FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - FGV – EESP
ESCOLASUPERIORDEAGRICULTURALUÍSDEQUEIROZ-ESALQ-USP EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA
MESTRADO PROFISSIONAL EM AGROENERGIA
FERNANDO ANTÔNIO DA COSTA FIGUEIREDO VICENTE
GESTÃO ESTRATÉGICA DA SEGURANÇA DO TRABALHO NA ÁREA INDUSTRIAL DE UMA USINA DE ETANOL, AÇÚCAR E ENERGIA ELÉTRICA
FERNANDO ANTÔNIO DA COSTA FIGUEIREDO VICENTE
GESTÃO ESTRATÉGICA DA SEGURANÇA DO TRABALHO NA ÁREA INDUSTRIAL DE UMA USINA DE ETANOL, AÇÚCAR E ENERGIA ELÉTRICA
Dissertação apresentada à Escola de
Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas como requisito para obtenção do título de Mestre em Agroenergia
Campo de Conhecimento: Agronegócios
Orientador (a): Prof. Dra. Mirian Rumenos Piedade Bacchi
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA,
DESDE QUE CITADA A FONTE.
Vicente, Fernando Antônio da Costa Figueiredo
Gestão estratégica da segurança do trabalho na área Industrial de uma usina de etanol, açúcar e energia elétrica
Fernando Antônio da Costa Figueiredo Vicente. - 2012. 121f.
Orientadora: Mirian Rumenos Piedade Bacchi
Dissertação (MPAGRO) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.
1. Segurança do trabalho. 2. Segurança do trabalho - Indicadores. 3. Prevenção de acidentes. 4. Açúcar - Usinas. 5. Álcool como combustível. I. Bacchi, Miriam R. Piedade. II. Dissertação (MPAGRO) - Escola de Economia de São Paulo. III. Título.
FERNANDO ANTÔNIO DA COSTA FIGUEIREDO VICENTE
GESTÃO ESTRATÉGICA DA SEGURANÇA DO TRABALHO NA ÁREA INDUSTRIAL DE UMA USINA DE ETANOL, AÇÚCAR E ENERGIA ELÉTRICA
Dissertação apresentada à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas como requisito para obtenção do título de Mestre em Agroenergia
Campo de conhecimento: Agronegócios
Data de Aprovação: / /
Banca Examinadora
______________________________________ Profa. Dra. Mirian Rumenos Piedade Bacchi (orientadora)
ESALQ - USP
______________________________________ Profa. Dra. Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes ESALQ - USP
______________________________________ Prof. Dr. Gilberto Tadeu Shinyashiki
#
$%& $'()*
#
$%& $'()*
#
$%& $'()*
#
$%& $'()*
+ + + "
, + $ - . + "
, + + / + " $
0 "
+ 1 * 2 * "
* 3 4 0 5 !
.
6 - "
7 ) 4 ! /
+
"
7 $ 4 ! / 7
4 ! / 7 ) 4 ! / / +
"
.8 # # +
- "
/ $ " 4" * 0 9
/ / : # $ "; ( - < !
% % % 0 %" *" !
$ 0 % = .
"
*$* ( 4 0
! 0
-- "
5 7> 7 4>
' # % * "
& * 0 : 7 % 9 5 # !
* ? ? + ' + @ " ? +
? " " 0 7 *
"
? " %
-"
, ? " " + 6
+ "
A # * * "
* / 0
. "
/ 5 B C 7
' ) # * ( D !
-E + 68
FG "
. 6
RESUMO
Conseguir lucratividade em uma usina produtora de etanol, açúcar e energia elétrica,
sem acidentes do trabalho, passou a ser grande desafio. Portanto, a Gestão de
Segurança transformou-se em estratégica, buscando levar o valor empresarial
“segurança” como instrumento fundamental na execução da produção. Levantamos
a história da implantação do Sistema de Gestão da Segurança da usina e também
checamos através de indicadores universais de segurança, se os números
alcançados, apresentam evolução satisfatória, procurando identificar as ações aplicadas e os resultados. No processo de evolução desse sistema, a usina
tornou-se a primeira do mundo na obtenção de uma Certificação Internacional de
Segurança (OHSAS 18001) do setor sucroenergético, além de alcançar quarto lugar
em processamento de cana no Brasil. Aplicando o Instrumento ICOS – Inventário de
Clima Organizacional de Segurança em 2005 e novamente em 2011, avaliamos se
com crescimento da produção, aliado ao aumento do número de trabalhadores, o
valor segurança manteve-se presente. Também apuramos possíveis fatores como
tempo de empresa, escolaridade, proporção de acidentes e entrevistas com os
responsáveis que contribuíram para a existência de setores há 16 anos sem perder
um dia de trabalho por acidente. Finalmente, concluímos que lidar com gestão da
segurança, capacita a empresa para enfrentar dificuldades do mercado, pois
sucesso hoje, pode não valer para o dia seguinte caso ocorra acidente. Prevenir,
educar, buscar conhecimento, celebrar, cobrar resultados e ousadia, definem o estilo
de administração da usina estudada.
Palavras-chave: Gestão da segurança, Pesquisa na Segurança, Indicadores de
ABSTRACT
Achieve profitability in a plant ethanol producer, sugar and electric power, without
accidents at work, went on to be major challenge. Therefore, the Security
Management has become strategic, seeking to bring business value "security" as a
fundamental instrument in the implementation of production. Raise the history of
implementation of the safety management System of the power plant and also we
checked through universal indicators of security, if the numbers achieved satisfactory
evolution, present trying to identify the actions taken and the results. In the process of
evolution of that system, the plant became the first in the world in obtaining
International certification (OHSAS 18001) security sector, as well as achieve Cosan
4th cane processing in Brazil. Applying the ICOS Instrument – Organizational Climate
inventory safety in 2005 and again in 2011, we evaluate whether with production
growth, coupled with the increase in the number of employees, the security value
remained present. Apuramos also possible factors such as company time, schooling,
proportion of accidents and interviews with officials who contributed to the existence
of sectors there are 16 years without losing a day of work by accident. Finally, we
found that deal with security management, empowers the company to face difficulties
on the market, because success can not be worth today, for the following day in the
event of an accident. Prevent, educate, seeking knowledge, celebrate, collect results,
and daring, define the plant's administration style studied.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Modelo de Sistema de Gestão SST para Norma OHSAS ... 33 Figura 2 - Organograma Simplificado do Serviço de Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho ... 53
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Informações Sobre os Questionários Realizados na Pesquisa ... 29
Quadro 2 - Definições do Sistema de Gestão ... 31
Quadro 3 - Definições de Clima de Segurança no Trabalho ... 40
Quadro 4 - Dimensões do ICOS ... 41
Quadro 5 - Fatos que Motivaram a Criação do Sistema de Gestão ... 44
Quadro 6 - Identificação dos Perigos ... 67
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Caracterização da Amostra - Escolaridade ... 79
Tabela 2 – Caracterização da Amostra – Tempo de Empresa ... 80
Tabela 3 - Caracterização da Amostra – Acidente do Trabalho ... 80
Tabela 4 - Caracterização da Amostra – Sexo ... 81
Tabela 5- Caracterização da Amostra – Idade... 81
Tabela 6 - Caracterização da Amostra – Estado Civil ... 82
Tabela 7- Caracterização da Amostra – Religião ... 82
Tabela 8 - Caracterização da Amostra – Turno ... 82
Tabela 9 - Caracterização da Amostra – Chefia ... 82
Tabela 10 - Caracterização da Amostra – % de funcionários por setor ... 83
Tabela 11 – Média e Amplitutde ... 84
Tabela 12 – Resumo maior e menor média setorial por ano ... 85
Tabela 13 – Acidentes com afastamento 2011 ... 89
Tabela 14 – Classificação das notas por setor ... 96
Tabela 15 – Proporção de tempo de empresa setorial 2005 ... 96
Tabela 16 - Proporção de tempo de empresa setorial 2011 ... 97
Tabela 17 - Proporção de escolaridade setorial 2005 ... 98
Tabela 18 - Proporção de escolaridade setorial 2011 ... 98
Tabela 19 – Proporção de Acidentes setorial 2005 ... 99
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Número de acidentes com afastamento por ano Divisão
Industrial ... 47
Gráfico 2 – Tempo de Empresa ... 73
Gráfico 3 – Recebeu orientação sobre segurança ... 74
Gráfico 4 – Opinião sobre o time do SESMT... 74
Gráfico 5- Qualidade dos EPI´s ... 74
Gráfico 6 – Programa mais bem sucedido ... 75
Gráfico 7- Ordem de responsabilidade na segurança ... 75
Gráfico 8 – Contribuição para segurança ... 76
Gráfico 9 – Nota da empresa na segurança ... 76
Gráfico 10 – Nota do colaborador na segurança ... 77
Gráfico 11 – Conhece o regulamento ... 77
Gráfico 12 – Regulamento de segurança foi um marco ... 78
Gráfico 13 – Escolaridade 2005 - Geral ... 79
Gráfico 14 – Escolaridade 2011 - Geral ... 79
Gráfico 15 – Tempo de Empresa 2005 ... 80
Gráfico 16 – Tempo de Empresa 2011 ... 80
Gráfico 17 – Idade 2005 ... 81
Gráfico 18 – Idade 2011 ... 81
Gráfico 19 – Média x Amplitude ... 84
Gráfico 20 – Quantidade de cana processada em milhões ... 85
Gráfico 21 – Número de funcionários da Divisão Industrial ... 86
Gráfico 22- Produção de açúcar – sacas/milhões ... 86
Gráfico 24 – Produção de energia elétrica exportação/MWh ... 87
Gráfico 25 – Acidentes sem afastamento Divisão Industrial ... 88
Gráfico 26- Número de acidentes com afastamento por ano Divisão Industrial ... 88
Gráfico 27 – Quantidade de dias perdidos Divisão Industrial ... 90
Gráfico 28 – Taxa de Frequência - Indústria ... 90
Gráfico 29 – Taxa de Gravidade - Indústria... .91
Gráfico 30 – Funcionários Novos x Antigos...91
Gráfico 31 – Nota ICOS ... .92
Gráfico 32 – Recorde de anos sem acidentes com afastamento - Indústria....93
Gráfico 33– Recorde de dias sem acidentes com afastamento - Indústria .... .93
Gráfico 34 – Custo com EPI`s...94
Gráfico 35 – Custo com segurança e medicina do trabalho ... .94
Gráfico 36 – Horas de Treinamento...95
Gráfico 37 – Partes do corpo atingidas - Indústria...95
Gráfico 38 – Tempo de Empresa C.Q. 2005...97
Gráfico 39– Tempo de Empresa C.Q. 2011...97
Gráfico 40 – Tempo de Empresa Elétrica 2005...98
Gráfico 41 – Tempo de Empresa Elétrica 2011...98
Gráfico 42 – Escolaridade C.Q. 2005...99
Gráfico 43 – Escolaridade C.Q. 2011...99
Gráfico 44 – Escolaridade Elétrica 2005...99
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
ART- Análise de Risco da Tarefa
ARTH- Administração de Recursos e Talentos Humanos
CAT- Comunicação de Acidente do Trabalho
CIPA- Comissão Interna de Prevenção a Acidentes
CLT- Consolidação de Leis do Trabalho
DIN- Divisão Industrial
EPI Equipamento de Proteção Individual
ICOS- Inventário de Clima Organizacional
INSS- Instituto Nacional de Seguro Social
ISO- Organização Internacional para Padronização
MSAM- Manual do Sistema de Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional
NBR- Norma Brasileira
NTEP- Nexo Técnico por Doença Equiparada a Acidente do Trabalho
OHSAS- Occupational Health and Safety Assessment Series
PCA- Programa de Conservação Auditiva
PCMSO- Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional
PDCA- Plan – Do – Check – Act – (Planejar, Fazer, Verificar e Agir)
PPR - Programa de Participação nos Resultados PPRA- Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
RD- Representante da Direção
RPS- Regulamento da Previdência Social
SESMT- Serviço Epecializado em Segurança e Medicina do Trabalho
SIPAT- Semana Interna de Prevenção a Acidentes do Trabalho
SSAM- Sistema de Segurança da Alta Mogiana
SST- Sistema de Segurança do Trabalho
SUB- Sistema Único de Benefícios
UAM- Usina Alta Mogiana
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ... 23 2 OBJETIVOS ... 26 3 METODOLOGIA ... 28 4 REVISÃO DE LITERATURA ... 30
4.1 Sistema de Gestão de Segurança do Trabalho ... 31 4.2 Certificação OHSAS 18001:1999 “Occupacional Health and Safety
Assessment Series” ... 32 4.3 Indicadores de Segurança ... 35 4.4 Pesquisa sobre Clima na Segurança do Trabalho ... 40
5 SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA DA ALTA MOGIANA ... 43
5.1 Motivação para a Criação ... 44 5.2 Histórico do Sistema de Gestão de Segurança na Usina Alta Mogiana ... 45 5.3 Descrição do Sistema de Gestão de Segurança Alta Mogiana ... 49
6 CERTIFICAÇÃO EM SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL DA ALTA MOGIANA ... 61
6.1 Estrutura Organizacional ... 62 6.2 Planejamento para Identificação dos Perigos, Avaliação e Controle de Riscos ... 66 6.3 Análise Crítica do Sistema de Segurança da Usina Alta Mogiana ... 69 6.4 Organização da Área de Segurança do Trabalho ... 69 6.5 Espiritualidade ... 71
7 RESULTADOS ... 72
7.1 Pesquisa aplicada em 2001 ... 73 7.2 ICOS aplicada em 2005 e 2011 ... 78 7.3 Quantidade de Trabalhadores, Cana Processada, Açúcar, Etanol e Energia
Elétrica ... 85 7.4 Eficiência do Sistema de Gestão de Segurança da Usina Alta Mogiana ... 88 7.5 Medição do Clima de Segurança ... 91 7.6 Indicadores de Segurança ... 93 7.7 Evolução da Segurança entre Setores ... 96
8 CONCLUSÃO ... 102 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 106 10 ANEXOS ... 111
24
1 INTRODUÇÃO
A visão moderna de gestão empresarial tem deixado claro que as
melhores empresas possuem crença genuína de que os recursos humanos são
imprescindíveis para o sucesso nos negócios. No mercado cada dia mais
competitivo, a busca pela perpetuação do empreendimento passa sem dúvida pela
criação de ambiente organizacional que ofereça as melhores condições de
instalação e operação aliadas ao desenvolvimento profissional e pessoal do
trabalhador. Assim sendo, a Gestão da Segurança passa a ser vista como
estratégica, a medida que ela influencia no desempenho dos negócios e na vida dos
envolvidos no trabalho. Visto que passamos pelo menos um terço de nosso tempo
no ambiente laboral, como poderemos aceitar condições operacionais inseguras
para executá-lo?
Tendo como fontes o Ministério da Saúde, o sociólogo José Pastore e a
empresa de gerenciamento de riscos Marsh, foi publicado pelo jornal O Estado de
São Paulo em 21 de janeiro de 2012, que existe estimativa de gastos de R$ 71
bilhões de reais ao ano com acidente de trabalho. Dada a enorme quantidade de
trabalhadores informais (sem carteira assinada) que existe no País (em torno de
35% do total), acredita-se ser justificado supor que o custo financeiro ultrapasse R$
100 bilhões.
Pela gravidade da situação dos acidentes de trabalho, pretende-se apurar
a influência do clima organizacional de segurança como instrumento de avaliação,
que possa apontar conjunto de ações administrativas que tenham como meta
redução desses acidentes.
A motivação pelo tema surgiu pelo fato do autor do trabalho ser diretor
industrial de uma agroindústria açucareira (Usina Alta Mogiana), e, tendo sido
graduado em 1995 no curso de Engenharia de Segurança, passou a refletir sobre
sua responsabilidade na geração de ambiente de trabalho seguro, em que a
produção do açúcar, etanol e energia elétrica pudessem ser alcançadas com menor
número possível de acidentes do trabalho. Vale ressaltar que a determinação do
Eng.º Celso Antienza (Presidente do Sindicato dos Engenheiros de Segurança do
Estado de São Paulo e professor do autor deste trabalho), que assim se expressa a
25
“Não existe situação de acidente que não possa ser prevista”.
“A busca pelo acidente zero não é um sonho”.
A crença nesses dois princípios passou a ser desafio que pretendeu-se
enfrentar, através da determinação do conjunto de ações que necessitam ser
implantadas e que formam “sistema” que busque garantir essas metas na empresa.
Existe extenso aparato institucional (normas e leis) que regem o mercado
de trabalho brasileiro no que diz respeito à saúde e segurança do trabalho, a saber:
a) Constituição de 1988 – Artigo 7º inciso XXII – “relação dos riscos inerentes ao
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”. Artigo 7º inciso
XXII – “adicional de remuneração para as atividades penosas insalubres e
perigosas, na forma da lei”.
b) Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
c) Normas regulamentadoras
Todas essas informações regem o funcionamento do modelo brasileiro,
que deixam claras as obrigações dos empregados e empregadores. Contudo,
apesar do conjunto de leis e normas existentes, 2496 brasileiros perderam as
vidas e 723.452 acidentes ocorreram em 2009, de acordo com o Anuário
Estatístico de Acidentes do Trabalho (Diesat 2009), demonstrando que somente
leis não têm conseguido gerar resultado eficaz na qualidade da saúde e
27
2 OBJETIVOS
Desta forma, pretende-se, através da realização de um estudo de caso na
área industrial da Usina Alta Mogiana, verificar:
(i) O Sistema de Gestão de Segurança da Usina Alta Mogiana tem sido
eficiente no cumprimento de suas metas?
(ii) Avaliar como comportou-se a medição do Clima de Segurança em
2005 comparado a 2011.
(iii) Como têm evoluído os indicadores de segurança.
(iv) Os resultados da gestão de segurança e sua evolução variam entre
os setores da empresa? Quais as variáveis que explicam tais variações?
HIPOTESE 1: A Gestão de Segurança da usina contribui para a melhoria
do clima organizacional e consequentemente para a redução dos acidentes.
HIPOTESE 2: Apesar da Gestão de Segurança na Indústria ser única, os
29
3 METODOLOGIA
O trabalho compreende um estudo de caso, desenvolvido na Usina Alta
Mogiana, localizada no norte do Estado de São Paulo, na cidade de São Joaquim da
Barra (400 km de São Paulo). Para tanto, expõem-se inicialmente, a criação do
Sistema de Segurança da mesma, denominado como SSAM, seu funcionamento e
normas, bem como a evolução de alguns indicadores de Acidentes de Trabalho (que
são apresentados ao longo do tempo e entre setores). Também objetiva-se mostrar
o processo de obtenção da Certificação OHSAS 18001, destacando-se a Usina Alta
Mogiana, como a primeira usina no mundo a consegui-lo.
Ademais, através de levantamento de dados primários, serão analisados
os dados de dois questionários aplicados conforme o quadro abaixo:
Quadro 1 - Informações sobre os questionários realizados na pesquisa
TIPO ANO N˚ DE RESPONDENTES
Questionário da UAM 2001 226
Questionário ICOS (Portugal) 2005 328
Questionário ICOS (Portugal) 2011 400
O questionário ICOS (Silva et al., 2004), aplicado em 2 anos diferentes
2005 e 2011, permitirá também analisar indicadores sociais dos respondentes, e sua
evolução ao longo do tempo. Esse questionário foi validado estatisticamente através
da tese de Gonçalves (2007).
Pretende-se utilizar para interpretação dos resultados da pesquisa os
seguintes materiais:
- Sistema de Gestão de Segurança do Trabalho;
- Pesquisa sobre Segurança do Trabalho;
- Indicadores de Segurança
31
4 REVISÃO DE LITERATURA
4.1 Sistema de Gestão de Segurança do Trabalho
A identificação de todas as ações que formam o Sistema de Gestão,
definem comprometimento da empresa em tornar segurança no trabalho valor de
organização. Assim sendo, apresenta-se algumas definições para sistema de
gestão, expostos no Quadro 2, como mostra abaixo:
Quadro 2 - Definições de Sistema de Gestão
Referências Definições
Cruz (1998) “O sistema de gestão, refere-se à segurança e saúde dos funcionários e/ou de outras partes interessadas que possam ser afetadas pelos processos, operação, produtos,
serviços e demais atividades da organização”. Benite (2004) “ Os sistemas de gestão são um conjunto de
elementos relacionados dinamicamente que interagem entre si para funcionar como um todo, tendo como função dirigir e controlar uma organização com um propósito determinado”.
Norma BS8800 “O sistema de gestão é um conjunto em qualquer nível de complexibilidade, de pessoas, recursos, políticas e procedimentos, componentes esses que, interagem de modo apropriado para assegurar que uma tarefa seja realizada, ou para alcançar ou manter resultado específico”.
Norma ISO 14000 “O sistema de gestão contempla a análise crítica da situação inicial, as políticas de saúde e segurança do trabalho, o
planejamento, a implementação e operação, certificação e ações corretivas, e, por fim, a análise crítica pela administração”.
Neste trabalho considera-se sistema de gestão, como conjunto das
políticas, programas, procedimentos, definição de responsabilidades, controles,
diretrizes, regulamentos, recursos físicos, financeiros e humanos, com diferentes
graus de complexibilidade que visam prover condições seguras de trabalho e facilitar
práticas de segurança na busca do acidente zero. É fundamental nessa implantação do Sistema que a empresa ajude o trabalhador a transferir todo esse aprendizado
profissional para a vida pessoal, quando da realização das atividades normais do dia
32
própria vida e de seus familiares mais segura. O autor também acredita que o
resultado da aplicação do sistema de gestão está sendo atingido, quando atitudes
tomadas com segurança passam a ser automáticas, tornando-se rotineiras e incorporadas como “valor pessoal”.
4.2 Certificação OHSAS 18001:1999 “Occupacional Health and Safety Assessment Series”
Essa Norma foi resposta à permanente demanda por parte dos usuários,
para avaliação dos resultados dos sistemas de gestão, bem como para permitir,
através da contratação de organização externa, possível certificação compatível com
sistemas existentes da ISO 9000 (qualidade) ISO 14000 (meio ambiente) e ISO
22000 (segurança do alimento). Todo o trabalho descrito nessa norma teve como
principal apoio a norma britânica BS 8800 que levou quinze meses para ser
discutida e aprovada oficialmente, tendo entrado em vigor no dia 15 de maio de
1996 na Inglaterra. Nesse documento foram ouvidos empresários, contratantes,
consumidores, clientes e fornecedores, órgãos regulamentadores e/ou
fiscalizadores, acionistas, seguradoras, que tornou objetividade clara a medida que
minimiza riscos para os trabalhadores e outros, melhora o desempenho dos
negócios e estabelece imagem responsável das organizações perante ao mercado.
Essa norma contempla:
- especificação dos requisitos para sistema de gestão da segurança e
saúde do trabalho;
- capacita a organização para desenvolver e implementar política e
objetivos que levem em consideração requisitos legais e informações sobre os riscos
da segurança e acidente do trabalho;
- aplicação a todos os tipos e pontos de organizações bem como das
diferentes condições geográficas culturais e sociais;
- formalização do comprometimento de todos os níveis e funções de
organizações e especialmente da alta direção;
- estabelecer objetivos e processos para atingir comprometimentos da
33
- recomenda execução de ações necessárias para melhorar desempenho
e demonstrar conformidades e não conformidades do sistema de gestão de
segurança;
- promove boas práticas do sistema de gestão de segurança de maneira
balanceada com necessidades socioeconômicas;
- cumprimento da legislação municipal estaduais federal e subscrita.
A figura abaixo demonstra como é o modelo da gestão da Saúde e
Segurança do Trabalho segundo a norma OHSAS 18001:2007.
Figura 1 - Modelo de Sistema de Gestão SST para norma OHSAS
Fonte: BS OHSAS 18001:2007.
Nota – Esta norma OHSAS é baseada na metodologia conhecida como
PDCA (Plan-Do-Check-Act=Planejar – Fazer – Verificar – Agir). O PDCA pode ser
descrito resumidamente da seguinte forma:
. Planejar: estabelecer objetivos e processos necessários para atingir os
resultados de acordo com política de SST da organização.
. Fazer: implementar processos.
. Verificar: monitorar e medir processos em relação a política e aos
objetivos de SST, aos requisitos legais e outros, e relatar resultados.
. Agir: executar ações para melhorar continuamente o desempenho da
SST.
Melhoria Contínua
Análise crítica pela direção
Verificação e ação corretiva
Política de SST
Planejamento
34
Por ser norma auditada por organização de terceira parte, ela tem sua
certificação válida por período de três anos, podendo sofrer auditorias semestrais ou
anuais, conforme tempo e experiência da organização no tema segurança.
Seu grande mérito é a execução do planejamento para identificação dos
perigos, avaliação e controle de riscos. Através desse planejamento feito para cada
atividade laboral executada pelo trabalhador, é possível:
- identificação das medidas necessárias para eliminar ou mitigar riscos da
atividade a ser executada;
- definição dos equipamentos de proteção individual/coletiva que podem
ser necessárias;
- definição do plano para capacitação e treinamento a que o trabalhador
deve ser preparado para execução da atividade com segurança;
- necessidade ou não da realização de permissão de trabalho para
atividades específicas (perfuração, produtos químicos, trabalho em altura, etc).
O grande desafio para implantação dessa certificação nas organizações,
é a necessidade de documentar-se todos possíveis problemas relacionados às
condições de trabalho, à capacitação dos envolvidos, às necessidades de recursos
humanos e materiais para criar, manter e tornar realidade o sistema de gestão de
segurança. A visão da realidade de cada atividade desenvolvida dentro da empresa
sob todos aspectos é levantada, permitindo assim, o surgimento das oportunidades
para realização das operações de forma segura minimizando riscos de incidentes.
Hoje no Brasil tem-se 186 empresas com certificação OHSAS 18001 e
35
4.3 Indicadores de Segurança
São indicadores utilizados para mensurar a exposição dos trabalhadores
aos níveis de riscos inerentes à atividade econômica, viabilizando acompanhamento
das flutuações, tendências históricas dos acidentes e impactos nas empresas e na
vida dos trabalhadores, segundo a Previdência Social. Através deles, são
desenvolvidos estudos que permitem planejamento de ações buscando controle ou
eliminação do risco nas áreas de segurança e saúde do trabalhador.
Nos artigos 20 e 21 da lei nº 8213 é apontada a definição de acidente de
trabalho conforme ilustrado a seguir:
Art. 20. Consideram-se acidentes do trabalho, nos termos do artigo
anterior as seguintes entidades mórbidas:
I - Doença profissional, aquela produzida ou desencadeada pelo exercício
do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
II - Doença do trabalho, aquela adquirida ou desencadeada em função de
condições especiais que o trabalho é realizado, com ele se relacione diretamente,
constante da relação mencionada no inciso I.
§ 1˚- Não são considerados como doença do trabalho:
a) Doença degenerativa;
b) Inerente a grupo etário;
c) Que não produza incapacidade laborativa;
d) Doença endêmica adquirida por segurado habitante da região a que ela
se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou
contato direto determinado pela natureza do trabalho.
§ 2˚ - Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na
relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em
que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social
deve considerá-la acidente de trabalho.”
“Art.21. Equiparam-se também ao acidente de trabalho, para efeitos desta
lei:
I – acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
36
capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para
recuperação;
II – acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho em consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa
relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros fortuitos ou decorrentes de
força maior;
III - doença proveniente de contaminação acidental do empregado no
exercício da atividade;
IV - acidente sofrido pelo segurado, ainda fora do horário e local de
trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da
empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe
evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando
financiada por esta dentro de planos para melhor capacitação da mão-de-obra,
independentemente de meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado;
§ 1º - Nos períodos destinados à refeição ou descanso, ou por ocasião da
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este,
o empregado é considerado no exercício do trabalho.
§ 2 – “Não é considerada agravação ou complicação de acidente de
trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se
37
Interessante notar que tendo em vista mudanças na metodologia de
caracterização de acidentes do trabalho na concessão de benefícios previdenciários
a partir de abril de 2007, entende-se como acidentes do trabalho aqueles eventos que tiveram Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT protocoladas no INSS e
aqueles que, embora não tenham sido objeto de CAT deram origem a benefício por
incapacidade de natureza acidentária. As informações aqui apresentadas são do
Sistema de Comunicação de Acidentes do Trabalho, com base nas Comunicações
de Acidentes do Trabalho – CAT´s cadastradas nas Agências da Previdência Social
ou pela Internet, bem como do Sistema Único de Benefícios – SUB utilizado pelo
INSS.
Os principais conceitos inerentes ao tema são apresentados a seguir:
- Acidentes com CAT registrada: corresponde ao número de acidentes
cuja Comunicação de Acidentes do Trabalho – CAT foi cadastrada no INSS. Não é
contabilizado reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de
acidente do trabalho ou doença do trabalho, já comunicado anteriormente ao INSS.
- Acidentes sem CAT registrada: corresponde ao número de acidentes
cuja Comunicação de Acidentes do Trabalho – CAT não foi cadastrada no INSS. O
acidente é identificado por meio de um dos possíveis nexos: Nexo Técnico
Profissional/Trabalho, Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP ou Nexo
Técnico por Doença Equiparada a Acidente do Trabalho. Esta identificação é feita
pela nova forma de concessão de benefícios acidentários.
- Acidentes Típicos: são acidentes decorrentes da característica da
atividade profissional desempenhada pelo acidentado.
- Acidentes de Trajeto: são acidentes ocorridos no trajeto entre
residência e local de trabalho do segurado e vice-versa.
- Doença profissional ou do trabalho: são aquelas produzidas ou
desencadeadas pelo exercício do trabalho peculiar e determinado ramo de atividade
constante do Anexo II do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo
Decreto nº3.048, de 6 de maio de 1999; e por doença do trabalho, aquela adquirida
ou desencadeada em função de condições especiais em que trabalho é realizado e
com ele se relacione diretamente, desde que constante do anexo citado
anteriormente.
Dados de acidentes do trabalho com CAT registrada são provenientes das
38
trabalho, ocorrido com empregado, havendo ou não afastamento do trabalho, até o
primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à
autoridade competente, sob pena de multa variável entre limite mínimo e teto máximo do salário-contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências,
aplicada conforme artigo 286 do Regulamento da Previdência Social – RPS,
aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999.
A CAT é apresentada em três tipos, a saber: tipo 1 - Inicial, 2 - Reabertura
e 3 – Comunicação de Óbito. Assim, CAT é considerada “Inicial” quando
corresponder ao registro do evento acidente de trabalho, típico ou de trajeto, ou
doença profissional ou do trabalho, já comunicado anteriormente ao INSS; e
“Comunicação de Óbito” a correspondente ao falecimento decorrente de acidente ou
doença profissional ou do trabalho, ocorrido após emissão da CAT Inicial. As CAT´s
de Reabertura e de Comunicação de Óbito vinculam-se, sempre, as CAT´s Iniciais, a
fim de evitar-se duplicação na captação das informações relativas aos registros.
A contabilização dos registros de CAT´s é feita considerando-se a data da
ocorrência do acidente.
No caso de doença profissional ou do trabalho, é considerada a data do
início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual ou do dia em
que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.
Tabulações posteriores podem gerar números diferentes, no caso de registros de
acidentes serem realizados em datas posteriores aos fatos geradores, tendo,
consequentemente, referência temporal associada a anos anteriores.
Dados de acidentes sem CAT registrada são obtidos pelo levantamento
da diferença entre conjunto de benefícios acidentários concedidos pelo INSS com
data de acidente no ano civil e conjunto de benefícios acidentários concedidos com
CAT vinculada, referente ao mesmo ano. Dados de caracterização do acidentado
são obtidos do Sistema Único de benefícios – SUB.
A informação complementar é que os 15 primeiros dias de afastamento do
trabalhador, tem seu custo pago integralmente pela empresa, após isso, cabe ao
INSS a responsabilidade pelo restante do tempo envolvido na ocorrência.
Relacionamos indicadores mais utilizados pelas empresas:
1) número de acidentes com CAT com afastamento do trabalhador;
39
3) horas – homem (hh) – somatória das horas de trabalho de cada
empregado;
4) dias perdidos por incapacidade temporário total: São dias subsequentes ao da lesão em que o empregado continua incapacitado para o
trabalho (são considerados dias de repouso, feriados, folgas e dias em que a
empresa ou estabelecimento estiverem fechados) ou mesmo perdidos
exclusivamente devido a indisponibilidade de assistência médica ou recursos
diagnósticos necessários. Não é contado o dia da lesão e o dia do retorno ao
trabalho. Em caso de óbito ou incapacidade permanente total ou parcial, 6000 dias
serão debitados;
5) número de acidentes por parte do corpo atingida;
6) quantidade de horas de treinamento com segurança aplicados a cada
trabalhador;
7) quantidade de reais gastos com todas atividades que envolvem
segurança e saúde do trabalho;
8) taxa de frequência de acidenes = n˚ de acidentes x 1000000
horas homem de exposição ao risco
Essa taxa avalia intensidade dos acidentados, levando-se em conta um
milhão de horas trabalhadas. Essa relação constitui expressão mais geral e
simplificada do risco (NBR. 14280:20010. O número de acidentes é apurado no
período de um ano e a população exposta ao risco de sofrer algum tipo de acidente;
9) Taxa de Gravidade = nº dias perdidos x 1000000
horas homem de exposição ao risco
Essa taxa avalia a gravidade dos acidentes, levando-se em conta um
milhão de horas trabalhadas. Quanto maior for a gravidade do acidente maior será
essa taxa.
10) Índice de gravidade = quantidade de acidentes
nº de colaboradores
A Previdência Social também costuma calcular as seguintes taxas:
11) Taxa de mortalidade = nº de óbitos por acidente de trab. x 1000000
nº da população exposta ao risco
12) Taxa de letalidade = nº de óbitos por acidente do trabalho
40
4.4 Pesquisas sobre Clima na Segurança do Trabalho
Esse tema começou ser estudado na década de oitenta, existindo vários
instrumentos utilizados por pesquisadores internacionais, com diferentes definições
sobre clima de segurança como constatado no quadro abaixo:
Quadro 3 - Definições de clima de segurança no trabalho
Autores Definições
Zohar (1980) “Clima de segurança é tipo particular de clima organizacional, que reflete as percepções dos empregados sobre a importância relativa à conduta segura em comportamento ocupacional. O clima pode variar de altamente positivo até nível neutro, e no nível médio reflete o clima de segurança em cada empresa”.
Dedobbeleer & Beland (1991) “Clima de segurança é visto como atributo individual, que é composto de dois fatores: comprometimento da gerência com a segurança e envolvimento dos empregados com a segurança”. Copper & Phillips (2004) “Diz respeito a percepções compartilhadas e
crenças dos trabalhadores mantidas a respeito de segurança em ambiente de trabalho”.
Coyle et al. (1995) “ A mensuração objetiva de atitudes e percepções a respeito da saúde ocupacional e de assuntos de segurança”.
Flin, Mearns, O´Connor e Bryden (2000) “Clima de segurança é característica superficial da cultura se segurança, vista nas atitudes e
percepções dos empregados em dado momento”. Mearns, Whitaker, Flin, Gordon & O´Connor (2000) “É definido como retrato das percepções dos
empregados no ambiente atual ou prevalência de condições, que impactam sob a segurança”. Olive et al. (2002) “O clima de segurança é percepção das ações
positivas empreendidas pela empresa pela segurança”. Com esta perspectiva se pretende que utilização deste conceito vá alem do diagnóstico e que sirva de fatos para o processo interventivo. Silva et al. (2004) “O clima de segurança são conjunto de crenças,
valores e normas partilhados pelos membros de organização que constituem os pressupostos básicos para a segurança do trabalho. Essa cultura é caracterizada por fatores como por exemplo, comprometimento da direção da empresa,
envolvimento dos empregados e existência de uma boa comunicação sobre segurança”.
Smith et al. (2006) “Clima de segurança é constructo organizacional multidimensional que se acredita ser capaz de influenciar o comportamento de segurança dos empregados nos níveis individual, grupal e organizacional. É contextualizado como percepções compartilhadas dos empregados, relativo ás práticas de segurança, políticas e procedimentos implementados e priorizados, comparados com outras prioridades, como produtividade.Ainda, pode ser visto como retrato de estado prevalente de segurança na organização em ponto distinto do tempo e pode mudar com o passar do tempo”.
41
Considerando as definições dos vários autores anteriormente
apresentados, neste trabalho o autor define: “Clima na segurança do trabalho pode
ser descrito como fotografia na data em que foi aplicada, das percepções individuais de cada funcionário, sobre as políticas e práticas de segurança da empresa”.
Para a mensuração do clima foi escolhido o ICOS (Inventário de Clima
Organizacional de Segurança). Ele foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto
Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa de Portugal que integra a Fundação
das Universidades Portuguesas e pertence a várias associações e universitários,
como a Columbus, a Associação das Universidades de Língua Portuguesa e a
European Academy of Business in Society. Aplicado como instrumento em 15
organizações de diferentes setores (da indústria ao setor de serviços) de Portugal,
resumindo 930 participantes. A característica principal é identificação de forças e
fraquezas em níveis mais específicos, descritos abaixo:
Algumas características gerais do ICOS são expostas a seguir, sendo que
o questionário encontra-se no Anexo I.
Quadro 4 - Dimensões do ICOS Conteúdo do Clima de Segurança
Dimensões Nº de Questões Perguntas nº
Percepção de valores determinados pela gerência (controle e flexibilidade) 04 01 a 04 Percepção de normas sobre os comportamentos esperados (controle e
flexibilidade) 04 05 a 08
Segurança como Valor organizacional
Dimensões Nº de Questões Perguntas nº
Segurança como valor organizacional 06 09 a 14
Práticas organizacionais de segurança
Dimensões Nº de Questões Perguntas nº
Gerenciamento das atividades de segurança 03 15 a 17
Treinamento de segurança 03 18 a 20
Efetividade da segurança 04 21 a 24
Qualidade das comunicações de segurança 04 25 a 28
Efeitos de Ritmo de trabalho solicitado, na segurança 04 29 a 32
Aprendizado organizacional a partir de acidentes 04 33 a 36
Envolvimento Pessoal com Segurança
Dimensões Nº de Questões Perguntas nº
Comprometimento pessoal com segurança 03 37 a 39
Internalização de segurança 02 40 a 41
Orgulho quanto a segurança 03 42 a 44
Acredita-se que o ICOS contribui para que a pesquisa seja realizada de
forma sincera, pois:
- não existe necessidade da identificação do trabalhador;
42
- não há respostas certas ou erradas, somente opinião do trabalhador.
Para o ICOS considera-se que quanto maior for a pontuação alcançada
maior absorção dos conceitos de segurança. Como existem para as primeiras 5 perguntas, escala que varia de 1 a 6 e para as demais 39 perguntas, escala que
varia de 1 a 7, foi considerado que para cada resposta das 5 perguntas iniciais, peso
de 1,17 para cada pontuação apontada. Com isso manteve-se coerência matemática
para equalização das respostas. Ressaltamos ainda que nas perguntas
15,18,19,28,30,31,41,42,43 e 44 as respostas esperadas nas alternativas são de
pontuação baixa, ou seja na escala de 1 a 7, o trabalhador que absorvesse
conceitos de segurança, escolheria pontuação 1 como correta. Assim sendo, como o
resultado considerado como positivo seria para maior pontuação, realizamos uma
correção para essas perguntas, onde a pontuação 1 corresponderia a 7 pontos, a
pontuação 2 corresponderia a 6 pontos e assim sucessivamente até a resposta 7
que corresponderia 1 ponto. Portanto se existisse um trabalhador que respondesse
a todas a questões da forma considerada ideal, a nota máxima alcançaria 7,0.
Demonstrando matematicamente teríamos:
Para as 5 perguntas iniciais, resposta esperada 6. Peso para cada
resposta 1,17 – pontuação final 1,17 x 6 = 7. Logo 5x7 = 35 pontos.
Para as 39 perguntas restantes, resposta esperada 7. Peso para cada
resposta 1, para pontuação final 1x7=7. Logo 39x7= 276 pontos.
35 pontos + 276 pontos = 311 pontos corresponde a nota máxima 7,0.
39+5
Para podermos comparar os anos 2005 e 2011, somamos a pontuação e
dividimos pelo número de respondentes da pesquisa de cada ano. Com isso,
pudemos comparar sempre as médias, sejam elas anuais ou setoriais. Logo quanto
maior o valor alcançado, melhor seria a incorporação das dimensões da segurança,
tendo como teto máximo a nota 7,0. Como exemplo, a menor nota recebida foi 5,43
pelo setor Recepção de Cana e Extração que representaria absorção de 78%
44
5 SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA DA ALTA MOGIANA
5.1 Motivação para Criação
A criação do Sistema de Gestão da Usina Alta Mogiana confunde-se com
a motivação do Diretor Industrial e autor deste trabalho, visto que diversos
acontecimentos marcaram a vida pessoal e profissional, transformando a segurança
num dos objetivos de vida, o que certamente influenciou a criação do Sistema de
Gestão da empresa citada.
Quadro 5 - Fatos que motivaram a criação do Sistema de Gestão
ANO ACONTECIMENTOS AÇÕES / RESULTADOS
1980 Desastre de carro com a família do autor provocado por motorista alcoolizado
- Utilização do bafômetro na empresa (medição de teor alcoólico por indivíduo)
- Guerra emocional contra o álcool. 1982 Acidente com terceiro na obra de construção da usina
Contratos deixassem claras as exigências de segurança para terceiros que prestarem serviços na usina
1985 Início da operação da usina
- Espiritualidade (missas de início e término de safra); - Oração antes das reuniões; - Cultos ecumênicos
1990 Celebração da conquista de anos sem acidentes - Para cada ano sem acidente o colaborador ganha 1 dia de folga
1995 Formação em Engenharia de Segurança Implantação do regulamento de segurança na Indústria
1996 Lançada a exigência de formação técnica e/ou 2º Grau até 2006 para todos funcionários da área industrial
Grande parte dos funcionários voltaram a estudar alcançando meta em 2006. Melhoria do nível educacional industrial
1999 Obtenção do Certificado ISO 9001 Início da cultura da padronização da operação 1998 Perda da filha do autor – Parada cardíaca Treinamento de 1º socorros para os funcionários
da indústria
2001 Formação MBA Administração – USP Dissertação: Gestão Estratégia da Segurança e Saúde Ocupacional
2001 1ª Dispensa por justa causa – Trabalhador colocou vida em risco
Toda equipe industrial vivenciou a aplicação do regulamento existente na UAM
2002 Acidente com terceiro
- Treinamento da Brigada de Incêndio da UAM - Terceiro receberia mesmo tratamento de exigência que o funcionário da usina para a Segurança do Trabalho
2003 Acidente por não utilização de EPI
- Busca de sistema de Administração que garantisse segurança e saúde com aprovação jurídica e prática
2003 Certificação Internacional OHSAS 18001 - 1ª Usina no Mundo
Todas atividades têm riscos e medidas preventivas levantadas
2004 Certificação ISO 22000 Segurança do Alimento
2005 Aplicação da pesquisa de Segurança na área industrial
Tese – Inventário do clima organizacional de Segurança na área industrial da usina de álcool e açúcar - (GONÇALVES, 2007)
2007 Convite do autor para ministrar aulas sobre segurança em cursos de pós-graduação – PECEGE - FAAP – UDOP
- Organização das medidas de segurança tomadas e mensuração dos resultados.
2008 Introdução dos resultados de segurança na participação de lucros e resultados
Conhecimento das implicações financeiras caso as metas de segurança não fossem alcançadas 2009 Acidentes com equipamentos rodantes
Mudança no regulamento tornando maior a punição para os responsáveis pelos trabalhadores acidentados
2010 Maior safra da história – 4ª Usina do Brasil Crescimento com redução dos acidentes 2011 Ocorrência Extraordinária - Reavaliação da seleção
- Reavaliação da responsabilidade hierárquica 2011 Busca de programas atualizados para segurança e
ergonomia / visitas
45
5.2 Histórico do Sistema de Gestão de Segurança na Usina Alta Mogiana
Expõem-se a seguir as principais normas, regulamentos, ações e
procedimentos do Sistema de Gestão de Segurança da UAM, destacando-se o
“Regulamento de Segurança – 1995”, aplicado a todos os trabalhadores da indústria.
A) Regulamento de Segurança – 1995
A UAM iniciou construção em setembro de 1983 com a mudança do autor
deste trabalho para São Joaquim da Barra. De 1983 a 1994 a preocupação com
segurança baseou-se nas obrigações legais, tendo na CIPA (Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes) grande instrumento de prevenção. Ocorre que devido ao
grande número de ocorrências, mostrou-se necessária a busca de conhecimento, o
que motivou o responsável pela área (autor do trabalho) ingressar no Curso de
Engenharia de Segurança do Trabalho em 1994. Durante essa formação, ficou claro
que a primeira grande mudança que a UAM deveria realizar se resumia em dois
pensamentos: “A busca pelo acidente zero não é um sonho” e “Não existe situação de acidente que não possa ser prevista”.
Como tornar esses pensamentos em medidas administrativas eficazes?
Na preleção de abertura da SIPAT 1995, o autor encontrava uma situação bastante
desconfortável, pois a empresa registrou 101 acidentes no ano tendo 331
trabalhadores. Porém, verificou que o setor Controle de Qualidade estava há 5 anos
sem nenhum acidente com afastamento. E na abertura do evento em vez de se
apresentar os resultados ruins dos demais setores, mostrou-se o resultado excelente
do Controle de Qualidade. Começou então, nova gestão de segurança, atento aos
resultados não desejados, mas celebrando aquilo de bom que ocorria na empresa.
Valorizar atuação setorial passou ser rotina, bem como celebrar conquistas
individualmente quando datas anuais sem acidentes eram alcançadas.
Porém, ficava claro que alguma medida deveria ser tomada para provocar
mudança cultural em relação aos acidentes; e essa medida foi a votação do
regulamento de segurança que estipulavam alguns procedimentos em caso de
46
1) Medidas disciplinares a serem aplicadas em caso de acidente na Usina Alta
Mogiana:
a) ocorrência com o trabalhador no ano – Advertência por escrito b) ocorrência com o trabalhador no ano – Suspensão de 1 dia
c) ocorrência com o trabalhador no ano – Suspensão de 3 dias
d) ocorrência com o trabalhador no ano – Dispensa por justa causa
2) Os trabalhadores que se acidentassem deveriam realizar depoimento na
reunião mensal da CIPA e na SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes
do Trabalho) anual.
3) Caso fique caracterizado que o acidente foi provocado por “brincadeira de
mão” ou “mau gosto”, será aplicada dispensa por justa causa para os envolvidos.
4) Caso fique caracterizado que o acidente foi provocado por outro trabalhador,
este receberá punição acima da do acidentado.
5) Toda hierarquia industrial também deverá receber medidas disciplinares,
sempre anterior a recebida pelo acidentado.
Exemplo: Trabalhador da moenda se acidentou, perdendo no mínimo 1
dia de trabalho, devido a martelada de seu companheiro. Ficaria assim a aplicação
do regulamento:
- Trabalhador acidentado – advertência por escrito
- Trabalhador que provocou acidente – suspensão de 01 dia
- Encarregado responsável pelo acidente – advertência verbal
Caso ocorresse segundo acidente com um trabalhador da mesma equipe,
seu encarregado receberia advertência por escrito por ser a segunda ocorrência do
grupo que comanda.
A implantação do regulamento teve efeito positivo na redução do número
47
Em 2001 a Usina teve a primeira dispensa por justa causa feita pela
CIPA, definida pela desobediência de trabalhador em omitir a verdade, ao não tomar
todas as medidas definidas em procedimento, para realizar manutenção em
equipamento rodante. Essa experiência ocorrida demonstrou seriedade da empresa
frente a uma atitude que poderia provocar acidente gravíssimo, com todos os
envolvidos nessa manutenção. Para convencer a CIPA para dispensa por justa
causa, foi feito filme em que foi colocado um boneco com uniforme da UAM e em
seguida ligado o equipamento; o resultado do que sobrou foi levado e todos os
membros da comissão que puderam vivenciar a gravidade do ocorrido; por votação,
venceu a dispensa por justa causa pelo placar de 13 a favor e 9 contra.
O grande segredo do regulamento é não utilizá-lo; ele precisa existir, para
conscientização de que existe disciplina e controle sobre as ações que você
executa.
B) Segurança do Trabalho para Terceiros – 2002
Com o acidente grave de terceiro em 2002 ficou clara a necessidade de:
- Manter-se vigilância constante sobre execução das cláusulas de
segurança constante nos contratos.
- Eleger responsável da usina pela empresa terceira.
- Realizar treinamento mensal para os integrantes da brigada de
emergência.
Gráfico 1 – Número de acidentes com afastamento por ano, Divisão Industrial.
48
C) Celebração e Premiação
Assim como ocorreria punição para as ocorrências fora do padrão com o Regulamento de Segurança, criou-se critério para a comemoração dos resultados
positivos, conforme exposto a seguir.
- Completando 1 ano sem acidentes realiza-se cerimônia com todos os
funcionários do setor, sendo entregue troféu e faixa a ser colocada no setor.
- Para cada ano sem acidente, todos os funcionários do setor, recebem 1
dia de folga a ser tirado quando lhe convier; assim o setor de Controle de Qualidade
que está a 16 anos sem acidentes com afastamento, permite que seus funcionários
que estejam trabalhando por todo esse tempo, tenham o direito de 16 dias de
descanso. Caso o funcionário só esteja trabalhando no setor por 10 anos, terá direito
a 10 dias de descanso. Essa solução visa premiar o trabalho da equipe, pois caso
ocorra um acidente com afastamento, todos do setor perdem a conquista dos dias
de descanso.
D) Incorporação dos resultados da Segurança no Programa de Participação dos
Resultados – PPR
A meta para taxa de frequência e taxa de gravidade foram
incorporadas aos resultados a serem buscados anualmente, correspondendo a 4%
do total financeiro que pode ser recebido quando os números alcançam ou superam
índices definidos.
E) Programa de visitas a empresas que tenham resultados em Segurança
Foi definido programa de benchmarking para trazer boas práticas de
segurança que estejam conseguindo mitigar riscos e zerar acidentes.
Ressaltamos o cartão PARE (anexo 02) que será implantando para
Safra 2012, cujo objetivo busca conscientização do trabalhador sempre que irá
realizar atividade. Se para uma das 8 perguntas a resposta for não, ele não poderá
realizar atividade, tendo que procurar orientação junto ao superior.
49
A contratação de assessoria específica veio fortalecer a necessidade
de melhorias nas condições de trabalho, em setores como ensaque de açúcar,
almoxarifado, limpezas de equipamentos e outros.
5.3 Descrição do Sistema de Gestão de Segurança Alta Mogiana
O Sistema é composto pelos seguintes itens:
A) Elementos e Requisitos Gerais do SSAM:
a) as documentações do SSAM estão estabelecidos, estruturados e
implementadas em conformidade com os requisitos da norma OHSAS 18001.
b) esse sistema está baseado na padronização das atividades que
possam comprometer a eficácia do SSAM, através de procedimentos
documentados, divulgados e aplicados, assim como, investimentos em competência
e treinamento dos colaboradores.
c) o SSAM tem como principal objetivo, assegurar que ele não seja
somente implementado e mantido, mas também monitorado, analisado e
continuadamente melhorado, assim como garantia do desdobramento da Política em
todos os níveis da organização.
d) o SSAM integra o SGEAM, juntamente com o SQAM (Sistema de
Qualidade da Alta Mogiana) estruturado e certificado conforme norma ISO9001,
SSPAM (Sistema de Segurança do Produto Alta Mogiana) conforme norma
ISO22000 e SGAAM (Sistema de Gestão Ambiental Alta Mogiana) conforme
ISO14001.
B) Política do SSAM:
a) a Política do SSAM é integrada com o sistema de gestão.
b) é adequada à natureza e escala de riscos existentes na empresa.
c) inclui comprometimento com prevenção de lesões e doenças e com
melhoria continua.
d) inclui comprometimento de atender os requisitos legais e aplicáveis e
outros subscritos que se relacionam perigos.
50
f) é comunicada e disponibilizada as pessoas que trabalham sob o
controle da organização, visando que tomem consciência das obrigações individuais
em relação a segurança e saúdo no trabalho.
g) é analisada de forma a assegurar que permaneça pertinente e
apropriada à Usina.
C) O Planejamento do Sistema compreende os seguintes itens:
C.1) Identificação de perigos, avaliação de riscos e determinação de controles
A metodologia adotada para identificação dos perigos, avaliação e
controle dos riscos pela implementação das medidas de controle necessárias, levam
em consideração os seguintes aspectos:
• atividades rotineiras e não-rotineiras
• atividades de todo o pessoal que tem acesso às áreas de trabalho
(incluindo subcontratados e visitantes).
• recursos e facilidades para os locais de trabalho.
• requisitos estatutários, regulamentares e da legislação vigente,
conforme aplicáveis.
• procedimentos, processos e práticas existentes na usina e no mercado.
• análise dos dados e do sistema, sobre investigações de incidentes e
emergências .
• gerenciamento de modificações nas divisões da usina que envolva
instalações de equipamentos, construção civil, bem como modificações no SSAM.
A metodologia de identificação acima tem como principais características:
• é definida quanto ao escopo, natureza e frequência, para assegurar
que seja mais pró-ativa que reativa.
• provê classificação dos riscos e identificação daqueles que devem ser
eliminados ou controlados através de medidas apropriadas.
• provê entradas para determinação dos requisitos de recursos e
facilidades para os locais de trabalho, identificação das necessidades de
treinamento e/ou desenvolvimento de controles operacionais.
• provê monitoramento das ações requeridas, para assegurar tanto
afetividade, como prazo estabelecido para implementação das mesmas.
• resultados das avaliações realizadas e efeitos dos controles
51
• informações obtidas são documentadas e mantidas atualizadas, para
registro histórico e para possibilitar análises críticas do desempenho SSAM.
Priorização das Ações:
• a princípio, todas as atividades e situações de risco são consideradas
prioritárias e incorporadas aos diversos programas da Usina, tais como PPRA,
PCMSO, etc., assim como aos trabalhos de supervisão diária do SESMT.
• avaliações esporádicas (conforto acústico, exposição a agentes
químicos, etc) e auditorias podem originar planos de ação complementares, a serem
analisados e aprovados pelo SESMT e implementados pelas DIVISÕES envolvidas.
C.2) O Cumprimento da Legislação Vigente
a) a Usina tem necessária consciência sobre as atividades e operações,
que são, ou poderão ser, afetadas pelos requisitos legais, e outros aplicáveis. Desse
modo a usina estabelece e mantém sistemática apropriada para identificar e ter
acesso, dentro deste universo de informações, aos requisitos aplicáveis às
atividades e operações.
b) a sistemática estabelecida prevê utilização de diversos meios
apropriados para busca, acesso, registro e manutenção das informações aplicáveis,
referentes a Segurança e Saúde no Trabalho.
c) a Usina assegura também que informações e documentos necessários
são mantidos atualizados, devidamente arquivados e que informações relevantes
são devidamente comunicadas e esclarecidas aos colaboradores, assim como para
as demais partes interessadas.
C.3) Objetivos e programa(s) do SSAM
A usina estabelece, implementa e mantém documentados para cumprir
política e atingir objetivos, vários programas de gestão, considerando as seguintes
entradas:
• estabelecimento de novos requisitos legais e outros, ou alterações nos
mesmos.
• resultados da identificação, avaliação e controle dos riscos.
52
• revisões das avaliações de oportunidades para novas, ou diferentes,
opções tecnológicas.
• atividades de melhoria contínua.
• viabilidade dos recursos necessários, para atingir os Objetivos do
SSAM.
• programas de controles realizados pelo SESMT.
O SSAM mantém estabelecidos os seguintes Programas de Gestão:
• legais conforme Normas Regulamentadoras: PCMSO – Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional.
• PCA – Programa de Conservação Auditiva, incluso no PCMSO.
• PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.
• ART – Análise de Riscos da Tarefa. (Programa próprio do SSAM)
• plano de emergência
• programas 6S.
D) Implementação e Operação do Sistema compreende os seguintes itens descritos
a seguir:
D.1) Estruturas e Responsabilidades:
A usina possui várias estruturas para gerenciamento, realização,
verificação e avaliação de atividades e efeitos do SSAM. Cada estrutura, conforme
aplicável ao campo de atuação, realiza constante análise dos riscos inerentes às
atividades, processos e instalações da UAM, assim como a implementação das
medidas e ações para eliminar ou, pelo menos, minimiza os mesmos. As estruturas
diretamente ligadas ao SSAM e documentos de referência são:
• SESMT- Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho
• CIPA
• Brigada de Emergência.
Além destas estruturas apresentadas, o SSAM conta ainda com suporte e
apoio dos seguintes órgãos:
• Departamento Jurídico, que atua como consultoria nas questões legais.
• GRUPO 6S, nos aspectos referentes ao “Senso de Segurança”,
podendo contar com apoio e orientação do Gerente de Gestão.