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Níveis pressóricos elevados em mulheres com síndrome dos ovários policísticos: prevalência e fatores de risco associados

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

NÍVEIS PRESSÓRICOS ELEVADOS EM MULHERES COM SÍNDROME

DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS: PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO

ASSOCIADOS

MARIA FÁTIMA DE AZEVEDO

Natal / RN

(2)

     ‐ ii ‐     UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

NÍVEIS PRESSÓRICOS ELEVADOS EM MULHERES COM SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS: PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS

DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE, COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE

MARIA FÁTIMA DE AZEVEDO

Orientador: Prof. Dr. George Dantas de Azevedo

Natal / RN

(3)

CATALOGAÇÃO NA FONTE

A994n

Azevedo, Maria Fátima.

Níveis pressóricos elevados em mulheres com síndrome dos ovários policísticos: prevalência e fatores de risco associados / Maria Fátima de Azevedo. – Natal, 2010.

51 f.

Orientador: Profº. Drº. George Dantas de Azevedo. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

1. Síndrome dos ovários policísticos – Dissertação. 2.

Hipertensão arterial – Dissertação. 3. Fatores de risco. 4. Doenças cardiovasculares – Dissertação. I. Azevedo, George Dantas de. II. Título.

(4)

    ‐  iii ‐     UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Coordenadora: Profa. Dra. Técia de Oliveira Maranhão

Natal / RN

2010

(5)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

NÍVEIS PRESSÓRICOS ELEVADOS EM MULHERES COM SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS: PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS

Presidente da Banca: Prof. Dr. George Dantas de Azevedo

Banca Examinadora:

Rosana Maria dos Reis (FMRP-USP) – Membro titular externo

Maria Bernardete Cordeiro de Sousa (UFRN) – Membro titular interno Paulo Cesar Brandão Veiga Jardim (UFG) – Membro suplente externo Maria José Pereira Vilar (UFRN) – Membro suplente interno

Natal / RN

(6)

     ‐ v ‐    

“V e nc e r nã o é c om pe t ir c om o out ro.

É de rrot a r os se us inim igos int e riore s.

É a própria re a liza ç ã o do se r. “

(7)

‐ vi ‐ 

Dedicatória

A minha mãe Sinezina “in memorian”, guerreira valorosa de uma personalidade transformadora, minha referência maior de amor, moral, ética e dignidade. Ao meu filho Edgar, dono de um refinado senso de humor, tem com sua

leveza iluminado meus dias e fortalecido a mais libertadora forma de amor. Ao meu pai Etelvino e meus irmãos Benivaldo, Daguia e Iracy, que são o meu

porto seguro, meu aconchego e a minha fonte de renovação.

(8)

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me feito mulher, nordestina, médica, cardiologista, me

agraciado com uma família maravilhosa e permitido uma vivência pessoal e

profissional riquíssima.

Ao meu orientador Prof. George Dantas de Azevedo, que com sua sabedoria e

serenidade, me acolheu, apontou os caminhos, me conduziu com paciência e

tolerância.

Às Doutoras Elvira Maria M. Soares, Tecia Maria de O. Maranhão pelo

recrutamento das pacientes no ambulatório de Ginecologia Endócrina da Maternidade

Escola Januário Cicco.

À Doutora Telma Maria de A. M. Lemos pela realização dos exames

bioquímicos no laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de

Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Á Doutora Rosiane Viana Zuza Diniz pela presteza e disponibilidade no

atendimento aos meus apelos, sempre de maneira carinhosa me motivou e auxiliou

nas horas de desânimo.

Aos colaboradores Arthur Ivan Nobre Oliveira, Isabelle Braz de Oliveira Silva,

Joice Cristina Dantas Brandão Marinho, Julieta Alice Moreno Rodrigues pelo esforço

na coleta dos dados.

Aos integrantes da nossa base de pesquisa especialmente Eduardo Caldas Costa

pela organização do banco de dados, apoio estatístico e formatação do artigo,

sempre de forma tranqüilizadora. À minha amiga Joceline Cássia Ferezini de Sá pelo

(9)

Ao Programa de Pós-Graduação do Centro de Ciências da Saúde da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte representado pela Profa. Drª. Tecia

Maria de Oliveira Maranhão pela oportunidade concedida para minha formação.

À Fundação de Apoio à pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (FAPERN) e

ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo

apoio financeiro ao projeto.

Meus sinceros agradecimentos às mulheres que participaram desse estudo e a

(10)

    ‐ix‐   LISTA DE ABREVIATURAS

 ACTH = Hormônio adrenocorticotrófico

 CC = Circunferência da cintura

 CYP17 = Gene Citocromo P17

 cm = centímetros

 cm² = centímetros quadrado

 DCV = Doença cardiovascular

 FC = Freqüência cardíaca

 FR = Fatores de risco

 FSH = Hormônio folículo estimulante

 GH = Hormônio de crescimento

 HAS = Hipertensão arterial sistêmica

 IGFBP-1 = Insulin-Like Growth Factor Binding Protein-1

 IGF- I = Insulin-Like Growth Factor - 1

 IMC = Índice de massa corporal

 IL-6 = Interleucina 6

 Kg = Kilograma

 Kg/m² = Kilograma por metro quadrado

 LH = Hormônio luteinizante

 mg/dl = Miligramas por decilitros

 mg/L = Miligramas por litro

(11)

 mmHg = Milímetros de mercúrio

 n = Número

 PA = Pressão arterial

 PAS = Pressão arterial sistólica

 PAD = Pressão arterial diastólica

 PCR = Proteína C reativa

 RI = Resistência insulínica

 SHBG = Globulina ligadora dos hormônios sexuais

 SM = Síndrome metabólica

 SOP = Síndrome dos ovários policísticos

 TNF-α = Fator de necrose tumoral alfa

(12)

    ‐xi‐   RESUMO

Objetivo: investigar a prevalência de níveis pressóricos elevados e avaliar a correlação entre níveis de pressão arterial (PA) e outros fatores de risco

cardiovascular em pacientes com síndrome dos ovários policísticos (SOP).

Métodos: por meio de estudo transversal foram comparados os níveis de PA e parâmetros antropométricos e bioquímicos de risco cardiovascular em 113 mulheres

com SOP (idade 26,2±4,3 anos) e num grupo controle constituído por 242 mulheres

saudáveis da população geral (26,8±5,0 anos).

Resultados: o grupo SOP apresentou prevalência de PA alterada (≥130/85 mmHg) significativamente superior ao grupo controle (18,6% vs. 9,9%, respectivamente;

p<0,05). Mulheres com SOP apresentaram valores médios superiores de PA sistólica,

índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), triglicerídeos e

glicemia de jejum, além de níveis inferiores de HDL - colesterol, em comparação ao

grupo controle (p<0,01). No grupo SOP, os valores de PA sistólica e diastólica

apresentaram correlação positiva significativa com a idade, IMC, CC e triglicerídeos

(p<0,05).

Conclusão: A freqüência de mulheres com valores de PA acima do limite da normalidade foi significativamente maior no grupo SOP, em relação ao grupo

controle. Adicionalmente, os valores de PA se correlacionaram positivamente com

outros fatores de risco cardiovascular como obesidade e níveis de triglicerídeos.

Esses achados alertam para a relevância de estratégias preventivas em mulheres

com SOP, no sentido de evitar eventos mórbidos relacionados ao sistema

cardiovascular.

(13)

1. INTRODUÇÃO

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das endocrinopatias mais

comuns, afetando cerca de 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva (1-4).

Estima-se que no mundo 105 milhões de mulheres entre 15 e 49 anos de idade

apresentem SOP, a qual é responsável por 72 a 82% das causas de

hiperandrogenismo (5-7)

De acordo com o consenso de Rotterdam (3), a SOP pode ser diagnosticada

após exclusão de outras causas de irregularidade menstrual e hiperandrogenismo

(hiperprolactenemia, formas não clássicas das hiperplasias adrenais congênitas,

síndrome de Cushing, neoplasias secretoras de andrógenos e hipotireodismo), pela

presença de, pelo menos, dois dos seguintes critérios: oligo ou amenorréia/

anovulação crônica, hiperandrogenismo laboratorial e/ ou manifestações clínicas do

excesso androgênico e morfologia policística dos ovários, com a presença de 12 ou

mais folículos, medindo 2 a 9 mm de diâmetro e ou volume ovariano acima de 10 cm³

à ultrassonografia (3, 4,8).

Vários estudos realizados em pacientes com SOP, especialmente no âmbito

das alterações cardiovasculares e metabólicas, já evidenciaram associação

importante com dislipidemia, resistência insulínica (RI), diabetes tipo 2 e obesidade.

Tais fatores, juntamente com alteração nos níveis pressóricos, compõem a chamada

Síndrome Metabólica (SM), uma entidade clínica intimamente relacionada à SOP e

fortemente associada ao aumento do risco cardiovascular (9-14).

A carga de doença cardiovascular e de mortalidade atribuída à elevação da

pressão arterial, estimada pelo estudo Global Burden of Disease 2000 revelou que

7,6 milhões de mortes em todo o mundo foi decorrente de uma pressão sistólica

(14)

  ‐ 14 ‐    2001. Aproximadamente 80% delas ocorreram em países de baixo e médio

desenvolvimento e em faixas etárias compreendidas entre 45 e 60 anos de idade,

acarretando enormes prejuízos financeiros aos sistemas de saúde em todo o mundo.

Outro importante aspecto a ser considerado é que essas taxas de mortalidade

estiveram relacionadas a valores de pressão arterial considerados normais (115

mmHg), portanto abaixo dos limites de 140 x 90 mmHg recomendados atualmente

para intervenção (15,16).

Estudos apontam que mulheres com SOP apresentam redução da

complacência vascular, disfunção endotelial e maior nível de pressão arterial média,

quando comparadas a mulheres sem SOP, o que aumenta o risco de doença

cardiovascular aterosclerótica nessas pacientes. Wild et al.(12), analisando resultados

do seguimento de uma coorte de mulheres por cerca de 30 anos, demonstraram que

mulheres com antecedente de SOP apresentaram elevação de risco para

desenvolvimento de hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e hipercolesterolemia, em

comparação com mulheres com história prévia de SOP.

Embora a alteração dos níveis pressóricos já esteja englobada no contexto da

SM e possa ser relacionada com os distúrbios metabólicos comumente encontrados

nessa população, há uma carência de estudos no que diz respeito à prevalência de

níveis pressóricos alterados em mulheres brasileiras com SOP e os fatores de risco

cardiovasculares associados a essa condição. Nesse sentido, buscamos desenvolver

um estudo com o objetivo de analisar a prevalência de níveis pressóricos alterados

em mulheres jovens com SOP e verificar sua relação com outros fatores de risco para

doenças cardiovasculares, em comparação a um grupo controle de mulheres jovens

ovulatórias saudáveis.

(15)

1.1 Objetivos

 Investigar a prevalência de níveis pressóricos elevados em pacientes com

SOP, em comparação a um grupo controle de mulheres saudáveis da

população geral, e

 Avaliar possíveis correlações entre os níveis de pressão arterial e outros

fatores de risco cardiovascular, em mulheres com SOP.

(16)

  ‐ 16 ‐    2REVISÃO DA LITERATURA

2.1 SOP e Resistência Insulínica

Pelo menos 50% das mulheres com SOP são obesas e a maioria apresenta

algum grau de resistência periférica à ação da insulina (independente da obesidade)

e hiperinsulinemia (4,13). Vários dados confirmam a hipótese de que a resistência à

insulina (RI) e a hiperinsulinemia exerçam um papel patogênico na SOP. No sistema

nervoso central, a insulina parece estar envolvida na secreção anormal do LH e, em

nível periférico, promove a secreção ovariana de andrógenos, através do aumento da

expressão do gene CYP17 e da atividade do citocromo P450c17, tendo ação

sinérgica com o LH, tanto diretamente como através do estímulo da secreção do fator

de crescimento semelhante à insulina -1 (IGF-1). Adicionalmente, a insulina diminui a

síntese hepática de IGFBP-1 e da globulina ligadora dos hormônios sexuais (SHBG),

contribuindo para o aumento dos níveis de andrógenos livres (4,10).

Além dos mecanismos acima referidos, a dislipidemia associada com altos

níveis de triglicerídeos e baixos níveis de colesterol - HDL na síndrome metabólica é

atribuída ao efeito da insulina sobre o éster de colesterol, proteína que promove a

transferência de colesterol HDL para as VLDL e catabolismo resultante da

apolipoproteina A (17,18).

Nesse sentido, a RI emerge como fator agregador de um espectro de

(17)

2.2 SOP e Síndrome Metabólica

A síndrome metabólica (SM) e a SOP parecem estar relacionadas, embora

constituam duas diferentes entidades, de forma que mulheres com SOP são

comumente afetadas pela SM, enquanto mulheres com SM podem apresentar as

características reprodutivas e hormonais típicas da SOP. Esses achados clínicos

podem ser atribuídos apenas parcialmente à presença da obesidade em ambas as

síndromes. Adicionalmente, mulheres adultas com SM estão mais propensas ao

desenvolvimento de doenças cardiovasculares, da mesma forma que mulheres com

SOP também convivem com esse risco durante a pós-menopausa (11).

A definição da SM proposta pela National Cholesterol Education Program

Adult Treatment Panel III (NCEP ATPIII) (19) é a mais comumente usada para fins

clínicos e de pesquisa, considera a circunferência da cintura ≥ 102 cm para homens e

≥ 88 cm para mulheres, níveis de triglicerídeos ≥ 150 mg/dl, o HDL-colesterol < 40

mg/dl para homens e < 50 mg/dl par mulheres, glicemia de jejum ≥ 110 mg/dl e

pressão arterial  130 mmHg ou  85 mmHg, a presença de 3 critérios defini o

diagnóstico da síndrome. Para a International Diabetes Federation (IDF) (20)a SM é

definida pela associação entre obesidade abdominal avaliada pela circunferência

abdominal específica para cada grupo étnico, e dois ou mais dos parâmetros, que se

assemelham aos descritos pelo NCEP ATPIII, com a ressalva da glicemia em jejum ≥

100 mg /dl.

A prevalência de SM segundo os critérios do NCEP ATPIII nas pacientes

com SOP é elevada, sendo cerca de duas a quatro vezes maior que a observada em

mulheres da população geral, pareadas para a idade e IMC (21). No Brasil, existe um

elevado índice de SM nas mulheres com SOP, com prevalência geral de 28,4%,

chegando a 52,3% no subgrupo de mulheres obesas, conforme estudo conduzido em

(18)

  ‐ 18 ‐    Nas pacientes adultas com SOP, a prevalência de SM é maior naquelas com

IMC superior a 27 Kg/m² e naquelas com elevados níveis de insulina, não se

correlacionando com os níveis circulantes de andrógenos (22). Diferentemente, nas

adolescentes com SOP, a hiperandrogenemia é considerada um fator de risco para

SM, independentemente de obesidade, do grau de RI e dos níveis de SHBG (23).

Esses achados ressaltam que a associação entre SM e SOP envolve mecanismos

complexos, a depender não somente de fatores constitucionais, mas também dos

níveis de insulina, andrógenos e índice de massa corporal.

O hiperandrogenismo contribui para a adiposidade visceral e pode amplificar

os fenótipos metabólicos adversos da SOP de duas formas, através do agravamento

da deposição de gordura corporal, predominantemente abdominal e visceral, e da

modificação na produção ou ação das adipocitocinas pró-inflamatórias, tais como

interleucina-6 e o fator de necrose tumoral-α (IL-6 e TNF-α), com consequente

desenvolvimento da RI e hiperinsulinemia (17,24).

A própria hiperinsulinemia, característica fisiopatológica cardinal da SM,

exerce efeito inibitório na liberação do hormônio de crescimento (GH) pelos

somatotrofos. Através do bloqueio na síntese das proteínas carreadoras de IGF

(IGFBPs) pelo fígado, a hiperinsulinemia pode causar aumento da fração livre do

IGF-I (IGF-Insulin-like Growth Factor IGF-I), contribuindo na fisiopatologia da lesão de órgãos –

alvo (25).

2.3 SOP e Hipertensão Arterial Sistêmica

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) afeta aproximadamente um terço dos

indivíduos em todo o mundo e, por essa razão, constitui-se em um dos mais

importantes fatores de risco para as doenças cardiovasculares (DCV) (26,27). Sua

(19)

morbimortalidade por DCV nas nações desenvolvidas e em desenvolvimento, bem

como é responsável por alta frequência de internações, com custos médicos e

socioeconômicos elevados (16).

A HAS é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados

e sustentados de pressão arterial. Associa-se freqüentemente com alterações

funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo e alterações metabólicas, com

conseqüente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais (28).

Numerosas evidências têm demonstrado que a aterosclerose se inicia na

infância e pode progredir lentamente até a vida adulta (29). Estudos longitudinais que

acompanharam crianças e adolescentes ao longo do tempo evidenciaram que a

presença dos fatores de risco em etapas precoces de vida é importante preditor de

anormalidades cardiovasculares futuras (16). O clássico estudo de Bogalusa trouxe

significativa contribuição para o entendimento do risco cardiovascular, a aterosclerose

e a morbimortalidade associada em crianças, adolescentes e adultos jovens (30).

Nesse contexto, por representar o maior grupo de mulheres jovens com alta

freqüência de fatores de risco cardiovasculares associados, destaca-se a relevância

da SOP como preditor da ocorrência de complicações cardiometabólicas (10).

Dentre os aspectos fisiopatológicos que podem justificar a associação entre

SOP e níveis pressóricos alterados destaca-se a RI, inflamação crônica,

hiperatividade adrenérgica e secreção de várias adipocitocinas (31). Os mecanismos

pelos quais a RI contribui para elevação da PA incluem modificações na musculatura

lisa vascular, alterando o transporte iônico, com aumento do nível de íons cálcio no

citoplasma e aumento da reatividade vascular às substancias vasoconstrictoras (10).

Além disso, ocasiona hipertrofia do músculo liso vascular com diminuição da

(20)

  ‐ 20 ‐    endotélio, retenção de sódio e ativação do sistema nervoso simpático, alterações que

podem preceder a instalação da HAS (32-34).

Todos os processos fisiopatológicos anteriormente citados estão diretamente

relacionados com a formação da placa aterosclerótica, pela indução de distúrbios nas

vias de sinalização comum tanto à ação da insulina como à produção do óxido nítrico,

aumentando o estresse oxidativo, os níveis de endotelina-1, a atividade do sistema

renina-angiotensina e a secreção de hormônios e citocinas pelo tecido adiposo

(32,35).

Considerando que alguns desses fatores já foram descritos em mulheres

com SOP, justifica-se a realização de estudos para verificar a associação entre SOP

e hipertensão artérial. Luque-Ramirez et al (36), observaram que mulheres com SOP

obesas apresentam aumento da freqüência cardíaca, uma vez que o excesso de

massa gorda leva a RI, aumento de ácidos graxos livres, apnéia obstrutiva do sono e

aumento da secreção de citocinas inflamatórias e leptina, fatores que induzem

ativação simpática e, consequentemente, vasoconstrição, ativação do sistema renina-

angiotensina e retenção de sódio. Em nosso meio, um estudo envolvendo análise da

variabilidade da freqüência cardíaca batimento-a-batimento mostrou que as mulheres

com SOP têm uma pior modulação autonômica cardíaca, em comparação com o

grupo controle, e que essa associação está fortemente relacionada ao ganho de

peso, dislipidemia, resistência insulínica e parâmetros de inflamação (37).

O papel da testosterona no desenvolvimento da HAS em pacientes jovens

com SOP é controverso, porém Chen et al (38) demonstraram que o índice de

andrógenos livres e os níveis de testosterona total se correlacionam com a pressão

arterial sistólica e pressão arterial diastólica, de maneira independente da presença

de RI, obesidade ou dislipidemia. A testosterona é capaz de estimular a reabsorção

(21)

estímulo do sistema renina-angiotensina-aldosterona, aumentando o volume

extracelular e a pressão arterial. Nas mulheres com SOP, a atividade plasmática da

renina está elevada quando comparada ao grupo controle (38,39).

Em suma, as evidências apontam que HAS é um fator de risco cardiovascular

modificável que pode levar a sérios desfechos clínicos. Por outro lado, inúmeros

trabalhos demonstram que a SOP se associa a modificações endócrinas e

metabólicas que afetam adversamente o perfil de risco cardiovascular. Desse modo,

justifica-se a realização do presente estudo, com objetivo de avaliar a prevalência de

anormalidades da pressão arterial em mulheres jovens com SOP, na população

brasileira, como subsídio para a formulação de medidas preventivas e curativas

nesse grupo de pacientes.

(22)

  ‐ 22 ‐    3 ARTIGO

NÍVEIS PRESSÓRICOS ELEVADOS EM MULHERES COM SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS: PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO

ASSOCIADOS

(23)

Níveis pressóricos elevados em mulheres com síndrome dos ovários policísticos:

prevalência e fatores de risco associados

Elevated blood pressure in women with polycystic ovary syndrome: prevalence and

associated risk factors

Maria Fátima de Azevedo1,2, Eduardo Caldas Costa1,3, Arthur Ivan Nobre Oliveira3,

Isabelle Braz de Oliveira Silva3, Joice Cristina Dantas Brandão Marinho3, Julieta Alice

Moreno Rodrigues3,George Dantas Azevedo3,4

1Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Natal-RN, Brasil; 2Departamento de Medicina Clínica, Centro de

Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brasil;

3

Grupo de Pesquisa Saúde da Mulher, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Natal-RN, Brasil; 4Departamento de Morfologia, Centro de Biociências, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brasil.

Financiamento parcial do CNPq, FAPERN, Ministério da Saúde e Secretaria Estadual

de Saúde Pública do RN (Edital PPSUS – Pesquisa para o SUS).

George Dantas de Azevedo. Departamento de Morfologia, Centro de Biociências,

(24)

  ‐ 24 ‐   

Universitário. 59078-970 – Natal/RN. Fone: (84) 3215 3431. E-mail:

georgedantas@uol.com.br

Resumo

Objetivo: Mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP) têm elevada

prevalência de síndrome metabólica (SM), diabetes tipo 2 e complicações

cardiovasculares. Embora já esteja englobada no contexto da SM, a associação entre

pressão arterial (PA) alterada e SOP ainda não está completamente esclarecida.

Portanto, o objetivo do presente estudo foi investigar a prevalência de níveis

pressóricos elevados em pacientes com SOP e correlacionar os níveis de PA com

outros fatores de risco cardiovascular. Métodos: Por meio de estudo transversal foram

alocadas 113 mulheres com SOP (26,2±4,3 anos) e um grupo controle de mulheres

saudáveis da população geral (n=242; 26,8±5,0 anos). Valores de PA foram

classificados de acordo com as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Resultados: O

grupo SOP apresentou prevalência de PA alterada (≥130/85 mmHg)

significativamente superior ao grupo controle (18,6% vs. 9,9%, respectivamente;

p<0,05). Mulheres com SOP apresentaram valores médios superiores de PA sistólica,

índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), triglicerídeos e

glicemia de jejum, além de níveis inferiores de HDL - colesterol, em comparação ao

grupo controle (p<0,01). No grupo SOP, os valores de PA sistólica e diastólica

apresentaram correlação positiva significativa com a idade, IMC, CC e triglicerídeos

(p<0,05). Conclusões: De acordo com os resultados obtidos, é possível concluir que a

freqüência de mulheres com valores acima do limite da normalidade das cargas

pressóricas foi significativamente maior no grupo SOP, em relação ao grupo controle.

Adicionalmente, os valores de PA se correlacionaram com outros fatores de risco

(25)

em mulheres com SOP, no sentido de evitar eventos mórbidos relacionados ao

sistema cardiovascular.

Palavras-chave: síndrome dos ovários policísticos, hipertensão arterial, fatores de

risco, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares.

Abstract

Purpose: Women with polycystic ovary syndrome (PCOS) show increased prevalence

of metabolic syndrome (MS), type 2 diabetes and cardiovascular complications.

Although it already encompasses MS, the association between altered blood pressure

(BP) and PCOS is still not fully understood. Therefore, the purpose of this study was

to investigate the prevalence of altered BP in a sample of women with PCOS and

compare the levels of BP with other cardiovascular risk factors. Methods: A

cross-sectional study composed of 113 PCOS women (26.2±4.3 years) and a control group

of healthy women from the general population (n=242; 26.8±5.0 years). BP values

were classified according to the V Brazilian Guidelines of Hypertension. Results: The

PCOS group showed higher prevalence of altered BP (≥130/85 mmHg) than the

control group (18.4% vs. 9.9%, respectively; p<0.05). PCOS women had higher mean

systolic BP, body mass index (BMI), waist circumference (WC), triglycerides and

fasting glucose, and lower HDL-cholesterol, compared with the control group (p<0.01).

In the PCOS group, the values of systolic and diastolic BP showed a significant

positive correlation with age, BMI, WC and triglycerides (p<0.05). Conclusion:

According with obtained results, it’s possible conclude that the frequency of women

with values of BP above the normal limit was significantly higher in the PCOS group

than in the control group. The BP values also correlated with other cardiovascular risk

factors. These findings underscore the importance of preventive strategies in PCOS

(26)

  ‐ 26 ‐    Keywords: polycystic ovary syndrome, hypertension, risk factors, metabolic syndrome,

cardiovascular diseases.

Níveis pressóricos elevados em mulheres com síndrome dos ovários policísticos:

prevalência e fatores de risco associados

Elevated blood pressure in women with polycystic ovary syndrome: prevalence and

associated risk factors

Introdução

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das mais comuns

endocrinopatias que acometem mulheres em idade reprodutiva, com prevalência

variando entre 5-10%1-3. Trata-se de uma disfunção ovariana caracterizada por

anovulação crônica, oligo-amenorréia, hiperandrogenismo, infertilidade e presença de

ovários morfologicamente policísticos3.

Vários estudos realizados em pacientes com SOP, especialmente no âmbito

das alterações cardiovasculares e metabólicas, já evidenciaram associação

importante com dislipidemia, resistência insulínica (RI), diabetes tipo 2 e obesidade4-8.

Tais fatores, juntamente com alteração nos níveis pressóricos, compõem a síndrome

metabólica (SM), uma entidade clínica intimamente relacionada à SOP e fortemente

associada ao aumento do risco cardiovascular9,10.

A hipertensão arterial (HAS) apresenta elevada prevalência em todo o mundo

e cursa com alta morbimortalidade, caracterizando-se como importante fator de risco

cardiovascular. Tem etiologia multifatorial, apresentando relação com fatores

(27)

elucidada11-13. No contexto clínico, a identificação dos fatores modificáveis que

contribuem para o desenvolvimento da HAS é de fundamental importância, a fim de

que medidas preventivas possam ser implementadas precocemente12,13.

A associação entre HAS e SOP ainda não está completamente esclarecida

14-16

. Embora a alteração dos níveis pressóricos já esteja englobada no contexto da SM

e possa ser relacionada com os distúrbios metabólicos comumente encontrados

nessa população, há uma carência de estudos no que diz respeito à prevalência de

níveis pressóricos alterados em mulheres brasileiras com SOP e os fatores de risco

cardiovascular associados a essa condição. A investigação dessa problemática pode

contribuir para o preenchimento de lacunas científicas em relação ao risco

cardiovascular em pacientes com SOP, fornecendo embasamento para a prevenção

e o diagnóstico precoce de HAS nessa parcela específica da população feminina.

Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi analisar a prevalência de

níveis pressóricas alterados em pacientes com SOP, atendidas no ambulatório de

Ginecologia Endócrina da Maternidade Escola Januário Cicco da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal-RN, e verificar os fatores de risco

cardiovascular associados, em comparação a um grupo controle constituído por

mulheres saudáveis da mesma faixa etária.

Métodos

A pesquisa em questão utilizou um desenho do tipo observacional, de caráter

transversal e analítico. Foram estudados dois grupos de mulheres na faixa etária de

18 a 34 anos: o grupo caso, formado por mulheres com diagnóstico de SOP e o

grupo controle, composto por mulheres hígidas, não grávidas, da população geral. O

tamanho amostral foi definido por meio de técnica de amostragem por

(28)

  ‐ 28 ‐    bairro da cidade de Natal-RN, de acordo com a proporção populacional dos mesmos.

Para esse cálculo estatístico foi adotado poder de 80% e alfa de 5%. Os dados foram

coletados durante o período de julho de 2004 a julho de 2008.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Onofre Lopes da UFRN (n° 126/04) e todas as voluntárias que

concordaram em participar do estudo assinaram termo de consentimento livre e

esclarecido.

O grupo SOP foi formado por 113 mulheres residentes na cidade de Natal-RN,

recrutadas no ambulatório de Ginecologia Endócrina da Maternidade Escola Januário

Cicco da UFRN. O diagnóstico de SOP foi firmado de acordo com os critérios de

Rotterdam3, pela presença de pelo menos dois dos três fatores seguintes: 1) oligo ou

anovulação, caracterizado por oligomenorréia ou amenorréia; 2) sinais clínicos de

excesso de androgênio (hirsutismo e/ou presença de acne) e/ou elevação dos níveis

séricos de testosterona; e 3) achados ultrassonográficos de morfologia policística dos

ovários (presença de 12 ou mais folículos em cada ovário medindo entre 2 e 9 mm de

diâmetro e/ou aumento de volume ovariano > 10 mL).

O grupo controle foi selecionado a partir de uma amostra representativa da

população feminina residente na cidade do Natal-RN, compreendendo inicialmente

534 mulheres, não grávidas, que se submeteram à aplicação de questionário e

exame físico direcionado. Dessas, 339 participaram da segunda fase da coleta de

dados, que consistiu na realização de dosagens bioquímicas e hormonais. Desse

subgrupo, foram selecionadas 242 pacientes por contemplarem os critérios de

inclusão estabelecidos: ser saudável, ter entre 18-34 anos, apresentar ciclos

menstruais regulares e não apresentar achados clínicos sugestivos de

(29)

Foram excluídas de ambos os grupos mulheres com diagnóstico prévio de

hiperplasia adrenal congênita forma não clássica, disfunção de tireóide e

hiperprolactinemia. Outros critérios de exclusão foram: disfunção renal, disfunção

hepática e uso de medicações com potencial para afetar a função reprodutiva ou

metabólica, tais como contraceptivos orais, drogas antiandrogênicas,

hipoglicemiantes orais, estatinas ou terapia com glicocorticóides, até 60 dias antes de

ingressarem no estudo.

Todas as pacientes foram submetidas a exame clínico constando de medida

da massa corporal (kg), estatura (m), circunferências da cintura (CC) e pressão

arterial (PA). A CC foi mensurada no ponto médio entre a última costela e a crista

ilíaca. O índice de massa corporal (IMC) foi calculado pela seguinte fórmula: massa

corporal (kg) / estatura² (m), sendo expresso em kg/m². A categorização do IMC foi

realizada de acordo com critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde

(OMS)17.

A medida da PA foi realizada pelo método auscultatório, estando a paciente

sentada e utilizando manguito de tamanho adequado à circunferência do braço,

respeitando-se a proporção largura/comprimento de 1:2. Foram realizadas três

aferições da PA, com intervalo de dois minutos entre elas, sendo considerada a

média das duas últimas medidas. A classificação das pacientes no que se refere a PA

foi realizada de acordo com as V Diretrizes Brasileiras de HAS13.

Amostras de sangue venoso foram coletadas entre 08h00min e 10h00min,

após jejum prévio de 12 horas. A glicose sérica foi medida pelo método glicose

oxidase e os níveis de colesterol total, HDL-colesterol e triglicerídeos foram

(30)

  ‐ 30 ‐    LDL-colesterol foi calculado usando a fórmula de Friedewald: LDL-colesterol =

colesterol total (HDL-colesterol + triglicerídeos / 5).

Os dados apresentaram distribuição normal, avaliados pelo método

Kolmogorov Smirnov. Os resultados estão expressos em média, desvio padrão da

média, freqüência absoluta e freqüência relativa. Para análise de diferença entre os

grupos foram utilizados o teste t de Student para amostras independentes e o teste

qui-quadrado. Para análise de correlação entre a PA e variáveis antropométricas e

bioquímicas foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson. O pacote estatístico

SPSS® versão 17.0 para Windows (SPSS, Inc., Chicago IL) foi utilizado para esses

fins, sendo considerado estatisticamente significativo um p-valor < 0,05.

Resultados

Conforme apresentado na tabela 1, os grupos foram homogêneos com

relação à idade. Entretanto, o grupo SOP apresentou maior média de IMC, CC,

glicemia de jejum, triglicerídeos e PA sistólica, além de menor média de HDL -

(31)

Tabela 1. Características clínicas e laboratoriais dos grupos estudados.

Variáveis Grupo controle Grupo SOP p

Idade (anos) 26.25 ± 4.33 26.79 ±5.05 0.297

Índice de massa corporal (kg/m²) 24.09 ± 4.37 29.31 ± 6.67 < 0.001*

Circunferência da cintura (cm) 77.15 ± 9.57 91.21 ± 15.75 < 0.001*

Glicemia de jejum (mg/dl) 76.47 ± 11.19 83.61 ±12.13 < 0.001*

Pressão arterial sistólica (mmHg) 111.48 ± 10.66 114.80 ± 13.29 0.012*

Pressão arterial diastólica

(mmHg) 72.13 ± 10.26 72.63 ± 10.73 0.673

Colesterol total (mg/dl) 176.86 ± 46.04 186.46 ± 42.05 0.060

HDL-colesterol (mg/dl) 53.84 ± 18.86 40.79 ± 11.32 < 0.001*

Triglicerídeos (mg/dl) 100.47 ± 52.85 138.01 ± 80.95 < 0.001*

* - diferença estatisticamente significativa (teste t de Student para amostras independentes – p < 0,05).

A tabela 2 mostra a associação entre diversas condições de risco

cardiovascular e presença de níveis pressóricos alterados (PA ≥ 130/85 mmHg).

Nesse sentido, foi observada maior prevalência de níveis pressóricos elevados no

grupo SOP quando comparado ao grupo controle (odds ratio = 2,07; intervalo de

confiança 95% = 1,09-3,91). Ainda no tocante às outras condições de risco

cardiovascular, verificou-se que as variáveis sobrepeso/obesidade (IMC ≥ 25 kg/m²),

obesidade central (CC ≥ 80 cm) e níveis alterados de triglicerídeos (≥ 150 mg/dL)

apresentaram associação significativa com a ocorrência de cargas pressóricas

(32)

  ‐ 32 ‐    Tabela 2. Associação entre diversas condições de risco cardiovascular e presença de

níveis pressóricos alterados

Condição Considerada

PA Limítrofe ou

HAS p* OR 95% IC

n % Grupos SOP Controle 21/113 24/242 18,6% 9,9%

0,022 2,07 (1,09-3,91)

Índice de massa corporal

Normal (18,5-24,9 kg/m²)

Sobrepeso/Obesidade (≥ 25 kg/m²)

9/197

36/158

4,6%

22,8%

< 0,001 6,16 (2,87-13,25)

Circunferência da cintura

< 80 cm

≥ 80 cm

10/191

35/164

5,2%

21,3%

< 0,001 4,91 (2,35-10,27)

Glicemia de jejum

< 100 mg/dL

≥ 100 mg/dL

43/342

2/13

12,6%

15,4%

0,765 1,26 (0,27-5,90)

Colesterol total

< 200 mg/dL

≥ 200 mg/dL

27/245

18/110

11%

16,4%

0,162 1,58 (0,83-3,0)

HDL-Colesterol

≥ 50 mg/dL

< 50 mg/dL

17/158

28/197

10,8%

14,2%

0,331 1,37 (0,72-2,61)

Triglicerídeos

< 150 mg/dL

≥ 150 mg/dL

28/275

17/80

10,2%

21,3%

0,009 2,38 (1,23-4,62)

(33)

No que se refere à correlação entre a PA sistólica (PAS) e diastólica (PAD)

com os fatores de risco cardiovascular analisados na presente pesquisa, é possível

observar que, em ambos os grupos (SOP e controle), houve correlação dos níveis

pressóricos com idade, IMC e CC. Além disso, no grupo SOP foi observada

correlação entre PAS e PAD com triglicerídeos (Tabela 3).

Tabela 3. Correlação entre variáveis antropométricas e bioquímicas com a pressão

arterial sistólica e diastólica em mulheres com SOP e controle

Grupos

SOP (n=113) Controle (n=242)

Variáveis

PAS

(mmHg)

PAD

(mmHg)

PAS

(mmHg)

PAD

(mmHg)

Idade (anos) 0.343* 0.373* 0.190* 0.215*

Índice de massa corporal (kg/m²) 0.450* 0.561* 0.299* 0.283*

Circunferência da cintura (cm) 0.482* 0.559* 0.306* 0.282*

Glicemia de jejum (mg/dl) 0.127 0.049 0.059 0.018

Colesterol total (mg/dl) 0.152 0.174 0.103 0.133*

HDL-colesterol (mg/dl) 0.049 -0.054 0.019 -0.069

Triglicerídeos (mg/dl) 0.358* 0.295* 0.006 0.001

PAS – pressão arterial sistólica; PAD – pressão arterial diastólica; * - correlação estatisticamente significativa (p < 0,05 – coeficiente de correlação de Pearson).

Analisando especificamente o grupo com SOP, as variáveis associadas com

maior prevalência de alteração nos níveis pressóricos (PA ≥ 130/85 mmHg) foram

IMC ≥ 30 kg/m², CC ≥ 88 cm e níveis aumentados de triglicerídeos (≥ 150 mg/dL)

(34)

  ‐ 34 ‐    Tabela 4. Prevalência de níveis pressóricos alterados em mulheres com síndrome

dos ovários policísticos, de acordo com diferentes variáveis antropométricas e

bioquímicas

Grupo SOP (n=113)

Variáveis Categorias Normotensa Limítrofe/HAS p

Índice de massa corporal (kg/m²) Normal Sobrepeso Obesidade 35 (100%) 25 (89,3%) 32 (64%) - 03 (10,7%) 18 (36%) 0,001*

Circunferência da cintura (cm)

< 80

80 < 88

≥ 88

31 (96,9%) 14 (93,3%) 47 (71,2%) 01 (3,1%) 01 (6,7%) 19 (28,8%) 0,019*

Glicemia de jejum (mg/dl)

< 100

100 < 110

≥ 110

85 (81%) 05 (100%) 02 (66,7%) 20 (19%) - 01 (33,3%) 0,643

Colesterol total (mg/dl)

< 200

≥ 200

63 (81,8%)

29 (80,6%)

14 (18,2%)

07 (19,4%)

0,934

HDL - colesterol (mg/dl)

< 50

≥ 50

69 (80,2%) 23 (85,2%) 17 (19,8%) 04 (14,8%) 0,793 Triglicerídeos (mg/dl) < 150

≥ 150

66 (88%)

26 (68,4%)

09 (12%)

12 (36,6%)

0,041*

(35)

Discussão

Os resultados do presente estudo mostram que a prevalência de níveis

pressóricos elevados (pressão limítrofe e HAS) em mulheres jovens com SOP da

região Nordeste do Brasil é significativamente superior à prevalência observada na

população geral de mesma faixa etária. Somado a isso, verificou-se que o estado de

sobrepeso/obesidade e o aumento dos triglicerídeos séricos foram fatores associados

significativamente com o aumento dos níveis pressóricos nas pacientes com SOP.

Analisando-se a prevalência detectada de anormalidade dos níveis pressóricos

em mulheres com SOP, em relação aos resultados de diversos estudos conduzidos

no Brasil sobre a prevalência de HAS em mulheres jovens18-20, nossos dados alertam

para a relevância da provável associação entre SOP e alteração da PA. Tal fato

merece ainda mais atenção se considerarmos que a elevação das cargas pressóricas

representa um fator de risco independente, linear e contínuo para doença

cardiovascular (DCV)12.

Dentre os aspectos fisiopatológicos que podem justificar a associação entre

SOP e níveis pressóricos alterados destaca-se a RI, característica bastante comum

nessas pacientes21, 22. Os mecanismos pelos quais a RI contribui para elevação da

PA incluem diminuição da complacência arterial e interferência no mecanismo de

vasodilatação dependente do endotélio, alterações que podem preceder a instalação

da HAS23, 24. Além disso, esses processos fisiopatológicos estão diretamente

relacionados com a formação da placa aterosclerótica, que desempenha papel central

no desenvolvimento da disfunção endotelial (evento precoce no processo de

aterosclerose), pela indução de distúrbios nas vias de sinalização comum tanto à

(36)

  ‐ 36 ‐    estresse oxidativo, os níveis de endotelina-1, a atividade do sistema

renina-angiotensina e a secreção de hormônios e citocinas pelo tecido adiposo23, 25,26. Todo

esse quadro favorece a instalação de um perfil de risco cardiometabólico relevante

nas mulheres com SOP.

Somado aos aspectos supracitados, os valores superiores de IMC e CC

observados no grupo SOP evidenciam maior freqüência de sobrepeso/obesidade e

distribuição de gordura centralizada nessa população, achado já demonstrado

previamente por outros autores27-30. Este dado ganha importância considerando os

relatos prévios de Luque-Ramirez et al.31, que sugerem uma associação mais

significativa entre aumento ponderal e valores de PA nas pacientes com SOP do que

em mulheres hígidas. Nesse sentido, estudos sugerem que nas mulheres com SOP o

excesso de adiposidade abdominal poderia contribuir para a hiperatividade do eixo

hipotálamo-hipófise-adrenal, com conseqüente desenvolvimento de um

hipercortisolismo funcional32, 33.

Adicionalmente, o aumento da atividade do sistema nervoso simpático (SNS)

no leito vascular contribui para elevar o risco cardiovascular nas mulheres com

SOP32. Nesse contexto, a concentração sérica de testosterona pode ser um forte e

independente preditor da elevada atividade do SNS e PAS34. Somado a isso, o

aumento da atividade do SNS está associado com ativação do sistema

renina-angiotensina, gerando um ciclo vicioso de estimulação entre os dois sistemas mais

poderosos no que se refere ao controle da PA35.

Interessantemente, Chen et al.36 evidenciaram uma associação que corrobora

o que foi exposto previamente. Esses autores demonstraram correlação positiva entre

(37)

SOP, independente da idade, RI, obesidade e dislipidemia. A despeito desses

achados, os mecanismos pelos quais o estado hiperandrogênico provoca a elevação

dos níveis pressóricos ainda permanecem não completamente elucidados.

No que diz respeito à análise dos níveis pressóricos de forma dicotomizada, os

resultados do presente estudo apontam que a média da PAS do grupo SOP foi

superior a encontrada nas mulheres hígidas (ver Tabela 1). Achado semelhante foi

relatado por Holte et al.18 em estudo envolvendo monitorização ambulatorial da

pressão arterial (MAPA). Os autores demonstraram que o grupo SOP apresentou

maior média de PAS (126 ± 11 vs. 119 ± 12 mmHg) e PA média (92 ± 7 vs. 86 ± 7

mmHg) durante o dia, em relação ao grupo controle, constituído por mulheres com

ovários normais e regularidade menstrual.

De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, é possível concluir

que, na população considerada, a prevalência de níveis pressóricos alterados (PA ≥

130/85 mmHg) em mulheres jovens com SOP é quase o dobro da registrada nas

mulheres hígidas da população geral (18,6 vs. 9,9%). Somado a isso, verificou-se,

especificamente no grupo SOP, que as pacientes obesas e com concentração

elevada de triglicerídeos apresentaram maior prevalência de elevação dos níveis

pressóricos.

Esses achados alertam para a importância da adoção de estratégias

preventivas e terapêuticas com foco na redução do sobrepeso/obesidade e

dislipidemia, visando ao controle mais adequado da PA nesse subgrupo específico da

população feminina. Para tal, o investimento na modificação do estilo de vida dessas

pacientes deve ser considerado, principalmente com adoção de dieta saudável e

(38)

  ‐ 38 ‐    encontram-se em andamento, com objetivo de melhor elucidar os mecanismos

fisiopatológicos envolvidos na associação entre SOP e elevação das cargas

pressóricas.

Agradecimentos

Às Doutoras Elvira Maria M. Soares, Técia Maria de O. Maranhão pelo

recrutamento das pacientes no ambulatório de Ginecologia Endócrina da Maternidade

Escola Januário Cicco. À Doutora Telma Maria de A. M. Lemos pela realização dos

exames bioquímicos no laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas da

(39)

Referências

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androgen levels and blood pressure in young women with polycystic ovary

(44)

  ‐ 44 ‐   

4 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E CONCLUSÕES

Tudo começou quando estava próximo do fim, parece paradoxal, mas é real.

Ao perceber que o tempo normal do exercício na academia estava para ser

concluído, despertou um enorme desejo interior de realizar promessas perdidas nas

esquinas da vida, como agregar ao currículo a formação Stricto Sensu.

O encontro com Programa de Pós-Graduação do Centro de Ciências da

Saúde tem sido surpreendente, o acolhimento foi uma experiência encantadora, um

misto de solidariedade, compreensão, sinergia e respeito. Na busca do saber me

entreguei ao aprendizado passo a passo, vencendo o medo inicial, as limitações do

tempo, as dificuldades com as novas competências, arriscando, pedindo ajuda e

saboreando tudo que me ensinavam. Aprendi com os professores especialmente com

professor George Dantas de Azevedo que o saber tem sabor quando resulta de

experiências vindas dos experimentos, das vivências observacionais. Leonardo Boff

tem razão – “O Sábio vê além das aparências. Não se deixa iludir por elas”.

Com o incentivo e apoio, o projeto de pesquisa foi elaborado com o propósito

de responder a uma questão não esclarecida, como a prevalência de níveis

pressóricos elevados em mulheres com SOP em comparação ao grupo controle e

fatores de risco associados. Este trabalho recebeu financiamento parcial do CNPq,

FAPERN, Ministério da Saúde e Secretaria Estadual da Saúde através do Edital

PPSUS (Pesquisa para o SUS).

Os resultados do nosso estudo nos permitem concluir que a SOP se associa

a fatores de risco cardiovasculares. Mulheres com SOP apresentam maior

prevalência de níveis elevados da pressão arterial e isso pode contribuir para

(45)

Mundialmente a doença cardiovascular é a maior causa de morte entre as

mulheres, é responsável por um terço de todos os óbitos.. O número de vítimas fatais

e não fatais, o impacto econômico, social e na saúde publica é imensurável.

Intervenções populacionais de base e individuais são fundamentais para reduzir a a

carga global das doenças cardiovasculares nas mulheres. Mesmo modestos

controles como a redução, em uma década, de apenas 2% da mortalidade impediria

36 milhões de mortes no mundo (40).

As evidências têm demonstrado uma prevalência elevada de doença

cardiovascular em mulheres com SOP, isso tem preocupado a comunidade científica

mundial, tanto que, recentemente Wild et al. 2010 (34) recomendaram a estratificação

do risco cardiovascular nessa população de mulheres, considerando fatores

familiares, genéticos, ambientais, metabólicos e endócrinos com intenção de

subsidiar as decisões no que se refere a agressividade da terapia preventiva.

Entendendo que, a SOP é uma desordem de múltiplos órgãos, muitos sinais

e sintomas e múltiplos estágios e que o diagnóstico precoce dessa síndrome é de

fundamental importância no sentido de prevenir, nesse grupo de mulheres jovens de

alto risco, o desenvolvimento das complicações cardiovasculares, iniciamos

juntamente com o Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira

de Cardiologia a inclusão desse tema nas programações científicas dos congressos

nacionais e regionais.

Concluindo a primeira fase do meu desafio, sinto-me rejuvenescida, motivada e muito

agradecida pela riqueza de conteúdo que adquiri, por todo incentivo, colaboração e

(46)

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ABSTRACT

Objective: To investigate the prevalence of altered blood pressure in a sample of women with PCOS and compare the levels of BP with other cardiovascular risk

factors.

Methods: Across-sectional study were composed of 113 PCOS women (26.2 ± 4.3 years) and a control group of healthy women from the general population (n = 242,

26.8 ± 5.0 years).

Results: The PCOS group showed higher prevalence of altered BP (≥ 130/85 mmHg) was significantly higher than the control group (18.6% vs. 9.9% respectively, p <0.05).

Women with PCOS had higher mean systolic blood pressure, body mass index (BMI),

waist circumference (WC), triglycerides and fasting glucose, and lower levels of HDL -

cholesterol, compared with the control group (p <0,01). In the PCOS group, the values

of systolic and diastolic BP showed a significant positive correlation with age, BMI,

waist circumference and triglycerides (p <0.05).

Conclusion: The frequency of women with blood pressure values above the normal limit was significantly higher in the PCOS group compared with the control group. The

BP values also correlated with other cardiovascular risk factors. These findings

underscore the importance of preventive strategies in PCOS women to avoid

pathological events related to the cardiovascular system.

Keywords: polycystic ovary syndrome, hypertension, risk factors, cardiovascular disease.

Imagem

Tabela 1. Características clínicas e laboratoriais dos grupos estudados.
Tabela 2. Associação entre diversas condições de risco cardiovascular e presença de  níveis pressóricos alterados

Referências

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