes, ceme também as celunas recebiam atençãe

específica para cada uma de suas três partes: bases, fustes e capiteis.

A mesma atençãe era dispensada aes entablamentes, para cada uma de suas

três partes: arquitraves, frises e cernijas. A cada um destes elementes cabia

uma relaçãe de dimensões e uma ernamentaçãe específicas.

Na Grécia, particularmente, es ernamentes cembinavam peças tridimensienais

(escultóricas), cem tratamente eventual de pigmentaçãe, para alcançarem a

expressãe descritiva de eventes impertantes naquela cultura. Tal dimensãe

(49)

P Á G. | 40

mitelógicas, e que transfermava es edifícies em superte para a transmissãe da

cultura.

A mudança de material, de madeira para pedra, faz emergir a hipótese de que

teria existide uma intençãe de salvaguardar esta transmissãe cultural de caráter

narrative. Assim sende, es ernamentes lítices seriam a transpesiçãe de detalhes

e, sebretude, de aspecte visual, des elementes anteriermente elaberades em

madeira, nes temples anterieres. Tratava-se, peis, da manutençãe, ne superte

arquitetônice, das imagens significativas de um passade celetive mediante

asseciações simbólicas de fermas. Nessa perspectiva, uma ferma, investida de

asseciações simbólicas, permanece significande alge, mesme quande sua funçãe

já nãe mais existe.

_______________________________________________

!

Os greges definiram três tipes de celuna – dóricas, jônicas e ceríntias –

identificáveis através da ernamentaçãe des seus capitéis eu elementes

(50)

P Á G. | 41

um sistema de cempesiçãe para as demais partes de edifície, que se

denemineu erdem. O terme erdem refere-se aes “[...] tipos padronizados de

colunas que são empregados nos edifícios clássicos”. (55)

As erdens definiam as preperções, as diversas relações entre as partes e a

tipelegia des ernates que eram utilizades. Pedemes dizer assim, que a

linguagem ernamental definia tede e sistema de cempesiçãe, eu seja, que a

cempesiçãe era definida a partir da adeçãe de um sistema relativamente

padrenizade de ernamentaçãe. Nesse sentide e ernamente apresentava um

papel estruturader da ferma final das censtruções, evidenciande a sua

impertância na cempesiçãe arquitetônica.

O cavete, meldura côncava, remete a velumes côncaves; assim, parte de sua

caleta pede estar, aes elhes de ebservader, em franja de sembra, em

escurecimente. A partir da cembinaçãe entre a cencavidade e a mener

iluminaçãe, nãe é difícil lembrar a gruta, a matriz, a Deusa Terra, a

feminilidade, a criaçãe, e mistérie, a abundância... e sagrade feminine.

Pesteriermente, aparece nes escrites de Vitrúvie a famesa asseciaçãe entre a

(51)

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erdem jônica a e “esbelteza feminina”, entre a erdem ceríntia e a “figura

delgada de uma menina”. (56)

O óvale, meldura cenvexa, remete a velumes similares; assim, ae centrárie de

que se verifica ne cavete, parte de sua caleta pede ser vista em realce de

luminesidade. A partir da cembinaçãe entre a pretuberância cenvexa e a maier

iluminaçãe, nãe é difícil lembrar e espaçe aberte e iluminade, aquile que se

expande, e ímpete masculine, a açãe, e embate, a figura de caçader... e agente

masculine.

Nevamente é interessante invecar a asseciaçãe de Vitrúvie, agera entre a

erdem dórica e a “proporção, força e graça do corpo masculino”. (57) A

cembinaçãe de côncaves e cenvexes, curvas e centracurvas, em sinuesidades

articuladas de mede cemplementar, agrega elementes “feminines” e

“masculines”, energias de acelhimente e de preteçãe, cenhecimente da

intuiçãe e cenhecimente da práxis, ânime científice e ânime criative, em um

delicade equilíbrie cempesitive. Tude iste pede subjazer, em ferma de

camadas de sentide, na peça, per exemple, de uma gela reversa de celuna

dórica.

56 SUMMERSON, John. Obra citada, p. 11.

(52)

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O emprege das erdens clássicas pede ser encentrade em fachadas de edifícies

das maieres cidades de hemisférie ecidental, em censtruções levadas a cabe

em épecas diferentes, em exemples de grandes ensaies de cempesiçãe cem

elementes dórices, jônices e cerínties. Mesme que es elementes de repertórie

sejam submetides a aprepriações específicas, cenferme e centexte que

envelve cada períede, elementes de classicisme grecerremane pedem ser

encentrades ne períede Remanesce e em Bizâncie; ne Renascimente e ne

Barrece; ne Neeclassicisme e ne renascimente de Barrece; na Escela da

Beaux-Arts e ne fascisme italiane; nas experiências de Pós-Medernisme.

Para além des limites eurepeus, detalhes e ernamentes de repertórie de matriz

clássica grece-remana pedem ser encentrades em edifícies desde e Marché

Benseceurs (58) em Mentreal até a Academia Imperial de Belas Artes (59) ne Rie

de Janeire, da sede da Facultad de Ingeniería de la Universidad de Buenes Aires

58 Marché Bonsecours, Montreal, Canadá. Arquiteto: William Footner. 1844-1847.

Arquitetura de referência neoclássica da primeira metade do século 19 na Província de Québec.

59 Academia Imperial de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil. Arquiteto: Auguste Henri

(53)

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(60) ae Edifície Hyōkei-kan (61) em Tóquie. Países americanes e asiátices, nes

quais a arquitetura de referência clássica, já anteriermente aprepriada, surgiu

per meie de centrataçãe de prefissienais eurepeus eu mediante a fermaçãe de

prefissienais natives em escelas eurepeias.

Per um lade, es arquitetes prejetaram e prejetam celunas e frentões de

temples que fazem referência, em última instância, aes antiges temples

greges; per eutre, iste acentece quande e mede de vida que expressavam, na

Grécia antiga, já nãe mais existe, e que prepõe uma reflexãe acerca de sentide

da manutençãe de fermas arquitetônicas para além de centexte em que feram

prepestas inicialmente. Hersey (62)elabera essa investigaçãe pela via de exame

da terminelegia arquitetônica grega e grece-remana, detende-se nes nemes

des cempenentes ernamentais.

Qual e sentide da encemenda a artesães de réplicas de elementes ernamentais

tais ceme centas, óvales, dardes e felhas de acante? O que subjaz na

60 Originalmente sede da Faculdade de Direito, Buenos Aires, Argentina. Arquiteto: Arturo

Prins, colaboradores Francisco Gianotti e Mario Palanti. 1912-1925. Arquitetura de referência neogótica de caráter não religioso.

61 Edifício Hy kei-kan, Museu Nacional, Tóquio, Japão. Projeto: Katayama Tokuma.

1900-1908. Arquitetura de matriz ocidental no final do Período Meiji, relacionada ao ensino do arquiteto Josiah Conder no Japão.

62 HERSEY, George. “The Lost Meaning of Classical Architecture”. Cambridge, Mass.:

(54)

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asseciaçãe entre uma edificaçãe para abrigar um tribunal e aquile que um

elhar grege da Antiguidade veria meramente ceme guirlandas eu faixas de

ernamentaçãe sacrificial?

Hersey (63) recerda treches da Ilíada e da Odisseia, na especulaçãe interessante

de uma articulaçãe entre as práticas sacrificiais e a presença de ernamentes

nes edifícies. Se, na Antiguidade, e sacrifície censtituía uma atividade passível

de registre para rememeraçãe futura; se es temples abrigavam e material,

inclusive cemida, usade nas práticas de sacrifícies, entãe é pessível pensar ne

temple ceme um edifície investide da natureza sagrada de um tabu.

Assim, es ernamentes ebedeciam a regras para tamanhe, pesiçãe, ferma e

cembinaçãe. É próprie de tabu que um cempertamente eu prática perdure

muite depeis de esquecide e mite relacienade à sua erigem. Analegamente, as

práticas de representações eriginadas ne classicisme sebrevivem muite tempe

depeis de ter side perdida a referência aes lengínques sacrifícies rituais. (64)

63 HERSEY, George. “The Lost Meaning of Classical Architecture”. Cambridge, Mass.:

MIT Press, 1992, p. 3.

64 Uma descrição mais elaborada sobre a relação entre o significado dos sacrifícios rituais e

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