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A influência do espaçamento sôbre o ciclo vegetativo do sisal.

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Academic year: 2017

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A INFLUÊNCIA DO ESPAÇAMENTO SÔBRE O CICLO

VEGETATIVO DO SISAL

(2)

112 B R A G A N T I A V O L . V I

Nutman (7) diz que, polo retardamento no corte das folhas, há uma nítida diminuição do ciclo vegetativo da planta, e que certas observações confirmam a opinião de que o sisal em solos ricos floresce mais cedo. ^ Toro (8) acha que a desigualdade de ciclo vegetativo somente pode ser atribuída a diferenças de clima e solo, e, possivelmente, de sistemas de cul-tura e de exploração.

Hunter e Leake (5) supõem que o clima seja o fator decisivo sobre a duração de vida do sisal, afirmando que, quando se compreender melhor as condições responsáveis pelo florescimento, então poderá ser possível con-trolar ou mesmo evitar a floração prematura da planta.

Na África Oriental Inglesa, em Amani (2), observou-se que o número total de folhas produzidas durante a vida da planta varia com as condições locais e tratamento, sendo que, entre plantas da mesma idade, as que pro-duzem folhas mais rapidamente são as primeiras a florescer.

Finalmente, segundo Baun (1), o florescimento, nos Agave não culti-vados, depende das condições de solo e altitude, porém o corte das folhas provoca uma profunda modificação no seu ciclo vegetativo. Aquele autor apresenta os seguintes dados sobre a idade de florescimento do sisal em diversas situações e paises :

África Oriental Alemã

-Planalto 4 anos Solo calcáreo 10 ,, Altitude de 1.400 pés . . . 6 ., Hawaii 7 a 9 ,, Cuba . . . 15 ,, Ilhas Bahamas 6 a 12

Apesar de a literatura referente ao sisal considerar diversos fatores que influem sobre a sua duração de vida, nenhuma citação existe quanto à influência do fator espaçamento entre plantas, na duração do período vegetativo desta planta.

O objetivo da presente publicação é, pois, apresentar alguns dados a este respeito, dados que obtivemos de ensaios de espaçamento localizados nas Estações Experimentais de Ribeirão Preto e Pindorama.

Se bem que a finalidade precípua desses ensaios tenha sido a de estudar a produção do sisal sob diferentes espaçamentos, observou-se durante a 4." colheita, que coincidiu com o início de florescimento das plantas, uma evi-dente desigualdade no número de plantas florescidas nos diferentes trata-mentos, principalmente na localidade de Pindorama.

(3)

1946 B R A G A N T I A 113

Os ensaios de espaçamento, aqui considerados, compõem-se de 4 blocos ao acaso de 9 tratamentos seguintes :

espaçamento Âre a útil por plan

(m) (m2)

1. 1.20 x 2.00 2.40

2. 1.20 x 2.40 2,88

3. 1.50 x 2.00 3.00

4. 1.20 x 3.00 3.60

5. 1.50 x 2.40 3.60

6. 2.00 x 2.00 4.00

7. 1.50 x 3.00 4.50

8. 2.00 x 2.40 4.80

9. 2.00 x 3.00 6.00

No quadro I estão expostos os dados relativos às datas de instalação de viveiro, transplante para o local definitivo e das diversas colheitas das plantas destes ensaios.

Q U A D K O I

L O C A M D A D E S

Ribeirão Preto Pindorama

E n v i v e i r a m e n t o 3 1 - 3 - 3 9 1 6 - 1 1 - 3 8

Transplante 1 4 - 1 1 - 3 9 6 - 1 2 - 3 9

Colheitas : l .a

2 6 - 4 - 4 2 2 5 - 6 - 4 2

2.* 7 - 6-43 3 0 - 1-43

3." 5 - 3-44 7 - 6-44

1/ 2 8 - 2 - 4 5 17 - 3 - 4 5

5.11

2 6 - 1-46 1 3 - 2 - 4 6

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo observações realizadas durante estes últimos anos, nos lotes de aumento de sisal e nestes ensaios, sob as nossas condições ecológicas, há um período principal de florescimento do sisal, abrangendo os meses de dezembro a abril. Ocorre, entretanto, um florescimento muito menos in-tenso durante os demais meses, principalmente de julho a setembro. No presente estudo este florescimento será referido como florescimento entre cortes.

(4)

1 1 4 V O L . V I

Q l A D R O II

P E R C E N T A G E N S D E F L O R E S C I M E N T O D A S P L A N T A S D E S I S A L N A 4." E 5 « C O L H E I T A S E E N T R E E S S A S C O L H E I T A S , P A R A OS D I V E R S O S T R A T A

-M E N T O S D O S E N S A I O S D E E S P A Ç A -M E N T O

R í B E I R Ã O P R E T O P I N D O R A M A

T R A T A M E N T O

4.» corte

Entre cortes

5.°

corte Total

4." corte

Entre cortes

5."

corte Total

1 2 3 4 õ 6 S 9 i 0.4 1.Õ 4.2 5.0 4.4 8.3 6.3 6.7 11.4 2.5 1.5 1.3 4.3 0.7 7.0 1.7 6.3 12.1 18.5 24.5 30.6 37.5 43.8 36.7 62.4 44.8 12.5 22.5 30.2 36.9 46.2 52.8 50.0 70.8 62.5 1.2 5.0 12.0 17.5 13.1 19.4 29.7 38.3 38.5 0.5 1.2 0.6 1.4 1.5 5.0 2.2 18.7 25.0 34.9 53.1 52.5 53.5 54.7 50.0 51.0 20.0 30.0 47.4 71.8 66.2 74.3 85.9 93.3 91.7

Xota-se, pelos dados deste quadro, que há uma nítida relação entre o florescimento das plantas e o espaçamento utilizado (ver fig. 1 ) . Naquelas plantas com menor espaçamento, o ciclo vegetativo do sisal é prolongado, ao passo que naquelas com maior espaçamento, a duração de vida da planta é bastante diminuída. A diferença de percentagem de plantas florescidas para os espaçamentos extremos, 1,20 x 2,00 e 2,00 x 3,00 metros, atingiu 50% e 7 2 % para Ribeirão Preto e Pindorama, respectivamente.

Conclui-se, destes resultados, que nos trabalhos de seleção de sisal vi-sando a criação de linhagens com ciclo vegetativo longo ou curto, porém uniforme, não se pode desprezar a influência do espaçamento concedido às plantas escolhidas como matrizes, eliminando-se sempre os rebentos que brotam dos rizomas da planta.

Entretanto, da totalidade das plantas de cada espaçamento com a mesma origem, idade o tratamento, algumas floresceram em uma deter-minada época (4.a

colheita), outras em outra (5.a

colheita), e algumas ainda não tinham atingido o período final do ciclo vegetativo. Trata-se, possi-velmente, dc uma variabilidade própria da espécie, ou, talvez, porque seja uma mistura de clones, como indica a origem do material (3), permitindo assim a seleção de linhagens uniformes quanto à duração do ciclo vegetativo. Sabe-se que o A. sisalana também apresenta variabilidade em outras caraterísticas. Assim, a ausência de espinhos marginais nas folhas não é um caráter fixo, pois, frequentemente, aparecem sobre o escapo floral de

unia planta, típica da espécie, bulbilhos com e sem espinhos nas margens

das folhas.

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116 B R A G A N T I A V O L . V I

(bulbilhos e rebentos) são vegetativos ou agâmicos. Os primeiros se desen-volvem na base do pedicelo das flores, logo abaixo da camada de abeissão, após a queda destas, ao passo que os segundos se desenvolvem dos rizomas da planta.

Na prática, a cultura do sisal é considerada como terminada quando cerca de 30% das plantas tenham atingido o período de florescimento. Por-tanto, a obtenção de uma linhagem de florescimento uniforme proporcio-naria uma maior produção por unidade de área, pois, na prática atual, a cultura é renovada quando cerca de 70%. das plantas ainda não atingiram este período, as quais ainda poderiam permitir outros cortes.

É interessante notar que, entre as plantas da mesma idade, aquelas que produzem folhas mais rapidamente são as primeiras a florescer, con-firmando assim as observações feitas, nesse sentido, em Amani, na África Oriental Inglesa.

No quadro III apresentamos o número de folhas por planta e por ciclo de 12 meses, a contar da data do transplante do viveiro para o campo, até o início de florescimento (4.a

colheita), para o ensaio de espaçamento de Ribeirão Preto. Por motivos alheios à nossa vontade houve uma modifi-cação na 4.a

colheita das plantas do ensaio de Pindorama, que não se pro-cessou na mesma ordem das anteriores, de modo que se perdeu a produção individual das plantas. Porisso, apresentamos os dados somente para o ensaio de Ribeirão Preto.

Q U A D K O i l l

P R O D U Ç Ã O M É D I A D E F O L H A S POR P L A N T A E POR C I C L O D E 12 M E S E S , P A R A C A D A T R A T A M E N T O , A C O N T A R D A D A T A D O P L A N T I O E A T É O I N Í C I O D E F L O R E S C I M E N T O ((53 M E S E S ) . T A N T O P A R A A S F L O R E S C I D A S

N A 4." C O L H E I T A C O M O PARA A S D E M A I S

Plantas florescidas na

Plantas ainda T R A T A M E N T O

não florescidas 4." colheita 5.M

colheita

1 36. (>(*) 3 7 . 8 3 3 . 9

2 4 2 . 1 3 9 . 0 35.1

3 4 1 . 4 3 7 . 4 3 3 . 7

4 41 .2 3 9 . 6 36.1

õ 4 1 . 1 3 9 . 2 3 5 . 9

6 4 1 . 3 3 8 . 4 3 5 . 4

7 41 .õ 3 8 . 9 3 6 . 2

8 4 1 . õ 3 9 . 4 3 5 . 9

9 41 .9 3 9 . 3 3 5 . 6

Média 4 1 . 5 3 8 . 8 3 5 . 3

(*) Neste caso apenas uma planta floresceu na 4 .a

(7)

S U M M A R Y

T h e present paper deals with the influence of different rates of spacing on the poling of sisal plants (Agave sisalana Perrine)

T h e results were obtained from spacing trials (four randomized b l o c k s of nine treat-ments) carried out at the R i b e i r ã o Preto and Pindorama Experimental Stations.

T h e percentages of poling plants, u p t o the 5th leaf cutting, were 20,0% and 9 1 , 7 % for the narrowest (1,2 x 2,0 m ) and widest (2,0 x 3,0 m) spacings tried in Pindorama, while in R i b e i r ã o Preto they were 1 2 , 5 % and 0 2 , 5 % , respectivelly.

A c c o r d i n g t o these results it m a y be concluded that the narrow spaced plants were less liable t o early poling than the wide spacing ones.

T h e trial at R i b e i r ã o Preto also indicated that a m o n g the plants, g r o w n under the same conditions, those p r o d u c i n g leaves at a faster rate were the first t o pole. A t t h a t Station, the yearly average lenf production per plant (for all treatments) up t o the 4 t h leaf cutting, has been 41,5 leaves for those plants poling after 63 m o n t h s ; 38,0 leaves for those poling after 74 months ; and 35,3 leaves for those plants not poled up t o 5 th cutting.

L I T E R A T U R A C I T A D A

1. B a u n , K . Bemerkungen zur Verbesserung der Sisalagave (lurch Züchtung.

Zeits-chr. fiir Pflanzezüch. 8: 278-290, 1922.

2. A n ô n i m o . E a s t African Agricultural Research Station. Amani. Annual R e p o r t

1938.

3. D'Utra, G. Cultura d o sisal on henequen. B o l . Secret. A g r . Ind. e C o m . Est. S.

Paulo. Série 10: 165-196. 1910.

4. Glover, J. T h e root-svstem o f A g a v e sisalana in certain East African Soils. E m p i r e

Jour. E x p . Agriculture, 7: 11-20. 1939.

5. H u n t e r , H. e H . M . Leake Em R e c e n t A d v a n c e s in Agricultural Plant Breeding,

J. & A . Churchill. L o n d o n , 1933.

6. Lock, G . W . A S t u d y of m e t h o d s os cultivating sisal in K e n y a in comparison

with those used in T a n g a n i v k a . T h e East African Agric. Journal, 2 :

392-396. 1937.

7. N u t m a n , E. J. T h e field for sisal research in East Africa. Bulletin Imperial

Ins-titute 2 9 : 299-307. 1931.

8. T o r o , A . P. E l mejoramiento del henequen por m é t o d o s científicos. E l Sisal de

Referências

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