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O caso Aimée e a causalidade psíquica.

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Academic year: 2017

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RESUMO O artigo discute as form ulações acerca da causalidade

psí-quica nos prim órdios da obra de Jacques Lacan. Com base na análi-se do caso Aim ée, preanáli-sente na teanáli-se de psiquiatria de Lacan, busca dem onstrar com o a hipótese de um a origem social nos m ecanis-m os psíquicos de autopunição da paranóia perecanis-m ite a Lacan articu-lar, alguns anos depois, identificação e causalidade psíquica.

Pa la vra s - c h a ve : iden tificação, cau salidade psíqu ica, origem

so-cial, autopunição, psicanálise.

ABSTRACT Th e case of Aim ée an d psych ic cau sality. Th e article discusses the form ulations about psychic causality in Lacan’s early work. Based on the analysis of the Aim ée case of Lacan’s psychiatric thesis, it tries to dem onstrate how the hypothesis of social origin in th e p sych ic m ech an ism s o f self- p u n ish m en t p resen t in th e p aran o ia, m ake it p o ssible fo r Lacan to articu late, years later, identification and psychic causality.

Ke y w o rds : id en tificatio n , p sych ic cau sality, so cial o r igin ,

self-punishm ent, psychoanalysis.

L

acan, em 1946, estabelece um aarticulaçãoentre a causa-lidade psíquica e a identificação. No entanto, é possível encontrar as bases desta form ulação lacaniana já na tese de psiquiatria defendida 14 anos antes. Vislum bra-se então que Lacan desdobra certos aspectos clínicos da sua pesquisa sobre a origem social dos m ecanism os psíquicos de autopunição da paranóia e, assim , form ula a causalidade psíquica em term os de identificação, pondo em destaque a função da im ago. Des-se m odo, é possível supor que este tem po propiciou a Lacan elaborar alguns conceitos utilizados no seu trabalho acadê-m ico. Tais conjecturas convidaacadê-m a uacadê-m a análise retrospectiva deste período, com o form a de esclarecer a relação entre cau-salidade psíquica e identificação nos prim órdios da teoriza-ção lacaniana.

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Logo, é preciso voltar a 1932, ano em que o jovem psiquiatra Jacques Lacan apresenta a um a banca presidida por Henri Claude sua tese intitulada: “ Da psicose paranóica em suas relações com a personalidade”. Nesta ocasião, ele declara que a originalidade da tese encontra-se no fato de, pela prim eira vez, na França, buscar-se um a interpretação exaustiva dos fenôm enos m entais de um delírio em função da história concreta do sujeito. De acordo com Leguil, as prim eiras reflexões clínicas e teóricas de Lacan estão sob a influência de Karl Jaspers ( LEGUIL, 1989) ; cabe então exam inar a que Lacan se refere quando fala em “história concreta do sujeito”.

Constata-se que a historicidade está veiculada ao acom panham ento, durante um ano e m eio, de um a paciente que ele cham ou de Aim ée. É com base neste trabalho que Lacan constrói a tese segundo a qual a natureza da cura dem ons-traria a natureza da doença. É im portante pontuar que o term o “cura” é utiliza-do no seu valor clínico de redução de toutiliza-dos os sintom as m órbiutiliza-dos. Desse m outiliza-do, o fato de a paciente, cerca de vinte dias após ter com etido um atentado contra a atriz Huguette ex-Duflos, não apresentar nenhum delírio focaliza a proble-m ática do estudo.

Inicialm ente, Lacan tenta resolver o enigm a do desaparecim ento do delírio em Aim ée, pensando no m esm o com o sendo um delírio passional. Neste quadro, a realização da obsessão assassin a, através do assassin ato, fazse acom -pan h ar pela qu eda im ediata de toda a convicção deliran te do agressor. Po-rém , isso n ão acon tece n o caso em questão. A agressão deferida por Aim ée provoca um ferim ento na m ão da atriz e Aim ée não dem onstra nenhum a satisfação especial pela evolução favorável da sua vítim a. A situação deliran te, m an -ten do-se por m ais de qu in ze dias, passa a fugir às características dos delírios passionais.

Assim sendo, a saída encontrada por Lacan para explicar a natureza da cura vai bu scar o qu e m u da para a pacien te depois qu e ela com ete o aten tado. O então jovem psiquiatra acredita que a paciente “realiza” seu castigo. Segundo Lacan, isso se revela de duas form as. De um lado, ela experim enta a com panhia de outras delinqüentes que expressam opiniões cínicas sobre sua pessoa, além de vivenciar a desaprovação e o abandono dos seus fam iliares e próxim os, com exceção apenas daqueles que com o ela com eteram um delito e pelos quais ela sente repulsa. De outro lado, ele defende que ela agride a si m esm a, o que se expressa pelos seus choros e a conseqüente queda do delírio, caracterizando, de acordo com Lacan, a satisfação da obsessão passional.

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esta nova entidade nosológica fazendo referência a textos de Freud que tratam especificam ente da gênese do supereu.

Os textos selecionados da obra freudiana buscam sustentar a hipótese de Lacan segundo a qual os m ecanism os psíquicos de autopunição teriam um a origem social. Esta origem estaria dem arcada pela presença de sentim entos de culpa que expressariam a atitude subjetiva dos pacientes. Interessado em de-m on strar a validade da su a h ipótese, Lacan cita textos da segu n da tópica freudiana que tratam da origem do supereu. É assim que ele recom enda a leitu-ra de “O Eu e o Isso”,1 pois esta é para ele a obra fundam ental de Freud sobre a doutrina do supereu.

Seguindo a orientação form ulada por Lacan, verifica-se que, de fato, Freud ( 1923) , no terceiro capítulo de “O Eu e o Isso”, trabalha detalhadam ente com o se dá a form ação do supereu. A investigação freudiana aí está fundada na análise dos sentim entos de culpa. Através de um a citação deste texto, é possível com -preender o destaque dado por Lacan a este artigo na sua tese de psiquiatria. Logo, neste capítulo, Freud afirm a que:

“A tensão entre as exigências da consciência e os sentim entos concretos do eu é experim entada com o sentim ento de culpa. Os sentim entos sociais repousam em identificações com outras pessoas, na base de possuírem o m esm o ideal do eu.

A religião, a m oralidade e senso social foram originalm ente um a só e m esm a coisa. [ ...] Mesm o hoje os sentim entos sociais surgem no indivíduo com o um a superes-trutura construída sobre im pulsos de rivalidade cium enta contra seus irm ãos e irm ãs. Visto que a hostilidade não pode ser satisfeita, desenvolveu-se um a

identi-ficação com o rival anterior.” ( FREUD, 1923/ 1969, p. 52)

Freud continua seu texto retom ando o artigo “Alguns m ecanism os neuróti-cos no ciúm e, na paranóia e no hom ossexualism o”, de 1922, que é tam bém citado por Lacan, na tese. Neste artigo de 1922, Freud exam ina os três graus do ciúm e encontrados no trabalho analítico. Seriam eles: o ciúm e com petitivo ou norm al, o projetado, e o delirante. Em 1923, ele retom a sucintam ente o que tinha declarado um ano antes.

“ O estu do de casos bran dos de h om ossexu alidade con firm a a su speita de qu e tam bém n este caso a iden tificação con stitu i su bstitu to de u m a escolh a objetal afetuosa que ocupou o lugar da atitude hostil, agressiva.” ( FREUD, 1923/ 1969,

p. 52)

1 Buscando uniform izar as referências, optou-se por cham ar “ ego” de “ eu” , “ superego” de

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Um a passagem do texto “Alguns m ecanism os neuróticos no ciúm e, na para-nóia e no hom ossexualism o” revela a relação feita por Freud, nesta época, entre ciúm e, rivalidade, hom ossexualism o e sentim ento social, e esclarece os m oti-vos que levaram Lacan a fazer referência a este texto.

“É bem conhecido que um bom núm ero de hom ossexuais se caracteriza por um desenvolvim ento especial de seus im pulsos instintuais sociais e, por sua devoção aos interesses da com unidade. [ ...] , contudo, o fato de a escolha hom ossexual de

objeto não sem freqüência provir de um anterior sobrepujam ento da rivalidade com os hom ens não pode passar sem relação com a vinculação entre hom ossexua-lism o e o sentim ento social.” ( FREUD, 1922/ 1969, p. 281)

A citação acim a explica ainda porque Lacan, ao referir-se a este texto, con-sidera-o com o sendo um trabalho tanto sociológico com o clínico, que ilustra a “gênese dos instintos sociais”. No entanto, baseando-se tam bém na teoria do desenvolvim ento da libido, elaborada por Karl Abraham ( 1916) , Lacan traba-lhará a questão social partindo do pressuposto da existência de um a fixação da libido em objetos fraternos. Nesta perspectiva, outro trecho de “Alguns m eca-nism os neuróticos no ciúm e, na paranóia e no hom ossexualism o” dem onstra com o Lacan busca nos textos de Freud elem entos para sustentar a tese de um a origem social nos m ecanism os psíquicos da paranóia de autopunição.

“Sabendo que, no paranóico, é exatam ente a pessoa m ais am ada de seu próprio sexo que se torna seu perseguidor, surge a questão de saber onde essa inversão de

afeto se origina. Não se precisa ir longe para buscar a resposta: a sem pre presente am bivalência de sentim ento fornece-lhe a fonte e a não-realização de sua reivin-dicação de am or a fortalece.” ( FREUD, 1922/ 1969, p. 275)

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hosti-lidade prim itiva entre os irm ãos estaria na base de um a inversão anorm al, que transform aria hostilidade em desejo, desejo de ser com o o objeto que está no lugar do ideal do eu.

Lacan faz referência a outros textos de Freud. Entre eles, cabe salientar aque-les que desem penharam um papel im portante para a explicitação da hipótese dos m ecanism os psíquicos de autopunição. Deste ponto de vista, tanto “Luto e m elancolia” ( 1915a/ 1969) com o “O problem a econôm ico do m asoquism o” ( 1924/ 1969) devem ser colocados em destaque, um a vez que, em 1924, Freud vai propor os term os “necessidade de punição” no lugar de “sentim ento in-consciente de culpabilidade”. Para Freud, neste m om ento preciso de sua obra, a necessidade de punição expressaria um a exigência legal de sanção. Com efeito, percebe-se que, nas últim as citações feitas a Freud, Lacan apóia-se na concei-tualização freudiana das neuroses de autopunição para circunscrever o caráter autopunitivo da paranóia.

Nesta ocasião, Lacan acredita que a análise dos determ inantes autopunitivos e a teoria da gênese do supereu que ela fom entou representam na teoria psica-nalítica um a síntese superior e nova ( LACAN, 1932/ 1987) . Apoiando-se nisto e buscando m eios para sustentar sua nova entidade nosológica, ele afirm a que a análise das correlações objetivas ou subjetivas perm ite dem onstrar que os m e-canism os psíquicos de autopunição têm um a origem social. A partir deste m o-m ento, ele eo-m penhar-se-á eo-m saber se o valor patogênico de uo-m a fixação pode ser aproxim ado do de um a constituição. Logo, ele prolongará o exam e da ori-gem social da paranóia, exam inando a fixação da libido no com plexo fraterno enquanto condição prim ordial das “tensões sociais”.

É surpreendente que Lacan, tendo explorado a origem social da paranóia, cite apenas de passagem o texto de Freud “Psicologia das m assas e análise do Eu” e abstenha-se de trabalhá-lo com m aior afinco. Tal evidência causa surpresa, pois não são poucos os textos em que Freud fala do social, e é neste especifica-m ente que, trabalhando o conceito de identificação, ele deespecifica-m onstra que o con-traste entre a psicologia individual e a psicologia social perde sua im portância, dado ao fato de que, invariavelm ente, algo m ais está envolvido na vida m ental do indivíduo, seja com o um m odelo, um objeto, um adversário, de m odo que, desde o com eço, toda psicologia individual é, ao m esm o tem po, tam bém um a psicologia social ( FREUD, 1921/ 1969) .

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associado a “um círculo m ais estreito, com o o da fam ília” ( FREUD, 1921/ 1969, p. 92) . Será então através do exam e do papel da identificação na história prim i-tiva do com plexo de Édipo que Freud reunirá elem entos para a com preensão da sintom atologia apresentada pelos pacientes que m uitas vezes dificulta o relacio-nam ento destes sujeitos com o m undo.

Na tese, Lacan fornece m aterial que ilustra os transtornos no nível da iden-tificação, sofridos pela paciente. Entretanto, a noção de identificação será ex-plorada apenas de relance no que toca ao seu interesse em evidenciar o caráter autopunitivo característico da psicose paranóica. Com efeito, Lacan revela estar m ais preocupado em dem onstrar que o paranóico, ao com eter um crim e, co-nhece a lei que transgride, do que em analisar os transtornos identificatórios de Aim ée que com provam a tese freudiana de que “o eu não é o senhor da sua própria casa” ( FREUD, 1917a/ 1969) . Cabe então entender quais os critérios da seleção dos textos de Freud trabalhados por Lacan em sua tese.

Em “De nossos an teceden tes” , Lacan in dica com o ele “ desem boca” em Freud. Segundo Lacan, é por interm édio de Alexan der e Stau b qu e ch ega a Freu d ( LACAN, 1 9 6 6 / 1 9 8 8 ) . Neste sentido, é sob a influência de Alexander, o u seja, in flu en ciad o p elo s trab alh o s so b re au to p u n ição d a crim in o lo gia berlinense, que Lacan orientará seus estudos em torno da discussão acerca do supereu e da autopunição.

Elisabeth Roudinesco adm ite que, estando Lacan interessado na gênese do supereu, ele tom ará Freud por um viés acadêm ico, no qual a obra freudiana está associada ao eu, às resistências e aos m ecanism os de defesa ( ROUDINESCO, 1993) . A afirm ação desta autora torna com preensível o m otivo por que Lacan faz referência aos trabalhos de Anna Freud sobre o papel do am biente na pato-logia infantil e de Ernest Jones acerca da tendência autopunitiva do supereu. Estas referências, de acordo com Tendlarz ( 1989) , coincidem com a hipótese lacaniana da ação do m eio social sobre o indivíduo.

Estas bases teóricas contribuíram para que Lacan declarasse, na tese, que o tratam ento das psicoses torna m ais necessária um a psicanálise do eu do que um a psicanálise do inconsciente. Neste m om ento, ele apóia-se na idéia segun-do a qual o estusegun-do das resistências poderia fornecer novos m anejos terapêuticos que poderiam ajudar a encontrar soluções técnicas para os im passes vividos na clínica das psicoses.

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Na terceira parte da tese, Lacan, afirm ando não pretender retom ar a crítica das hipóteses usadas até então no estudo das psicoses paranóicas, apresenta as conclusões a que chegou através do seu trabalho. Assim sendo, a conclusão da tese é guiada por um a pergunta inicial que ele se propõe a responder. A questão é form ulada assim : “a psicose, com efeito, é determ inada por um a constituição?” ( LACAN, 1932/ 1987, p. 314) .

Para Lacan, a resposta a esta indagação só pode ser form ulada através da apresentação de um a característica concreta ao quadro clínico estudado. Tendo este objetivo, ele afirm a ter deixado de lado as hipóteses sobre a psicose para-nóica que desconhecem o que há de m ais sim ples a com preender nestes casos. A com preensão alm ejada por Lacan busca dar um sentido hum ano às condutas que são passíveis de observação nos pacientes; entre elas, cita os fenôm enos m entais trazidos pelos m esm os. O entendim ento do propósito alm ejado por Lacan poderá ser esclarecido por interm édio da análise do que ele consegue construir em torno do caso Aim ée.

Quando encontra a paciente pela prim eira vez, ela apresenta um histórico de internam ento psiquiátrico de dez anos, período que teve início quando esta-va grávida. Durante todo este tem po, Aim ée m ostra-se num estado depressivo, acom panhado por interpretações delirantes sobre tem as de perseguição associa-dos a idéias de ciúm e e prejuízo contra sua pessoa. Lacan relata o quadro apre-sentado por Aim ée durante a gravidez:

“As conversas de seus colegas parecem , então, visá-la: eles criticam suas ações de m aneira desagradável, caluniam sua conduta e lhe predizem infortúnios. Na rua, os transeuntes sussurram a seu respeito e lhe dem onstram desprezo. Reconhece nos jornais alusões dirigidas contra ela.” ( LACAN, 1932/ 1987, p. 155)

Ainda, de acordo com Lacan, Aim ée teria repetido para si m esm a a pergunta: “Por que fazem isso com igo? Eles querem a m orte de m eu filho. Se esta criança não viver, eles serão responsáveis” ( LACAN, 1932/ 1987, p. 155-156) .

Aim ée dá à luz um a m enina que nasce m orta. Atordoada pelos delírios de perseguição, ela acusa um a am iga de longa data de ser a responsável pelo infortúnio. Esta am iga, depois de um longo período sem dar notícias, sabendo que Aim ée teve criança, telefona buscando retom ar o contato. Logo, é em torno desta am iga que um prim eiro perseguidor cristaliza-se.

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Paralelam ente aos delírios de perseguição, há evidências de delírios de grdeza. Tendo certeza de que o futuro lhe reserva o destino de um a grande rom an-cista, Aim ée entrega seu filho aos cuidados de sua irm ã m ais velha, que é viúva. Esta vem m orar na casa de Aim ée para auxiliá-la nas atividades dom ésticas, que ela executa com dificuldade. A partir daí, Lacan form ula um a descrição das perseguidoras.

Ele defende que elas são sucessivas “tiragens” de um protótipo, tendo esse protótipo um duplo valor afetivo e representativo ( LACAN, 1932/ 1987, p. 253) . De acordo com Lacan, esse protótipo instaura-se em razão do poder afetivo que ele tem na vida da Aim ée. Nesta perspectiva, esse protótipo ou m odelo é repre-sentado por Elise, a irm ã m ais velha de Aim ée. Para Lacan, o fato de esta irm ã ter um papel m uito im portante na vida afetiva de Aim ée explica por que esta últim a não entra diretam ente em confronto com ela. Ele explica isso com m aio-res detalhes na seguinte passagem :

“Não é, com efeito, dos elogios e da autoridade que lhe são conferidos pelos que

a cercam que su a ir m ã vai tirar su a pr in cipal força con tra Aim ée, é da própria con sciên cia de Aim ée. Aim ée recon h ecia por seu valor as qu alidades, as virtu -des, os esforços de su a irm ã. Ela é dom in ada por ela, que lhe representa sob um certo ângulo a im agem m esm a do ser que ela é im potente para realizar.” ( LACAN,

1932/ 1987, p. 231)

Lacan pontua dois m om entos distintos na fala de Aim ée em relação à sua irm ã. Se, por um lado, Aim ée se felicita por sua irm ã cuidar do seu filho, afas-tando-o da severidade do pai; no m om ento em que dá livre curso às suas asso-ciações, o seu dizer aponta para o fato de ela suportar m al o lugar que Elise passa a ocupar na educação de seu filho. É desta divisão subjetiva que Lacan extrai o tem a em torno do qual se form a o delírio.

Constata-se assim que, apesar de não realizar um a psicanálise neste caso, Lacan através da sua escuta pôde dem arcar escansões na fala de Aim ée que lhe revelaram o tem a central do delírio. De fato, a escuta de Lacan, neste caso, aponta para a necessidade de respeitar o preceito freudiano de que no incons-ciente não há contradição ou negação ( FREUD, 1915b/ 1969) . Logo, a livre associação de Aim ée é tom ada por Lacan com o:

“ A confissão do que é tão rigorosam ente negado, a saber, no caso presente, da

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Lacan busca, assim , explicitar sua form ulação acerca da sistem atização do delírio em Aim ée. Com este intuito, ele alerta para o fato de que a form alização do delírio de perseguição m anifesta-se pela prim eira vez na pessoa da antiga am iga de Aim ée. As circunstâncias em que isto acontece servem a Lacan para exem plificar suas elaborações. Aim ée estando deprim ida durante a gravidez, fica m ais abalada ainda ao dar à luz um bebê natim orto. Pouco depois recebe um telefonem a de sua antiga am iga. Logo, a explosão de ódio contra a Senho-rita C. de la N. acontece, de acordo com Lacan, justam ente quando Aim ée fra-cassa no seu desejo de ser m ãe. Para ele, neste m om ento, Aim ée perde por com pleto suas esperanças de realizar seu “destino de m ulher”, um a vez que ela já havia dem onstrado dificuldades para as atividades dom ésticas e agora não poderia ser m ãe.

Lacan defende, então, a existência de um a relação m ais profunda entre a pessoa na qual sistem atiza-se a prim eira perseguidora e o conflito m oral de am or e ódio que Aim ée vive com a irm ã. Conclui que a am iga tom ada por perseguidora representa ao m esm o tem po a am iga querida e a pessoa dom i-nadora da qual ela tem inveja; esta é, na verdade, um a substituta da irm ã. Lacan declara que a Senhorita representa a adaptação e a superioridade para com seu m eio, sendo tam bém um objeto invejado por Aim ée. Desse m odo, seguindo os traços dos sentim entos am bivalentes, presentes na inveja, Lacan chega à identificação. Estaria a identificação associada aí à causalidade psí-quica? Estaria a identificação vinculada à constituição psicótica? A m aneira com o ele vai tratar a identificação no caso Aim ée poderá responder a estas qu estões.

Constata-se que, m esm o sem citar A int erpret ação dos sonhos ( 1900) , m ais explicitam ente o sonho do salm ão defum ado de um a paciente de Freud, m as seguindo a lógica freudiana, Lacan chega ao m ecanism o da identificação pre-sente nos sentim entos am bivalentes da inveja. Para ele, tanto a am iga com o a irm ã m ais velha são tom adas por objetos de “ íntim a” inveja de Aim ée, isto porque, para Lacan, a inveja considerada com o um sentim ento am bivalente denota a presença da identificação. A partir daí, ele deduz um “ valor represen-tativo” para as séries de perseguidoras de Aim ée.

“Mulheres de letras, atrizes, m ulheres do m undo, elas representam a im agem que Aim ée concebe da m ulher que, em algum grau, goza da liberdade e do poder social. Mas aí explode a identidade im aginária dos tem as de grandeza e dos tem as

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Esta form ulação de Lacan se aproxim a em m uito da que ele passa a traba-lhar, nos anos 40, acerca da causalidade psíquica. Na realidade, desde m eados dos anos 30, quando do texto sobre o estádio do espelho, Lacan põe em desta-que a função da im ago na captação identificatória à qual o sujeito está subm e-tido pela im agem do outro.

Pode-se afirm ar que, na tese, encontram -se as bases sobre as quais Lacan constrói as form ulações acerca da causalidade psíquica definida em term os de identificação; contudo, ele aí ainda não as explora neste sentido. Na últim a citação, assim com o em ao m enos um a outra passagem do texto de 1932, Lacan pontua o papel da im agem no caso Aim ée. Ele diz então: “ Com preendem os agora qual é o obstáculo de vidro que faz com que ela não possa nunca saber, ainda que o grite, que todas essas perseguidoras, ela as am a: elas são apenas im agens” ( LACAN, 1932/ 1987, p. 297) .

Com efeito, a frase da tese acim a referida, aproxim a-se bastante da “fórm ula geral da loucura” que Lacan, em 1946, baseando-se em Hegel, vai propor com o estando na constituição de todo sujeito ( LACAN, 1946/ 1966, p. 173) . Esta fór-m ula defór-m onstra cofór-m o o desenvolvifór-m ento dialético do ser hufór-m ano se realiza sem pre num a identificação sem m ediação com o que o sujeito tem de m elhor e, tal qual o caso Aim ée, trata-se de um a identificação ideal em que a agressividade está presente.

Voltando à tese, é possível inferir que Lacan, buscando responder à questão: se a psicose seria determ inada por um a constituição, passe a analisar as identi-ficações explicativas ou m nêm icas pontuadas por ele no caso clínico. Neste sentido, ele defende que a im precisão lógica do delírio tem im portân cia n a m edida em qu e o delírio pode ser tom ado com o ten do u m valor de realida-de. Aqui, m ais um a vez, Lacan é freudiano, pois ele reafirm a que é a realidade psíquica que interessa e não a realidade m aterial, apesar de não citar o texto de Freud sobre “Os cam inhos da form ação dos sintom as” ( FREUD, 1917b/ 1969) . Logo, o delírio, em seu valor de realidade, diz Lacan, “ exprim e claram ente as tendências psíquicas de que só a expressão lógica norm al é recalcada” ( LACAN, 1932/ 1987, p. 299) .

Partindo do princípio defendido por Colette Soler ( 1986) de que as identi-ficações são denunciadas ao longo de um processo analítico, pode-se entender, co n fo rm e a citação q u e segu e, o valo r d ad o p o r Lacan às id en tificaçõ es explicativas ou m nêm icas.

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É prudente salientar que, m esm o antes, quando discute o diagnóstico, prog-nóstico, profilaxia e tratam ento da paranóia de autopunição, Lacan já tinha dem arcado o papel das identificações sistem áticas, explicativas ou m nêm icas.

“Não se teria absolutam ente razão para considerar a priori as prim eiras identificações

sistem áticas do delírio com o puram ente secundárias a esses fenôm enos. Ainda que

estas identificações, explicativas ou m nêm icas, sejam posteriores aos fenôm enos d ito s p r im ár io s e ao p er ío d o d e in q u ietu d e q u e o s aco m p an h a, elas têm

freqüentem ente a relação m ais direta com o conflito e com os com plexos realm en-te geradores do delírio.” ( LACAN, 1932/ 1987, p. 274)

A partir destas citações, pode-se com preender com o a tese fundam enta as elaborações seguintes de Lacan acerca da relação entre a causalidade psíquica e a identificação. De fato, o caso Aim ée ilustra o que Lacan vem a estabelecer com o sendo a função da im ago na causalidade psíquica dos sujeitos.

“A história do sujeito desenvolve-se num a série m ais ou m enos típica de

identifica-ções ideais que representam os m ais puros dentre os fenôm enos psíquicos por eles

revelarem essencialm ente a função da im ago. E não concebem os o Eu senão com o

um sistem a central dessas form ações, sistem a que é preciso com preender, à sem

e-lhança delas, na estrutura im aginária e em seu valor libidinal.” ( LACAN, 1946/ 1966, p. 179)

Porém , em 1932, Lacan tom ará a causalidade psíquica por um outro viés. Com o já foi dito anteriorm ente, baseando-se em Karl Abraham , Lacan defende que a gênese da psicose está fundada no conflito m oral de Aim ée com sua irm ã. Logo, ele vai trabalhar este caso à luz de um a fixação no com plexo fraterno, que justificaria a existência de um a fixação na gênese do supereu. Assim , a com preensão da identificação interativa serve a Lacan para explicar o processo pelo qual Aim ée transfere para as m ais diferentes pessoas sua am bivalência afetiva. Contudo, baseando-se na afirm ação de Colette Soler de que as identifi-cações são denunciadas ao longo do tratam ento, com preende-se por que Lacan sublinha que o processo envolvido na identificação interativa é um esforço abortado de Aim ée para se liberar de sua fixação prim eira. Para ele:

“Se, no curso de seu delírio, Aim ée transfere para várias cabeças sucessivas as

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Já no texto “Form ulações sobre a causalidade psíquica” de 1946, Lacan apóia-se na estrutura geral de desconhecim ento m anifestada perfeitam ente em Aim ée, para propor a universalidade da loucura, expressa em term os de identificação, com o estando no cerne de todo sujeito. Na passagem abaixo, trata especifica-m ente disso.

“ Esse descon h ecim en to revela-se n a revolta com qu e o lou co qu er im por a lei de seu coração ao qu e lh e afigu ra com o sen do a desordem do m u n do, in iciativa

in sen sata, [ ...] dizia eu , basicam en te porqu e o su jeito n ão recon h ece n essa de-sordem do m u n do a própria m an ifestação de seu ser atu al, n em qu e o qu e ele sente com o lei de seu coração é apenas a im agem invertida quanto virtual desse m esm o ser. Ele descon h ece du plam en te, portan to, e precisam en te por separar a

atu alidade da virtu alidade. Ora, ele só pode escapar dessa atu alidade através dessa virtualidade. Assim seu ser está encer rado num círculo, a m enos que ele o rom pa por algu m a violên cia.

Tal é a fórm ula geral da loucura que encontram os em Hegel, pois não creiam que

estou inovando, ainda que tenha tom ado o cuidado de apresentá-la a vocês de form a ilustrada. Digo “fórm ula geral da loucura” no sentido de que podem os vê-la aplicar-se particularm ente a qualquer um a das fases pelas quais se realiza m ais ou m enos, em cada destino, o desenvolvim ento dialético do ser hum ano, e de que ela

sem pre se realiza ali com o um a estase do ser, num a identificação ideal que caracte-riza esse ponto de um destino particular.” ( LACAN, 1946/ 1966, p. 172-173)

Entretanto, na tese de psiquiatria, com o afirm a Borch-Jacobsen ( 1995) , Lacan faz eco aos estudos de Georges Politzer, adm itindo assim que o paranóico que com ete um crim e conhece a lei que transgride. Ao retom ar o caso Aim ée, quan-do vai tratar quan-do crim e das irm ãs Papin, Lacan dá m ostras quan-do quanto está influen-ciado por Politzer.

“A pulsão agressiva, que se resolve no assassinato, aparece assim com o um a afecção que serve de base à psicose. [ ...] Mas a pulsão está m arcada em si m esm a de relativi-dade social: ela tem sem pre a intencionalirelativi-dade de um crim e, quase constantem

en-te a de um a vingança, freqüenen-tem enen-te o sentido de um a punição, isto é, de um a sanção oriunda dos ideais sociais, m uitas vezes, enfim , ela se identifica com o ato da m oralidade, tem o alcance de um a expiação ( autopunição) .” ( LACAN, 1933/ 1987, p.392)

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sociais que guiará toda a hipótese de Lacan sobre o com portam ento autopunitivo de Aim ée. Com isso, ele defende que esta fixação no com plexo fraterno deve ser ultrapassada para que Aim ée possa aceder a um a m oralidade socialm ente eficaz. No entanto, todo o esforço de Aim ée em deslocar para outras m ulheres o estatu to de persegu idora só faz con firm ar qu e ela se en con tra presa n o com plexo fraterno. Nos anos 30, baseando-se no caso Aim ée, ele vai nom ear o tran storn o experim en tado pelos paran óicos com o o “ m al de ser dois” e afirm ar que ele se faz acom panhar da necessidade de punição ( LACAN, 1933/ 1987, p. 397) . Isto viria então evidenciar que a natureza da cura dem onstra a natureza da doença.

Deste m odo, Lacan consegue os subsídios necessários para propor que Aim ée seja considerada um caso de paranóia de autopunição. Ele dem onstra que, ata-cando a rival que ela inveja, Aim ée pune a si própria. Assim , “pelo m esm o golpe que a torna culpada diante da lei, Aim ée atinge a si m esm a, e, quando ela o com preende, sente então a satisfação do desejo realizado: o delírio, tornado inútil, se desvanece” ( LACAN, 1932/ 1987, p. 254) .

Com prova-se que, no decorrer da tese, o conceito de identificação é de início e de um a m aneira precisa levado em consideração, porém ele é posto de lado quando Lacan trata da nova entidade nosológica. Em outras palavras, se Lacan se dá conta do papel das identificações ditas explicativas ou m nêm icas no com plexo form ador do delírio, a causalidade psíquica não é ainda associada ao m ecanism o da identificação.

Entretanto, a elaboração teórica de Lacan, em 1932, fornece as bases sobre as quais ele vai construir um a teoria da constituição do sujeito por identifica-ção. Ogilvie ( 1993) sintetiza bem este m om ento da obra lacaniana.

“Com o se constitui de início o sujeito hum ano, levando-se em conta sua ‘nature-za’ particular de ser social? Lacan consagra os anos que seguem a Tese para a

elabo-ração de um a resposta. Nós encontram os os elem entos principalm ente em dois textos: o artigo sobre ‘A fam ília’ sendo o título original ‘Os com plexos fam iliares na form ação do indivíduo’ ( 1938) , e o artigo intitulado ‘O estádio do espelho com o form ador da função do eu tal com o ela nos é revelada na experiência

psica-nalítica’ ( 1949) .” ( OGILVIE, 1993, p. 86)

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Os textos escritos entre 1938 e 1949, já pelos seus títulos, anunciam ser o m om ento propício para Lacan elaborar aquilo que havia recolhido da sua tese. Tanto em 1946, com “Form ulações sobre a causalidade psíquica”, com o em 1948, com “Agressividade em psicanálise”, Lacan vai desdobrar certos aspectos clínicos da sua tese sobre a psicose paranóica. Interessando-se pela gênese do eu, Lacan, por interm édio do estádio do espelho, vai definir o eu com o tendo um a estrutura paranóica, revertendo assim a idéia de tensão social tal qual ela foi entendida na tese para a de um a tensão entre o eu e o outro, sem elhante, adversário, m odelo.

Por fim , constata-se que, por ser freudiano, Lacan pôde dentro de um tem po lógico com preender a im portância da afirm ação de Freud em 1921, segundo a qual a psicologia individual, num sentido am pliado e inteiram ente justificável, é tam bém um a psicologia social. Tal entendim ento foi fundam ental para am pli-ar os conhecim entos adquiridos na tese no sentido da form alização de um a teoria da constituição do sujeito por identificação.

Recebido em 15/ 9/ 2001. Aprovado em 21/ 11/ 2001.

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A ndréa H ort élio Fernandes

Referências

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