w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
original
Luxac¸ão
acromioclavicular:
tratamento
e
reabilitac¸ão.
Perspectivas
e
tendências
atuais
do
ortopedista
brasileiro
夽
Gustavo
Gonc¸alves
Arliani
∗,
Artur
Yudi
Utino,
Eduardo
Misao
Nishimura,
Bernardo
Barcellos
Terra,
Paulo
Santoro
Belangero
e
Diego
Costa
Astur
CentrodeTraumatologiadoEsporte(Cete),DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,UniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp), SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem29dejulhode2014 Aceitoem15desetembrode2014 On-lineem15dejaneirode2015
Palavras-chave:
Articulac¸ãoacromioclavicular Luxac¸ãodoombro
Reabilitac¸ão
r
e
s
u
m
o
Objetivo:AvaliarascondutaseosprocedimentosfeitospeloscirurgiõesortopédicosdoBrasil notratamentoenareabilitac¸ãodasluxac¸õesacromioclavicularesdoombro.
Métodos:Foiaplicadoumquestionáriodeoitoquestõesfechadasqueabordavamtópicos relacionadosaotratamentoeàreabilitac¸ãodasluxac¸õesacromioclavicularesaoscirurgiões ortopédicosbrasileirosnostrêsdiasdo45◦CongressoBrasileirodeOrtopediae Traumato-logiade2013.
Resultados: Preencheramcompletamenteoquestionárioefizerampartedaamostra ana-lisada 122 cirurgiões. A maior parte era proveniente da Região Sudeste. Na amostra, 67%dosparticipantesoptariampelotratamentocirúrgicoempacientescomluxac¸ão acro-mioclaviculargrau3.Emrelac¸ãoàtécnicapreferidaparatratamentocirúrgicodasluxac¸ões acromioclaviculares agudas, a maioria dos cirurgiões usa amarrilho subcoracoide com fixac¸ão acromioclaviculare transferênciadoligamentocoracoacromial (25,4%). Quando perguntadossobrecomplicac¸õesencontradasapósa cirurgia,43,4%e32,8%dos partici-pantes,respectivamente,responderamquedeformidaderesidualnaarticulac¸ãooperadae dorforamascomplicac¸õesmaisvistasnoperíodopós-operatório.
Conclusões:Apesardenãohaverconsensonotratamentoenareabilitac¸ãodasluxac¸ões acro-mioclaviculares,háevoluc¸ãoemalgunstópicosanalisadosnoquestionárioaplicadoparaos ortopedistasnacionais.Noentanto,maisestudosprospectivoscontroladossãonecessários paraavaliarobenefícioclínicoecientíficodessastendências.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
夽
TrabalhodesenvolvidonoCentrodeTraumatologiadoEsporte(Cete),DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,Universidade FederaldeSãoPaulo(Unifesp),SãoPaulo,SP,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:ggarliani@hotmail.com(G.G.Arliani).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2014.09.013
Acromioclavicular
dislocation:
treatment
and
rehabilitation.
Current
perspectives
and
trends
among
Brazilian
orthopedists
Keywords:
Acromioclavicularjoint Shoulderdislocation Rehabilitation
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective:ToevaluatetheapproachesandproceduresusedbyBrazilianorthopedicsurgeons intreatmentandrehabilitationofacromioclaviculardislocationoftheshoulder.
Methods: Aquestionnairecomprisingeightclosedquestionsthataddressedtopicsrelating totreatmentandrehabilitationofacromioclaviculardislocationwasappliedtoBrazilian orthopedicsurgeonsoverthethreedaysofthe45thBrazilianCongressofOrthopedicsand
Traumatology,in2013.
Results: Atotalof122surgeonscompletelyfilledoutthequestionnaireandformedpartof thesampleanalyzed.Mostofthemcamefromthesoutheasternregionofthecountry.In thissample,67%oftheparticipantswouldchoosesurgicaltreatmentforpatientswithgrade 3acromioclaviculardislocation.Regardingthepreferredtechniqueforsurgicaltreatment ofacuteacromioclaviculardislocation,amajorityofthesurgeonsusedsubcoracoid liga-turewithacromioclavicularfixationandtransferofthecoracoacromialligament(25.4%). Regardingcomplicationsfoundaftersurgeryhadbeenperformed,43.4%and32.8%ofthe participants,respectively,statedthatresidualdeformityoftheoperatedjointandpainwere thecomplicationsmostseenduringthepostoperativeperiod.
Conclusions: Althoughtherewasnoconsensusregardingthetreatmentandrehabilitation ofacromioclaviculardislocation,evolutionhadoccurredinsomeofthetopicsanalyzedin thisquestionnaireappliedtoBrazilianorthopedists.However,furthercontrolledprospective studiesareneededinordertoevaluatetheclinicalandscientificbenefitofthesetrends.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
A articulac¸ão acromioclavicular é umaarticulac¸ão
diartro-dial que envolve a faceta articular medialdo acrômio e a
porc¸ãodistalda clavícula.Essa unea cinturaescapularao esqueletoaxial.Aestabilizac¸ãodessaarticulac¸ãoconseguida pormeiodacápsulaarticularedosligamentos acromioclavi-cularesecoracoclaviculares.
Aluxac¸ãoacromioclavicular(LAC)éumadaslesõesmais comunsdoombro,responsávelpor9%detodasasinjúrias.1
Ocorreprincipalmentenasatividadesesportivasque
envol-vem contato e nos acidentes de trânsito. Estudo prévio
demonstrouumaincidênciade 1,8luxac¸ão
acromioclavicu-larpor10.000habitantesporano,ocorremajoritariamenteem indivíduosdosexomasculinoentre20e39anos.2Nosúltimos
anos,diversosestudosforamfeitoscomvistasaaprimoraro tratamentoeareabilitac¸ãodessalesão.Noentanto,aindanão existenaliteraturaumconsensosobreoassunto.3
Aelevadaincidênciadessalesãoeagrandeimportância
dosaspectossociaiseeconômicosrelacionadosaela, asso-ciadasàenormedivergênciaexistentenaliteraturasobreo assunto,tornamdeextremarelevânciaaavaliac¸ãodas con-dutasedastendênciasexistentesnopaíssobreotema.
Oobjetivo deste estudoé avaliarascondutas eos
pro-cedimentos feitospeloscirurgiõesortopédicosdoBrasilno tratamentoenareabilitac¸ãodasluxac¸ões acromioclavicula-res.Apartirdosresultadosdesteestudopoderemosdelimitar astendênciasnacionaissobreoassunto,bemcomoorientar futurosestudosdequalidade.
Material
e
métodos
Estudodotipodescritivocomaplicac¸ãodequestionárioauma amostradecirurgiõesortopédicosdoBrasil.Oquestionáriofoi elaboradoeaprovadopelosautoresdemaneiraqueestivesse bastantecompreensivoesimples.Consistiadeoitoquestões
fechadasqueabordavamtópicoscomoosanosde
experiên-ciaeonúmeroanualdeprocedimentoscirúrgicosfeitospelos cirurgiõesediversosaspectosrelacionadosaotratamentoeà reabilitac¸ãoapósluxac¸ãoacromioclaviculardoombro(anexo 1).
Oquestionário foiaplicadoacirurgiõesortopédicos bra-sileiros duranteos trêsdias do45◦ CongressoBrasileiro de
Ortopedia e Traumatologia de 2013. Somente preenchiam
os questionáriosparticipantes que concluírama residência
médica em ortopedia eque faziam cirurgias para luxac¸ão
acromioclavicular. Foram preenchidos 130 questionários e
oito foram excluídos. Três devido a o cirurgião
perten-cer a outro país (Bolívia, Colômbia e Peru) e cinco em
func¸ão do preenchimento incompleto. Foram 122
questio-nárioscompletamentepreenchidos.Pararesolvereventuais
dúvidas duranteo preenchimento,dois pesquisadores
esti-veram presentes durante todo o período de aplicac¸ão dos
questionários.
Apartirdosdadosretiradosdoquestionáriofoifeita esta-tísticadescritivadasvariáveisenvolvidasparacaracterizac¸ão
daamostra.
OsdadosforamanalisadosnoprogramaSPSSforWindows
Tabela1–Distribuic¸ãodoscirurgiõesemfunc¸ãodaregiãodeorigemedosanosdeexperiência
Região Anosdeexperiência
<5anos 5-10anos >10anos Total p
n % n % n % n %
Norte 2 2,4 1 5,0 0 0,0 3 2,5 0,79
Nordeste 4 4,8 1 5,0 2 11,1 7 5,7
Centro-Oeste 13 15,5 1 5,0 4 22,2 18 14,8
Sudeste 54 64,3 13 65,0 9 50,0 76 62,3
Sul 11 13,1 4 20,0 3 16,7 18 14,8
Total 84 100,0 20 100,0 18 100,0 122 100,0
Tabela2–Relac¸ãoentreexperiênciacirúrgicaeespecialidadeortopédicadocirurgião
Especialidade Anosdeexperiência
<5anos 5-10anos >10anos Total p
n % n % n % n %
Ombro 21 25,0 14 70,0 9 50,0 44 36,1 0,005
Joelho 7 8,3 1 5,0 2 11,1 10 8,2
Coluna 2 2,4 0 0,0 0 0,0 2 1,6
Mão 2 2,4 2 10,0 2 11,1 6 4,9
Pé 2 2,4 0 0,0 0 0,0 2 1,6
Geral 28 33,3 2 10,0 4 22,2 34 27,9
Quadril 3 3,6 1 5,0 0 0,0 4 3,3
Outros 19 22,6 0 0,0 1 5,6 20 16,4
Total 84 100,0 20 100,0 18 100,0 122 100,0
Resultados
Preencheram completamente o questionário e fizeram parte da amostra analisada 122 cirurgiões ortopédicos. A distribuic¸ãodoscirurgiõesemfunc¸ãodaregiãodeorigeme dosanosdeexperiênciaencontra-senatabela1.Emrelac¸ão aotempodeexperiênciadoscirurgiõesemcirurgiadoombro, 69%apresentavammenosdecincoanosdeexperiência (defi-nidaapartirda datadeobtenc¸ãodoTítulode Especialista emOrtopediaeTraumatologia).Arelac¸ãoentreexperiência cirúrgicana luxac¸ãoacromioclaviculareaárea deatuac¸ão ortopédicadocirurgiãoencontra-senatabela2.Quando per-guntadossobresuacondutaperanteumpacientecomluxac¸ão
acromioclavicular grau 3, 67% dos participantes optaram
pelo tratamento cirúrgico. Essa conduta foi mais
comu-menteencontradanoscirurgiõescommaisdecincoanosde
experiência.Emrelac¸ãoàtécnicapreferidaparatratamento cirúrgico dasluxac¸ões acromioclavicularesagudas, a maio-riados cirurgiões usaamarrilho subcoracoide com fixac¸ão acromioclavicularetransferênciadoligamento coracoacro-mial(25,4%)ousomenteamarrilhosubcoracoidecomfixac¸ão acromioclavicular (24,6%)(tabela 3). No entanto, quando a cirurgiaénecessáriaparaluxac¸õesacromioclaviculares crô-nicas(lesãocom durac¸ãomaiordoque seissemanas),2,3 o
predomíniofoiaindamaiorentreosparticipantesdatécnica cirúrgicacomusodeamarrilhosubcoracoide,fixac¸ão acromi-oclavicularetransferênciadoligamentocoracoacromial(41%) (tabela4).Quantoaotempodeusodeimobilizac¸ãoapóso pro-cedimento cirúrgico,a maioriadoscirurgiões (67,2%)usam essa imobilizac¸ãoapós acirurgia por três a seis semanas. Emrelac¸ãoaoretornodeumatletaparaatividadeesportiva
apóstratamentoconservadordaLAC,41,8%consideramum
períododetrêsmeses comooideal.Atabela5mostraque
osprofissionaiscommaisde10anosdeexperiênciasugerem retornoaoesportemaistardioapóstratamentoconservador (p=0,004).Atabela6apresentaotempoderetornoaoesporte apóstratamentocirúrgicodeLACesuaassociac¸ãocoma expe-riênciadocirurgião.Quandoperguntadossobrecomplicac¸ões encontradasapósacirurgia,43,4%e32,8%dosparticipantes,
respectivamente,responderamquedeformidaderesidualna
articulac¸ãooperadaedorforamascomplicac¸õesmaisvistas. Houvecorrelac¸ãosignificativaentreprofissionaiscommenor tempodeexperiênciacirúrgicaepresenc¸ademaisdorlocale menorpresenc¸adedeformidaderesidual(p=0,032).
Discussão
Estapesquisa,feitaduranteoprincipalcongressodeortopedia doBrasil,demonstraqueomanejodaluxac¸ão acromioclavi-cularaindanãoéconsensoentreosortopedistasbrasileiros.
A incerteza sobre o tratamento ideal para as luxac¸ões
acromioclavicularespodeserobservadadesdeasdescric¸ões
médicas mais antigas da época de Hipócrates e Galeno.4
Historicamente, aluxac¸ão acromioclavicular, apesarde ser
considerada umalesão simplesemseu conceito,temuma
variedadeenormedetécnicascirúrgicasdescritasque dificul-tamdefinirqualtécnicaoucondutaproporcionaráummelhor resultadoparaessaslesões.
O primeiro procedimento moderno foi feito em 1860.
Duranteasdécadasde1930e1940diversasmodalidadesde
tratamentonãocirúrgicoforamdescritas.Em1941,Bosworth5
Tabela3–Técnicaspreferidasparatratamentocirúrgicodasluxac¸õesacromioclavicularesagudaserelac¸ãocom experiênciacirúrgica
LACAgudo Anosdeexperiência
<5anos 5-10anos >10anos Total p
n % n % n % n %
Phenister(fixac¸ãoacromioclavicular) 13 15,5 1 5,0 2 11,1 16 13,1 0,422 Bosworth(fixac¸ãoclaviculocoracóide) 4 4,8 1 5,0 1 5,6 6 4,9
Amarrilhosubcoracoide+fixac¸ão acromioclavicular
20 23,8 6 30,0 4 22,2 30 24,6
Amarrilhosubcoracoide+fixac¸ão acromioclavicular+transferênciade ligamentocoracoacromial
22 26,2 3 15,0 6 33,3 31 25,4
Fixac¸ãocomâncoras+fixac¸ãoacromioclavicular 18 21,4 3 15,0 2 11,1 23 18,9 Fixac¸ãocombotão(tight-rope)aberto 4 4,8 2 10,0 3 16,7 9 7,4
Outrastécnicasartroscópicas 1 1,2 1 5,0 0 0,0 2 1,6
Outrastécnicasabertas 2 2,4 3 15,0 0 0,0 5 4,1
Total 84 100,0 20 100,0 18 100,0 122 100,0
Tabela4–Técnicaspreferidasparatratamentocirúrgicodasluxac¸õesacromioclavicularescrônicaserelac¸ãocom experiênciacirúrgica
LACcrônico Anosdeexperiência
<5anos 5-10anos >10anos Total p
n % n % n % n %
Phenister(fixac¸ãoacromioclavicular) 5 6,0 0 0,0 0 0,0 5 4,1 0,289 Bosworth(fixac¸ãoclaviculocoracoide) 8 9,5 0 0,0 1 5,6 9 7,4
Amarrilhosubcoracoide+fixac¸ãoacromioclavicular 19 22,6 5 25,0 4 22,2 28 23,0 Amarrilhosubcoracoide+fixac¸ãoacromioclavicular
+transferênciadeligamentocoracoacromial
31 36,9 9 45 10 55,6 50 41,0
Fixac¸ãocomâncoras+fixac¸ãoacromioclavicular 11 13,1 1 5 0 0 12 9,8 Reconstruc¸ãocomtendõesflexores 3 3,6 1 5,0 1 5,6 5 4,1 Fixac¸ãocombotão(tight-rope)aberto 1 1,2 0 0,0 1 5,6 2 1,6
Outrastécnicasartroscópicas 1 1,2 1 5,0 0 0,0 2 1,6
Outrastécnicasabertas 5 6,0 3 15,0 1 5,6 9 7,4
Total 84 100,0 20 100,0 18 100,0 122 100,0
coracoidecomumparafusopassadodemaneira“cega”.Na mesmaépoca,Mumford6descreveuaressecc¸ãodos2cm
dis-taisdaclavícula.Em1972,WeaverDunndescreveusuatécnica deressecc¸ãodaextremidadedistaldaclavícula.7Desdeessa
épocacirurgiõesconcordamemtrataraslesõesdealtograu deformacirúrgicaeaslesõesgrauIeIIdeforma conserva-dora.Nonossotrabalho,70%dosortopedistastinhammaisde cincoanosdeexperiênciaedisseramtrataraslesõesgrauIe grauIIdeformaconservadora.
NaslesõesgrauIeII,deacordocomarevisãosistemática deBeitzeletal.,8 ométodomaisaceitoéumbreveperíodo
deimobilizac¸ãocomumatipoiaamericanaoufuncionalpara suportaropesodomembrosuperiorelimitaroestressenos ligamentoscoracoclaviculares.Esseperíododeimobilizac¸ão
pode ser associado com medidas locais (gelo ou
antinfla-matórios tópicos) e sintomáticos. O paciente é encorajado
a iniciar movimentospassivos nofim da primeira semana
para reduzir a dor e evitar a morbidade de longos
perío-dosdeimobilizac¸ão.Exercíciosdeestabilizac¸ãoescapulare Coresão iniciadosnaterceirasemana.Esportesdecontato elevantamentodepesosãoevitadosporatéquatromeses.No questionáriodesteestudo,41,8%disseramliberaropaciente
Tabela5–RetornoaoesporteapóstratamentoconservadordeLAC
Esporte-Conservador Anosdeexperiência
<5anos 5-10anos >10anos Total p
n % n % n % n %
1mês 0 0,0 1 5,0 0 0,0 1 0,8 0,004
2meses 12 14,3 4 20,0 0 0,0 16 13,1
3meses 30 35,7 11 55,0 10 55,6 51 41,8
4meses 17 20,2 1 5,0 0 0,0 18 14,8
>4meses 25 29,8 3 15,0 8 44,4 36 29,5
Tabela6–RetornoaoesporteapóstratamentocirúrgicodeLAC
Esporte-Cirúrgico Anosdeexperiência
<5anos 5-10anos >10anos Total p
n % n % n % n %
1mês 2 2,4 2 10,0 0 0,0 4 3,3 0,019
2meses 9 10,7 1 5,0 0 0,0 10 8,2
3meses 26 31,0 3 15,0 3 16,7 32 26,2
4meses 17 20,2 6 30,0 1 5,6 24 19,7
>4meses 30 35,7 8 40,0 14 77,8 52 42,6
Total 84 100,0 20 100,0 18 100,0 122 100,0
paraatividadeesportivacomtrês meses,masos ortopedis-tascommaisexperiênciasugeremretornoaoesportemais tardiamente.
AocontráriodotratamentodaslesõestipoIeII,háuma certadiscrepânciaedivergênciadeopiniõesquantoaomelhor tratamentoparaaslesõestipoIII,porémotratamento con-servadorinicialnessaslesõesébemtolerado.Algunsestudos recentesdemonstraram queo tratamento conservador das lesões grau III altera a cinemática da escápula.9 No
trata-mentodoatleta,considerac¸õesindividuaisdevemserlevadas
emconta,comotipodeesporte,períododocampeonatode
ocorrênciadalesão,níveldeatividade,posic¸ãodojogadore tipodearremesso.Nanossaopinião,umpacientenãoatleta
comumalesãodotipoIII deveserinicialmenteconduzido
deformanãocirúrgica,comfocoemumareabilitac¸ão ade-quada.Casopersistacomdorelimitac¸ãodesuasatividades, otratamentocirúrgico éindicado.Noscasosdeesportede contatooucolisãonoqualexisteoriscodeumalesãograu
IIIevoluirparaumalesãograuVotratamentocirúrgico ini-cialéindicado.Apesardeotratamentocirúrgicoseromais indicadoparaaslesõesgrauIV,VeVI,doisestudosnívelII
mostraramumresultado superiordotratamentonão
cirúr-gicoquandocomparadocomocirúrgico.10,11Noentanto,esses
mesmosestudosforamfeitosnadécadade1980,quandoas
técnicas cirúrgicas não eram tão refinadas como hoje. No
trabalho em questão,67% dos ortopedistas disseram
indi-cartratamentocirúrgicoparaasluxac¸õesacromioclaviculares grauIII.
Existe uma certa escassez de trabalhos que relatem o
melhormomentoparatrataraluxac¸ãoacromioclavicular.Nas lesõesgrauIIIesperarinicialmente3-4semanasedepois rea-valiar o paciente parece ser o maisindicado.12 Emalguns
casos,seadorpermanecerjuntamentecomumalimitac¸ão
funcionalsignificativadomembro,técnicascirúrgicasquenão usamenxertosououtrosmateriaisbiológicosdevemser usa-das,umavezquecomaaproximac¸ãodaclavículadaescápula ocorreumaboacicatrizac¸ãodevidoaostecidosrecentemente lesionadosefriáveis.
Existemmaisde200técnicascirúrgicas descritasparao
tratamento das LAC.3 Dificilmente encontramos trabalhos
quedemonstremqueumatécnicaapresentaresultados
supe-rioresaoutrastécnicasdefixac¸ão.Paraosprocedimentosque visamàreconstruc¸ãodosligamentoscoracoclavicularescom enxertoslocaisoulivres,ousodoligamentocoracoclavicular
e da porc¸ão do tendão conjunto, semitendíneo e palmar
longo,entreoutros,foibemdescrito.13–18Atransferênciado
ligamento coracoacromial, que foi genericamente descrita
como procedimento de Weaver Dunn, permanece popular
para a reconstruc¸ão dos ligamentos coracoclaviculares. A
técnica inclui a transferência doligamento coracoacromial esuainserc¸ãono acrômiopara oterc¸odistalda clavícula,
com suasmodificac¸õesenvolvendo amarrilhasao redor da
clavícula.Apesardeótimosresultadosteremsido relatados
com o uso dessa técnica, um certo grau de subluxac¸ão e
complicac¸õesdafixac¸ãofoidescrito.Umadascausasdessa
explicac¸ão deve-se ao fato de que a resistência do
liga-mentocoracoacromialéemtornode25%daresistênciados
ligamentos coracoclaviculares, como mostrado porestudos
biomecânicosrecentes.19–22 Alémdoqueessareconstruc¸ão
nãoanatômicagaranteapenasaestabilidadecoronalenão
corrigeainstabilidadenoplanotransversalouaxial.
Com relac¸ãoaosprocedimentoscirúrgicos anatômicose
nãoanatômicosnãoháumconsensocomrelac¸ãoàmelhor
técnica.Franchinietal.23eTauberetal.15usaramligamento
sintéticoesemitendíneo,respectivamente,compararamcom
procedimentosnãoanatômicos(WeaverDunnmodificado)e
relataramescoresfuncionaislevementesuperioresnogrupo
da reconstruc¸ãoanatômica. Noentanto,o estudode
Fran-chini foi uma série de casos prospectivos e o de Tauber
et al.15 umestudoretrospectivo.Afixac¸ãotemporáriacom
fios na articulac¸ão acromioclavicularpermanece como um
dosreparosdiretosmaisusadosdevidoàfacilidadeerapidez. Variac¸õesdessatécnicacomousodomeniscoparareforc¸ar o ligamentoacromioclavicularsuperiorforamdescritaspor Sage e Salvatore.24 Zaricznyj25 adicionou a essa fixac¸ão o
tendãoextensordoquintodedoparareforc¸aros
coracocla-viculares. Bundens e Cook26 enfatizaram aimportância de
suturar a fásciado trapézioe o deltoidesobrea clavícula.
Obtivemoscomotécnicamaisusadaparaasluxac¸ões
acro-mioclavicularesagudasecrônicasafixac¸ãoacromioclavicular associadacomamarrilhasubcoracóideaetransferência cora-coacromial.
Técnicasartroscópicasforamdescritasparaaslesõesgrau
III, IV e V. Uma inspec¸ão articular inicial deve ser feita
devido a 30% de lesões associadas, principalmente lesões
dolábiosuperior(SLAP).Normalmenteumportallateralde visualizac¸ão edois anteriores de trabalhosão usados para prepararocoracoideefazerostúneisósseosporondeos endo-buttonsirãopassar.Boileauetal.13descreveramatécnicade
WeaverDunn-Chuinardartroscópicaem10pacientes
opera-doscomluxac¸õesacromioclavicularescrônicasgrauIIIeIV
e mostraram bons resultados. Neste estudo, pouquíssimos
Complicac¸õescomomigrac¸ãodosfiosouendobutton, que-bradomaterial,infecc¸ão,dore/ousubluxac¸ãoresidual,reac¸ão aosfiosdesuturaerecidivasãodescritas.Quando pergunta-dossobreascomplicac¸õespós-operatóriasmaisobservadas,
independentementedotempo,43,4%e32,8%dos
participan-tes,respectivamente,responderamquedeformidaderesidual naarticulac¸ãooperadaedorlocalforamascomplicac¸õesmais
prevalentes no período pós-operatório, o que mostra uma
correlac¸ãosignificativaentreprofissionaiscommenortempo deexperiênciacirúrgicaepresenc¸ademaisdorlocalemenor presenc¸adedeformidaderesidual.
Conclusão
Nosso estudo procurou mostrar o manejo terapêutico dos
ortopedistasbrasileiroscomrelac¸ãoàluxac¸ão acromioclavi-cular,queapesardeserumalesãoconceitualmentesimples
écercadapordiversas condutasetécnicascirúrgicas diver-gentes.Noentanto,hácertoconsensodetratarasluxac¸ões acromioclavicularesgrauIeIIdeformaconservadoraeuma menorincidênciadecomplicac¸õescirúrgicasentreos ortope-distascommaisdecincoanosdeexperiênciaemcirurgiado ombro.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Anexo
1.
Questionário
cirurgia/luxac¸ões
acromioclaviculares
Cidade/Estado:______________________________________________________________
ESPECIALIDADE:
OMBRO JOELHO COLUNA MÃO PÉ TUMOR GERAL QUADRIL OUTROS
1 - Anos de experiência em cirurgia do Ombro:____________________: _______anos.
2 - Qual sua conduta no paciente com LAC III?
CIRÚRGICO NÃO CIRÚRGICO
3 - No tratamento cirurgico de LAC agudos (cirurgicos), qual sua tecnica preferida?
Phenister(fixação acromioclavicular)
Bosworth(fixação claviculo-coracoide com parafuso)
Amarrilho subcoracoide + fixação acromioclavicular
Amarrilho subcoracoide + fixação acromioclavicular + transferencia de ligamento coracoacromial
Fixação com ancoras + fixação acromioclavicular
Reconstrução com tendoes flexores
Fixação com botão(tight-rope) aberto
Fixação com botão(tight-rope) artroscopico
Outras tecnicas artroscopicas
Outras tecnicas abertas
4 - No tratamento cirurgico das LAC crônicas (cirurgicos), qual sua tecnica preferida?
Phenister(fixação acromioclavicular)
Bosworth(fixação claviculo-coracoide com parafuso)
Amarrilho subcoracoide + fixação acromioclavicular
Fixação com ancoras + fixação acromioclavicular
Reconstrução com tendoes flexores
Fixação com botão(tight-rope) aberto
Fixação com botão(tight-rope) artroscopico
Outras tecnicas artroscopicas
Outras tecnicas abertas
5 – Quanto tempo de imobilização você recomenda:
< 3 SEMANAS 3-6 SEMANAS
> 6 SEMANAS NÃO IMOBILIZA
6 - Quanto tempo você considera ideal para o retorno ao esporte no tratamento conservador:
1 MESES 2 MESES
3 MESES 4 MESES
> 4 MESES
7 - Quanto tempo você considera ideal para o retorno ao esporte no tratamento cirúrgico:
1 MESES 2 MESES
3 MESES 4 MESES
> 4 MESES
8 – Principal complicação observada:
SEM COMPLICAÇÕES
INFECÇÃO
DEFORMIDADE RESIDUAL
DOR LOCAL
RESTRIÇÃO DE ADM
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
1. MazzoccaAD,ArcieroRA,BicosJ.Evaluationandtreatmentof acromioclavicularjointinjuries.AmJournalofSports Medicine.2007;35(2):316–29.
2. ChillemiC,FranceschiniV,GiudiciLD,AlibardiA,Salate SantoneF,RamosAldayLJ,etal.Epidemiologyofisolated acromioclavicularjointdislocation.EmergencyMedicine International.2013,doi:10.1155/2013/171609.
3. TamaokiMJ,BellotiJC,LenzaM,MatsumotoMH,GomesDos SantosJB,FaloppaF.Surgicalversusconservative
interventionsfortreatingacromioclaviculardislocationofthe shoulderinadults.CochraneDatabaseSystRev.
2010;4(8):CD007429.
4. RockwoodCA,GreenDP.Fracturesinadults,2ed. Philadelphia:J.B.Lippincott;1975.
5.BosworthB.Acromioclavicularseparation:newmethodof repair.SurgGynecolObstet.1941;73:866–71.
6.MumfordE.Acromioclaviculardislocation.JBoneJointSurg Am.1941;23:799–802.
7.WeaverJK,DunnHK.Treatmentofacromioclavicularinjuries, especiallycompleteacromioclavicularseparation.JBoneJoint SurgAm.1972;54(6):1187–94.
8.BeitzelK,CoteMP,ApostolakosJ,SolovyovaO,JudsonCH, ZieglerCG,etal.Currentconceptsinthetreatmentof acromioclavicularjointdislocations.Arthroscopy. 2013;29(2):387–97.
9.MurenaL,CantonG,VulcanoE,CherubinoP.Scapular dyskinesisandSICKscapulasyndromefollowingsurgical treatmentoftypeIIIacuteacromioclaviculardislocations. KneeSurgSportsTraumatolArthrosc.2012;21(5):1146–50.
11.BannisterGC,WallaceWA,StableforthPG,HutsonMA.The managementofacuteacromioclaviculardislocation.A randomisedprospectivecontrolledtrial.JBoneJointSurgBr. 1989;71(5):848–50.
12.TrainerG,ArcieroRA,MazzoccaAD.Practicalmanagementof gradeIIIacromioclavicularseparations.ClinJSportMed. 2008;18(2):162–6.
13.BoileauP,OldJ,GastaudO,BrassartN,RoussanneY. All-arthroscopicWeaver-Dunn-Chuinardprocedurewith double-buttonfixationforchronicacromioclavicularjoint dislocation.Arthroscopy.2010;26(2):149–60.
14.YooJC,AhnJH,YoonJR,YangJH.Clinicalresultsof
single-tunnelcoracoclavicularligamentreconstructionusing autogenoussemitendinosustendon.AmJSportsMed. 2010;38(5):950–7.
15.TauberM,GordonK,KollerH,FoxM,ReschH.
SemitendinosustendongraftversusamodifiedWeaver-Dunn procedureforacromioclavicularjointreconstructionin chroniccases:aprospectivecomparativestudy.AmJSports Med.2009;37(1):181–90.
16.YooYS,SeoYJ,NohKC,PatroBP,KimDY.Arthroscopically assistedanatomicalcoracoclavicularligamentreconstruction usingtendongraft.IntOrthop.2011;35(7):1025–30.
17.KimSH,LeeYH,ShinSH,LeeYH,BaekGH.Outcomeof conjoinedtendonandcoracoacromialligamenttransferfor thetreatmentofchronictypeVacromioclavicularjoint separation.Injury.2012;43(2):213–8.
18.KumarS,PenematsaSR,SelvanT.Surgicalreconstructionfor chronicpainfulacromioclavicularjointdislocations.Arch OrthopTraumaSurg.2007;127(6):481–4.
19.GrutterPW,PetersenSA.Anatomicalacromioclavicular ligamentreconstruction:abiomechanicalcomparisonof reconstructivetechniquesoftheacromioclavicularjoint.Am JSportsMed.2005;33(11):1723–8.
20.LeeSJ,NicholasSJ,AkizukiKH,McHughMP,KremenicIJ, Ben-AviS.Reconstructionofthecoracoclavicularligaments withtendongrafts:acomparativebiomechanicalstudy.AmJ SportsMed.2003;31(5):648–54.
21.MazzoccaAD,SantangeloSA,JohnsonST,RiosCG,Dumonski ML,ArcieroRA.Abiomechanicalevaluationofananatomical coracoclavicularligamentreconstruction.AmJSportsMed. 2006;34(2):236–46.
22.MichlitschMG,AdamsonGJ,PinkM,EstessA,ShankwilerJA, LeeTQ.Biomechanicalcomparisonofamodified
Weaver-Dunnandafree-tissuegraftreconstructionofthe acromioclavicularjointcomplex.AmJSportsMed. 2010;38(6):1196–203.
23.FraschiniG,CiampiP,ScottiC,BallisR,PerettiGM.Surgical treatmentofchronicacromioclaviculardislocation: comparisonbetweentwosurgicalproceduresforanatomic reconstruction.Injury.2010;41(11):1103–6.
24.SageFP,SalvatoreJE.Injuriesoftheacromioclavicularjoint:a studyofresultsin96patients.SouthMedJ.1963;56: 486–95.
25.ZaricznyjB.Latereconstructionoftheligamentsfollowing acromioclavicularseparation.JBoneJointSurgAm. 1976;58(6):792–5.
26.BundensWDJr,CookJI.Repairof