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Carpintarias do útil: reflexões sobre componentes funcionais de uma escola

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Academic year: 2017

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

CARPINTARIAS DO ÚTIL: REFLEXÕES SOBRE COMPONENTES

FUNCIONAIS DA ESCOLA.

LUCIANO PLEZ DE MELO

Texto de qualificação apresentado ao Instituto de Biociências do Câmpus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Instituto de Biociências

Câmpus de Rio Claro

LUCIANO PLEZ DE MELO

CARPINTARIAS DO ÚTIL: REFLEXÕES SOBRE COMPONENTES

FUNCIONAIS DA ESCOLA.

Texto de Qualificação apresentado ao Instituto de Biociências do Câmpus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação.

Orientadora: Profª Drª. Leila Maria Ferreira Salles

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LUCIANO PLEZ DE MELO

CARPINTARIAS DO ÚTIL: REFLEXÕES SOBRE COMPONENTES

FUNCIONAIS DA ESCOLA.

Texto de Qualificação apresentado ao Instituto de Biociências do Câmpus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação.

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RESUMO

A provocação de Castoriadis (1985, p.159), quando da sua proposição de a instituição constituir-se como “uma rede simbólica, socialmente sancionada, onde se combinam em proporções e em relações variáveis um componente funcional e um componente imaginário”, implicando daí sua concepção de alienação e ainda a extensão propositiva de a sociedade relacionar-se com as instituições a maneira dos imaginários constituídos por si, figura como eixo condutor e inquietação principal neste trabalho. Partindo desta provocação e também considerando o postulado de Castoriadis sobre a dificuldade de apreensão dos processos de construção e percepção dos imaginários instituídos a partir de instrumentais analíticos erigidos sob égides de lógicas identitárias e ou conjuntistas, tomamos como hipótese investigativa a possibilidade de apreensão de aspectos de componente funcional em dada instituição e subsidiariamente, aspectos de seu imaginário instituinte. Para tanto, tomamos como referência / recorte para a investigação, escola pública estadual localizada no distrito de Igaraí, município de Mococa – SP em razão de algumas características peculiares e partimos para análise de conteúdo de documentos da escola, composto durante o período compreendido entre 2008 e 2012, e entrevistas semiestruturadas junto a atores com algum envolvimento com a escola. Para a ambientação do distrito, recorremos a análise dos requerimentos encaminhados da Câmara Municipal de Mococa com a referência Igaraí, durante o mesmo período de recorte. De posse desses dados buscamos perceber as formas de elaboração e engendramento da funcionalidade como instituinte para a escola, a partir do distrito em acordo com suas referencias documentais e proposições dos atores entrevistados, além daquelas da própria escola seguindo o mesmo percurso. Neste trajeto, balizados na funcionalidade promotora e mediadora de práticas cotidianas, também tentamos indicativos de elementos imaginários instituintes na e para a escola.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 06

1. Objetivos Gerais ... 08

1.2 Objetivo Específico ... 08

2. Trajetória de Pesquisa ... 08

3. Procedimento Metodológico ... 10

3.1. Igaraí - Requerimentos apresentados na Câmara Municipal de Mococa ... 10

3.2. Documentos escolares ... 11

3.3. Observação ... 11

3.4. Entrevistas Semiestruturadas ... 12

3.4.1. Roteiro de entrevistas semiestruturadas ... 12

4. Estrutura do Trabalho ... 13

CAPÍTULO 1 – O DISTRITO EM DOCUMENTOS ... 15

1.1. A nebulosa de Igaraí: uma breve introdução ... 15

1.2. Distrito de Igaraí em fotos: Uma passagem ... 16

1.3. - Distrito de Igaraí em documentos ... 22

1.4. Lavraturas de ausências – as faltas sentidas e as reinvindicações dos moradores tal como retratadas nos Requerimentos da Câmara Municipal para Igaraí ... 24

1.4.1. Grupo 1 – Segurança ... 25

1.4.2. Grupo 2 - Agências Bancárias ... 27

1.4.3. Grupo 3 – Telefonia ... 28

1.4.4. Grupo 4 – Transportes ... 29

1.4.5. Grupo 5 – Saúde ... 32

1.4.6. Grupo 6 – Emancipação ... 33

1.5. De ausências a gramaturas de abandono e insegurança ... 34

CAPÍTULO 2 - A ESCOLA EM DOCUMENTOS ... 38

2.1. A escola estadual de Igaraí em documentos ... 38

2.2. As reuniões com os pais grafadas em atas ... 41

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2.2.2. Grupo – Questões Comportamentais ... 45

2.2.3. Grupo – Uso de Material Didático ... 46

2.3. Livros de Atas de Diretoria Executiva da Associação de Pais e Mestres e Conselho de Escola. ... 47

2.4. Dispondo elementos da aparente estrutura – um caminho para a instituição ... 48

CAPÍTULO 3 - O DISTRITO NA VOZ DOS ATORES: ENCONTROS E IMPRESSÕES ... 52

3.1. Ecos de mosaico (im)provável ... 52

3.2. – Intimidade: Um vetor apagado ... 63

3.3. O Distrito: Um outro rascunho ... 66

REFERÊNCIAS ... 71

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ... 83

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INTRODUÇÃO

A provocação de Castoriadis (1985, p.159), quando da sua proposição de a instituição constituir-se como “uma rede simbólica, socialmente sancionada, onde se combinam em proporções e em relações variáveis um componente funcional e um componente imaginário”, implicando daí sua concepção de alienação e ainda a extensão propositiva de a sociedade relacionar-se com as instituições a maneira dos imaginários constituídos por si, figura como eixo condutor e inquietação principal nesta dissertação.

Partindo desta provocação, um de nossos problemas na tentativa de compreensão do ora proposto por Castoriadis constitui-se, em acordo com o próprio, em a sociedade manter-se como “magma” e sua admissão da dificuldade de apreensão dos processos de construção e percepção dos imaginários instituídos a partir de instrumentais analíticos erigidos sob égides de lógicas identitárias e ou conjuntistas.

Desta forma, como apreender um imaginário social, ou elementos imaginários de uma instituição, suas bases e movimentos constitutivos / legitimadores diante de uma precariedade analítica produtora de tautologias, ou ainda da necessidade de arquitetura de ontologia para a compreensão de seu objeto, definidora de antemão de sua essência, do seu ser-em-si?

Embora a possibilidade de reflexão sobre métodos de inferências ou arquiteturas ontológicas deem-se como tentadoras, estas não figuram como objeto direto em nosso trabalho, tanto pela sua complexidade e extensão quanto de nossa assunção da precariedade instrumental à apreensão do imaginário como hipótese investigativa.

Estende-se a esta assunção a adoção da impossibilidade de um olhar direto ao chamado imaginário, propondo alguma possibilidade de percepção deste periférica nos processos de análise.

A hipótese sobre a possibilidade de alguma apreensão ou entendimento sobre o imaginário constitutivo de uma instituição grafar-se nas periferias de análises sobre dada instituição não se dá em virtude de qualquer condição axiologicamente subsidiária do imaginário em relação a outros objetos. Isto ocorre a partir da ponderação sobre uma abordagem aguda e incisiva neste objeto poder esvaecê-lo ou mesmo transfigurá-lo em outro pela própria precariedade instrumental apontada por Castoriadis e aqui assumida.

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Na posse de uma hipótese investigativa coube então a delimitação / escolha de instituição para análise e verificação sobre as condições de possibilidade de validade da hipótese elaborada, além do estabelecimento de viés de entrada à percepção dos componentes funcionais da instituição.

Para a análise tomamos como objeto a escola estadual do distrito de Igaraí, município de Mococa, a aproximadamente 260 quilômetros de São Paulo, Capital do Estado. O registro de atenção se fez inicialmente em razão da unidade escolar apresentar características não únicas, mas ímpares, tais a manter-se como:

o única unidade escolar do distrito abrangendo desde o primeiro ciclo do ensino fundamental ao ensino médio em suas dependências;

o o distrito possuir uma população aproximada de 3.000 habitantes e destes, segundo dados encontrados no Projeto Político Pedagógico da escola, cinquenta por cento residirem na zona rural;

o alguma dificuldade de acesso da população local a demais equipamentos de Estado, grafando a unidade escolar objeto, uma creche, posto de saúde, mesmo com Sub-Prefeitura local, os equipamentos devidamente constituídos no distrito;

o a dificuldade de traslado entre o distrito e a sede do município, além de alguma migração de alunos quando do ingresso no ensino médio à escolas da sede do município mesmo com oferta de vagas locais.

O município de Mococa comporta outro distrito, de São Benedito das Areias, também com apenas uma unidade escolar. O perfil de população mais concentrada na malha urbana do distrito e a maior acessibilidade dos moradores de São Benedito das Areias a malha urbana do município de Mococa, consequentemente a outros equipamentos de Estado, foram decisivos no descarte da unidade escolar local como objeto à investigação e a opção pela escola de Igaraí.

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utilidade da escola, as formas de construção / representação da utilidade a diferentes atores envolvidos no cotidiano escolar, tentamos perceber se a pragmática de superfície grafava-se por profundidade como marco regulatório nas relações entre atores-atores / escola-atores-escola.

Deste pano de fundo estampado em diferentes relevos e matizes foi possível perceber algumas assincronias entre elementos instituintes de práticas e práticas instituídas. Assim, as assincronias percebidas não deram margem a produção de assertivas junto a construção e estabelecimento de códigos operatórios coletivos e resistentes a elementos instituintes de ações, porém indicaram marcas de e para a significação das relações cotidianas entre os diferentes atores envolvidos direta ou indiretamente na vida da instituição e da instituição junto a estes diferentes atores.

1. Objetivos gerais

Partindo das ponderações de Castoriadis na “Instituição Imaginária da Sociedade”, observar uma unidade de ensino visando os modos de construção e legitimação de sua própria funcionalidade ante os atores nele inseridos, as aproximações ou distanciamentos entre a utilidade declarada da escola e utilidade vivenciada por estes mesmos atores, buscando perceber subsidiariamente marcas ou elementos imaginários nestas relações.

1.2. Objetivos específicos

- Investigar unidade escolar estadual no distrito de Igaraí, Município de Mococa SP.

- Analisar os modos de construção e legitimação de sua própria funcionalidade ante os atores: gestores escolares, membros de colegiados escolares.

2. Trajetória de Pesquisa

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atores representantes de diversos segmentos escolares, além do acesso a pais de alunos e autoridade local.

A proposta da realização das entrevistas semiestruturadas foi também prontamente aceita e vista como viável pela direção escolar, deixando-nos livres ao contato com os professores, colaboradores em geral e pais de alunos, respeitados os desejos de participação junto a pesquisa.

Com o aceno da anuência à produção da pesquisa, estruturamos o projeto inicial pensando como base de dados os documentos oficiais e as entrevistas de ao menos um representante dos diversos segmentos escolares, excluídos alunos principalmente pela obrigatoriedade de ensino até o término do ensino fundamental, “maior clientela da escola”.

Após contato inicial com a escola e recebimento de anuência ao desenvolvimento da pesquisa, iniciamos então efetivamente o trabalho partindo para a observação em concomitância com a análise documental.

Em nenhuma ocasião neste momento da pesquisa, percebemos qualquer resistência ao acesso documental ou à observação por atores envolvidos no cotidiano da escola.

Desta forma, enquanto observávamos e analisávamos os documentos, tentávamos aproximações com professores e funcionários, acesso concedido pela equipe gestora tanto em momentos de HTPC, para esclarecimento da pesquisa no caso de professores, como também livre trânsito, com o cuidado à rotina escolar, para diálogos com o mesmo fim aos funcionários e também aos professores.

Assim, nas aproximações aos professores, a exemplo dos momentos de HTPC, produzia-se conversas sobre a proposta da pesquisa, sugestões sobre acréscimos ou reduções nos objetivos, indicações de fontes documentais, de “pessoas-chave” à coleta de entrevistas, apontando aparentemente a mínima dificuldade nesta etapa de trabalho.

A aparente tranquilidade para a realização das entrevistas diluiu-se, liquefazendo-se em quase total resistência.

O ambiente de receptividade e presteza foi mantido para a observação e análise documental, porém estabeleceu-se uma fronteira clara entre a cortesia à realização da pesquisa por meio de observação e análise dos documentos e a possibilidade de acesso a fala dos atores da escola como registro e subsídio ao trabalho.

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na escola alegando a já cessão da colega, nada tendo a contribuir ao que já tinha sido dito. Os professores e funcionários emudeceram, ficando ainda mais restrito nosso acesso aos pais de alunos.

Frente a dificuldade na realização de entrevistas junto aos atores internos diretamente envolvidos no cotidiano escolar, buscamos em atores externos alguma possibilidade de percepção sobre a escola objeto, traçando como alternativas a realização de entrevista com ex-diretora, morador que havia participado em órgão colegiado, doador do terreno para a construção da escola, além de autoridade local.

Foi patente nesta estratégia o pronto atendimento à realização das entrevistas dos não residentes no distrito enquanto aos moradores em geral, a existência de alguma reticência à concessão, em formas diferentes, ocorreu.

De posse de alguns dados iniciais sobre a escola seguimos a busca de dados sobre o distrito, pensando ao menos um delineamento e ambientação deste para a tentativa de percepção do entorno o qual a escola pertence e a possibilidade de alguma apreensão entre seus relacionamentos.

O ponto de partida em nosso intento mantinha-se na busca por referências estatísticas junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Quando do contato com tal fonte, os dados referentes ao Censo de 2010 sobre o distrito permaneciam aglutinados aos dados do município, sendo naquele momento impossível a distinção de quais referências pertencentes ao distrito especificamente. Neste contexto, partimos para a Prefeitura do Município de Mococa encontrando algumas referências sobre o distrito junto ao Cadastro Imobiliário Municipal e informados pelo Expediente da Prefeitura sobre a inexistência de dados precisos sobre Igaraí, indicando-nos o IBGE como fonte para tal fim.

Com acentuação paulatina da dificuldade de acesso a dados sobre o distrito, pensamos como alternativa para o seu delineamento, o uso dos requerimentos encaminhados a Câmara Municipal de Mococa, durante o período de recorte e com a referência Igaraí.

De posse destes fragmentos e pensando os requerimentos como vetor ao diálogo entre poder público e distrito, seguimos à tentativa de carpintejar alguma estrutura na busca ao entendimento dos componentes funcionais da escola junto ao seu entorno e atores.

3. Procedimentos Metodológicos

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Selecionamos em primeiro filtro todos os requerimentos apresentados à Câmara Municipal de Mococa com a referência Igaraí, no período compreendido entre janeiro de 2008 a agosto de 2012.

O período é selecionado pela concomitância ao desenvolvimento e término de Projeto Político Pedagógico norteador da gestão escolar no período de 2007 a 2010 e início de gestão norteada pelo Projeto Político Pedagógico de 2011 a 2014, marcado também pela transição de diretores, respeitando intervalo similar para a gestão escolar de sucedido e sucessor.

Deste primeiro filtro recolhemos 263 requerimentos apresentados, sem levarmos em consideração se aprovados ou encaminhados pela Casa, tomando como elemento significativo a própria apresentação.

Após leitura flutuante (BARDIN 2011), conformamos seis conjuntos temáticos ao agrupamento dos requerimentos em razão de recorrência temática para análise e tentativa de delineamento do distrito. A ideia de conformação aqui é mantida na tentativa de delineamento de contornos e marcas / fronteiras à recorrência em virtude de aproximação dos elementos pares.

3.2. Documentos escolares

Analisamos dentro do período de recorte já mencionado os projetos políticos pedagógicos, livros de atas de conselho de escola, conselho de classe, de associação de pais e mestres.

Na análise tentamos perceber vetores para relacionamento entre os diversos atores ligados direta e indiretamente ao cotidiano escolar, pensando a partir desta percepção, a possibilidade de grafia de aspectos funcionais da escola.

3.3. Observação

Durante o período compreendido de fevereiro a agosto de 2012, ressalvado o intervalo de férias escolares, participamos do cotidiano escolar na forma de observador externo.

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horários alternados. Após abril, nossa estada para a observação tornou-se mais espaçada e respeitava eventos escolares como conselhos de classes e festividades.

Participamos também, como observador externo, de evento promovido pelo departamento de saúde do município junto ao distrito, visando a percepção da integração entre poder público local e população do distrito.

3.4. Entrevistas Semiestruturadas

As entrevistas ocorreram no período compreendido entre maio e novembro de 2012, com o objetivo de observar as formas de percepção dos atores sobre a escola, distrito e suas maneiras de interação.

As entrevistas foram realizadas e concedidas após convite e esclarecimento sobre os objetivos da pesquisa, sobre o sigilo às fontes dos dados apresentados nas entrevistas, além da possibilidade de retirada de consentimento a qualquer tempo e respectiva retirada da participação.

Todos os convites foram realizados em acordo com TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em anexo.

Para tanto e visando garantia aos entrevistados, a pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Biociências da UNESP de Rio Claro, respeitando suas orientações à aprovação e desenvolvimento.

Para garantia de sigilo a identidade dos atores com especial cuidado aos ligados diretamente ao cotidiano escolar, isto em razão de lidarmos com unidade escolar única no distrito, aqui designamos estes entrevistados genericamente como gestores enumerando-os.

Aos demais atores há uma indicação genérica em acordo com a situação representativa no distrito, grafando a exemplo: morador; autoridade local.

3.4.1. Roteiro de entrevistas semiestruturadas

Identificação dos entrevistados e vínculo com a escola / distrito; Considerações gerais sobre a escola;

A escola no distrito; Qualidades da escola;

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A utilidade (importância) da escola no distrito;

Funcionamento da escola em relação a sua importância;

Considerações gerais sobre comunidade onde a escola esta localizada; Qualidades que a comunidade possui;

Os maiores problemas da comunidade; Atuação do Poder Público Local; A relação escola-comunidade;

Chamamentos da escola pela comunidade; Chamamentos da escola pela comunidade; Atividades de integração escola comunidade; Aspectos gerais sobre a família dos alunos.

Relacionamento entre a escola e a família dos alunos; Participação da família na escola;

Situações e motivos para chamamento da família pela escola.

4. Estrutura do Trabalho

O presente trabalho está arquitetado em cinco capítulos e considerações finais. Os quatro capítulos iniciais comportam bases de referência descritivas sobre a escola e o distrito balizando tentativa de tessitura e trama destas bases no quinto capítulo.

Assim, o primeiro capítulo tenta indicar o distrito constituído através dos requerimentos encaminhados à Câmara Municipal de Mococa e outras referências documentais; o segundo capítulo visa indicar a escola constituída a partir de seus próprios documentos institucionais; o terceiro capítulo intenta delinear o distrito na perspectiva dos atores entrevistados; o quarto capítulo grafa o delineamento da escola através das entrevistas; o quinto capítulo, almeja perceber a trama e inter-relacionamento das bases descritivas na composição dos aspectos funcionais da escola e subsidiariamente elementos imaginários que gravitam nesta funcionalidade, capítulo seguido das considerações finais.

Esta arquitetura de trabalho respeita a hipótese de carpintarias à carpintaria, pensando a lavra de bases à sustentação de trama e à possibilidade de percepção de algum conjunto.

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Assim, a estrutura básica inicial do presente trabalho consiste em: - Introdução Geral;

- Capítulo 1 – O distrito em Documentos;

- Capítulo 2 - A escola estadual de Igaraí em documentos;

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CAPÍTULO 1 – O DISTRITO EM DOCUMENTOS

1.1. A nebulosa de Igaraí: uma breve introdução

Geograficamente a vinte e sete quilômetros aproximados da sede do município de Mococa – SP, a malha urbana do distrito de Igaraí se aproxima e distancia da sede do município por estrada vicinal sinuosa, tocada por caminhos de fazendas, chácaras e sítios.

O trajeto que não se constituí único configura-se ímpar pela impossibilidade da redução de contornos e volteios, caracterizando o distrito como objeto mais próximo a Tapiratiba – SP com quinze quilômetros aproximados e Guaxupé – MG, com vinte e três quilômetros aproximados.

O tempo do trajeto entre sede de município e malha urbana do distrito também se faz alongado em comparação ao trajeto das outras localidades próximas. A peculiaridade dos caminhos, seus serpenteios, desconsideradas demais contingências, geram de Igaraí – Mococa em automóvel de passeio uma duração média de trinta minutos, enquanto que Igaraí-Guaxupé durem em média vinte minutos e Igaraí-Tapiratiba durarem quinze minutos na média.

Distanciado em tempo e espaço o distrito parece gravitar a sede do município como corpo nebuloso, sem referências precisas sobre composição e organização interna ao poder executivo local, dispersado em fragmentos com composições heterogêneas.

Em bibliografia indicada no Museu Histórico e Pedagógico da cidade como oficial à composição de narrativa histórica do município, o distrito é quase uma incógnita com breves menções e passagens.

Mesmo com referências dispersas e fragmentárias, ao observador desatento motivado pela distância, o distrito pode provocar a impressão de corpo homogêneo, delineado, dotado de organização e vida própria sem qualquer correlação ou interdependência a sede do município.

Deste ponto, a impressão para um rascunho do distrito pode sugerir algo hermético, lacrado em seus limites e inacessível a olhares externos dirigidos ao seu interior; um maciço que orbita a sede do município.

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Perceptível mais pela “ausência” de referências precisas, o distrito parece dialogar com o município apenas através de sua posição de apêndice, lembrado episodicamente quando da manifestação de necessidades, porém apagado ou esquecido no cotidiano como elemento constitutivo e integrante pleno da vida do município.

Esses traços são impressos, a exemplo, quando da tentativa de leitura estatística da demografia do distrito.

O Executivo local, em seu Expediente e Planejamento não possuia dados demográficos do distrito, ao menos nenhuma informação segura ou concisa, indicando como possibilidade à leitura o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para a apreensão destas referências, fazendo do distrito algo diluído no computo dos indicadores sociais municipais produzidos pelo censo oficial do ano de 20101, então disponibilizados no momento da pesquisa.

É neste sentido que o distrito de Igaraí parece figurar ou gravitar ao poder Executivo e bibliografia “oficial” sobre o município como corpo celeste nebuloso, composto de fragmentos diversos e dispersos, perceptível como homogêneo por efeito “ótico” produzido pela distância, apartado da vida cotidiana da sede do município salvo a “sua” luz refletida cesse ou ofusque o brilho da cidade.

1.2. Distrito de Igaraí em fotos: Uma passagem

O conjunto de fotos registra o trajeto de travessia do distrito de Igaraí, tomando como referência a chegada ao distrito partindo de Mococa e seguindo rumo a Tapiratiba – SP. Já no distrito, o princípio para a organização reside na adoção aproximada de ponto de fuga de uma imagem referenciar a próxima tomada em uma quase sequência:

1 Censo 2010 – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. -

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Foto 1 – Igaraí da estrada, primeira aparição:

Fonte: Imagem colhida pelo autor

Foto 2 – Acesso ao bairro Guilherme Zanette da estrada:

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Foto 3 – Doacesso ao distrito:

Fonte: Imagem colhida pelo autor

Foto 4 - Passando pelo distrito 1:

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Foto 5 - Passando pelo distrito 2:

Fonte: Imagem colhida pelo autor

Foto 6 - Passando pelo distrito 3:

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Foto 7 - Passando pelo distrito 4a:

Fonte: Imagem colhida pelo autor

Foto 8 - Passando pelo distrito 4b:

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Foto 9 - Passando pelo distrito 5:

Fonte: Imagem colhida pelo autor

Foto 10 - Passando pelo distrito 6:

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Foto 11 – Saindo do distrito 7:

Fonte: Imagem colhida pelo autor

1.3. Distrito de Igaraí em documentos

Acompanhando os dados produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, nas aferições de 2010, os 66.290 habitantes do município de Mococa distribuem-se ao longo de 24.850 endereços urbanos e 3.149 endereços rurais que comportam 20.293 domicílios, referências estas sem qualquer indicação ou marca à subdivisão em bairros e ou distritos, condição extensiva aos demais indicadores estatísticos produzidos pelo referido censo em momento de nossa coleta.

Sob esta tentativa de olhar estatístico para o distrito, algumas marcas para contornos são fornecidas pelo poder executivo junto ao seu cadastro imobiliário. O cadastro imobiliário da Prefeitura Municipal de Mococa grafa na malha urbana do distrito 807 imóveis ativos para recolhimento de IPTU e 14 imóveis rurais com endereços de correspondência no distrito para efeito de cobrança de taxas e tributos.

O Cartório Eleitoral local, em boletim de Distribuição do Eleitorado por Local de Votação cedido aos 24 de agosto de 2012, registra para as seis seções eleitorais existentes no distrito um total de 2.110 eleitores aptos à participação em pleito de outubro do mesmo ano. O mesmo boletim indica um total de 53.469 eleitores aptos no município.

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Esta estimativa imprecisa considera simplesmente o número total de eleitores em razão do número total de habitantes, condição que nos dá a possibilidade matemática da construção estimativa de número de habitantes do distrito em razão de seus eleitores.

O sítio http://www.acasa.org.br/socio_ambiental_acao.php?id=1,2 portal de projeto que tem por objeto o reconhecimento e difusão de produção artesanal, faz referência a fundação da “Vila de Igaraí” e indica uma população de 3.180 habitantes, dos quais 1.050 vivendo na zona rural, grafando também que: “Igaraí depende quase que 100% dos empregos gerados na zona rural.” A provável marca de referência aos dados do sítio dá-se como ano de 2008, sem trazer consigo referências de como estes dados foram estimados.

Ainda na tentativa de um delineamento do distrito, ao distanciarmo-nos do alfarrábio numérico e seguirmos em busca de alguma outra produção historiográfica, a dificuldade do intento é mantida.

Em acordo com indicação de então funcionária responsável pelo “Museu Histórico e Pedagógico Marquês de Três Rios”3, museu existente no município de Mococa e local tido como responsável à preservação da memória do município, quatro autores se debruçaram na composição da história de Mococa.

Na leitura destes quatro autores4, reconhecidos pelo Museu e Biblioteca Municipal de Mococa além de outros espaços locais e informais como “historiadores” oficiais do município e responsáveis pela manutenção da memória e narrativa da história do município, a impressão forte registra-se na preocupação sobre a construção de narrativas sobre malha urbana da sede do município, as figuras ilustres que para tanto contribuíram, com pouca ou nenhuma atenção específica aos distritos.

As referências, quando encontradas, são breves e limitam-se como exemplo, ao aspecto da proximidade do distrito a Minas Gerais em ocasião da Revolução de Trinta e Dois (PALADINI, 1995, p. 52 e FREITAS 1947, p. 240), a existência do distrito de paz, eleição de

2http://www.acasa.org.br/socio_ambiental_acao.php?id=1 última vistita 03 de setembro de 2012.

3 No “Museu Marquês de Três Rios” a informação foi obtida através de funcionária pública municipal então nele

alocada, a professora de ensino infantil e anos iniciais do ensino fundamental Eliana Galvani. A informação foi ratificada na Biblioteca Municipal “Almeida Magalhães” pela bibliotecária responsável, a Sra. Edna Regina Maziero, apontando ainda as obras como únicas existentes sobre o tema.

4 Os autores e obras referenciadas são: Freitas, Edgard. Mococa 100 anos de história – 1847 – 1947. Edição de

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juízes de paz e a contribuição estatística do distrito ao incremento da agricultura local (FREITAS, 1947, pag. 334, 139 e 170 respectivamente).

Em Paladini (1995), há um capítulo sobre o desenvolvimento do ensino no município sem grafar qualquer menção ao distrito e a escola referência para esta pesquisa.

“In loco” Igaraí é revelado atarracado a estrada, bandeado e agarrado a leve encosta até seu platô. A estrada que por momentos se incorpora a cadência do distrito, ressurge abrupta na atenção do olhar.

Subindo a encosta, entre casas, ao passar a escola referência à pesquisa e a quadra poliesportiva ao fundo, nota-se um pequeno comércio mais concentrado na venda de produtos alimentícios e bares. Alguns bazares com artigos de vestuário circundam as duas praças existentes. Soma-se a isto a igreja da praça maior, o campo de futebol, uma escola de educação infantil, um posto de saúde, o velório, o cemitério, um cartório de registro de pessoas naturais do distrito, um posto de gasolina e a quase inexistência de movimento de pessoas pelas ruas em meio ao dia.

1.4. Lavraturas de ausências – as faltas sentidas e as reinvindicações dos moradores tal como retratadas nos Requerimentos da Câmara Municipal para Igaraí:

Em busca nos autos da Câmara Municipal de Mococa partidas da referência Igaraí, encontramos 263 requerimentos, 01 projeto de lei e 01 projeto de lei complementar no período compreendido entre janeiro de 2008 à agosto de 2012. Reiteramos aqui que este período mantém-se pela concomitância ao desenvolvimento e término de Projeto Político Pedagógico norteador da gestão escolar no período de 2007 a 2010 e início de gestão norteada pelo Projeto Político Pedagógico de 2011 a 2014, marcado também pela transição de diretores, respeitando intervalo similar para a gestão escolar de sucedido e sucessor.

Durante todo o período do recorte, o distrito de Igaraí possuiu um representante eleito junto a Câmara Municipal de Mococa. A existência de um representante não significou ou grafou a única autoria dos Requerimentos com referência Igaraí apresentados. Esta condição também contribuiu a nossa consideração sobre a referência Igaraí como determinante na composição dos documentos observados e não pura e simplesmente as representações de autoria do edil local.

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Câmara. Tomamos como marca a referência Igaraí e a indicação à Casa de Leis como suficientes para a nossa leitura.

Desta forma, o projeto de lei municipal nº 00068/2011 de 05 de setembro de 2011, propõe a inclusão e instituição no calendário municipal de eventos, o dia de fundação do distrito de Igaraí. O projeto é aprovado e torna-se lei municipal nº 04172 aos 08 de dezembro de 2011. Por sua vez, o projeto de lei complementar nº 00015/2010, apresentado e retirado pelo executivo municipal, previa a alienação de imóvel no distrito.

Na leitura dos requerimentos emergem traços de problemas cotidianos do distrito: questões com pavimentação asfáltica, limpeza de cemitério, retirada de animais de espaços públicos, podas de árvores, iluminação de vias públicas, acompanhamento de implementação de conjunto habitacional.

Neste universo de questões cotidianas alguns requerimentos chamam a atenção pela frequência temática e foram classificados para efeitos de análise em grupos distintos. Os grupos foram organizados em acordo com a própria sugestão temática dos requerimentos constituindo: Grupo 1 – Segurança; Grupo 2 – Agências Bancárias; Grupo 3 – Telefonia; Grupo 4 – Transportes; Grupo 5 – Saúde; Grupo 6 – Emancipação.

A exceção para a condição de frequência nesta conformação de grupos faz-se junto ao Grupo 06 – Emancipação, constituído exclusivamente a partir da peculiaridade temática, sob a expectativa da grafia de alguma expressão mais clara de distensões entre o poder público municipal e a população do distrito de Igaraí.

1.4.1. Grupo 1 – Segurança

Ao longo do período de recorte, encontramos um total de 23 requerimentos que possuem como temática direta as condições de segurança. Estes requerimentos fazem referencia a existência de policiamento no distrito, o que excluiu em nosso processo classificatório requerimentos que remontem, como exemplo, a manutenção ou ampliação de pontos de iluminação pública possuindo como justificativa a segurança do local.

Deste montante de vinte e três requerimentos, 11 deles solicitam expressamente a constituição de distrito ou base comunitária da polícia militar de maneira efetiva e permanente. Um requerimento, de nº 492/2010 de 17 de maio de 2010, dirige-se ao poder executivo local, solicitando plantão permanente da guarda municipal no distrito.

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requerimento nº. 018/2008 de fevereiro de 2008; requerimentos de nº 623 a 628 de junho de 2009; requerimentos nº 084; 085 e 086/2009 de setembro de 2009; e requerimentos nº 492 e 512/2010 de maio de 2010.

As justificativas encontradas nos requerimentos gravitam sobre a insegurança, demora no atendimento policial quando de alguma ocorrência e aumento de delitos e crimes a exemplo:

Segundo informações, os moradores do referido distrito queixam-se com freqüência da falta de segurança e, quando ocorrem delitos, na maioria das vezes o atendimento policial é demorado, razão pela qual estes moradores solicitam atenção especial por parte do executivo municipal (REQUERIMENTO 018/2008).

Justificativa:- o vereador tem recebido diversas reclamações acerca do assunto, em razão do aumento abusivo de ocorrências, inclusive o recente episódio do assalto a creche municipal do distrito, onde equipamentos foram roubados e o prédio sofreu atos de vandalismo. Os moradores do distrito de Igaraí estão cada vez mais amedrontados, pedindo um posto policial para sua segurança, uma vez que a população tem sido vítima de bandidos até a luz do dia, razão pela qual encaminhamos o presente requerimento. (REQUERIMENTO 085/2009).

Justifica-se o presente, uma vez que o distrito de Igaraí tem sofrido com a violência nos últimos meses, pois ali ocorreram vários furtos a residências e assaltos a escola pública, onde os ladrões levaram todo o equipamento. Recentemente, a situação se agravou e até mesmo os caminhões de entrega de produtos estão se recusando a ir até o distrito com medo dos assaltos já ocorridos, deixando a população e os comerciantes em situação precária, razão pela qual reivindico o apoio de vossa excelência para a conquista desse benefício. (REQUERIMENTO 628/2009).

Justifica-se o presente, tendo em vista que, este edil tem recebido diversas reclamações acerca do assunto, pois a situação de insegurança que vivem os moradores do distrito de Igaraí é alarmante. É necessário a intervenção do poder público, em caráter emergencial, no sentido de designar guardas municipais para garantir a segurança dos munícipes do distrito de Igaraí, razão pela qual apresento o requerimento. (REQUERIMENTO 492/2010).

Os demais requerimentos versam sobre as possibilidades de aumento de policiamento ostensivo da polícia militar e municipal, além de aumento de contingente da guarda municipal junto aos equipamentos públicos, incluindo solicitação de informe sobre resultado de concurso público para guarda municipal com alocação no distrito.

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Do requerimento nº 502/2012, obtivemos acesso a devolutiva e este foi respondido negativamente grafando como justificativa o que segue:

No distrito de Igaraí já existe um guarda municipal que presta serviços no posto médico, local municipal, das 15h as 21h.

Quanto a Escola Estadual entendemos ser de responsabilidade do Estado (RONDA ESCOLAR PELA POLÍCIA MILITAR, OF. Nº 808/2012 DE 13 DE JUNHO DE 2012).

1.4.2. Grupo 2 - Agências Bancárias

Solicitação também recorrente nos requerimentos observados refere-se a possibilidade de implantação de posto ou agência bancária. Em número menor comparativamente ao montante de requerimentos pleiteando policiamento, nove no total, estes também se distribuem de forma não homogênea ao longo do período em recorte.

Em 2008 foram expedidos os requerimentos nº 020, 027 e 028/2008 no mês de fevereiro; em 2009 o requerimento nº 335/2009 no mês de março; os requerimentos nº 768 a 772/2011, em junho de 2011 dirigidos estes a todas as redes bancárias com agências estabelecidas no município de Mococa.

As justificativas para as solicitações são amparadas na ausência de qualquer mecanismo bancário no distrito, condição esta que produz transtornos e dificuldades a população que carece, “para honrar seus compromissos”, o deslocamento à cidade de Mococa, a exemplo:

Justificativa: os moradores do distrito de Igaraí reivindicam a instalação do banco postal para que possam efetuar pagamento de contas e remessas de dinheiro, sem ter que se deslocar até a cidade de Mococa. Devido à distância que separa o distrito, os moradores investem tempo e dinheiro para se deslocar até Mococa e efetuar o pagamento de suas contas do mês, perdendo dia de trabalho e muitas vezes dependendo de terceiros para honrar seus compromissos, devido ao fato de que o distrito não possui posto bancário. (REQUERIMENTO nº 335/2009).

Das solicitações, as redes bancárias públicas, especificamente o Banco do Brasil SA e a Caixa Econômica Federal produziram devolutivas aos requerimentos que lhes foram encaminhados grafando negativas ao pleiteado por razões de custos e segurança, abrindo, porém, a possibilidade de implantação de correspondentes bancários:

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2 – Reforça nosso entendimento o fato de outras instituições que operavam naquele distrito, em função dos custos e segurança envolvidos em suas operações, terem encerrado suas atividades naquele local.

3 – Por fim, a população dispõe de canais alternativos, que permitem que realizem boa parte das atividades que os fazem deslocar, tais como internet, central de atendimento via telefone e Correspondentes Bancários.

4 – Caso o comércio local desejar se tornar correspondente bancário, passando a oferecer diversos serviços aquela população sendo remunerado para tanto, basta contatar o agente credenciador (...) (CORRESPONDENTE BANCÁRIO DO BANCO DO BRASIL AS Of. 2011/086 DE 07 DE JULHO DE 2011).

... a localidade de Igaraí já está contemplada com um CCA. No momento estamos em fase de prospecção para implantação naquele distrito. Já inclusive tínhamos acertado com um estabelecimento no local para prestação de serviço bancário, porém no momento de finalização o comerciante desistiu da parceria alegando falta de segurança em atuar como correspondente bancário, já que segundo ele, o distrito não conta com posto policial. (CORRESPONDENTE BANCÁRIO DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Of. 036/2011 DE 21 DE JULHO DE 2011).

1.4.3. Grupo 3 - Telefonia

O conjunto de requerimentos sobre telefonia comporta 11 requerimentos ao todo, também distribuídos de forma não homogênea ao longo de nosso recorte, porém com maior concentração no ano de 2009 e sem incidência no ano de 2011.

Os requerimentos, direcionados as operadoras de sistemas de telefonia, tratam das possibilidades de ampliação de rede telefônica fixa, com maior número sobre as possibilidades de implementação e expansão técnica de telefonia móvel junto ao distrito.

(...) Para que seja oficiado à telesp celular, para que proceda estudos em relação ao sistema de telefonia celular no distrito de Igaraí, uma vez que os fios e cabos são roubados com freqüência, deixando os usuários sem comunicação via celular. A alegação acima justifica o presente requerimento. (REQUERIMENTO nº 162/2008).

A instalação de dois telefones públicos e outros residenciais no conjunto habitacional Guilherme Zanetti, localizado no distrito de Igaraí, em Mococa. Justificativa: justifica-se o presente, uma vez que recentemente foram entregues 57 casas pelo sistema CDHU, e os moradores aguardam pela ligação dos telefones residenciais e, para as pessoas que não possuem condições de terem uma linha fixa, solicitamos a instalação de telefone público tipo orelhão no conjunto habitacional Guilherme Zanetti. (REQUERIMENTO nº 172/2009).

1) Informar as condições da rede telefônica do Distrito de Igaraí, no Município de Mococa / SP.

2) Informar se há estudos, projetos e para a melhoria e adequação da linha Mococa / SP ao distrito de Igaraí / SP.

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A única devolutiva das operadoras que tivemos acesso deu-se referente ao requerimento nº 235/2012, no qual a operadora menciona sua competência à telefonia móvel e já a implementação de serviço “3G”. no distrito.

1.4.4. Grupo 4 – Transportes

Na organização dos requerimentos com referência transportes, nos detivemos naqueles que mencionavam ou se detinham em aspectos do transporte coletivo oferecido entre o distrito e a sede do município. Além destes aspectos, baixamos atenção também nos pontos de embarque e desembarque de passageiros e condições de acesso da população do distrito ao serviço.

Cabe mencionar que o transporte coletivo entre os distritos e a sede do município é oferecido por empresa privada, concessionária habilitada em processo licitatório público. O transporte de estudantes em todos os períodos, entre o distrito, fazendas, sítios e chácaras circunvizinhas e município é mantido pelo poder executivo local.

Neste olhar desconsideramos, como exemplo, requerimentos que tratavam da conservação de vias ou ampliação de concessão de pontos de veículos de aluguel. Assim, de posse destas marcas, conformamos dezessete requerimentos.

Nesta conformação também os requerimentos não são distribuídos homogeneamente ao longo do período em recorte. Os requerimentos nº 285 e 516 de março e maio de 2009 respectivamente, e o requerimento nº 858 de agosto de 2010, abordam aspectos comuns sobre transporte inerentes aos dois distritos do município

(...) se digne informar a esta casa de leis: a) – há possibilidade de fornecimento do transporte aos estudantes dos distritos de Igaraí e São Benedito das Areias que freqüentam estabelecimentos de ensino públicos e particulares? B) em caso negativo informar a razão. Justificativa: justifica-se o presente requerimento tendo em vista que os alunos das escolas públicas de 1º. E 2º. Ano tem acesso ao transporte escolar da prefeitura, enquanto que os alunos das escolas particulares ficam sem esse transporte, razão pela qual apresentamos a presente reivindicação. (REQUERIMENTO nº 285/2009).

Ser oficiada a empresa responsável pelo transporte coletivo urbano – (...), na pessoa de seu proprietário, (...), solicitando a criação de uma linha circular para os distritos de São Benedito das Areias e Igaraí nos finais de semana. Justifica-se o presente, pois a população dos referidos distritos tem questionado a falta do transporte nos finais de semana, haja vista que muitos não dispõem de veículo próprio, necessitando se locomover por este meio. (REQUERIMENTO nº 516/2009).

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B) há possibilidade de divulgar, através dos meios de comunicação ou de anexos informativos nos ônibus coletivos, sempre que houver mudanças de horários, com no mínimo quinze dias de antecedência? Caso contrário, justificar. Justificativa:-justifica-se o presente, tendo em vista que, a maioria dos moradores dos distritos de Igaraí e São Benedito das Areias, utilizam os ônibus de transporte coletivo com destino ao município de Mococa, para trabalhar, estudar, prestigiar o comércio, resolver assuntos pessoais, entre outros. Portanto, é extremamente importante o conhecimento dos horários destes ônibus e a divulgação das mudanças de horários, razão pela qual apresento o requerimento. (REQUERIMENTO nº 858/2010)

Tanto o requerimento nº 285/2009 quanto o requerimento nº 198/2010 de março deste ano de 2010, fazem menção a proibição de alunos do distrito vinculados a rede particular de ensino da sede do município, sobre utilizar o serviço de transporte oferecido diretamente pelo poder executivo municipal.

O teor dos requerimentos remonta a momento de discussão estabelecida no município sobre o transito de alunos, principalmente do período noturno, vinculados as instituições de ensino técnico e superior particulares existentes na malha urbana da sede do município.

Existiram momentos em que o poder público executivo proibiu de fato o acesso destes alunos ao serviço.

Informações acerca do transporte escolar do distrito de Igaraí e do município de Mococa, a saber: - qual o motivo que proibiu o transporte dos estudantes da rede particular, destino distrito de Igaraí – Mococa? (...) Justifica-se o presente, tendo em vista que os munícipes do distrito de Igaraí, que estudam na rede particular de ensino de Mococa, trabalham muito para conseguirem pagar suas mensalidades escolares e muitas vezes não possuem condições de arcarem com despesas de passagens de ônibus. (REQUERIMENTO nº 198/2010).

Na proibição do uso do transporte escolar aos alunos da rede privada do município, principalmente durante o período noturno, o poder executivo local não levou em consideração ou ao menos disponibilizou em horários alternativos, através de empresa concessionária do serviço, linhas de transporte regular que pudessem garantir o deslocamento destes alunos aos seus respectivos locais de estudo.

Mesmo ao longo do dia, não houve qualquer remanejamento de frota ou horários e itinerários do transporte coletivo regular entre o Distrito e o Município que pudesse atender tal demanda.

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de transporte alternativo, serviço de vans principalmente, além de provocar acentuação nos índices de evasão de alunos da rede privada onerados por mais este custo.

Os alunos do ensino noturno da rede privada do município, principais afetados quando da proibição, eram alunos principalmente do ensino superior vinculado as faculdades locais e alunos de cursos técnicos profissionalizantes de escolas com cursos neste perfil.

Os requerimentos nº 468/2008; 034, 137, 759/2009; 319, 743, 1237/2010 e 1043/2011 por sua vez referem-se especificamente a possibilidade de construção de abrigos e ou cobertura nos pontos de ônibus do distrito, principalmente naqueles que são localizados na vicinal Mococa-Igaraí. As justificativas destes repetem a falta de abrigo e proteção aos usuários do serviço.

As condições de manutenção dos veículos, sua capacidade, aparecem nos requerimentos nº 068/2008 e 124/2011, enquanto os de números 561/2009, 165 e 443/2012 referem-se a ampliação de horários, itinerário e implementação de novos pontos de embarque e desembarque no distrito.

A devolutiva do requerimento 443/2012 grafa como horários de partidas e chegadas:

De Igaraí para Mococa: 6h10min., 7h10min., 9h, 12h e 15h. De Mococa para Igaraí 7h30min., 10h, 11h, 14h, 15h30min. e 16 horas. (HORÁRIOS DE TRANSPORTE COLETIVO Of. 754/2012 DE 04 DE JUNHO DE 2012)

Os horários grafados na devolutiva podem produzir ainda referências em 2012 sobre a impossibilidade de traslado do aluno de curso noturno originário do distrito e vinculado a instituição de ensino situada na malha urbana do município através de linha regular de ônibus.

A recorrência de demandas nos requerimentos também pode ser evidenciada, a exemplo, nos requerimentos do grupo transportes em atenção aos pontos de embarque e desembarque de passageiros, como segue:

Há possibilidade da prefeitura, junto ao seu departamento competente, construir abrigo para o ponto de ônibus da estrada Igaraí/Mococa, saída para a fazenda varginha e morro azul? Caso positivo, pretendo firmar parceria com a administração municipal, doando o material necessário. A construção deste abrigo é extremamente necessária, pois irá facilitar a vida dos usuários, especialmente dos idosos e das crianças de colo. (REQUERIMENTO 498/2008).

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Há possibilidade da prefeitura, junto ao seu departamento competente, construir abrigo para o ponto de ônibus da estrada Igaraí/Mococa, saída para a fazenda varginha e morro azul? Caso positivo, pretendo firmar parceria com a administração municipal, doando o material necessário. A construção deste abrigo é extremamente necessária, pois irá facilitar a vida dos usuários, especialmente dos idosos e das crianças de colo. (REQUERIMENTO 759/2009).

Mesmo com a manifestação de interesse na doação de material para a cobertura dos pontos de embarque e desembarque de passageiros, o ano de 2010 ainda registra a demanda, porém o teor das ementas e as justificativas ganham outros contornos:

(...) a prefeitura municipal, através do departamento competente poderia informar, se há possibilidade de proceder a construção de coberturas para pontos de ônibus na estrada vicinal Mococa x distrito de Igaraí? B) em caso positivo, informar quando. Caso contrário, justificar. Justificativa:- justifica-se o presente tendo em vista que, a construção de coberturas para pontos de ônibus, é de extrema importância para oferecer aos usuários deste transporte, maior conforto e segurança, abrigando-os das variações climáticas, razão pela qual apresento o requerimento (REQUERIMENTO 319/2010).

(...) a prefeitura municipal, através do departamento competente poderia informar, se há possibilidade de proceder a construção de coberturas para pontos de ônibus na vicinal Mococa x distrito de Igaraí, especificamente próximos às fazendas varginha e morro azul? B) em caso positivo, informar quando. Caso contrário, justificar. Justificativa:- justifica-se o presente tendo em vista que, a construção de coberturas para pontos de ônibus, é de extrema importância para oferecer aos usuários deste transporte, maior conforto e segurança, abrigando-os às variações climáticas, uma vez que é de interesse deste vereador colaborar com a construção das referidas coberturas, através de doação de parte do material, razão pela qual apresento o requerimento (REQUERIMENTO 743/2010).

A questão é recorrente até o final de nosso recorte.

Em visita “in loco” em agosto de 2012 constatamos a existência de estreita cobertura na maioria dos pontos de embarque e desembarque de passageiros. A ampliação de horários e itinerários não se confirmou até o momento de fechamento de nosso recorte.

1.4.5. Grupo 5 – Saúde

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Neste intento, concentramos a atenção nos requerimentos que grafavam as condições para atendimento em saúde no distrito junto ao NAI – Núcleo de Atendimento Integrado local, além de outras formas que possibilitariam pronto-atendimento.

Encontramos com estas marcas sete requerimentos, sendo que nenhum com data anterior a março de 2009. Há certa concentração de requerimentos no ano de 2011 em virtude de solicitações de esclarecimentos sobre reformas ocorridas na estrutura do núcleo de atendimento.

Um requerimento trata especificamente da condição da ambulância que serve o distrito: requerimento de número 334/2009. A condição de ambulância, em especial a possibilidade de constituição de UTI móvel no distrito é mencionada em requerimento de número 621/2012.

O requerimento 621/2012 menciona também a possibilidade de contratação de clínico geral e pediatra para a atuação no distrito. As condições de contratação de clínico geral e ampliação de horário de funcionamento do núcleo também são objeto do requerimento 102/2012. O núcleo funcionava nos períodos de manhã e tarde, sem a presença cotidiana de um clínico e a solicitação referia-se a estada diária deste e ampliação de funcionamento até as vinte e duas horas.

1.4.6. Grupo 6 – Emancipação

Encontramos no período em recorte quatro requerimentos destinados à representantes na Câmara Legislativa Estadual do Estado de São Paulo, solicitando abertura de processos de emancipação política dos distritos de Igaraí e São Benedito das Areais concomitantemente.

Os requerimentos nº 1423, 1424, 1425 e 1426/2011, não são apresentados por representante residente em qualquer dos distritos e traz como justificativa, a condição de independência destas populações.

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Além destes requerimentos, não encontramos qualquer outra menção que pudesse demonstrar ou indicar algum sentido ou sentimento de emancipação no distrito.

1.5. De ausências a gramaturas de abandono e insegurança

Na leitura dos requerimentos apresentados à Câmara Municipal pela própria função destes, esperávamos encontrar algum delineamento do distrito através de demandas cotidianas, pensando assim as possibilidades de configuração destes requerimentos em vetores de diálogo entre o distrito e o restante da municipalidade.

O encontrado nas justificativas, tanto dos requerimentos quanto das devolutivas que tivemos acesso, aponta a questões do distrito que sugerem uma interconexão viciosa e ao que parece, indicar ainda timidamente para que uma ausência legitime outra nas composições discursivas e adoção de práticas tanto dos moradores quanto dos representantes do poder executivo e legislativo local.

Desta forma no distrito podemos estabelecer, dentro de um exercício de raciocínio amparado em uma lógica perversa e não necessariamente em constatações de fato, conexões entre a falta de policiamento inviabilizar a existência de postos bancários e expansão de telefonia fixa, enquanto que a ausência de postos bancários em conjunto com as condições locais de acesso a saúde exigem redimensionamento nos horários e itinerários do transporte coletivo. Em sentido inverso e em extensões ao absurdo, poderíamos seguir e grafar na resolução das condições de transporte do distrito à sede do município, ou no seu policiamento, as suas grandes panaceias.

O apontado nos requerimentos em seus grupos, salvo o sexto grupo, é a reincidência das solicitações. Uma mesma questão percorre praticamente todo o nosso recorte, dando condições inclusive de reaproveitamento de texto em “facsímile” na apresentação dos requerimentos.

Somado a permanência ou longa duração das demandas do distrito junto ao poder legislativo local, seja por peculiaridades das próprias demandas ou “grosso modo”, da morosidade da municipalidade em seu atendimento, há a dificuldade de encontro de registros sobre o distrito.

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Os autores reconhecidos localmente como tradutores da história de Mococa registram os 156 anos de Igaraí em seus trabalhos, respeitados os momentos de produção destes, em tinta breve e arredia ou ainda, como ausência pura e simples.

Distante de querer enveredar sobre aspectos de concepção e produção historiográfica no município, o que fica latente é certa preocupação sobre a produção de registros da malha urbana da sede do município e suas figuras ilustres, como se isto pairasse destacado e isolado acima de qualquer outro elemento do município ou exterior a ele.

A conformação das ausências ou morosidades registradas nos requerimentos apresentadas na Câmara Municipal ou ainda na história “oficial” do município podem municiar elementos de legitimação a prováveis marcas de abandono.

Neste sentido, principalmente a ausência de policiamento ostensivo, de posto ou distrito policial na localidade, amplia espaços de re-significação da insegurança em abandono e de abandono em possibilidade de descaso do poder público, em geral, a população do distrito.

Neste panorama de busca a elementos e marcas à leitura e percepção do distrito frente ao até então registrado ou ausente, há a possibilidade da grafia imaginária do distrito manter-se, contraditoriamente, sob bases de desamparo.

Cabe destacar que o imaginário aqui é tomado em acordo com Castoriadis (1995), quando este propõe que:

O imaginário de que falo não é imagem de. É criação incessante e essencialmente indeterminada (social-histórica e psíquica) de figuras / formas / imagens a partir das quais somente é possível falar-se de “alguma coisa.” Aquilo que denominamos “realidade” e “racionalidade” são seus produtos (CASTORIADIS,1995, p. 13).

A ausência de indicativos a discussões mais claras sobre a autonomia do distrito, salvo as constantes nos requerimentos de nº 1423 a 1426/2011, ou ainda a proposição em qualquer documento visitado, projetos de lei ou requerimentos, que versem sobre o incremento ou desenvolvimento econômico do distrito sugerem que os elementos de desamparo deflagrados conotariam também anseio por tutela remontando a rascunhos de autoridade paternal.

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O amparo aqui apontaria outras formas de visibilidade e conciliação entre o distrito e o poder público municipal, grafaria outras marcas e regras ao jogo de relacionamento entre ambos, caracterizando-o como, em acordo com Sennett (2011):

(...) uma constante nas questões humanas; as modernas burocracias ocidentais não o transcenderam, mas o enterraram, de tal sorte que ele se torna mais cômodo quando é impessoal, e negociado cara a cara, não por declarações como “Você precisa me ajudar”, mas por jogos mais velados no qual os subalternos esperam conseguir a proteção dos superiores (SENNETT, 2001, p. 237).

A posse destes indicativos não nos autoriza, pelo objeto da pesquisa, a caracterizar o distrito como um corpo cívico, espaço de destinos compartilhados (SENNETT 2001, p. 371 e 372), atrelando o fado da vida dos habitantes ao futuro do distrito. Mesmo os requerimentos que comportam a solicitação de emancipação do distrito não figuram, como já mencionado, como reflexo de um imaginário partilhado e instituinte de práticas e ações cotidianas.

Da mesma forma, a possibilidade de caracterizar o distrito como comunidade ou gueto nos é cerceada. Mesmo considerando, em acordo com Bauman (2003), que

O “comunitarismo” ocorre mais naturalmente às pessoas que tiveram negado o direito à assimilação. Tiveram negada a escolha – procurar escolha na suposta “fraternidade” do grupo é a sua única opção (BAUMAN 2003, p. 87).

a população do distrito sofre cisões entre os habitantes de sua malha urbana e zona rural. As condições de desamparo, se efetivas, não se constituem como negação a assimilação ou em vínculo, a tal ponto, da fraternidade tornar-se a única escolha desta população.

Podemos grafar como hipótese e exercício para a reflexão da possibilidade de um ressentimento acomodado contra as injustiças padecidas, pontuando momentos de solidarização e distensão entre os habitantes. Neste aspecto as prováveis injustiças padecidas não catalisariam rebeliões na população em razão de suas condições anteriores (BAUMAN 2003, p. 75), mas sim a sobremarcariam caracteristicamente em distinção “invejosa” do seu entorno.

Aqui cabe a retomada da proposição de Castoriadis (1985, p.159) sobre a instituição constituir-se como “uma rede simbólica, socialmente sancionada, onde se combinam em proporções e em relações variáveis um componente funcional e um componente imaginário”.

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substância primeira à elaboração de práticas coletivas ou até mesmo individuais, grafa-se na ausência como vetor a funcionalidades, componente instituinte contraditório.

Em relação ao poder público local, aqui genericamente, a instituição faz-se presente como falta.

Para esta ponderação cabe o cuidado sobre as especificidades de parcela dos próprios documentos observados, grafando a ausência como elemento inerente a sua própria natureza.

Observada a cautela na ponderação ou proposição da ausência / falta como base à arquitetura de pragmáticas coletivas e ou individuais existentes, a impressão forte mantém-se na sua existência ao menos em pragmáticas de superfície, recorrente como agente discursivo e legitimador de parcela, indefinida quantitativamente, de ações.

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CAPÍTULO 2 - A ESCOLA EM DOCUMENTOS

2.1. A escola estadual de Igaraí em documentos

Criada através de Decreto Estadual nº 17.698, publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo aos 07 de julho de 1949, a Escola de Igaraí iniciou suas atividades em primeiro de agosto do mesmo ano.

Em virtude de doação de terreno por particular para a construção e ampliação do prédio escolar, a escola em 1977, passou a ocupar o espaço e funcionar no seu atual endereço.

A escola que abriga o ensino fundamental e médio funcionando em três períodos letivos comporta em seus quadros, em acordo com informações prestadas pela direção da unidade escolar aos 14 de maio de 20125, 27 professores ativos, dos quais 09 efetivos na unidade escolar e 06 com carga horária completa na unidade.

Deste montante de 27 professores, 08 docentes exercem atividades em outras unidades escolares e 04 encontram-se afastados das atividades. Ao todo, 10 docentes são residentes no distrito e os demais distribuem-se principalmente entre Tapiratipa, Mococa e Caconde, em locais de residência. Não obtivemos dados sobre os pedidos de remoção e remoções concedidas nos últimos quatro anos.

De posse destas referências podemos construir a ilustração percentual: Figura 1 – Docentes Ativos na Unidade Escolar:

Fonte: Dados Fornecidos pela própria Unidade de Ensino.

A equipe gestora da escola é composta por quatro professores exercendo as funções de diretor, vice-diretor e dois coordenadores de ensino. Os quatro professores estão ativos na unidade escolar, sendo 02 efetivos, dos quais 01 com sede na unidade escolar. Três

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professores da equipe gestora são residentes no distrito de Igaraí. Esta conformação nos dá a possibilidade da ilustração percentual:

Figura 2 – Equipe Gestora:

Fonte: Dados Fornecidos pela própria Unidade de Ensino.

O corpo técnico administrativo da escola também é composto por 04 profissionais, todos ativos, efetivos e com sede na unidade de ensino. Dos quatro profissionais do corpo técnico administrativo apenas um não é residente no distrito, o que proporciona as seguintes referências percentuais:

Figura 3 – Corpo Técnico Administrativo:

Fonte: Dados Fornecidos pela própria Unidade de Ensino.

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Figura 4 – Colaboradores:

Fonte: Dados Fornecidos pela própria Unidade de Ensino.

Em acordo com planos de gestão escolar dos quadriênios 2007-2010 e 2011-2014, com estrutura, objetivos e características da escola e comunidade transferidas em “facsímile” de um plano a outro, a escola possui uma área construída de 2.000m²; 10 salas de aula; uma sala ambiente para informática; uma sala de leitura, uma quadra e um acervo de 7.800 livros, incluído neste montante livros didáticos, paradidáticos e material apostilado recebido do Estado.

O terreno doado para a construção do prédio da escola em seu atual endereço possuía 10.113,00m² de área total, posteriormente desmembrado pela prefeitura local para fins de construção de quadra poliesportiva para atendimento dos moradores do distrito. Não possuímos dados sobre a área precisa destinada exclusivamente a escola atualmente.

Os referidos planos grafam a principal clientela na faixa etária de 07 a 18 anos, um corpo discente de baixa renda e composto aproximadamente por 50% de discentes moradores da zona rural. Indicam ainda a dificuldade ao acesso a outros equipamentos culturais, registrando:

... a localidade não tem nada a oferecer e os pais não tem condições de oferecer viagens e passeios para as crianças, pois só folgam no domingo e torna-se inviável pela condição financeira dos pais. (PPP – PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 2011-2014, p. 09).

Os planos registram também como equipamentos sociais próximos, o ginásio poliesportivo, centro da terceira idade, posto de saúde, biblioteca, creche municipal e campo de futebol, apontando também para a unidade escolar vizinha mais próxima na malha urbana do município uma distância de vinte e oito quilômetros.

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análise das propostas pedagógicas contidas no plano de gestão do quadriênio 2007-2010, encontramos os objetivos em relação as modalidades de ensino como segue:

A expectativa da escola para o nosso aluno, ao concluir o ensino fundamental, é que apresente bons hábitos comportamentais, que seja autor de seu conhecimento, tenha senso de autocrítica, seja curioso e interessado, tenha senso crítico desenvolvido e que seja informado e pronto para enfrentar a realidade dentro e fora da escola. (PPP – PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 2011-2014, p. 29).

... o perfil do nosso aluno que a escola deseja é que o aluno consiga aprofundar seus conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, que tenha desenvolvido razoavelmente a sua comunicação, que apresente qualificação mínima exigida pelo mercado de trabalho, preparado para exercer sua cidadania com autonomia e que esteja apto a disputar vaga no ensino superior. (PPP – PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 2011-2014, p. 30. sobre o ensino médio).

A relação com a comunidade também é grafada no projeto político pedagógico. Registro junto a página 33 aponta que: “a comunidade é bastante participativa e tem um sentimento de posse pela escola. (...)e que nada é feito ou trabalhado sem a discussão com

toda a comunidade escolar”.

Acompanhando a leitura do projeto, encontramos as planilhas de autoavaliação referentes ao quadriênio anterior, grafando como maiores dificuldades ao enfrentamento a constante falta de funcionários; alta rotatividade de professores; dificuldades na relação família-escola marcadas no atendimento dos pais as convocações escolares; parcos recursos didáticos; falta de profissionais junto aos serviços de apoio e alunos ainda com defasagem nos conteúdos para o aprendizado.

A estratégia proposta para o enfrentamento do quadro acima esquadrinhado centra-se na otimização das ações dos diversos núcleos de gestão, visando consolidação da gestão participativa e o protagonismo juvenil na adoção das políticas tomadas.

Como amarrilho a estas ações é destacada a função do diretor, mantendo em

... seu desempenho e da sua habilidade em influenciar o ambiente que depende, em grande parte, a qualidade do ambiente e clima escolar, o desempenho de seu pessoal e a qualidade do processo de ensino-aprendizagem (PPP – PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 2011-2014, pag. 44).

2.2. As reuniões com os pais grafadas em atas.

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do acompanhamento dos pais junto a vida escolar dos alunos, grafam também comunicações sobre eventos escolares e demandas pontuais para o andamento da vida escolar.

Ao longo do recorte, foram observadas 39 atas registradas em livro específico para tal fim, algumas não possuem registro de teor dos encontros salvo a proposta de pauta. Todas as atas, a exceção de uma, comportam assinatura dos pais e estão distribuídas não homogeneamente ao longo do período na seguinte forma:

Tabela 1 – Distribuição das atas de reuniões com pais no período de janeiro de 2008 a agosto de 2012

Ano de Referência Quantidade de Atas

2008 13 2009 11 2010 8 2011 6 2012 1

Fonte: Dados colhidos diretamente no livro de atas da escola.

Na conformação temática dos grupos desconsideramos um grupo específico sobre aproveitamento escolar, pano de fundo presente direta ou indiretamente a todas as atas. Sob este pano de fundo, considerando que em razão de seu teor e ou proposta de pauta uma mesma ata pode comportar mais de um tema, buscamos ao longo do recorte temáticas que pudessem indicar os principais vetores de diálogo da escola com os pais a partir de seu registro e recorrência.

Desta forma, compomos três grupos temáticos: Frequência de Alunos; Questões Comportamentais e Uso de Material Didático.

Na temática frequência de alunos, foram agrupadas atas que tratavam em sua pauta como item especifico os percentuais de ausência dos alunos, como também questões voltadas a reposição de aulas sob regime de recuperação de estudos, recuperação de estudos propriamente ditas como medida compensatória e incentivos dos pais aos alunos para participarem das referidas recuperações.

Referências

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